Você está na página 1de 60

Enquanto você se

esforça pra ser


um sujeito normal e
fazer tudo igual
Eu do meu lado
aprendendo a ser louco
um maluco total, na
loucura real
Controlando a minha
maluquez
Misturada com minha
lucidez
Vou ficar
Ficar com certeza
Maluco beleza...

Raul Seixas
Prof. Taffarel Ramires Fernandes
2
• Padronização de sintomas.
• Busca nomear padrões e não explicar sua existência.
• Visão fisiológica do sofrimento mental – medicação ≠ visão
psicossocial – elaboração singular.
▪ A fim de tratar os transtornos psicológicos os clínicos
devem ser primeiro capazes de diagnosticá-los

▪ Um manual diagnóstico serve para fornecer diagnósticos


consistentes entre pessoas como base na presença e
ausência de um conjunto de sintomas específicos

▪ Manual diagnósticos devem cumprir as funções:

▪ Confiabilidade – grau de consistência com que os clínicos


fornecem diagnóstico

▪ Validade – diagnóstico caracterizar com precisão e clareza


o estado psicológico de uma pessoa

4
▪ Na Grécia antiga, desde o século 5 a.C.,

Hipócrates buscou estabelecer um


sistema de classificação para as doenças
mentais. Palavras como histeria, mania e
melancolia eram usadas para
caracterizar algumas delas

5
▪ Ao longo dos séculos seguintes, diversos
termos foram sendo incorporados ao
jargão médico, como, por exemplo: loucura
circular, catatonia, hebefrenia, paranóia,
etc. Entretanto, o primeiro sistema de
classificação abrangente e de cunho
verdadeiramente científico surgiu com os
estudos de Emil Kraepelin (1856-1926),
que reuniu diversos distúrbios mentais sob
a denominação de demência precoce

6
▪ O que Emil Kraepelin chamou de demência

precoce, Bleuler definiu como


esquizofrenia, ao lado de outros transtornos
psicóticos, separando-os do quadro clínico
da psicose maníaco-depressiva

7
▪ Freud (1895), quase ao mesmo tempo,

destacava da neurastenia uma síndrome,


denominada neurose de angústia, que
passou a ser classificada e estudada
juntamente com outros tipos de neurose:
hipocondríaca, histérica, fóbica e
obsessivo-compulsiva. Esta terminologia
perdurou até os anos 80, do século 20.

8
▪ No ano de 1952, a Associação Psiquiátrica
Americana (APA) publicou a primeira edição do
“Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais” (DSM-I), e as edições
seguintes, publicadas em 1968 (DSM-II), 1980
(DSM-III), 1987 (DSM-III-R) e 1994 (DSM-IV),
2013 (DSM-5) foram revistas, modificadas e
ampliadas

9
▪ O DSM-III (1980) foi o mais revolucionário de todos e tornou-se
um marco na história da psiquiatria moderna.
▪ Novas categorias diagnósticas foram descritas, como, por
exemplo:
▪ Neurose de angústia - transtorno de pânico com e sem
agorafobia
▪ Transtorno de ansiedade generalizada; a fobia social tornaram-
se entidades nosológicas própria
▪ Psicose maníaco-depressiva - transtorno do humor bipolar, com
ou sem sintomas psicóticos.
▪ O termo neurose deixou de ser usado, para não suscitar
questões etiológicas, a palavra histeria desapareceu do texto,
pelo mesmo motivo, a expressão doença mental foi
substituída por transtorno mental, etc.
10
▪ Em 1987, com a publicação do DSM-III-R, esta

hierarquia foi abolida, e o manual passou a


incentivar o uso simultâneo de dois ou mais
diagnósticos num mesmo paciente. Surgiu, assim,
o conceito de comorbidade, em psiquiatria, que
foi confirmado pelo DSM-IV e amplamente
difundido nos anos 90, sendo utilizado
regularmente nos dias atuais

11
▪ O DSM IV foi um sistema classificatório multiaxial –

publicado nos anos 90 organizado de maneira a agrupar


16 classes diagnósticas distintas, que recebem códigos
numéricos específicos e se distribuem por cinco
grandes eixos.

