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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Breve contextualização

O presente trabalho versa sobre impactos da atividade mineira nos recursos naturais e
comunidade local, estudo de caso da vila de Moatize-Tete.

O distrito de Matize localiza-se na região de baixo Zambeze, província de Tete. No distrito há a


assinalar a presença de atividades industriais muito significativas, designadamente no sector
mineiro, que implicam uma importante perturbação direta do solo e são passiveis de produzirem
de substâncias poluentes como é o caso de poeira produzida no desmonte de carvão de Moatize -
Tete.

Este trabalho terá um impacto positivo para a sociedade em geral, visto que, trará métodos de
como mitigar as poeiras causadas pelo desmonte de carvão mineral. O presente trabalho tem
como objetivo principal a analise dos impactos da atividade mineira, Poeira na vila de Moatize.

Formulação do problema

A maior parte das empresas mineiras que desenvolvem a extração do bem mineral como carvão
mineral através do método de exploração a céu aberto causam problemas como o impacto
ambiental que afeta o planeta de várias formas e podem fazer estragos irreparáveis. No distrito de
Moatize cerca de 200 moradores protestaram contra a alta poluição e ruídos das detonações
alegando estrondos ensurdecedores, danificações de suas habitações e degradação da saúde pelo
consumo de poeiras de carvão porque a mina opera muito perto da zona habitadas nomeadamente
os bairros de Nantjere, Bagamoio, 1º de maio e liberdade. Nesse caso, sobre Avaliação do
Impacto Ambiental Causado Pelas Minas de Carvão Mineral em Moatize -Tete, procura-se
medidas de como minimizar esses impactos, mas ainda se encontra numa fase muito incipiente. O
presente estudo é de extrema importância, sendo que os resultados da investigação, certamente
podem trazer formas de mitigação dos impactos ambientais e trazer benefícios as empresas e o
distrito de Moatize.

Pergunta inerente:

Qual é o Impacto Ambiental Causado Pelas Minas de Carvão Mineral em Moatize -Tete?
1.3. Justificativa

Nos últimos anos em Moçambique tem se verificado um crescimento número de investidores na


área de mineração, especialmente pelo carvão de Moatize, na província de Tete.

No presente trabalho, pretende-se abordar questões gerais sobre o Carvão Mineral e os impactos
ambientais em particular para jazida de Moatize, pela sua importância econômica visando dar
uma contribuição acadêmica para futuras consultas e leituras. Por outro lado, chamar atenção aos
investidores em geral dos impactos negativos que podem representar ao meio ambiente e a saúde
humana durante a exploração deste recurso mineral se não forem tomadas as medidas
necessárias.

O tema aborda como as minas de Moatize afectam o meio ambiente, e olhando para estes fatores,
esta pesquisa irá servir de ferramenta para minimizar os problemas causados, analisando
minuciosamente as razões que fazem com que o distrito de Moatize seja afetado por esses
impactos ambientais, destacando os impactos, a causa e propondo mecanismos de mitigação.

E estes estudos podem trazer grandes benefícios para a empresa e o distrito de Moatize, evitando
assim problemas tais como: Potenciais impactos socioambientais e consequências decorrentes
das atividades de mineração para as populações que vivem no entorno das mineradoras. E
contribuições tais como: Alcance das Medidas Preventivas ou Mitigadoras dos Impactos.

1.4. Objetivos

1.4.1. Geral

Avaliar os impactos ambientais que as atividades mineradoras de carvão mineral tem


causado ao distrito de Moatize - Tete.

1.4.2. Específicos

Identificar e caracterizar os principais problemas ambientais do sector mineiro (Vale


Moçambique) e no distrito de Moatize;

Descrever sob forma de tabelas os impactos ambientais que ocorrem em Moatize para obter
equilíbrio entre o meio-ambiente e a exploração de carvão na província de Tete;
Propor ou sugerir as medidas mitigadoras para os impactos ambientais causados pelos processos
de lavra e beneficiamento;

1.5. Hipóteses

As hipóteses de impacto ambiental que podem ser causados pelas minas de carvão mineral em
Moatize - Tete são as seguintes:

É provável que a liberação de poeiras no meio ambiente durante o desmonte e carregamento de


material afecta a população vizinha visto que a poeira suja as casas, roupas e causa doenças
respiratórias.

A contaminação do ar por gases na vila de Moatize pode estar relacionado a queima de


combustível em grande escala do uso de camiões e escavadeiras de grande cilindrada para o
processo operativo da mina e da combustão espontânea do carvão.

A Perda de fertilidade do solo na vila de Moatize pode estar ligado ao derramamento de produtos
químicos como óleo hidráulico, graxas, óleo de motor onde durante a operação ocorre
vazamentos intensos nos equipamentos afetando assim o solo.

Talvez o desmatamento (preparação da área) causa a perda de áreas verdes e de vegetação nativa
devido o sistema de lavra usado para aberturas de vias de acesso e construções de infraestruturas.

Os contaminantes dos estéreis e rejeitos da mina podem alcançar as águas superficiais e


subterrâneas causando problemas sérios de poluição do precioso líquido.
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Breve introdução

Serão apresentadas neste capítulo considerações para Avaliação do Impacto Ambiental na


Atividade Mineradora do Carvão em termos da literatura disponível sobre os assuntos.

2.2. Carvão Mineral

O carvão mineral não é um mineral no sentido estrito da palavra. Ele não tem composição
química definida. Trata-se de um recurso energético e, entre eles, luta com o gás natural e o
petróleo pela supremacia. (Chaves, 2008)

O carvão é constituído por uma série de compostos orgânicos, originados de uma massa vegetal
depositada em ambientes subaquáticos que sofre gradualmente transformações que a levam para
os diferentes estágios de evolução do carvão pelo enriquecimento do carbono fixo. Os estágios
são: turfa, linhito, carvão (sub-betuminoso e betuminoso) e antracito (Gothe, 1993).

