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PÓS-GRADUAÇÃO EM PSIQUIATRIA

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TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE, HÁBITOS E IMPULSOS

TRANSTORNOS DA
PERSONALIDADE
Os transtornos de personalidade (TP) formam uma classe de transtorno mental que se caracteriza por padrões de interação
interpessoais tão desviantes da norma, que o desempenho do indivíduo, tanto na área profissional como em sua vida privada,
pode ficar comprometido. Envolvem a desarmonia da afetividade e da excitabilidade com integração deficitária dos impulsos, das
atitudes e das condutas, manifestando-se no relacionamento interpessoal. O polo impulsivo pode se manifestar de forma
patológica, quando se apresentam sob a forma de comportamentos/atos recorrentemente repetidos, nocivos, sem motivação
racional clara, incontroláveis e que vão, em geral, contra os interesses do próprio sujeito e de outras pessoas. O diagnóstico de RM é
definido com base em três critérios: início do quadro clínico antes de 18 anos de idade; função intelectual significativamente abaixo
da média e deficiência nas habilidades adaptativas e rendimento escolar, trabalho, lazer, saúde e segurança. São frequentes a
irritabilidade, labilidade emocional, agitação psicomotora, agressividade e comportamentos explosivos.

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Sumário:
• Personalidade - Conceito • Transtorno da Personalidade Paranoide - Caso
• Personalidade - Conceitos Relacionados Clínico

• Do Conceito Personalidade até o Conceito de • Transtorno da personalidade paranoide –


Transtorno da Personalidade Diagnóstico Diferencial

• Subtipos das personalidades psicopáticas, • Transtorno da personalidade Esquizoide


segundo Kurt Schneider • Tabela 22-2 - Critérios diagnósticos do DSM-5
• Transtorno da Personalidade - Conceito para transtorno da personalidade esquizoide

• Transtorno da Personalidade - Epidemiologia • Transtorno da personalidade Esquizoide -


Diagnóstico Diferencial
• Transtorno da Personalidade – Fatores de
Risco • Transtorno da personalidade Esquizotípica

• Transtorno da Personalidade – Etiologia • TABELA 22-3 Critérios diagnósticos do DSM-5 para


TP esquizotípica
• Transtornos da Personalidade - Diagnóstico
• Cluster B
• Transtornos Específicos da Personalidade -
Diagnóstico • Cluster B – CID 10: Impulsividade e/ou manipulação

• Diretrizes Diagnósticas – CID 10 Diretrizes • Transtorno da Personalidade Emocionalmente


Diagnósticas – DSM Instável

• Esquisitice e/ou desconfiança • Transtorno de Personalidade Emocionalmente


Instável - TIPO IMPULSIVO
• Transtorno da personalidade paranoide
• Transtorno da Personalidade emocionalmente
• Tabela 22-1 - Critérios diagnósticos do DSM-5 instável - TIPO BORDERLINE
para transtorno da personalidade paranoide

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Sumário:
• TABELA 22-5 Critérios diagnósticos do DSM-5 • Transtorno da Personalidade Antissocial
para transtorno da personalidade borderline • Todo TPA faz parte do mundo do crime?
• Transtorno de Personalidade Emocionalmente • Existiriam níveis de TPA?
Instável - TIPO BORDERLINE
• E quanto à chamada PSICOPATIA?
• TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE
• E quanto aos conhecidos como SERIAL KILLERS?
• TB X TPB
• Ansiedade e/ou controle
• Transtorno da Personalidade Narcisista
• Transtorno da Personalidade Dependente
• TABELA 22-7 Critérios diagnósticos do DSM-5
para transtorno da personalidade narcisista • TABELA 22-9 Critérios diagnósticos do DSM-5 para
transtorno da personalidade dependente
• Transtorno da Personalidade Narcisista
• Transtorno de Personalidade Dependente -
• Transtorno da Personalidade Histriônica Características
• TABELA 22-6 Critérios diagnósticos do DSM-5 • Transtorno de Personalidade Dependente
para transtorno da personalidade histriônica
• Transtorno de Personalidade Evitativa
• Transtorno da Personalidade Histriônica
• TABELA 22-8 Critérios diagnósticos do DSM-5 para
• Transtorno da Personalidade Antissocial transtorno da personalidade evitativa
• TABELA 22-4 Critérios diagnósticos do DSM-5 • Transtorno de Personalidade Evitativa
para transtorno da personalidade antissocial
• Transtorno de personalidade Anancástica
• Transtorno da Personalidade Antissocial – (Obsessivo-Compulsivo)
Características
• TABELA 22-10 Critérios diagnósticos do DSM-5 para
• Critérios diagnósticos (Cleckley/ Hare, Hart transtorno da personalidade obsessivo-
e Harpur) compulsiva
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Sumário:
• Concluindo
• Transtornos de personalidade – Tratamento
• Modalidades Terapêuticas para os TPs
• Farmacoterapia dos domínios de sintomas-
alvo de transtornos da personalidade
• Tratamento Psicoterápico dos TPs
• Bibliografia complementar
• Bibliografia geral de psiquiatria
• Links úteis

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PERSONALIDADE - CONCEITO

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Sumário: Personalidade - Conceito

Personalidade – Conceito

Personalidade: construto teórico da psicologia.


• “O modo característico como uma pessoa sente, pensa,
reage, se comporta e se relaciona com as outras
pessoas.”
• “Conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no
total das características individuais, em sua relação com o
meio, conjugando tendências inatas e experiências
adquiridas no curso de sua existência.”
• Karl Jaspers (1883-1969): “O conhecimento exaustivo de
uma personalidade humana na sua totalidade é uma
tarefa fadada ao fracasso; sempre há e haverá dimensões
e elementos que não poderão ser alcançados, que se nos
irão escapar.”
Dalgalarrondo, 2019

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Sumário: Personalidade - Conceito

Personalidade – Conceitos
Relacionados

Temperamento / Caráter / Traços de personalidade

• Temperamento: “traços inatos” da personalidade, cuja origem é iminentemente


genética / podem ser modificados pela experiência, independentemente da base
hereditária que apresentam;
• Caráter: disposições duradouras, que aparecem mais tarde na vida do indivíduo,
e que modificam os temperamentos base (em psicopatologia não tem caráter
moral);
• Traço de personalidade: representa uma característica durável, a disposição do
indivíduo para se comportar de uma determinada forma em diversas ocasiões.
Dalgalarrondo, 2019

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Sumário: Personalidade - Conceito

Do Conceito Personalidade
até o Conceito de Transtorno
da Personalidade

Ao longo dos séculos: filósofos como Descartes, Leibniz e Kant propuseram suas
concepções a respeito de processos psicológicos do ser humano, como:
- Caráter;
- Personalidade;
- Consciência;
- Introspecção;
- Conceito de identidade.
Cordás, Louzã Neto, 2011

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Sumário: Personalidade - Conceito

• Século XIX: começam as tentativas de classificação dos transtornos


mentais e de comportamento;
• Diferentes escolas europeias separam pessoas que teriam algum tipo
global de prejuízo mental daquelas que, apesar de estarem em
contato com a realidade, apresentariam alterações de
comportamento, conduta ou características pessoais que
comprometeriam suas vidas.
Cordás, Louzã Neto, 2011

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Sumário: Personalidade - Conceito

• Kurt Schneider (1887-1967): 1923, Personalidades Psicopáticas;


• Tipologia de características da Personalidade / “personalidades psicopáticas”:
pessoas que “sofrem com sua anormalidade de personalidade ou que fazem
sofrer a sociedade”;
• Segundo sua sistemática clínica, são variações extremas da normalidade (e
não doenças strictu sensu) dentro de um continuum, em cujo centro estatístico
estão as personalidades normais e, afastadas da média, estão as
personalidades anormais, das quais se distinguem as personalidades
psicopáticas.
Cordás, Louzã Neto, 2011

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Sumário: Personalidade - Conceito

Subtipos das personalidades


psicopáticas, segundo Kurt Schneider
• Hipertímico: Humor alegre acentuado, temperamento vivaz, cooperativo;

• Depressivo: Humor triste, pessimista, angustiado, cético, pouca autoconfiança;

• Fanático: Dominado por um complexo de ideias, ativo, expansivo;

• Necessitado de valorização: Aparenta mais do que é, chama atenção para si;

• Lábil de humor: Oscilações de humor, irritabilidade-depressão;

• Explosivo: Reage de modo raivoso por qualquer motivo;

• Sem índole (Gemütlos): Sem piedade, vergonha ou consciência; frio;

• Sem vontade (Willenlos): Influenciáveis;

• Astênico: Dificuldade de concentração e de memória, pouco produtivo, cansaço.