• Eixo I – síndromes maiores


• Eixo II – transtornos de personalidade + retardo mental (hoje, deficiência intelectual)
• Eixo III – condições clínicas do cliente
• Eixo IV – estresses psicossociais
• Eixo V- nível de funcionamento global do cliente

12
▪ Publicado pela Associação Americana

de Psiquiatria em 2013

▪A organização atual inicia com


transtornos do neurodesenvolvimento
e então segue os “transtornos
internalizantes” seguidos pelos
“externalizantes”.

13
14
▪ O TEA (transtorno do espectro autista) é considerado um dos Transtornos do

Neurodesenvolvimento. Existem vários transtornos do neurodesenvolvimento, como a


Deficiência intelectual, TEA, Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), e Dislexia. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-5) agrupa tais transtornos sob o nome de Transtornos do
Neurodesenvolvimento, mas o que todos eles tem em comum que fazem todos serem
Transtornos do Neurodesenvolvimento?

15
▪ Esses transtornos são condições que têm início no período do desenvolvimento

(infância ou adolescência) e são caracterizados por déficits que acarretam


prejuízo nas atividades de vida diária, como na vida pessoal, social, acadêmico
ou profissional. Esses prejuízos podem ser extensos e significativos, como nas
deficiências intelectuais, em que há um atraso no neurodesenvolvimento de
maneira global, como os prejuízos podem ser específicos, como na Dislexia, em
que há apenas prejuízo na leitura.

16
Transtornos Externalizantes
• Transtornos que envolvem sintomas impulsivos, de conduta disruptiva e de uso de
substância.

Transtornos Internalizantes
• Transtornos como ansiedade, depressivos e somáticos.

17
▪ Temos 22 capítulos – organizados de modo que os

transtornos relacionados apareçam próximos uns dos


outros

18
19
20
21
▪ Indivíduos anteriormente diagnosticados como “histéricos” eram ridicularizados, nas
salas de atendimento de urgência, por não terem o seu sofrimento reconhecido pelos
médicos.

▪ Muitos deles sofriam, na verdade, de ataques de pânico e eram desmoralizados porque


os seus sintomas eram mal interpretados por quem os atendia

▪ A fobia social, negligenciada por todas as classificações anteriores ao DSM-III, foi


descrita como uma entidade nosológica separada, e os estudos subsequentes
mostraram tratar-se do mais comum dos transtornos de ansiedade, atingindo cerca de
12% da população geral
22
▪ Tratamento – inclusive em
hospitais

▪ Reembolso planos de saúde

▪ Benefícios - lesgislação

23
▪ Não deve ser usado como uma lista infalível,
que, sendo preenchida, fornece
automaticamente um diagnóstico psiquiátrico.
Em mãos inexperientes, os resultados são
desastrosos.

▪ Diagnóstico clínico – percepções diferentes

▪ Pode causar estigma uma vez que divide


“normal e anormal”

24
▪ A Organização Mundial de Saúde desenvolveu a CID (Classificação

Internacional de Doenças) como um sistema diagnóstico comum para


as 110 nações membro

▪ A CID-11, que será apresentada para adoção dos Estados Membros

em maio de 2019 (durante a Assembleia Mundial da Saúde), entrará


em vigor em 1º de janeiro de 2022. Essa versão é uma pré-
visualização e permitirá aos países planejar seu uso, preparar
traduções e treinar profissionais de saúde.
25
▪ 1. Não tem valor - pessoas têm realidade única e inclassificável.
▪ 2. Tem valor – elemento principal e mais importante da prática psiquiátrica.

▪ Aristóteles
▪ Universal não existe na natureza – abstração e generalização
▪ Somente o individual é real

▪ Relação dialética entre o individual (paciente) e o universal (categoria diagnóstica)

26
Principal Comorbido Diferencial

27
Conhecimento da queixa

Conhecimento da sua história pessoal e entrevistas

Exame psíquico e testes

Exames médicos, complementares

28
▪ Posturas que o entrevistador deve evitar:

1. Posturas rígidas, estereotipadas - deve buscar uma atitude flexível, que seja
adequada à personalidade do doente, aos sintomas que apresenta no momento,
à sua bagagem cultural, aos seus valores e à sua linguagem

2. Atitude excessivamente neutra ou fria – muito frequentemente em nossa


cultura, transmite ao paciente sensação de distância e desprezo

29
3. Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas, que produzem,
na maioria das vezes, uma falsa intimidade.