O carvão mineral é uma das principais fontes de combustível no mundo. Ele é empregado em
siderurgias, em usinas termoelétricas e na indústria química (Costa, 2002).

2.3. Explorações Mineiras a Céu Aberto

De acordo (Couto, 1990), define como explorações mineiras à céu aberto, aquelas em que os
trabalhos de escavação são desenvolvidos ao ar livre e dirigidas a depósitos superficiais, ou
aquelas em que os locais de trabalho não são constituídos por escavações cercadas em todo o seu
perímetro pelos terrenos encaixante. Em oposição, as lavras subterrâneas, são atividades
executadas no subsolo e são aplicadas a depósitos mais profundos, o que não significa que ambas
se excluam na exploração do mesmo depósito.

Esta alternativa é empregada usualmente quando as camadas de carvão são aproximadamente


horizontais e ocorrem em profundidades pequenas e reduzida espessura de cobertura de estéril
(Aguiar et al, 2008).
Nesse método, a lavra começa com o desmatamento e a retirada da camada de solo. O solo é
removido e estocado nas áreas adjacentes. A destruição das camadas de solo e subsolo neste tipo
de mineração, causa à queda da fertilidade do sol, destruição da fauna e flora, alterações
topográficas e inutilização do solo (Ferreira e Bacci, 1991, citado por Vargas, 1998).

Segundo (Quevedo, 2009), a mineração à Céu Aberto pode ser definida como uma escavação
superficial para remoção de minerais de interesse económico. Pode ser empregada para a
exploração de minerais metálicos e não metálicos em depósitos próximos à superfície, geralmente
com profundidades menores que 150 m.

De acordo com (Souza, 2012), os principais métodos de mineração a céu aberto são:

Mineração de pláceres;

Open pit mining;

Quarry mining;

Glory hole methods;

Strip mining

2.3.1. Método de Lavra em Tiras (stripping mining)

Esse é o principal método em que a lavra de carvão a céu aberto é realizada. A cobertura de solo
que recobre as camadas de carvão é removida no estágio inicial da lavra, propiciando a
descobertura da camada de carvão que será lavrado. Esse tipo de lavra envolve, genericamente, a
remoção de grandes quantidades de estéreis, camada de solo que está à cima da camada de
carvão, para cada tonelada de carvão produzido, podendo causar um sério impacto ambiental caso
a lavra não seja adequadamente planejada e a recuperação da área definida e executada desde seu
início (Koppe, 2002).

A seleção do método específico de lavra de carvão a céu aberto é condicionada ao sistema de


remoção da cobertura, tendo em vista que é a fase de exploração com o maior custo. Uma vez
decidido o sistema de remoção, os sistemas das outras fases da mineração (desmonte,
carregamento e transporte do carvão) são escolhidos. O principal objetivo dessas escolhas é
retirar o máximo de carvão a um custo mínimo e ao mesmo tempo reduzir o impacto ambiental
promovido pela mineração.

2.3.1.1. Condições para aplicação do método de lavra por tira

Segundo Hartman e Mutmansky (2002), as condições para aplicação deste método são:

Resistência do minério e da rocha encaixante: qualquer;

Forma do depósito: tabular ou em camadas;

Mergulho do depósito: qualquer, preferencialmente horizontal ou de baixo mergulho;

Tamanho do depósito: grande extensão lateral, contínuo e de espessura moderada;

Teor do minério: pode ser baixo se outras condições forem favoráveis;

Uniformidade do minério: uniforme ou quase uniforme;

Profundidade: sub-superficial (raso).

2.3.1.2. Sequência de Operações de Lavra por tiras

Para Kahle e Moseley (1983), A lavra por tiras obedece a seguinte sequência de exploração:

Desmatamento;

Remoção de galhadas;

Estocagem do solo;

Capeamento;

Lavra do minério;

Empilhamento do estéril;

Recomposição topográfica;

Reposição do solo;
Reabilitação ambiental

2.3.1.3. Vantagens da lavra por tiras

Segundo Hartman e Mutmansky (2002) algumas vantagens da lavra por tiras são

Alta produtividade e custo de lavra baixo (custo relativo = 10%);

Baixo custo com desmonte (fornece várias faces livres para o desmonte), desenvolvimento e
acessos simples

Mão-de-obra não especializada e permite alta estabilidade dos taludes;

Recuperação próxima de 100% (diluição muito baixa) e não transporta o capeamento

Segurança e higiene satisfatórias.

2.3.1.4. Desvantagens de lavra por tira

Ainda Hartman e Mutmansky (2002), entre as desvantagens pode-se citar:

Limitado pela profundidade (geralmente até 90 m) e pela relação estéril/minério

Recuperação ambiental requerida extensa, o que gera grandes despesas;

Sujeito a condições climáticas;

Grande investimento de capital;

Produção dependente de um só equipamento e necessita de operações sincronizadas;

2.4. Processo de Produção do Carvão Mineral

O processo de produção de carvão mineral é dividido em três fases: mineração, beneficiamento e


combustão. Os principais métodos de mineração compreendem a lavra em céu aberto e a lavra
subterrânea, os quais promovem graves impactos negativos para o ambiente (Koppe & Costa,
2002).
A lavra de carvão a céu aberto é comumente desenvolvida pelo método de lavra em tiras. Nesse
caso, o solo superficial ou formações sedimentares que recobrem as camadas de carvão mineral
são retirados para permitir o acesso à camada do minério, para que então possa ser lavrada. Um
dos problemas desse método é a remoção de enormes quantidades de solo estéril para cada
tonelada de carvão produzido. Além disso, há o envolvimento de grandes equipamentos para
escavação, transporte e carregamento (Koppe & Costa, 2002), os quais podem gerar sérios
impactos ambientais secundários.