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Cordás, Louzã Neto, 2011
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE -
CONCEITO

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Transtorno da Personalidade –
Conceito
• Para Kurt Schneider, os transtornos de
personalidade são um “desvio ao extremo do que é
observado como habitual”;
• Afetam todas as áreas de influência da
personalidade de um indivíduo: o modo como ele
vê o mundo, como ele interage, a maneira como
expressa as emoções, o comportamento social;
• Caracteriza um estilo pessoal de vida: mal
adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou
aos conviventes;
• Essas características são necessárias, mas não
suficientes para identificação dos transtornos de
personalidade, pois são muito vagas.
Mecler, 2015; Cordás, Louzã Neto, 2011

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

• Subdivisão em tipos de personalidade patológica com características próprias -


manifestações diversas e até opostas para o mesmo problema;
• Por convenção, o diagnóstico só deve ser dado a adultos, ou no final da
adolescência, pois a personalidade só está completa nessa época, na maioria
das vezes;
• Trata-se de ser assim e não de estar assim;
• É importante considerar as variações culturais nas manifestações das
condições da personalidade.
Mecler, 2015

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Transtorno da Personalidade –
Epidemiologia

• 9 a 15% dos adultos possuem, ao menos, um transtorno da personalidade;

• Esta estimativa pode ser ainda maior, quando consideradas manifestações


menos incapacitantes desses quadros;

• Variações de acordo com o grupo sociodemográfico: mais presentes em áreas


urbanas e em indivíduos que estão em contato constante com os serviços de
saúde; 2/3 dos criminosos encarcerados apresentam algum nível de alteração da
personalidade;

• Maior prevalência é referida em homens, no entanto, nos sistemas de assistência


à saúde mental, computam mais casos de TP no sexo feminino (comportamento
autoagressivo).
Mazer, Machado e Juruena, 2017

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

• Pacientes em tratamento psiquiátrico: estimativa mais consistente – de 45 a 51%;

• Pacientes atendidos por autoagressão: a prevalência estimada é de 27,5%;

• Comum: quadros de depressão, ansiedade e uso de álcool;

• Indivíduos que cometem suicídio: 40% são categorizados como pacientes com TP.
O risco é maior em pacientes com personalidade borderline, antissocial e em
transtornos classicamente comórbidos, como, por exemplo, a depressão.

Mazer, Machado e Juruena, 2017

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Prevalência dos TPs na população


geral e em populações clínicas de
pessoas que são tratadas em
serviços de saúde mental

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Tabela 25.1 – Prevalência dos TPs na população geral e em populações clínicas de pessoas que são
tratadas em serviços de saúde mental
Transtorno da personalidade Prevalência mediana na Frequência comparativa em
população geral amostras clínicas (serviços de
saúde mental)
TP obsessivo-compulsiva 1,7-7,8% ++
TP paranoide 0,6-4,4% ++
TP antissocial 1,9-3,6% ++
TP esquizoide 0,4-3,1% +
TP borderline 1,8-2,7% +++++

TP evitativa 0,7-2,4% +++


TP histriônica 1,8-2,0% +++
TP passivo-agressiva* 1,7% +
TP narcisista 0,4-1,2% +

In Dalgalarrondo, 2019
TP dependente 0,5-0,7% +++
TP esquizotípica 0,6% ++
Total (Todos os TP juntos) 10-15% Mais do que 50% (mas as taxas
(vários dos TP acima ocorrem são muito variáveis)
conjuntamente)
*O TP passivo-agressiva, embora seja relevante, não está incluso nos sistemas DSM e CID. Os TPs borderline, histriônica e esquizotípica
são os mais frequentes em amostras clínicas, possivelmente por implicarem maior prejuízo do funcionamento social.
Fonte: Grant et al., 2004; Tyrer et al., 2010; Guzzetta; Girolam, 2012. 20 / 118
Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Transtorno da Personalidade –
Fatores de risco

Experiências traumáticas da infância: associadas ao desenvolvimento de


transtornos mentais na vida adulta, podem ser incluídas como influências do
ambiente na saúde mental do indivíduo.

• Estresse precoce: são comumente relatados por indivíduos com TP, sendo os
borderlines e antissociais os tipos mais atingidos;
• Em tais casos, está presente a interação de fatores genéticos e mediação de
características pessoais, como, por exemplo, a capacidade de resiliência.
Mazer, Machado e Juruena, 2017

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Transtorno da Personalidade –
Etiologia

• Observa-se a interação de múltiplos fatores genéticos e ambientais:


interface da vulnerabilidade e resiliência, experiência e expectativas
sociais de cada indivíduo / o ambiente desempenha um papel
crucial na manifestação de um TP / nenhum fator isolado é
determinante de transtorno;
• As interferências genéticas na manifestação de desordens da
personalidade são moduladas de acordo com a especificidade de
cada transtorno;
• A sobreposição com fatores genéticos que predispõem outros
transtornos mentais associados também pode ser identificada.
Mazer, Machado e Juruena, 2017

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

• Fatores genéticos: maior prevalência entre gêmeos MZC que em DZG (mesmo
criados separados) / EUA: estudo 15000 gêmeos;
• Fatores biológicos:
Hormonais – impulsividade relacionada a altos níveis de testosterona / TSH;
Neurotransmissores - baixa de metabólitos da serotonina em pacientes
impulsivos, agressivos, propensos a suicídio;
Eletrofisiologia – alteração EEG nos pacientes borderline e antissociais;
• Fatores subjetivos: Marca da personalidade - determinada pelos mecanismos
de defesa / Ex: Paranoide / projeção; Antissocial / recusa → Contribuições da
Psicanálise.
Mazer, Machado e Juruena, 2017

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Transtorno da Personalidade –
Diagnóstico

A história da definição, conceituação, diagnóstico e clínica dos chamados


transtornos da personalidade nos coloca frente a um campo de imbricações
ímpar entre o saber médico, psicológico, social e filosófico, que nos remete à
reflexão sobre as implicações dos elementos socioculturais no
estabelecimento da autoridade e legitimidade do saber médico em cada
momento histórico.
Mecler, 2015; Cordás, Louzã Neto, 2011

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Quando se trata do diagnóstico de transtornos da personalidade,


a questão se torna delicada, já que existe aqui uma dificuldade
psicopatológica incomum para seu diagnóstico;

Considerando o conceito de personalidade como um padrão


global de ser, agir, pensar, sentir, características que são únicas
de cada indivíduo, fica evidente a dificuldade em encontrar a
característica patológica em algo que é singular desde sempre.

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Mecler, 2015
Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Transtornos Específicos da
Personalidade – Diagnóstico
• Complicados de diagnosticar e tratar;
• O diagnóstico é dificultado, em parte, pela própria natureza dos sintomas pouco
diferenciados e com fronteiras menos nítidas com a normalidade;
• Necessidade de uma avaliação longitudinal e em vários contextos;
• Muitas características consideradas para o diagnóstico são egossintônicas → o
paciente não identifica ou não se incomoda com o que considera componentes
de “seu jeito de ser” e, por isso, não há iniciativa para procurar ou há resistência
para uma avaliação clínica e tratamento especializado;
• Importância do informante;
• Atenção para a relação médico-paciente.
Mazer, Macedo e Juruena, 2017

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

• É observado que pacientes com TP tendem a ser atendidos em períodos de crise


ou em decorrência de sintomas de depressão, ansiedade e problemas
relacionados ao uso de substâncias psicoativas, que representam comorbidades
frequentes → deve-se pensar na hipótese de TP, mas não fazer o diagnóstico em
um único exame;
• Características que, no entanto, emergem ou se acentuam frente a estressores
situacionais específicos e estados mentais transitórios (que ocorrem como
sintomas de outros transtornos mentais ou como manifestação do uso de drogas)
devem ser diferenciados de traços disfuncionais persistentes e generalizados que
constituem o TP, e que, em geral, estão presentes desde o final da adolescência e
início da vida adulta.

Mazer, Macedo e Juruena, 2017

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Diretrizes Diagnósticas – CID 10


Diretrizes Diagnósticas – DSM
Condições não diretamente relacionáveis à lesão, à doença
cerebral flagrante ou a outro transtorno psiquiátrico

a. Atitudes e condutas desarmônicas em várias áreas de funcionamento –


afetividade, excitabilidade, controle, impulsos, modos de percepção, pensamento
e estilo de relacionamento com os outros;
b. Padrão anormal de comportamento é permanente, de longa duração e não
limitado a episódios de doença mental;
c. O padrão anormal de comportamento é invasivo e claramente mal-adaptativo
para ampla série de situações pessoais e sociais;
d. As manifestações acima sempre aparecem durante a infância ou adolescência
e continuam pela vida adulta.