4. Comentários valorativos ou emitir julgamentos sobre o que o paciente relata ou


apresenta

5. Reações emocionais intensas de pena ou compaixão

6. Responder com hostilidade ou agressão às investidas hostis ou agressivas de


alguns pacientes.

7. Entrevistas excessivamente prolixas, nas quais o paciente fala, fala, fala, mas,
no fundo, não diz nada de substancial sobre seu sofrimento

30
“Uma dificuldade comum nas entrevistas realizadas em serviços públicos é a falta
de tempo dos profissionais, excesso de trabalho, estresse e condições físicas
(arquitetônicas) de atendimento precárias. Assim, muitas vezes o profissional de
saúde está impaciente para ouvir pessoas com queixas pouco precisas (os
“poliqueixosos”), rejeita aqueles doentes que informam de forma vaga ou que estão
muito desorganizados psiquicamente. Entretanto, no atendimento em saúde, a
paciência do entrevistador é fundamental”.

31
32
33
34
35
36
37
38
▪ Pacientes com quadro demencial, déficit

cognitivo, em estado psicótico grave e em


mutismo geralmente não conseguem
informar dados sobre sua história, sendo,
nesses casos, fundamental a contribuição
do acompanhante.

39
▪ Dissimulação - o ato de esconder
ou negar voluntariamente a
presença de sinais e sintomas
psicopatológicos.
▪ Simulação - tentativa do paciente
de criar, apresentar, como o faria
um ator, voluntariamente, um
sintoma, sinal ou vivência que de
fato não tem

40
▪ Segundo Jung (1999), a transferência não é mais que o processo comum de projeção: o paciente
tende a projetar inconscientemente no médico os afetos básicos que nutria (e nutre) pelas figuras
significativas de sua vida.

▪ A contratransferência é, em certo sentido, a transferência que o profissional estabelece com


seus pacientes. Da mesma forma que o paciente, o profissional de saúde projeta
inconscientemente, no paciente, sentimentos que nutria no passado por pessoas significativas de
sua vida.

Sobre contratransferência recomendo o artigo:

LEITÃO, L. G. (2003) Contratransferência: Uma revisão na literatura do conceito.

http://publicacoes.ispa.pt/publicacoes/index.php/ap/article/view/32/pdf

41
consciência da doença;

David (1990) propôs ser


modo de nomear ou
o insight composto por
renomear os sintomas;
três componentes:

adesão a tratamentos
propostos

42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
▪ O Exame do estado mental (EEM) é o processo através do qual o profissional que

trabalha com saúde mental (geralmente psiquiatras e psicólogos) examina


sistematicamente o estado mental de um paciente.

▪ Cada função mental é considerada separadamente de uma forma paralela a um

exame físico. Muito do material do EEM é coletado durante a história clínica. O


resultado do exame e da entrevista clínica são combinados para se formular o
diagnóstico psiquiátrico.

53
1. Internet - Facilidade para os pacientes forjarem sintomas e diagnósticos, com variadas
intenções e ganhos

2. A ânsia pela rapidez e pela objetividade estimulou o desenvolvimento de entrevistas


de 30 minutos, com etapas cronometradas, em que quatro minutos são dedicados ao
EEM

3. Cerca de dois terços deles o instrumento de pesquisa é o Miniexame do Estado Mental


(MEEM) – serve para rastreamento e monitoramento da evolução, e não de diagnóstico,
sua sensibilidade deixa muito a desejar quando usado isoladamente, como indica a
revisão da literatura no tema

54
55
56
REFERÊNCIAS

57
GENOGRAMA EM SAÚDE MENTAL

58
Caso Beth Thomas – Transtorno de Apego Reativo
Filme: A fúria de um anjo.

59
https://www.youtube.com/watch?v=CuDDyo4GeG0

60

Você também pode gostar