A segunda fase corresponde ao beneficiamento, quando são empregadas técnicas que visam
separar as impurezas envolvidas no carvão, tais como a argila, elemento responsável pela
formação das cinzas geradas após a combustão, e a pirita, elemento responsável pelo teor de
enxofre, o qual é tóxico ao ambiente. O beneficiamento do carvão utiliza água para a retirada
dessas impurezas, a qual é filtrada ou espessada após esse processo e parcialmente reaproveitada.
A outra parte da água não utilizada deve sempre passar pelos mesmos procedimentos de filtração
ou espessamento antes do seu descarte no ambiente (Sampaio, 2002).

A fase de combustão do carvão mineral promove o lançamento de gases extremamente tóxicos e


cinzas que produzidas ao longo do processo também podem ser lixiviadas no próprio local,
transportadas pelos ventos ou pela erosão hídrica, contaminando o solo e os recursos hídricos do
entorno (Alloway & Ayres, 1996, Benito et al. 2001)

2.5. Aspectos Ambientais

Um pré-requisito para o desenvolvimento sustentável deve ser a garantia da não contaminação de


cursos de água, rios, lagos e mares bem como dos oceanos. As atividades humanas vêm
insistentemente, poluindo as fontes naturais de água das quais todos dependemos; a mineração é
uma dessas atividades que polui a água. Tem aumentado muito, no presente, a preocupação com
o legado ambiental que as atividades de mineração têm deixado, principalmente nos países em
vias de desenvolvimento.

Em países em vias de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique, questões relacionadas à


possibilidade e qualidade da água é talvez a interface mais evidente na relação da indústria com
as comunidades próximas a um empreendimento mineral e afetam diretamente a percepção e
aceitação, pela sociedade, das atividades mineiras.
Os processos de mineração (indústria metalúrgica, hidrometalúrgica) são, por natureza, grandes
consumidores de água; em locais onde haja riscos potenciais ao patrimônio ambiental, incluindo
os recursos hídricos a mineração deve ser vedada, apesar do aprimoramento das práticas
mineiras, em termos ambientais, nas últimas décadas ainda são muito significativos os riscos
ambientais derivados da atividade de mineração.

Os impactos negativos podem variar, desde a geração e transporte de sedimentos causados por
estradas mal conservadas durante a fase de exploração até o assoreamento de cursos de água e
aumento de partículas sólidas em suspensão nas águas durante a fase de operação da mina.

Pretende-se chamar atenção a todas as empresas e todos aqueles que operam nesta área, a partir
dos garimpeiros até as empresas tecnológicas, ou seja: a todos que estão envolvidos em diferentes
projetos de extração e pesquisas de recursos minerais em Moçambique de forma geral, a tomar as
devidas precauções e procedimentos a fim de evitar a contaminação dos fluxos de água.

Sabe-se que a maior parte da população moçambicana vive nas zonas rurais, algumas delas onde
as empresas se encontram instaladas como o caso de mega-projetos, empresas de extração de
carvão mineral, material de construção civil, etc. Portanto se contaminamos a água, estaríamos a
inviabilizar o desenvolvimento sustentável das comunidades e do país em geral.

Recordemos ainda que um dos principais efeitos tecnológicos das últimas décadas é que a
mineração tem se tornado mais mecanizada e assim tem aumentado enormemente a capacidade
de manusear grandes volumes de material, consequentemente, à quantidade de estéril e rejeito
tem se multiplicado a taxas inimagináveis.

O desenvolvimento da tecnologia de mineração tem possibilitado, cada vez mais, o


aproveitamento de minérios de baixo teor, o que acaba gerando maior quantidade de estéreis e
rejeitos. Os rejeitos podem conter também agentes químicos usados no processamento de
minérios, tais como cianeto ou ácido sulfúrico; tais rejeitos são geralmente estocados em
barramentos nesses procedimentos, caso, se medidas não adequadas não forem tomadas os
contaminantes dos estéreis e rejeitos da mina podem alcançar as águas superficiais e subterrâneas
causando problemas sérios de poluição do precioso líquido que todos dependemos para a nossa
sobrevivência e para as novas
gerações.
Este é um dos grandes problemas que a mineração tem deixado e que deve e pode ser mudado
com a utilização das melhores práticas de gerenciamento ambiental por parte da indústria
extrativa mineral. Após serem removidos, os estéreis, que muitas vezes contém sulfetos que
podem gerar águas ácidas, metais pesados, e outros contaminantes, são muitas vezes estocados
acima dos terrenos em volumosas pilhas com drenagem livre, estas pilhas de estéril e a superfície
expostas das minas já mineradas, são a fonte da maioria da poluição por metais pesados.

Pretende-se refletir neste trabalho, desde o ponto de vista a importância de uma boa vigilância ás
entidades mineiras a fim de cumprirem com rigor a legislação mineira moçambicana em vigor,
isso permitirá uma maior sustentabilidade para as gerações vindouras; por outro lado pretende-se
incentivar ao governo moçambicano continuar a monitorar, estabelecer rendimentos de
exploração mineira ás comunidades para permitir arrecadar mais divisas que possam acelerar o
desenvolvimento do país em geral, rumo ao combate da pobreza absoluta.

A contribuição das empresas que exploram recursos naturais, em particular os minerais, podem
de certa maneira acelerar a indústria extrativa moçambicana. Nas últimas décadas, devido à
enorme queima de combustíveis fósseis, a quantidade de gás carbônico na atmosfera tem sofrido
um grande aumento, contribuindo para o aquecimento do planeta. Hoje se pretende a redução dos
efeitos da emissão de gases à atmosfera gases efeito estufa.