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

e. O transtorno leva à angústia pessoal considerável, mas isso pode se tornar


aparente apenas tardiamente;
f. O transtorno é usual, mas não invariavelmente associado a problemas
significativos no desempenho ocupacional e social.

• Para culturas diferentes pode ser necessário


desenvolver conjuntos específicos de critérios
com respeito a normas, deveres e obrigações
sociais;
• Para diagnosticar a maioria dos subtipos é
requerida evidência clara da presença de pelo
menos três traços ou comportamentos dados
na descrição clínica.

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

A. Um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento que se desvia


acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Esse padrão
manifesta-se em duas (ou mais) das seguintes áreas:
1. Cognição;
2. Afetividade;
3. Funcionamento interpessoal;
4. Controle dos impulsos.
B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma ampla faixa de situações
pessoais e sociais;
C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo
no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida
do indivíduo.
D. O padrão é estável e de longa duração, podendo seu início remontar à
adolescência ou começo da idade adulta;
E. O padrão persistente não é melhor explicado como uma manifestação ou
consequência de outro transtorno mental;
F. O padrão persistente não é decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância ou de uma condição médica geral.

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito

Transtorno da personalidade
segundo DSM-5 e a CID-11

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Sumário: Transtorno da Personalidade - Conceito
Quadro 25.2 | Transtornos da personalidade segundo o DSM-5 e a CID-11
Esquisitice/desconfiança Impulsividade/manipulação Ansiedade/controle
Esquizoide (Distanciamento) Borderline/emocionalmente instável Anancástico ou obsessivo
• Indiferença • Relações pessoais muito instáveis • Rígido, metódico, minucioso
• Distante, sem relações íntimas • Atos autolesivos repetitivos • Não tolera variações ou improvisações
• Esquisito (estranho) • Humor muito instável • Perfeccionista e escrupuloso
• Vive no seu próprio mundo • Impulsivo e explosivo • Muito convencional, segue
• Solitário • Graves problemas de identidade rigorosamente as regras
• Não se emociona (imperturbável) • Sentimentos intensos de vazio • Controlador (dos outros e de si)
Paranoide Antissocial (Dissocial) Dependente
• Desconfiança constante • Frio, insensível • Depende em alto grau
• Sensível às críticas • Sem compaixão • Necessita muito agradar
• Rancoroso, arrogante • Agressivo, cruel • Desamparado quando sozinho
• Culpa os outros • Não sente culpa ou remorso • Sem iniciativa

In Dalgalarrondo, 2019
• Reivindicativo • Irresponsável, inconsequente • Sem energia
• Sente-se prejudicado nas relações • Mente recorrentemente • Sem autonomia pessoal
• Aproveita-se dos outros
Esquizotípico Histriônico Evitativo
• Ideias e crenças estranhas e de • Busca atenção, visa ser o centro das • Evita ao máximo interações sociais
autorreferência atenções • Sentimentos constantes de
• Desconforto nas relações interpessoais • Dramática, é muito teatral inadequação
• Pensamento muito vago e • Sugestionável e superficial • Muita sensibilidade à avaliação
excessivamente metafórico • Manipulador negativa
• Aparência física excêntrica • Discurso vago, impressionista Obs.: Não está no CID-11 como TP.
Obs.: Não está no CID-11 como TP. • Erotiza situações não normalmente
erotizáveis
Narcisista
• Tem necessidade intensa e constante
de admiração, sente-se muito superior,
muito melhor que os outros
• Grandiosidade 32 / 118
Obs.: Não está no CID-11 como TP.
Sumário: Esquisitice e/ou desconfiança

Esquisitice e/ou desconfiança


Schizotypal Paranoid
“Distorted Reality” “Delusional/Paranoid”
Odd ideas Paranoia
Eccentricity Distrustful Nature
Estou cansada, cada vez mais incompreendida Unusual Experiences Doubts loyalty
e insatisfeita comigo, com a vida e com os Superstition, religiosity Keeps Grudges
outros. Suspiciousness Easily Offended
Reclusiveness
Diz-me, por que não nasci igual aos Negative
outros, sem dúvidas, sem desejos de Symptoms of
Schizophrenia
impossível?
E é isto que me traz sempre
desvairada, incompatível com a vida que toda a
gente vive... Schizoid
FLORBELA ESPANCA
“Social Withdrawal”
Aloof
Uninterested in others
Solitary, socially withdrawn
Unaffected by praise and
criticism

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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
PARANOIDE

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Sumário: Transtorno da personalidade paranoide

Transtorno da personalidade
paranoide
“DE OLHOS BEM ABERTOS.”

✔ Desconfiança constante;
✔ Sensível às decepções e às críticas;
✔ Rancoroso, arrogante;
✔ Culpa os outros;
✔ Reivindicativo;
✔ Sente-se frequentemente prejudicado
nas relações.

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Sumário: Transtorno da personalidade paranoide

Tabela 22-1 - Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno
da personalidade paranoide
A. Um padrão de desconfiança e suspeita difuso dos outros, de modo que suas motivações são interpretadas como
malévolas, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou
mais) dos seguintes:
1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por outros;
2. Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da confiabilidade de amigos e sócios;
3. Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as informações serão usadas maldosamente contra si;
4. Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos benignos;
5. Guarda rancores de forma persistente (i.e., não perdoa insultos, injúrias ou desprezo);
6. Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos outros e reage com raiva ou contra-ataca
rapidamente;
7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual.

B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos
ou outro transtorno psicótico e não é atribuível aos efeitos fisiológicos de outra condição médica.

Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno
da personalidade paranoide (pré-mórbido)”.

(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (Copyright © 2013).
American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.) 36 / 118
Sumário: Transtorno da personalidade paranoide

Transtorno da Personalidade
Paranoide - Caso Clínico

Um estudante de 22 anos, com dúvidas sobre juntar-se à Central de Inteligência


ou estudar Ciências Políticas, foi pedir aconselhamento vocacional. Na primeira
entrevista, deixou claro que não confiava em psiquiatras e falou do "perigo"
que representavam as duas profissões, pois poderia ser "explorado". Decidiu
não dar muitas informações a seu respeito, pois "poderia ser prejudicado
futuramente". Contou sobre a separação recente de sua esposa, a quem
sempre acusou de infidelidade. Ela o considerava tenso e sério, incapaz de
responder a brincadeiras sem se sentir atacado. O estudante acreditava que
sua esposa era responsável por todos os seus problemas matrimoniais, e
interpretou a separação como uma confirmação de que não deveria confiar
em ninguém.

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Sumário: Transtorno da personalidade paranoide

Transtorno da Personalidade
Paranoide – Diagnóstico Diferencial

• Esquizofrenia paranoide: Nesse quadro, as vivências do indivíduo tornam-se


profundamente modificadas. Há perda do juízo da realidade, com percepções
delirantes e alucinações.
• Transtorno delirante (paranoide): Nesse quadro, o paciente apresenta uma
crença delirante, inabalável, de estar sendo perseguido ou traído, por exemplo.

• São situações bem mais complexas do que o TP paranoide.


• Especialmente em situações de estresse acentuado, pessoas com TP paranoide
podem apresentar quadros psicóticos transitórios.

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Mecler, 2015
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
ESQUIZOIDE

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Sumário: Transtorno da personalidade Esquizoide

Transtorno da Personalidade
Esquizoide
“NÃO LEVARIA NINGUÉM PARA UMA ILHA DESERTA.”

Esquizoide
• Frio (indiferente);
• Distante, sem relações íntimas;
• Esquisito (estranho);
• Vive no seu próprio mundo;
• Solitário (isola-se);
• Não se emociona (imperturbável).

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Sumário: Transtorno da personalidade Esquizoide

Tabela 22-2 - Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno da
personalidade esquizoide
A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de
emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em vários
contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:

1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família.
2. Quase sempre opta por atividades solitárias.
3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa.
4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma.
5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau.
6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros.
7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo.

B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com
sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista e não é atribuível aos
efeitos psicológicos de outra condição médica.

Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto
é, “transtorno da personalidade esquizoide (pré-mórbido)”.

(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition
(Copyright © 2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.) 41 / 118
Sumário: Transtorno da personalidade Esquizoide

Transtorno da personalidade
Esquizoide - Diagnóstico Diferencial

• Transtorno delirante / transtorno bipolar / transtorno depressivo / esquizofrenia:


esses quadros se caracterizam por um período de sintomas psicóticos persistentes,
com delírios e alucinações;
• Não é incomum indivíduos solitários apresentarem facetas de comportamento
esquizoide;
• Mas o diagnóstico do transtorno de personalidade depende de esses traços
causarem prejuízo ou sofrimento significativo ao paciente ou às pessoas o
rodeiam.

