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Além da nutrição(fornecendo macro e micronutrientes), o aleitamento materno

promove o vínculo afetivo entre a mãe e o filho, sendo importante para o


sistema imunológico(fornece imunoglobulinas IgM, IgG, IgA, macrófagos,
linfócitos e a instalação de uma microbiota intestinal ideal), para a
maturação(com hormônios, fatores de crescimento, neuropeptídios
anti-inflamatórios), além do desenvolvimento emocional e senso-motor da
boca. Apesar das inúmeras recomendações do benefício do leite materno,
ainda e visível um gritante número de RN que não fazem uso de leite materno
de forma eficaz no Brasil, segundo o que consta na OMS. Assim, é dever do
profissional de saúde orientar e estimular a utilização desse alimento para RN,
considerando os aspectos emocionais e culturais da relação mãe-filho, além de
fornecer uma rede de apoio à genitora, incentivando seus companheiros e
orientando as avós, dentre outros familiares.
É necessário a conscientização da sociedade e das mães para a correta
prática, que gera repercussões para a saúde do neonato, como redução da
mortalidade, proteção contra diarreia, doenças respiratórias, alergias, diabetes,
obesidade, hipertensão, além de ser ter um fator econômico e da qualidade de
vida.
É aconselhável aleitamento materno exclusivo por 6 meses. No AME, o bebê
recebe leite materno ou de outra fonte. No AM predominante, o bebê recebe
leite materno + outros líquidos(como chá e sucos). No AM complementado,
será leite humano e alimentos sólidos/semissólidos. Já no misto, a criança
recbe leite materno e outros tipos de leite.
A produção de leite começa na gravidez(fase 1 da lactogênse) a partir da ação
de hormônios, como a progesterona e o estrogênio. Após o nascimento, a
adeno-hipótese libera prolactina(fase 2) para o estímulo da produção e
secreção de leite pelos alvéolos, que são levados até os seios lactíferos para
secreção. A neuro-hipófise libera ocitocina que faz a contração das células
mioepiteliais para secreção. Já insegurança, medo, ansiedade e estresse,
aumentam a adrenalina, diminuem a liberação da ocitocina.
Após a apojadura(descida do leite, que acontece mesmo com a não sucção do
bebê, no terceiro dia), inicia-se a terceira fase chamada de galactopoiese, que
depende do esvaziamento do leite e da sucção do bebê. Caso não haja
esvaziamento, há fatores químicos e mecânicos que diminuem a produção de
leite, que também depende da quantidade e frequência de quanto o neonato
ingere.
O leite dos primeiros dias é chamado de colostro e contem mais proteínas que
gorduras. Ao longo da mamada, o leite vai ficando mais concentrado em
gorduras, ficando a criança mais saciada, por isso imprescindível esvaziar. A
cor do leite varia ao longo da mamada(começa mais transparente, depois
banco opaco e o leite posterior, mais amarelado, devido ao betacaroteno). O
leite pode ficar esverdeado(caso a mãe coma muitos vegetais) e adquirar
aspecto amarronzado(quando tem sangue, sendo passageiro nas primeiras
48h e o neonato pode tomar caso não fique com náusea).
Recomenda-se que não haja restrição de horário e quantidade de AM – a
chamada aimentação em livre demanda. São poucas as medicações
contraindicadas no aleitamento, como isotretinoína e amiodarona. Algumas
precisam ser usadas com cautela. O uso moderado de álcool é conciliável, mas
importante preconizar a não ingerir tal substância. Em casos de uso de drogas,
a mãe deve parar temporariamente e o leite desprezado. Já se ela fuma, o
cigarro não é contraindicação na amamentação, mas deve-se orientar o não
uso do mesmo.
Segundo o Ministério da Saúde, é importante orientar corretamente a técnica
de alimentação, verificando 1-Se o neonato está bem posicionado(bem
apoiado, cabeça e tronco no mesmo eixo, corpo próximo ao da mãe, rosto
frente à mama); 2- Se o bebê está fazendo a pega correta do seio lactífero,
fazendo a ordenha adequada(boca bem aberta, lábio inferior evertido, auréola
mais visível acima da boca, queixo toca a mama). Se a técnica estiver
incorreta, é uma questão de tempo para ter queixas, como fissura( para
resolver, necessário orientar a técnica correta, mudar de posição e ordenha
antes da mamada, a fim de desencadear o reflexo de ejeção, liberando
ocitocina). Outro problema é o ingurgitamento, o aumento da mama, que pode
ser fisiológico, que acontece com a pojadura(copiosa produção de leite). Se o
bebê estiver sendo amamentado de forma correta e em livre demanda, vai se
resolver, agora se a mulher fica com muito leite acumulado, desenvolve-se o
ingurgitamento patológico, edemaciando a mama. Nesse caso, orieta-se que a
mama seja esvaziada, mantendo o AM em regime de livre demanda, fazer a
ordenha antes e depois da mamada, podendo fazer compressas frias entre os
intervalos.
Outro problema é a mastite, onde ocorre uma reação inflamatória mais
específica em um quadrante da mama, que fica mais hiperemiada e dolorosa,
podendo ser inflamatório(pelo acúmulo de leite, ficando mais viscoso,
melhorando com o esvaziamento da mama na técnica adequada) ou
infecciosa, principalmente por S. aureus, sendo indicada antibiótico, como
cefalexina. Realiza-se ATB se a mulher não tá melhorando com o
esvaziamento ou tem indício de infecção, com manifestações sistêmicas, com
febre e calafrio. Havendo a prolongação do quadro infecioso ou tratamento
tardio, há a formação de abscesso, que será tratado com drenagem e ATB,
continuando o AM na mama sadia.
Há também a queixa de leite fraco, por insegurança da mulher devido ao choro
da criança e a frequência de mamadas, interpretados pela mãe como sinal de
fome. Nesse caso, fazer avaliação objetiva, vendo o peso da criança,
aconselhando o AME e técnica correta.
É contraindicado absolutamente de AM infecção materna(leite transmite) por
HIV e HTLV. São relativas infecção por herpes simples, citalomegalovírus. Não
há contraindicação tuberculose materna, desde que a mãe use máscara e o
RN quimioprofilaxia primária(contraindicando se for TB multirresistente),
hepatite B(o RN recebe imunoglobulina).
Também é contraindicada AM em casos de galactosemia(o RN não metaboliza
galactose, e o leite humano tem, devendo usar fórmulas sem lactose); Casos
de fenilcetonúria são relativos, dando LM controlado e resto com fórmula sem
fenilalanina.
É interessante que o profissional saiba para garantir o cumprimento de direitos
que o AM é protegido legalmente por diversas leis, como licença-maternidade,
pausa para amamentar, direito à creche, dentre outras.

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