Dentro do cenário das teorias de aquecimento global e da redução da camada de ozônio, a pressão
ambientalista contra o uso do carvão tem sido intensa, principalmente dentro da reivindicação do
controle e da redução das emissões de poluentes para a atmosfera. Os fatores determinantes para
a aplicação do carvão como fonte de geração de energia elétrica se fundem na busca pelo
desenvolvimento e uso de tecnologias com alta eficiência térmica associadas a baixos níveis de
emissão de poluentes (Chen et al. 2006).

A principal restrição à utilização do carvão é o forte impacto socioambiental provocado em todas


as etapas do processo desde a produção, combustão assim como também no consumo. A
extração, por exemplo, provoca a degradação das áreas de mineração. Na dessulfuração antes da
combustão, na queima para geração de eletricidade (termelétricas) a serem construídas ainda no
distrito de Moatize pelas empresas, se medidas não forem tomadas esse processo pode aumentar a
emissão de gases poluentes.
2.5.1. Consequências Ambientais do Carvão Mineral e os Seus Efeitos no Solo

Na exploração do carvão mineral, as enormes quantidades de rejeitos colocados em forma de


pilhas
e barragens próximas às áreas mineradas influenciam na qualidade do solo. A oxidação química
da pirita em condição aeróbia é acelerada quando os rejeitos de carvão se encontram depositados
sobre as superfícies das áreas mineradas, promovendo decaimento do pH (Moses et al. 1987,
Prochnow & Porto, 2000).

Essa acidez se deve essencialmente a oxidação da pirita ao longo da sua intemperização química,
quando podem ser produzidos quatro moles de H+ na oxidação completa de um mol de pirita
(Carson et al. 1982).

Esse processo de oxidação também provoca a aceleração do intemperismo das argilas que se
encontram presentes nos estéreis e rejeitos de mineração, fazendo que a drenagem superficial
contenha, além de contaminantes característicos dos rejeitos da mineração, maior concentração
de metais na drenagem superficial (Zanardi Jr. & Porto, 1991).

Frequentemente, o pH em solos minerados pode diminuir até valores menores de 3,0 durante
alguns meses, dificultando o desenvolvimento das plantas (Daniels, 1996). A acidificação gerada
interfere no crescimento e desenvolvimento da vegetação devido à deposição de metais pesados
como ferro (Fe), alumínio (Al) e magnésio (Mg), além de promover a fixação de fósforo,
aumentar o potencial de lixiviação de nutrientes catiónicos do solo (Baird & Cann, 2011) e
reduzir a população edáfica e bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico (Daniels, 1996).

A presença de água em solos impactados pelo carvão mineral é menor do que em solos naturais
(Skousen et al. 1998). Isto ocorre por que há predomínio de frações mais grosseiras e menor
quantidade de matéria orgânica, o que tende a aumentar a infiltração (Skousen et al. 1998).

Associado a isso, solos formados após a mineração do carvão a céu aberto apresentam-se
estruturalmente fracos, com baixa permeabilidade da camada superficial à água e baixa
capacidade de retenção da água, limitando os processos de construção do solo (Pitchel et al.
1994). Portanto, modificações na morfologia e nos parâmetros físicos do solo em construção
podem ocorrer, resultando em um inadequado desenvolvimento da vegetação e problemas como
erosão, assoreamento e contaminação dos recursos hídricos (Nunes, 2002).
2.5.2. Consequências Ambientais do Carvão Mineral e os Seus Efeitos na Atmosfera

O ambiente atmosférico é outro compartimento ambiental que sofre grave impacto da exploração
do carvão mineral.

Os compostos oriundos da decomposição da pirita, como aqueles oriundos das cinzas na


combustão
do carvão, comprometem a qualidade do ar em diferentes aspectos (Scheibe, 2002). Em humanos,
a exposição crônica de sulfeto de hidrogênio (H 2S), absorvido pelas vias aéreas pode causar
problemas irreversíveis aos sistemas nervosos central e respiratório (Mainer & Viola, 2005)

Monteiro (2004) relata que os principais problemas em relação à dispersão dos poluentes à
saúde humana, podem ser:

O material particulado de frações menores e inaláveis, penetram profundamente no sistema


respiratório em direção às árvores bronquiolares. As partículas em suspensão na poeira,
decorrentes do processo de mineração, potencializam os efeitos dos gases poluentes presentes no
ar. Além disso, a queima do carvão é responsável pelas grandes quantidades de partículas finas
presentes na fumaça. O SO2 do ar é absorvido por essas partículas finas, e juntamente com a
umidade formam as partículas ácidas, ocasionando grandes impactos tanto ambientais quanto à
saúde do homem.

O SO2 é um elemento químico que contribui para o aparecimento de doenças respiratórias. Esse
gás apresenta características irritantes e está diretamente relacionado aos problemas de bronquites
crônicas, resfriados e disfunções no sistema imunológico. Nas folhas das plantas o SO 2 pode
provocar danos agudos e crônicos, e, além disso, danificar tintas, metais e camadas descobertas
ao ataque da oxidação.

Os NOx, elementos com alta capacidade de se solubilizar em contato com o sistema respiratório,
pode originar substâncias carcinogénicas, como as nitrosaminas. Este gás promove o
aparecimento de edemas e danos nos tecidos pulmonares e vias respiratórias.

O monóxido de carbono (CO) é um gás tóxico e asfixiante para o ser humano, o seu efeito no
organismo diminui as concentrações de O2 a níveis críticos, em decorrência da sua maior
afinidade com as hemácias, sendo por isso considerado competidor do O2 pela ligação com a
hemoglobina (Ribeiro, 2002).

2.6. Meio Ambiente Contra Mineração

2.6.1. Problemas ambientais

Atualmente as companhias mineiras são obrigadas a cumprir normas ambientais, de


encerramento e de funcionamento bastante estritas de forma a assegurar que a área afetada pela
exploração mineira regressa à sua condição inicial, ou próxima da inicial e em alguns casos até
melhor que a inicial.