Mecler, 2015

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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
ESQUIZOTÍPICA

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Sumário: Transtorno da personalidade Esquizotípica

Transtorno da personalidade
Esquizotípica
“NO LIMITE.”

✔ Desconforto nas relações interpessoais;


✔ Aparência física excêntrica;
✔ Ideias e crenças estranhas e de autorreferência;
✔ Pensamento muito vago e excessivamente metafórico.

Obs: Não está na CID – 10


Nem sempre é fácil diferenciar entre o
transtorno esquizoide e o esquizotípico.

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Sumário: Transtorno da personalidade Esquizotípica

TABELA 22-3 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para TP esquizotípica
A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos,
além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários
contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência);
2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais (p. ex.,
superstições, crença em clarividência, telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras);
3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais;
4. Pensamento e discurso estranhos (p. ex., vago, circunstancial, metafórico, excessivamente elaborado ou estereotipado);
5. Desconfiança ou ideação paranoide;
6. Afeto inadequado ou constrito;
7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar;
8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau;
9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos
negativos sobre si mesmo.

B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno
psicótico ou transtorno do espectro autista.

Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade
esquizotípica (pré-mórbido)”.
(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (Copyright © 2013). American Psychiatric
Association. Todos os direitos reservados.)
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CLUSTER B

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Sumário: Cluster B

Cluster B

✔ Padrão de instabilidade e/ou manipulação (ou “dramáticos”,


“emotivos”);
✔ Impulsividade e/ou manipulação, pois nela se encontram os
transtornos com maior repercussão para a prática clínica.

Este é um fenômeno totalmente novo na história da Cluster B: comportamento


humanidade: é importante aparecer em público. A importância dramático, emocional ou errático
Narcisista, borderline, antissocial
de se exibir, até agora, era exclusiva de alguns assassinos em
série, que queriam chamar a atenção dos jornais e da polícia.
Agora, são as pessoas comuns que têm essa necessidade.
É como compartilhar uma colonoscopia com o mundo.

UMBERTO ECO

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Sumário: Cluster B

Cluster B – CID 10: Impulsividade


e/ou manipulação

F60.2 Personalidade antissocial (dissocial );


F60.3 Transtorno de personalidade com instabilidade emocional:
.30 Tipo impulsivo;
.31 Tipo Borderline (Limítrofe).
F60.4 Personalidade histriônica.

Obs: Narcisista não está na CID 10.

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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
EMOCIONALMENTE INSTÁVEL

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Transtorno da Personalidade
Emocionalmente Instável

Características gerais
✔ Tendência a agir impulsivamente;
✔ Inconsequência;
✔ Instabilidade afetiva;
✔ Incapacidade de planejamentos;
✔ Baixa tolerância às frustrações – irritabilidade
às explosões - violência;
✔ Tipos:
- Impulsivo e
- Borderline.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Transtorno da Personalidade
Emocionalmente Instável - TIPO
IMPULSIVO

A CID 10 lista em F 63 – Transtorno de hábitos e impulsos - os cinco principais


transtornos do controle dos impulsos (CID 10)
• Cleptomania / Piromania / Jogo Patológico / Tricotilomania;
• Transtorno Explosivo Intermitente: F 63.8 – Outros transtornos de hábitos e impulsos;
- Episódios de fracasso em controlar impulsos agressivos, resultando em agressões
ou destruição de propriedades;
- Há um período prodrômico de tensão com um momento de alívio no momento de
tensão.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Instabilidade emocional / Falta de controle de impulsos / Acessos de violência ou


comportamento ameaçador são comuns, particularmente em resposta a críticas

Apesar das crises de furor, as pessoas com transtorno explosivo da personalidade não
têm conduta antissocial ou sociopática, pelo contrário, fora das crises são simpáticas,
bem falantes, sociáveis, de boa índole e educadas. São constantes nelas também o
extremo sarcasmo, ironia e críticas ácidas. De um modo geral, felizmente, a expressiva
maioria das pessoas portadoras desse transtorno não chega à agressividade extrema,
a ponto de provocar homicídios. Atualmente, adota-se a classificação, em que o
transtorno explosivo da personalidade, chamado explosivo intermitente pelo DSM IV,
está incluído dentro dos transtornos do controle dos impulsos.

Ballone, 2017, https://psiqweb.net/index.php/personalidade/transtornos-da-personalidade-2/

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Transtorno da Personalidade
Emocionalmente Instável - TIPO
BORDERLINE
Não possuem claramente uma identidade de si mesmos.

“POR UM FIO.”
É CHATO E
LARGO COMO
UMA FOLHA DE


BANANEIRA

Relações pessoais muito instáveis;


✔ Atos autolesivos repetitivos;

QUE NADA!!
ESSE BICHO
Humor muito instável;
É UM BICHO
É UM PARECE
COMPRIDO
ANIMAL MESMO É UM


COMO UMA
EM CHICOTE!!
JIBOIA
Impulsivo e explosivo;
FORMA
DE


COLUNA

Graves problemas de identidade;


✔ Sentimentos intensos de vazio e aborrecimento
crônico.
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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

TABELA 22-5 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno
da personalidade borderline
Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem, dos afetos e de impulsividade
acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco
(ou mais) dos seguintes:

1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de
automutilação coberto pelo Critério 5);
2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos
de idealização e desvalorização;
3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si
mesmo;
4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de
substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de
automutilação coberto pelo Critério 5);
5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante;
6. Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou
ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e, apenas raramente, de mais de alguns dias);
7. Sentimentos crônicos de vazio;
8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva
constante, brigas físicas recorrentes);
9. Ideação paranoide transitória, associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.
(Reimpressa, com permissão, do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (Copyright © 54 / 118
2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.)
Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Transtorno da Personalidade
Emocionalmente Instável - TIPO
BORDERLINE
• Padrão de relacionamento emocional intenso, porém confuso e desorganizado;
• Instabilidade das emoções - flutuações rápidas e variações no estado de humor
de um momento para outro, sem justificativa real;
• Reconhecem sua labilidade emocional, mas para tentar encobri-la, justificam-
nas geralmente com argumentos implausíveis;
• Comportamento impulsivo, frequentemente autodestrutivo;
• Não possuem claramente uma identidade de si mesmos, com um projeto de vida
ou uma escala de valores duradoura, até mesmo quanto à própria sexualidade;
• Instabilidade tão intensa que acaba incomodando o próprio paciente que em
dados momentos rejeita a si mesmo, por isso a insatisfação pessoal é constante.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

• Mais comum entre as mulheres;


• Não há cura, mas o passar do tempo atenua as
características;
• Dos 30 aos 50 anos, grande parte dos indivíduos com
esse transtorno conquista maior estabilidade afetiva
e profissional;
• Muitas vezes, o problema está associado a outros
transtornos, como bipolar, depressivo ou por uso de
substância;
• Também são comuns as relações com quadros de
bulimia.

Mecler, 2015

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Um bom exemplo é Darth Vader, o vilão intergaláctico de Guerra nas estrelas. Um


grupo de psicólogos e psiquiatras da Universidade de Toulouse, na França,
detectou no personagem seis dos nove traços do estilo borderline:
Anakin Sky Walker é um jovem que se prepara para se tornar um cavaleiro Jedi, ou
seja, um guerreiro do bem. Desde cedo, ele demonstra raiva e impulsividade, por
vezes, incontroláveis, além de oscilar entre a idolatria e o ódio a seus mentores.
Quando adulto, assume a identidade de Darth Vader e se torna a face do mal.
Independentemente do lado que escolhe, ele está sempre sofrendo, com um
sentimento crônico de vazio. Não consegue estabelecer uma relação com a
mulher que ama, não tem amigos – seu jeito instável afasta todo mundo – e,
solitário, acaba pondo fim à própria vida.