Alguns métodos inadequados de exploração tiveram e continuam a ter em países com fraca
regulamentação, efeitos devastadores no ambiente e na saúde pública. Pode ocorrer contaminação
química grave do solo nas áreas afetadas a qual pode ser ampliada e disseminada por exemplo,
pela água, criando situações de contaminação maciça. Ora vejam alguns impactos negativos que
esta atividade pode trazer para a população da província de Tete (Impacto, Lda., 2009):

Perturbação de habitats ribeirinhos, com possível consequência de redução de número de


espécies (fauna e flora) presentes;

Contaminação e/ou perturbação de cursos de água superficiais e subterrâneos, devido a redução


da sua qualidade ou variações nos seus caudais;

Poluição e/ou degradação de solos (quer através de contaminação com hidrocarbonetos, quer por
aumento do risco de erosão);

Poluição atmosférica causada pelo aumento do nível atmosférico de partículas, poeiras e/ou
cinzas;

Possível necessidade de reassentamento de população, para salvaguarda da sua saúde e segurança


durante o projecto;

Redução da área agrícola e/ou interferência com usos do solo prevalentes na zona do projecto;

Aumento do nível de ruído causado pela circulação de máquinas e trabalhos associados ao


projecto.
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

Breve Apresentação

Neste capítulo, descreve-se como foi organizado o desenvolvimento deste trabalho, enfatizando-
se as etapas seguidas para obtenção dos resultados do estudo que se refere a Avaliação do
Impacto Ambiental Causado Pelas Minas de Carvão Mineral em Moatize -Tete e a respetiva
descrição da empresa em questão.

Para desenvolver um trabalho é necessário definir um método, ou seja, descrever quais os


processos a aplicar, para que, de forma ordenada e sistemática se atinja o objetivo pretendido. Por
seu lado, a metodologia é um conceito mais específico, pois consiste num conjunto de técnicas de
investigação a utilizar para que o conhecimento pretendido se atinja com êxito (Cristóvão, 2009).

Para a elaboração deste presente trabalho, os instrumentos utilizados para a recolha de


informação foram a observação direta, entrevista dirigido aos trabalhadores e a revisão de
literatura.

Natureza da pesquisa

A pesquisa quanto a natureza é aplicada pois visa a proporcionar conhecimentos para aplicação
prática, dirigidos à solução de problemas específicos (Gil, 2007).

Nessa pesquisa recolhe-se informações necessária para a Avaliação do Impacto Ambiental


Causado Pelas Minas de Carvão Mineral em Moatize -Tete, com vista a minimizar os impactos
ambientais causados pelas empresas mineradoras, e fornecer as informações fidedignas aos
tomadores de decisão.

Finalidades da pesquisa

Essa pesquisa quanto a sua finalidade é uma pesquisa exploratória e pesquisa explicativa.

Exploratória porque este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vistas a torna-lo mais explícito. A grande maioria dessas pesquisas
envolve: levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas
com o problema pesquisado; e análise de exemplos que estimulem a compreensão (Gil, 2007).

Essas pesquisas podem ser classificadas como: pesquisa bibliográfica e estudo de caso (Gil,
2007).

Pesquisa explicativa porque este tipo de pesquisa preocupa-se em identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenómenos (Gil, 2007). Ou seja, este tipo
de pesquisa explica o porquê das coisas através dos resultados oferecidos. (Gil 2007, p. 43.c).

Métodos e Técnicas de Procedimento

Consideradas como um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência, são,
também, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos.
Correspondem, portanto, à parte prática de coleta de dados no campo e pesquisa bibliográfica.
(Marconi & Lakatos, 2003. P.222)

Para o efeito foram usados alguns instrumentos para a recolha de dados na mina. E os
instrumentos usados na pesquisa de campo que segundo (Fonseca, 2002), “caracteriza-se pelas
investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados
junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa.

Para o presente trabalho o autor optou em instrumentos utilizados para a recolha de informação
tais como observação direta, entrevista ou consultas a individualidades, revisão sistemática da
literatura disponível, ou seja, fontes primárias de informação como livros, teses, dissertações,
monografias, entre outros referentes ao assunto.

Observação Direta

Consistiu na verificação e análise espontânea de acontecimentos práticos das atividades diária de


(decapeamento, perfuração, desmonte, carregamento e transporte) na empresa Vale de
Moçambique.

Com base neste método, trabalhou-se em contacto direto com equipa da empresa como estagiário
durante três meses. Neste contexto fez-se a recolha de dados no campo, com auxílio de
equipamentos como esferográfica, cadernetas, lápis, borracha, máquina fotográfica, entre outros,
através de observação direta e descrição dos factos.

Participação na realização das atividades da mina com o intuito de conhecer na íntegra o


estabelecimento de padrão para a avaliação de risco dos impactos ambientais causadas pelas
mineradoras e com ajuda dos colegas da empresa e tutores, o autor foi capaz de recolher toda a
informação que esta contida neste trabalho.

Entrevista aos trabalhadores

Nesta etapa foram realizadas basicamente perguntas aleatórias baseadas no dia-a-dia das
atividades dos trabalhadores experientes nas diversas áreas e aos responsáveis pela saúde e
segurança dos trabalhadores da empresa Vale de Moçambique.

Universo e amostra

Para a prossecução do trabalho, usou se como universo um total de 250 funcionarios da empresa
VALE, dos quais foi extraída uma amostra de 100 pessoas, dos quais 25 mulheres e 75 homens
com a qual se remeteu a entrevista.

Revisão de Literatura

Este método consistiu na pesquisa e análise de fontes bibliográficas como: livros, documentos,
fontes da internet, monografias, relacionadas com o tema em causa, com vista a obter
informações relevantes para a construção do referencial teórico.