Mecler, 2015

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Em nenhum momento, Vader perde o contato


com a realidade. Ele tem consciência de seus
atos e, com frequência, se martiriza por não
conseguir controlar os acessos de raiva. Revela
um medo inexplicável de ser abandonado e, por
causa desse sentimento, torna-se capaz de
maldades incalculáveis. Numa frase, seu
mentor, Mestre Yoda, resume bem o que se
passa na mente de um indivíduo com essa
natureza: “O medo é o caminho para o lado
negro. O medo leva à raiva. A raiva leva ao ódio.
O ódio leva ao sofrimento.”
Mecler, 2015

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

Transtorno da Personalidade
Borderline
Pergunta recorrente – Diagnóstico diferencial

Current Psychiatry
January 2010

Jess G. Fiedorowicz, MD
Assistant professor
Donald W. Black, MD
Professor
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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

(Hypo)mania Depression
Elevated mood Decreased mood
Irritability Irritability
Decreased need for sleep Anhedonia
Grandiosity Decreased self-attitude
Talkativeness Insomnia/hypersomnia
Racing thoughts Change in appetite/weight
Increased motor activity Fatigue
Increased sex drive Hopelessness
Religiosity Suicidal thoughts
Distractibility Impaired concentration

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE


Impulsivity
Unstable relationships
Unstable self-image
Affective instability
Fear of abandonment
Recurrent self-injurious or suicidal
behavior
Feelings of emptiness
Intense anger or hostility
Transient paranoia or dissociative
symptoms

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

TB X TPB

Bipolar disorder is supported by decades of research


Patients with bipolar disorder are often considered more “likeable” than those with BPD
Bipolar disorder is more treatable and has a better long-term outcome than BPD
(although BPD is generally characterized by clinical improvement, where as bipolar
disorder is more stable with perhaps some increase in depressive symptom burden)
Widely thought to have a biologic basis, the bipolar diagnosis conveys less stigma than
BPD, which often is less empathically attributed to the paciente’s own failings
Abipolar diagnosis is easier to explain to patients than BPD; many psychiatrists have
difficulty explaining personality disorders in terms patients understand

As chaves para diferenciar estão na história


clínica do paciente.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Emocionalmente Instável

• Várias características se confundem com traços de bipolaridade,


principalmente no que se refere ao humor instável e às atitudes impulsivas;
• Não na forma como a instabilidade se apresenta;
• Os borderlines têm um padrão de comportamento específico, desde o início da
vida adulta. Ou seja, esse é o jeito que agem no mundo;
• Já o bipolar sofre crises, o que de alguma forma pode ser controlado com
medicamentos;
• Em resumo, é mais fácil estabilizar alguém com transtorno bipolar.

Mecler, 2015

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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
NARCISISTA

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Sumário: Transtorno da Personalidade Narcisista

Transtorno da Personalidade
Narcisista
“SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?”

Como diz Caetano Veloso na canção “Sampa”,


“Narciso acha feio o que não é espelho”.
Mecler, 2015
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Sumário: Transtorno da Personalidade Narcisista

TABELA 22-7 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno
da personalidade narcisista
Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta
de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado
por cinco (ou mais) dos seguintes:

1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e talentos, espera ser
reconhecido como superior, sem que tenha as conquistas correspondentes);
2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal;
3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a, outras
pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada;
4. Demanda admiração excessiva;
5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (i.e., expectativas irracionais de tratamento especialmente
favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as próprias expectativas);
6. É explorador em relações interpessoais (i.e., tira vantagem de outros para atingir os próprios fins);
7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos
outros;
8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam;
9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.

(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition
(Copyright © 2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.) 66 / 118
Sumário: Transtorno da Personalidade Narcisista

Transtorno da Personalidade
Narcisista
• Se fosse escolher um bordão, o narcisista provavelmente diria: “Eu sou o
número um, o número dois, o número três, o número quatro.” Talvez o
número cinco seja a mãe, o filho ou alguém que considere um
prolongamento seu;

• Pessoas com baixa autoestima costumam ficar fascinadas pelos


narcisistas e são alvos fáceis para a conquista e posterior descarte. Não
é à toa que encontramos vários grupos de “vítimas de narcisistas”:
indivíduos que buscam algum apoio e alguma compaixão para essa
necessidade quase patológica de conviver com figuras tão
egocêntricas.

Mecler, 2015 67 / 118


Sumário: Transtorno da Personalidade Narcisista

• Um ponto importante: é preciso tomar cuidado


para não confundir uma pessoa vaidosa (ainda
que de forma exagerada) com um narcisista. Não
é uma tarefa simples;
• Mais comum entre os homens;
• Os traços de personalidade podem piorar com
a idade;
• O profissional precisa tomar cuidado para não
confundir as facetas do narcisista com episódios
de mania ou hipomania (alteração de humor fora
do convencional).

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Mecler, 2015
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
HISTRIÔNICA

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Sumário: Transtorno da Personalidade Histriônica

Transtorno da Personalidade
Histriônica
✔ Dramatiza, é muito teatral;
✔ Sugestionável e superficial;
✔ Necessita de atenção;
✔ Manipulador;
✔ Infantil e pueril;
✔ Erotiza situações não comumente erotizáveis.

“Todos me olham, quando estou no centro do picadeiro”,


canta a diva pop Britney Spears, em “Circus”:
Existem apenas dois tipos de pessoas no mundo:
as que são o espetáculo e as que assistem.
Bom, eu sou o tipo de garota que faz o show,
não gosto dos bastidores, tenho que ser a primeira.
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Sumário: Transtorno da Personalidade Histriônica

TABELA 22-6 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno
da personalidade histriônica
Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que surge no início
da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais)
dos seguintes:

1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções;


2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento
sexualmente sedutor inadequado ou provocativo;
3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções;
4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si;
5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes;
6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções;
7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias);
8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são.

(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth
Edition (Copyright © 2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.)
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Sumário: Transtorno da Personalidade Histriônica

Transtorno da Personalidade
Histriônica
• Busca frequentemente elogios, aprovações e reafirmações dos outros em relação
ao que faz ou pensa;
• Comportamento e aparência sedutores, sexualmente, de forma inadequada;
• Abertamente preocupada com a aparência e atratividade físicas;
• Expressa as emoções com exagero inadequado, como ardor excessivo no trato
com desconhecidos, acessos de raiva incontrolável, choro convulsivo em
situações de pouca importância;
• Sente-se desconfortável nas situações em que não é o centro das atenções;
• Suas emoções, apesar de intensamente expressadas, são superficiais e mudam
facilmente;
• É imediatista, tem baixa tolerância a adiamentos e atrasos;
• Estilo de conversa superficial e vago, tendo dificuldades de detalhar o que pensa.

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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
ANTISSOCIAL

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Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

Transtorno da Personalidade
Antissocial
“OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS.”

✔ Irresponsável, inconsequente;
✔ Frio, insensível;
✔ Sem compaixão;
✔ Agressivo, cruel;
✔ Não sente culpa ou remorsos;
✔ Não aprende com a experiência;
✔ Mente de forma recorrente;
✔ Aproveita-se dos outros.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

TABELA 22-4 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno
da personalidade antissocial
A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos
de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes:
1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição
de atos que constituem motivos de detenção;
2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho
ou prazer pessoal;
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas;
5. Descaso pela segurança de si ou de outros;
6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no
trabalho ou honrar obrigações financeiras;
7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado
ou roubado outras pessoas.

B. O indivíduo tem, no mínimo, 18 anos de idade.

C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade.

D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou


transtorno bipolar.
(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (Copyright © 75 / 118
2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.)
Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

Transtorno da Personalidade
Antissocial - Características
• Extrovertidos, impulsivos e caçadores de emoções;
• Apresentam algum grau de insensibilidade a baixos níveis de estimulação (não se
contentam com pouco);
• Assim, para aumentar sua excitação, participariam de atividades de alto risco,
como o crime;
• Padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível,
constatado pela ausência de remorsos;
• Não se ajustam às leis do Estado simplesmente por não quererem (recusa), com
consequentes problemas legais e criminais, sem retificação;
• Frequentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm
um emprego ou um casamento por muito tempo;
• Frequente: hiperatividade, transtorno de conduta infância / adolescência.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

Critérios diagnósticos (Cleckley/


Hare, Hart e Harpur)

1. Problemas de conduta na infância; 10. Vida sexual impessoal, trivial e pouco integrada;
2. Inexistência de alucinações e delírio; 11. Falta de sentimentos de culpa e de vergonha;
3. Ausência de manifestações neuróticas; 12. Indigno de confiança, falta de empatia nas
relações pessoais;
4. Impulsividade e ausência de autocontrole;
13. Manipulação do outro com recursos enganosos;
5. Irresponsabilidade;
14. Mentiras e insinceridade;
6. Encanto superficial, notável inteligência e
15. Perda específica da intuição;
loquacidade;
16. Incapacidade para seguir qualquer plano de vida;
7. Egocentrismo patológico, autovalorização e
arrogância; 17. Conduta antissocial sem aparente
arrependimento;
8. Incapacidade de amar;
18. Ameaças de suicídio raramente cumpridas;
9. Grande pobreza de reações afetivas básicas;
19. Falta de capacidade para aprender com a
experiência vivida.
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-04712010000100012
Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

Transtorno da Personalidade
Antissocial

Encontra-se no magnífico conto “A causa secreta”, de Machado de Assis, uma


das melhores descrições de um sociopata: com a personagem Fortunato,
Machado relata, de forma genial, a que ponto pode chegar o sadismo e a
crueldade de um homem.

O médico Garcia, ao observar a crueldade de seu amigo Fortunato, assim pensa:


Castiga sem raiva, pensou o médico, pela necessidade de achar uma sensação
de prazer, que só a dor alheia lhe pode dar: é o segredo deste homem.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

Todo TPA faz parte do mundo


do crime?
O conceito de TPA (Transtorno de Personalidade Antissocial) engloba diversos tipos
de fatores de personalidade e seus comportamentos associados numa ampla
combinação de mundos sociais possíveis;

Nem todo TPA é necessariamente criminoso, nem todo TPA é um psicopata,


psicótico antissocial ou sociopata, embora qualquer um destes sistemas últimos se
inclua, necessariamente, dentro do guarda-chuva que é o conceito geral de TPA;

Não são apenas os assassinos seriais, afinal, mas uma grande proporção de
criminosos violentos em nossa sociedade (em torno de 50% dos prisioneiros) que
mostram muitas características do que a psiquiatria chama de "sociopatia" ou
“psicopatia” e psicose antissocial.

R.H.Hodara Hodara, R. H. Socipatia, 2017 79 / 118


http://penta3.ufrgs.br/educacao/teoricos/MIND/SITE_PESSOAL/psicologia_meus_artigos/sociopatia.pdf
Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

Existiriam níveis de TPA?

• Psicopata comunitário ou de grau leve


Este é o nível de sociopatia mais comum, sendo mais difícil de diagnosticar.
Apresenta características como frieza, racionalidade, hábito de mentir e falta de
consideração com o sentimento dos outros. São oportunistas, manipuladores,
trapaceiros e dissimulados a ponto de conseguir transmitir uma aparência inocente.
Raramente chega a matar.

• Psicopata antissocial ou de grau moderado a grave


Indivíduos deliberadamente antissociais, que têm uma alta tendência a se tornarem
serial killers. Maioria apresenta as mesmas características do psicopata comunitário,
mas de maneira mais agressiva, impulsiva, sádica e mentirosa.
• Grau moderado se envolvem com drogas, jogos, atos imprudentes, vandalismo e
promiscuidade.
• Sociopatia grave, por sua vez, frequentemente se torna um assassino sádico.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

E quanto à chamada PSICOPATIA?

Numa tradução livre, do grego, “alma sofredora”.

• Tanto o DSM-5 quanto a CID-10 não a consideram uma condição médica;


• Apesar de muito debate, a hipótese mais aceita hoje é de que se trata de um
transtorno grave de personalidade antissocial;
• Psicopatas são todos os que apresentam um transtorno de personalidade (dos 3
clusters), mas leigamente a palavra ficou associada aos portadores de TPA que
ultrapassam a barreira da criminalidade.

81 / 118
Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

E quanto aos conhecidos como


SERIAL KILLERS?

• O termo serial killers refere-se, geralmente, a homens que


cometeram três ou mais homicídios sexuais seriados, separados por
intervalos variados de tempo;
• Existem outras formas de serial killers, como assassinatos praticados
por profissionais de saúde (enfermeiros, médicos), que envenenam
pacientes em hospitais ou mesmo em suas residências, ou ainda
homicídios praticados por mulheres, em que, frequentemente, não
existe um elemento sexual.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Antissocial

Ansiedade e/ou controle

Sofremos muito com o pouco que nos falta


e gozamos pouco o muito que temos.

WILLIAM SHAKESPEARE
In: Mecler, 2015

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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
DEPENDENTE

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Sumário: Transtorno da Personalidade Dependente

Transtorno da Personalidade
Dependente
“POR VOCÊ EU LARGO TUDO.”
”Antes mal acompanhada do que só.”

Dependente
✔ Depende extremamente de
outros;
✔ Necessita muito de agradar;
✔ Desamparado quando sozinho;
✔ Sem iniciativa e sem energia;
✔ Sem autonomia pessoal.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Dependente

TABELA 22-9 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno
da personalidade dependente
Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e
apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado
por cinco (ou mais) dos seguintes:

1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e
reasseguramento de outros;
2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida;
3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou
aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação);
4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais à falta de
autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que à falta de motivação ou
energia);
5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas
desagradáveis;
6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho, devido a temores exagerados de ser
incapaz de cuidar de si mesmo;
7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término
de um relacionamento íntimo;
8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte.

(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition 86 / 118
(Copyright © 2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.)
Sumário: Transtorno da Personalidade Dependente

Transtorno da Personalidade
Dependente - Características

• É incapaz de tomar decisões do dia a dia sem uma excessiva quantidade de


conselhos ou reafirmações de outras pessoas;
• Permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida, como
onde morar, que profissão exercer;
• Submete suas próprias necessidades aos outros;
• Evita fazer exigências, ainda que em seu direito;
• Sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados;
• Medo de ser abandonado pela pessoa com quem possui relacionamento íntimo;
• Facilmente é ferido por crítica ou desaprovação.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Dependente

Transtorno da Personalidade
Dependente
Diagnosticado predominantemente
entre as mulheres, mas deve ser
estabelecido com cuidado, porque,
em algumas faixas etárias, grupos
sociais e culturas, valoriza-se o
comportamento passivo.

Muitos indivíduos exibem traços


dependentes, mas só devem ser
considerados sintomáticos do Também é preciso distingui-lo
transtorno de personalidade, de outros transtornos, como a
quando essas características depressão, a agorafobia
forem inflexíveis e persistentes, (medo de multidões) e a
capazes de causar prejuízo ou síndrome do pânico.
sofrimento ao sujeito ou às
pessoas ao seu redor.

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Mecler, 2015
TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
EVITATIVA

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Sumário: Transtorno da Personalidade Evitativa

Transtorno da Personalidade
Evitativa
“NA MOITA.”

• Dificuldade em descontrair-se;
• Preocupa-se facilmente;
• Teme situações novas;
• Atento a si próprio;
• Muito sensível à rejeição;
• Extremamente inseguro.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Evitativa

TABELA 22-8 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno
da personalidade evitativa
Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação
negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por
quatro (ou mais) dos seguintes:

1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica,
desaprovação ou rejeição;
2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de
forma positiva;
3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos, devido ao medo de passar vergonha ou de ser
ridicularizado;
4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais;
5. Inibe-se em situações interpessoais novas, em razão de sentimentos de inadequação;
6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros;
7. Reluta, de forma incomum, em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas
atividades, pois estas podem ser constrangedoras.

(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition
(Copyright © 2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.)
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Sumário: Transtorno da Personalidade Evitativa

Transtorno da Personalidade
Evitativa

• O comportamento evitativo costuma dar seus primeiros sinais na infância;

• Crianças tímidas, isoladas e com medo de desconhecidos ou de novidades


podem desenvolver o transtorno na vida adulta;

• Porém, isso não significa que a timidez em crianças ou adolescentes seja,


necessariamente, um indício de problema futuro. Muitas vezes, tratam-se de
atitudes normais do desenvolvimento.

Mecler, 2015

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TRANSTORNO DA PERSONALIDADE
Anancástica (Obssessivo-Compulsivo)

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Sumário: Transtorno da Personalidade Anancástica

Transtorno da Personalidade
Anancástica (Obssessivo-Compulsivo)
“LINHA DURA.”

✔ Rígido, metódico, minucioso;


✔ Não tolera variações ou improvisações;
✔ Perfeccionista e escrupuloso;
✔ Muito convencional, segue rigorosamente as regras;
✔ Controlador (dos outros e de si);
✔ Indeciso.

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Sumário: Transtorno da Personalidade Anancástica

TABELA 22-10 Critérios diagnósticos


do DSM-5 para transtorno da
personalidade obsessivo-compulsiva
Um padrão difuso de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa
de flexibilidade, abertura e eficiência que surge no início da vida adulta e está presente em vários
contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes:

1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto de o objetivo
principal da atividade ser perdido;
2. Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex., não consegue completar um
projeto, porque seus padrões próprios, demasiadamente rígidos, não são atingidos);
3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e
amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira);
4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de moralidade, ética ou
valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa);
5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor, mesmo quando não têm valor sentimental;
6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas, a menos que elas se submetam à sua
forma exata de fazer as coisas;
7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como algo a ser
acumulado para futuras catástrofes;
8. Exibe rigidez e teimosia.