Análise e compilação de dados

Nessa fase, os dados e informações coletados passaram por uma sistematização e uma avaliação
quanto ao grau de prioridade, de significância e de relevância. Também foi fundamental a
participação do orientador e a troca de ideias com profissionais que atuam nas áreas, a fim de
evitar que os tratamentos desses dados fugissem das normas conceituais e dos objetivos do
presente trabalho.

O trabalho foi desenvolvido em 3 fases descritas por:

Da coleta de dados;
Da manipulação dos dados e;

Digitalização da informação.

A Primeira fase consistiu na coleta de dados que suportassem a execução do estudo ou


monografia, observação direta, métodos bibliográficos e registo de imagens fotográficas.

A segunda fase a da manipulação de dados consistiu em analisar e interpretar resultados obtidos


de relatórios de produção os quais são detalhadamente apresentados no presente trabalho.

A última fase foi a da digitalização da informação relacionadas com a discussão e compilação dos
dados, esta fase consistiu no confronto de informações literárias que resultou na produção do
trabalho com ilustrações de tabelas e gráficos.

Contudo para a composição deste trabalho, foram rigorosamente seguidas normas, técnicas de
elaboração e redação de trabalhos científicos com inclinação para o regulamento de realização de
trabalho de Licenciatura em vigor no Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância,
instituição de tutela.
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANALISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Este capítulo engloba análise e interpretação de dados do questionário do problema em


apreciação neste trabalho. Entretanto, a primeira fase compreendeu a descrição dos sujeitos de
pesquisa, suas características (sexo e idade), respectivamente. A segunda fase compreendeu a
apresentação dos dados colectados no âmbito do trabalho de campo, fazendo-se por conseguinte a
análise e interpretação dos mesmos. Contudo, os dados estão agrupados em categorias conforme
a tendência das respostas e na interpretação dos mesmos, são consubstanciados de autores que
constam na bibliografia final do trabalho do presente trabalho.

Sujeitos de Pesquisa

Constituíram sujeitos da pesquisa no presente estudo, 100 operadores cujos dados estão
agrupados em categorias. Segundo Lakatos e Marconi (2003), Categoria é a classe ou grupo em
que uma série é classificada. Os dados estão agrupados em categorias de acordo com as classes
que identificam as respostas obtidas durante o trabalho de campo.

Tabela 1: Quantificação da Amostra

Sexo Masculino Sexo Feminino

Nº de inqueridos 75 25

Total 100

Aspectos Ambientais da Exploração de Carvão Mineral

A principal restrição à utilização do carvão é o forte impacto socioambiental provocado em todas


as etapas do processo desde a produção, combustão assim como também no consumo. A
extração, por exemplo, provoca a degradação das áreas de mineração. Na dessulfuração antes da
combustão, na queima para geração de eletricidade (termelétricas) a serem construídas ainda no
distrito de Moatize pelas empresas, se medidas não forem tomadas esse processo pode aumentar a
emissão de gases poluentes.

Podemos afirmar que certas características do carvão mineral, da lavra e região da mina, são
determinantes para os aspectos ambientais relacionado à sua mineração.

São elas (Aguiar et al, 2008):

Características mineralógicas do carvão lavrado e do material estéril associado;

Os métodos de lavra e beneficiamento empregado;

As condições climáticas hidrológicas e hidrogeológicas da região; e

Características da vizinhança da propriedade mineira (ocorrência de habitações e/ou ecossistemas


protegidos, etc).

Os principais prejuízos ambientais trazidos pela mineração, segundo (Moriwaki, 2005), são:

A solubilização de diversos metais pesados, como Fe, Cu, pela água subterrânea, contem um
elevado teor de acidez que correm diretamente para riachos, rios e campos de cultivo, localizados
nas imediações, ocasionam danos ambientais e danos à saúde da população;

Rebaixamento da superfície do solo, podendo causar subsidência de instalações localizadas sobre


a mina;

Esgotamento da água subterrânea das imediações;

Poluição sonora;

Influência causada por gases e fuligem devida à poeira emitida pela escavação e extração;

Outros impactos ambientais como a derrubada de florestas para a operação, para depósitos de
rejeitos, etc.

Após o fim das operações de lavra na mina, é gerado um grande passivo ambiental, que necessita
ser acompanhado e mitigado. Entre os principais passivos ambientais estão:

Os depósitos de rejeito, contendo sulfetos (principalmente pirita);


Topografia alterada;

Solo estéril;

Erosão;

A seguir estão listados os principais impactos ambientais da mineração do carvão e maneiras de


mitigação.

4.1.1. Contaminação da Qualidade do Ar por Poeiras, Óxidos e Gases

As poeiras e o material particulado são produzidos nas movimentações subterrâneas do minério


ainda pela exaustão do ar viciado das minas, e durante o carregamento do minério ao meio
transportador do minério. Também há liberação de poeiras pelo tráfego de veículos e
equipamentos.

Entre os gases que poderão ser emitidos no decorrer do processo de extração estão os
hidrocarbonetos, principalmente o metano (CH4). Ele é produzido em decorrência do processo
geológico de formação do carvão e se aloja em suas fraturas e poros. O carvão de subsolo tende a
apresentar maiores teores de metano devido às maiores pressões às quais é submetido nas jazidas
mais profundas. A emissão de metano pode ser considerada também no aspecto de segurança
ocupacional, uma vez que é um gás inflamável e pode ser explosivo nas condições de operação
em subsolo (Aguiar et al, 2008).