(Reimpressa, com permissão, de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition
(Copyright © 2013). American Psychiatric Association. Todos os direitos reservados.) 95 / 118
Sumário: Transtorno da Personalidade Anancástica

• Duas vezes mais frequente em homens;


• Algumas sociedades valorizam excessivamente o trabalho e a produtividade,
levando as pessoas a desenvolverem comportamentos que não devem ser
confundidos com o transtorno;
• É preciso fazer uma distinção entre o transtorno de personalidade obsessivo-
compulsivo e o transtorno obsessivo-compulsivo, TOC. Esse é um transtorno de
ansiedade caracterizado por obsessões e compulsões;
• Muitas vezes, o TOC é uma comorbidade do transtorno de personalidade
obsessivo-compulsivo. É exatamente o que ocorre com o personagem Melvin,
do filme Melhor é impossível, que possui traços das duas patologias.

Mecler, 2015

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CONCLUINDO

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Sumário: Concluindo

Concluindo

Existe muita controvérsia sobre os métodos de avaliação e se a


categoria “transtornos de personalidade” deveria ser um diagnóstico
psiquiátrico.
O desafio ético é imenso no que concerne à diferenciação entre uma
característica de personalidade normal e uma característica patológica.

Mecler, 2015

As tabelas com as Diretrizes Diagnósticas do DSM V, exibidas em cada TP foram 98 / 118


retiradas do capítulo 22 – Transtornos da Personalidade: Sadock, Sadock et Ruiz, 2017
Sumário: Concluindo

No momento, as evidências da experiência clínica e das pesquisas favorecem a


concepção chamada dimensional: todas as pessoas podem apresentar maior ou
menor grau dos traços de personalidade, sendo que, na população geral, haveria
uma distribuição em continuum ou gradações dessas características.

Com base nesse pressuposto, o DSM-5, lançado em 2014, introduziu um


modelo alternativo, com o intuito de incluir a abordagem dimensional,
permitindo, dessa forma, o estabelecimento do diagnóstico de transtornos
de personalidade a partir o espectro da dimensão de 25 traços, que
envolvem cinco domínios amplos de variação mal-adaptativas
(afetividade negativa, distanciamento, antagonismo, desinibição e
psicoticismo).

Basta que o indivíduo apresente um único traço, em grau tão elevado que o torne
prejudicial – em um ou mais setores da vida – para que o diagnóstico possa ser
feito.

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Mecler, 2015
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE –
TRATAMENTO

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Sumário: Transtornos de personalidade – Tratamento

Transtornos de personalidade –
Tratamento

É parte da cura
O desafio ético é imenso no que concerne o desejo de ser
à diferenciação entre uma característica curado.
de
personalidade normal e uma característica
patológica – Quando tratar? Sêneca
Sandra Maria Melo Carvalhais

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Sumário: Transtornos de personalidade – Tratamento

▪ Um aspecto fundamental relativo ao tratamento dos TP é o reconhecimento de


que há possibilidades de tratamentos viáveis e efetivos, a fim de impedir que o
estigma prejudique o acesso dos pacientes às abordagens terapêuticas
disponíveis;

▪ Reforça-se a necessidade de engajamento do paciente e que o mesmo


execute um papel ativo em seu tratamento para que, com isso, resultados
favoráveis sejam atingidos.
Juruena, 2017

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MODALIDADES TERAPÊUTICAS
PARA OS TPS

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Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

Modalidades Terapêuticas para


os TPs

• A psicoterapia é considerada o tratamento de primeira linha;


• Não há medicamentos específicos recomendados para o tratamento dos TP, assim,
são indicadas medicações para controle de sintomas nucleares e tratamento de
comorbidades frequentemente presentes;
• Ambos os tratamentos devem ser considerados de longo prazo.

• Juruena, 2017

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Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

• Os TPs são reconhecidos por apresentarem padrões comportamentais, afetivos


e cognitivos altamente resistentes ao tratamento;
• Apresentam baixos níveis de resposta a intervenções farmacológicas e/ou
psicoterapêuticas;
• Representam um dos maiores desafios para a prática clínica, principalmente
no que se refere aos processos de avaliação, delineamento de planos e
estratégias terapêuticas eficazes;
• Poucas evidências de protocolos eficazes para o tratamento desses quadros.

Salvador-Silva et al, 2015 IN: Transtornos psiquiátricos resistentes ao tratamento : diagnóstico e manejo / Organizadores,
André Férrer Carvalho, Antonio Egidio Nardi, João Quevedo. – Porto Alegre : Artmed, 2015.

105 / 118
Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

• Intervenções farmacológicas: antidepressivos, antipsicóticos e anticonvulsivantes


ainda permanecem como alternativas para a redução de determinados
sintomas-alvo (p. ex., agressividade, impulsividade e irritabilidade), mas ainda
não como intervenção específica para os TPs;
• Quando comparadas às abordagens psicoterápicas e farmacológicas, estudos
randomizados têm demonstrado maior eficácia de intervenções psicoterápicas
para tratamento de pacientes com TP, embora o uso de tratamentos
combinados possa ser recomendável em alguns casos, uma vez que a ação
farmacológica pode favorecer o processo psicoterapêutico a partir do controle
de alguns sintomas clínicos.

Salvador-Silva, 2015

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Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

Transtorno da Personalidade Paranoide -


• Antipsicóticos têm sido usados, efeito em fase aguda a curto prazo;
• A terapia cognitiva pode ajudar o indivíduo a ter uma nova compreensão da sua
paranoia.

Transtorno da Personalidade Esquizoide -


• Não existem estudos bem controlados;
• Sugere-se aumentar o contato social, ensinar habilidades úteis para a
identificação de emoções próprias, assim como nos outros, e adotar a terapia em
grupo;
• Estudo de revisão (Markowitz) relatou o efeito dos antipsicóticos em portadores
com comorbidade de transtorno de personalidade borderline promovendo
melhora dos sintomas do Transtorno de Personalidade Esquizoide.

Valença, Novais e Meleiro, 2018 IN Meleiro, Alexandrina Maria Augusto da Silva Psiquiatria: estudos fundamentais / Alexandrina 107 / 118
Maria Augusto da Silva Meleiro. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

Transtorno da Personalidade Histriônica


• A psicoterapia de longo prazo foi sugerida como benéfica.

Transtorno da Personalidade Narcisista


• Não existem estudos com metodologia adequada;
• Os pacientes com traços narcisistas significantes são propensos a abandonar o
tratamento precocemente, mas mostram alguma melhora em resposta a ele.

Transtorno da Personalidade Antissocial


• Os pacientes não aderem à psicoterapia, apenas se estiverem confinados;
• Fármacos para controlar o comportamento agressivo ou impulsivo, como
antiepilépticos, são usados especialmente se houver alterações do EEG ou em
caso de abuso de substância psicoativa.

Valença, Novais e Meleiro, 2018

108 / 118
Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

Transtorno de Personalidade Borderline:


Apresenta a maior demanda por tratamento e as evidências mais
consistentes de intervenções terapêuticas.

• Manejo de crises, com controle de reações emocionais intensas;


• Avaliação do risco de auto ou heteroagressividade e comportamento suicida;
• Acompanhamento médico: os pacientes devem ser ajudados a desenvolver
habilidades de enfrentamento de estresse, através da identificação de recursos
próprios eficazes para lidar com estresse em outras situações, busca de apoio,
expressões emocionais diretas e menos destrutivas.
Juruena, 2017

109 / 118
Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE

• Nenhum psicofármaco desta revisão encontrou


resultados robustos para controle da
automutilação e ideação suicida crônica;
• Os ISRS estão indicados neste estudo para
depressão maior comórbida com o TPB. Sem
evidências para o controle da instabilidade
emocional e do afeto.

Em 2009, o National Institute for Health and Clinical


Excellence (NICE) recomendou:

“drug treatment should not be used specifically for borderline personality


disorder or for the individual symptoms or behaviour associated with the
disorder (for example, repeated self-harm, marked emotional instability,
risk-taking behaviour and transient psychotic symptoms)” (p. 270). 53

110 / 118
Sumário: Modalidades Terapêuticas para os TPs

Transtornos da Personalidade Evitativa


• Vários psicofármacos: antagonistas beta-adrenérgicos, benzodiazepínicos,
inibidores da monoaminoxidase (IMAO) e ISRS. Farmacoterapia: efetiva durante o
tratamento agudo;
• Limitação: alta taxa de recaídas, após a descontinuação da medicação;
• Abordagens nas recaídas: terapia medicamentosa associada à psicoterapia.

Tratamento - dependente
• Psicoterapia com abordagem cognitivo-comportamental.