Os óxidos de carbono (CO e CO 2) e de enxofre (SO2 e SO3) ocorrem sempre que são utilizados
equipamentos que utilizam como fonte combustíveis fósseis líquidos. O óleo diesel e gasolina são
empregados no abastecimento de equipamentos e de veículos de transporte de material e pessoal.
Outro aspecto importante é a combustão espontânea dos rejeitos de carvão contendo pirita que
geram um forte cheiro de gases de enxofre. (Sheibe, 2002).
Figura 1: Propagação de poeiras após o desmonte por explosivos na mina da vale – Mina II Secçao - 1

Fonte: Autor, (2019)

Figura 2: Outro aspecto da Propagação de poeiras após o desmonte por explosivos na mina da vale – Mina I Boxcut

Fonte: Autor, (2019)

Forma de Mitigação:

As poeiras provocadas pelo tráfego de veículos e equipamentos podem ser mitigadas


através do uso da água, molhando as vias para o abatimento de poeiras.
O controle dos gases, principalmente metano, pode ser feito através de um sistema
eficiente de exaustão para evitar sua acumulação.

A emissão de óxidos de carbono e enxofre pode ser prevenida pela manutenção constante
dos equipamentos e veículos.

Com a relação da combustão espontânea, deve ser construído depósitos de rejeitos bem
controlados para evitar a sua combustão.

Aumento do Ruído nas Imediações da Área Da Mina

O aumento do trânsito nas imediações das minas para o transporte de minério e deslocamento de
operários pode aumentar os níveis de ruído, causando desconforto para a população vizinha ao
empreendimento. Além disso, temos a detonação de explosivos na lavra do carvão e o exaustor
utilizado para a renovação do ar da mina como fontes de poluição sonora.

Forma de Mitigação:

O transporte de minério e o deslocamento de operários devem ser realizados em horários


definidos de modo a perturbar o menos possível a população vizinha ao empreendimento. O uso
de explosivos deve seguir esse mesmo critério, e informando previamente as comunidades locais
as detonações. Em relação ao exaustor deve ser construído um anteparo para abafamento, com
uma cortina arbórea para abafar o ruído.

Adoção de EPI’s como medida para a proteção dos funcionários.

Alteração do Relevo, Topografia e Paisagismo

Na mineração a céu aberto, a paisagem é descaracterizada devido à escavação superficial


profunda para a abertura de cavas. Dessa operação podem surgir pilhas de até 30 metros de altura
de estéreis, dispostas ao longo da área minerada. Inicialmente isso era realizado sem nenhum
controle com a preservação do solo e da vegetação existente, expondo as camadas litógicas
inferiores e minerais sulfetados agregados. (Polz, 2008) Outro fator que causa a alteração da
topografia do local são os depósitos de rejeitos, junto às minas ou às usinas de beneficiamento.
Figura 3: Depósito de rejeito sem revegetação e com processos erosivos na mina de vale – pilha de Burunde

Fonte: Autor, (2019)

Forma de Mitigação:

A recomposição topográfica e revegetação realizadas concomitante com a lavra podem reduzir os


impactos visuais, expondo assim uma área menor do terreno sem cobertura vegetal.

Na mineração a céu aberto, a remoção e armazenamento do solo e sua recolocação no terreno


após a lavra pode facilitar a recomposição da camada vegetal após a mineração, já que sementes
de espécies vegetais presentes no solo armazenado podem estar disponíveis para germinação após
sua recolocação (Aguiar et al, 2008).
Vibração do Solo

A vibração do solo está principalmente ligada ao uso de explosivos, secundariamente pela


utilização máquinas pesadas, o uso de grandes transportadores de correia para carga de minério
(Sánches, 2010).

Forma de Mitigação

Utilizar sismógrafos para controlar o uso de explosivos para atender a norma NBR 9653 – Guia
para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas urbanas.
Utilização de minerador contínuo para eliminar o uso de explosivos

Modificação da Densidade da Fauna

A preparação da área para a instalação da mina, como obras de terraplanagem e retirada da


cobertura vegetal, pode acarretar a evasão da fauna. A perturbação sonora causada pela
movimentação de máquinas e caminhões afeta principalmente espécies da avifauna em enquanto
a ictiofauna o agravante é a qualidade de recursos hídricos (Silva, 2006).

Forma de Mitigação:

Implantar um programa de acompanhamento de indicadores ambientais, para detectar possíveis


alterações na área do empreendimento. Implantar uma cortina verde para minimizar os impactos
referentes à emissão de ruídos. Realizar um programa de recuperação final da área após a
mineração.

Modificação da Densidade da Flora

O aumento do tráfego de veículos de carga haverá um aumento de material particulado no ar,


acarretando uma alteração nos processos fitofisiológicos das plantas. O afastamento da fauna
modificará a flora, pois com isso diminuirá a dispersão de sementes dependentes da fauna (Silva,
2006).

Forma de Mitigação:

Implantação de uma cortina verde no entorno do pátio operacional da mina.


Erosão

Durante a implantação das obras das galerias de acessos e as obras civis, como escritórios,
banheiros, etc., através de escavações e terraplanagens podem originar movimentos de transporte
de sólidos pela ação da água da chuva em nível de solo. Pode haver erosão ainda no período de
recuperação ambiental, até que a cobertura vegetal da área recuperada esteja definitivamente
estabelecida.

Figura 4: Erosão provocada pela água de chuva no acesso usado por veículos para acessar a mina

Fonte: Autor, (2019)

Forma de Mitigação:

Realizar trabalhos de remodelação topográfica, implantação de canais de drenagem, diques de


isolamento, impermeabilização do pátio, compactação do terreno, revegetação.
Perturbação dos Moradores

As possibilidades de perturbação dos moradores estão ligadas diretamente ao nível de ruídos,


vibrações poeiras e fumaças.

A passagem de veículos pesados próximo aos bairros residenciais pode causar incomodo aos
moradores causando vibrações e poeiras. As detonações também podem causar transtornos para
os moradores próximos ao empreendimento.

As fumaças decorrentes de combustão espontânea de rejeitos do carvão é outra fonte de


perturbação aos moradores da vizinhança da mina, assim como o impacto visual que as
instalações causam.

Forma de Mitigação:

Operações de transporte rodoviário efetuado fora de bairros residenciais em horários adequados,


assim como a detonação de explosivos.