Tratamento – Obsessivo-compulsiva
• Terapias orientadas para o insight, incluindo a psicanálise: tratamento de escolha;
• Em teoria: a terapia cognitiva deve ser útil, os estudos sobre efetividade são
contraditórios;
• Antidepressivos e anticonvulsivantes podem ser úteis. Os ISRS podem ajudar a
diminuir a rigidez dos indivíduos com TPOC, por diminuir a ansiedade e a
procrastinação.

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Valença, Novais e Meleiro, 2018
Sumário: Farmacoterapia dos domínios de sintomas-alvo de transtornos da personalidade

Farmacoterapia dos domínios


de sintomas-alvo de transtornos
da personalidade
Tabela 22-12 Farmacoterapia dos domínios de sintomas-alvo de transtornos da personalidade
Sintoma-alvo Fármaco recomendado Contraindicação*
I. Descontrole comportamental
Agressividade ou impulsividade
Agressividade afetiva (temperamento Lítio* ? Benzodiazepínicos Estimulantes
explosivo com EEG normal) Fármacos serotonérgicos*
Anticonvulsivantes*
Antipsicóticos de baixa dosagem
Agressividade predatória (hostilidade ou Antipsicóticos* Benzodiazepínicos Estimulantes
crueldade) Lítio
Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos
Agressividade do tipo orgânico Imipramina*
Agonistas colinérgicos (donepezila)
Agressividade ictal (EEG anormal) Carbamazepina*
Difenil-hidantoína*
Benzodiazepínicos

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Sumário: Farmacoterapia dos domínios de sintomas-alvo de transtornos da personalidade

II. Desregulação do humor


Labilidade emocional Lítio* ? Fármacos tricíclicos
Antipsicóticos
Depressão IMAO’s*
Depressão atípica, disforia Fármacos serotonérgicos*
Antipsicóticos
Distanciamento emocional Antagonistas serotonérgicos e ? Fármacos tricíclicos
dopaminérgicos*
Antipsicóticos atípicos
III. Ansiedade
Cognitiva crônica Fármacos serotonérgicos* Estimulantes
IMAOs*
Benzodiazepínicos
Somática crônica IMAOs*
Antagonistas dos receptores β-adrenérgicos
Ansiedade grave Antipsicóticos de baixa dosagem
IMAOs
IV. Sintomas psicóticos
Agudos e psicose Antipsicóticos* Estimulantes
Crônicos e sintomas tipo psicóticos de baixo Antipsicóticos de baixa dosagem*
nível
* Fármaco recomendado ou principal contraindicação. EEG, eletrencefalograma; IMAO, inibidor da monoaminoxidase
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Sumário: Tratamento Psicoterápico dos TPs

Tratamento Psicoterápico dos TPs

• Enfoque psicanalítico tradicional: deve-se ter cuidado, dada a frequência com que
ocorrem acting-outs, tais como suicídio, crises psicóticas etc, decorrentes da
interpretação das defesas e elicitação de reações de transferência;

• Psicoterapia cognitiva-comportamental vem sendo aceita como a mais eficaz no


tratamento dos TPs;

• Abordagem mais estruturada e direta sugere apresentar melhores resultados, de


modo geral, incluindo o desenvolvimento de habilidades de autorreflexão,
mentalização, regulação emocional e enfrentamento de estresse.

Mazer, Macedo e Juruena, 2017

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Sumário: Bibliografia complementar

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed
Editora, 2014.
BALLONE, G. Transtornos de Personalidade, PsiqWeb. https://psiqweb.net/index.php/personalidade/transtornos-da-
personalidade-2, 2017,
CARVALHO, André F.; NARDI, Antonio E. QUEVEDO. João (Orgs). Transtornos psiquiátricos resistentes ao tratamento:
diagnóstico e manejo /– Porto Alegre : Artmed, 2015.
CORDÁS, Táki A.; LOUZÃ NETO, Mário R. Transtornos da Personalidade – um esboço histórico-conceitual. In: Transtornos da
Personalidade (recurso eletrônico) / Mário Rodrigues Louzã Neto... (et al). Porto Alegre: 2011
DALGALARRONDO, Paulo. A Personalidade e suas Alterações. In: Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais
[recurso eletrônico] / 2. ed. –Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2019
MAZER, Angela K.; MACEDO, B. Burgos D.; JURUENA, Mário F. Transtornos da personalidade. Medicina (Ribeirão Preto, Online.)
2017;50(Supl.1),jan-fev.:85-97; http://www.revistas.usp.br/rmrp / http://revista.fmrp.usp.br
MECLER, Katia. Psicopatas do cotidiano : como reconhecer, como conviver, como se proteger. 1. ed. - Rio de Janeiro : Casa
da Palavra, 2015.
MELEIRO, Alexandrina M. A.Silva (Org.). Psiquiatria : estudos fundamentais. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
2018
OMS - Organização Mundial de Saúde; Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições
Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Editora Artmed, 1993
SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virginia A., RUIZ, Pedro. Compêndio de psiquiatria : ciência do comportamento e psiquiatria
clínica [recurso eletrônico] /; tradução: Marcelo de Abreu Almeida... [et al.] 11. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2017.
115 / 118
Sumário: Bibliografia geral de Psiquiatria

BIBLIOGRAFIA GERAL DE PSIQUIATRIA


1. Associação Psiquiátrica Americana (APA). MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS, 5ª
edição (DSM-5). Artmed, 2014.
2. Dalgalarrondo, P. PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS. 3ª Edição. Editora Artmed, 2019.
3. Kandel, ER; Schwartz, JH; Jessel, TM; Siegelbaum, SA; Hudspeth, AJ: PRINCÍPIOS DE NEUROCIÊNCIAS, 5a edição,
Artmed 2014.
4. SADOCK, B.J. COMPÊNDIO DE PSIQUIATRIA: CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO E PSIQUIATRIA CLÍNICA / Benjamin
J.Sadock, Virgínia A. Sadock, Pedro Ruiz; tradução: Marcelo de Abreu Almeida... [ et al.]; revisão técnica: Gustavo
Schestatsky...[et al.], 11ªed, 2017
5. WHO releases new INTERNATIONAL CLASSIFICATION OF DISEASES (ICD 11). Geneva, Switzerland: WHO. 18 June 2018.
Archived from the original on 31 May 2019. (Nota: A CID-10, 1993 está em processo de substituição pela CID -11 até
2023)
6. Allan H. Young, David M. Taylor, Thomas R. E. Barnes. THE MAUDSLEY PRACTICE GUIDELINES FOR PHYSICAL HEALTH
CONDITIONS IN PSYCHIATRY". Wiley.com. 1 October 2020. Retrieved 24 June 2020.
7. Alan F. Schatzberg, Charles DeBattista. MANUAL DE PSICOFARMACOLOGIA CLÍNICA - 8ed. Artmed Editora, 2016
8. STAHL, Stephen M. PSICOFARMACOLOGIA: BASES NEUROCIENTÍFICAS E APLICAÇÕES PRÁTICAS. 4ª ed. Rio de Janeiro, RJ:
Guanabara Koogan, 2014.
9. Diehl, Alessandra; Cordeiro, Daniel Cruz; Laranjeira, Ronaldo. DEPENDÊNCIA QUÍMICA: PREVENÇÃO, TRATAMENTO E
POLÍTICAS PÚBLICAS. Artmed, 2018.
10.Silva, A.G., Quevedo, J., Nardi, A.E. TRATADO DE PSIQUIATRIA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. 1ª Edição.
Artmed, 2021

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LINKS ÚTEIS

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ESTE CONTEÚDO DIDÁTICO FOI ELBAORADO COM A COLABORAÇÃO DO CORPO DOCENTE DA ESPECIALIZAÇÃO EM PSIQUIATRIA IPEMED

ALEXANDRE DE ARAUJO PEREIRA | ANDERSON FÁBIO MOURA WEIBER | CASSIANO TEIXEIRA DE MORAIS | DANIEL DE SOUSA FILHO | DEMÉTRIUS DE LUNA LOPES | MARIA CRISTINA BECHELANY DUTRA | EDUARDO RIBEIRO DE SOUSA LIMA
GEORGIANE HALUCH MOLETA | GILDA MARIA PAOLIELLO NICOLAU | JULIO CESAR MENEZES VIEIRA | NATALIA MARIA LINS MARTINS | RAFAEL DE OLIVEIRA MENDES | RAFAEL RODRIGUES OLIVEIRA | ROBERTA BITTENCOURT MOREIRA
RODRIGO EUSTAQUIO TELLES VIEIRA | SANDRA MARIA MELO CARVALHAIS | VANESSA AMARAL BARBOSA | ZYIADI HADT

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