Criação de uma barreira visual, cortina verde, com vegetação arbórea para amenizar o impacto
visual.

Onde a mineração ocorre em área urbana, e fundamental o convívio e parceria da empresa com a
comunidade local, através das associações comunitárias.

Impactos Socioambientais Decorrentes das Atividades de Mineração

As atividades de mineração são causadoras de inúmeros impactos ambientais gerados por


diversas ações sobre o meio físico – solo, ar e água, biótico – flora e fauna e antrópico –
socioeconomia, gerando impactos negativos e problemas para as atividades agropecuárias, desde
os grandes empreendimentos até os de pequeno porte, que geralmente são os mais suscetíveis a
esses impactos e, portanto, os maiores prejudicados.

Dentre os impactos negativos destaca-se a deterioração da qualidade das águas de rios e


reservatórios da mesma bacia, a jusante das minerações, em da poluição causada por substâncias
lixiviadas ou contidas nos efluentes das áreas de mineração, tais como óleos, graxas, silte e argila,
matéria orgânica, metais pesados. Além disso, o regime hidrológico dos cursos de água e dos
aquíferos pode ser alterado por escavações ou quando se faz uso desses recursos na lavra para
desmonte hidráulico e beneficiamento de minérios, podendo também causar o rebaixamento do
lençol freático (Mechi e Sanches, 2010).

A Tabela 1 ilustra potenciais impactos socioambientais e consequências decorrentes das


atividades de mineração aos pequenos produtores rurais e populações tradicionais que vivem no
entorno das mineradas.

Tabela 1: Potenciais impactos negativos causados pela mineração

Meio Causa Efeito/ Impacto

Supressão de vegetação; Diminuição da recarga e rebaixamento do

Remoção do solo superficial; lençol freático;

Perda de sedimentos e erosão;


Solo

Perda de fertilidade;

Escavações, movimento de terra Alterações no relevo e na paisagem;

Deposição de rejeitos Poluição visual;

Supressão de vegetação, degradação de Assoreamento dos corpos d’água superficiais;

matas ciliares; Diminuição da vazão de poços e nascentes;

Perda de sedimentos e erosão; Diminuição da vazão de rios e do volume de


Água

lagos/ reservatórios;
Captação e uso excessivo de água;
Escassez de água;
Lançamento de efluentes;
Supressão de vegetação e degradação de Poluição das águas superficiais e subterrâneas
(acidificação, aumento da Demanda
matas ciliares;
Bioquímica de Oxigênio, queda do Oxigênio
Perda de sedimentos; Dissolvido, cor, turbidez, metais pesados,

Lançamento de efluentes in natura; salinização, eutrofização etc.)

Lixiviação de poluentes;

Acidentes com liberação de poluentes (ex:


rompimento de barragens de rejeitos);

Liberação de poeiras e gases; Contaminação do ar (física e química);


Ar

Ruídos (ex: explosões, operação de máquinas); Poluição sonora;

Supressão de vegetação; Afugentamento da fauna terrestre e avifauna,

Contaminação e poluição sonora do ar; perda de habitat, contaminação, diminuição


de populações e perda de biodiversidade;
Poluição das águas superficiais;
Biota

Supressão de vegetação e degradação de Perda de áreas verdes e de vegetação nativa;


Contaminação da fauna aquática, mortandade
matas ciliares;
de peixes, diminuição de populações e perda
Poluição das águas superficiais; de biodiversidade;

Deslocamento de populações/ migração; Descaracterização cultural, perda de

Aumento populacional; identidade e de valores;


Socioeconomia

Diminuição/ extinção de manifestações


culturais (ex: artesanato, festas típicas e
comunitárias);

Restrição/ diminuição de atividades turísticas;


Diminuição da vazão de poços, nascentes, Comprometimento das plantações/ perda de

rios e córregos e do volume de lagos/ qualidade dos produtos;

reservatórios; Queda/ desvalorização da produção;

Escassez de água, poluição das águas; Desemprego, aumento da violência;

Contaminação do ar; Doenças de veiculação hídrica, problemas

Acidentes/ rompimento de barragens de respiratórios e doenças das vias respiratórias;

Rejeitos; Medo, insegurança, prejuízos e riscos para as

populações afetadas;

Desvalorização de terras;

Fonte: Autor, (2019)

Observa-se na Tabela 1 um número significativo de impactos, superior a trinta, sendo que um


impacto em determinado meio pode ser a causa de impacto em outro meio. Por exemplo, a perda
de sedimentos e erosão do solo podem se constituir em causa para o assoreamento dos corpos de
água superficiais; a contaminação do ar pode ser causa de problemas respiratórios e doenças das
vias respiratórias.

A tabela 1 que ilustra os potenciais impactos negativos causados pela mineração foi
desenvolvida com base no Decreto nº61.2006 (que define o quadro legal do uso e aproveitamento
dos recursos minerais), Plano de segurança de lavra em bancada e algumas Normas brasileiras
(NBR), onde foi indicado as possíveis causas, efeito ou impactos e as medidas preventivas ou
mitigadoras de alguns impactos que ocorrem em Moatize devido a extração do carvão mineral,
também foi usado as mesmas fontes para a construção da tabela 2.

Medidas Preventivas/ Mitigadoras dos Impactos


A seguir, na Tabela 2, são apresentadas de forma sintética medidas preventivas / mitigadoras para
os diferentes meios (físico – solo, água e ar; biótico – fauna e flora; e antrópico - socioeconomia),
de acordo com os efeitos ou impactos apresentados anteriormente.

Tabela 2: Medidas preventivas/ mitigadoras dos impactos.

Meio Efeito/ Impacto Medida preventiva/ mitigadora

Diminuição da recarga e rebaixamento do Minimização da supressão de vegetação,

lençol freático; Reflorestamento;

Perda de sedimentos e erosão; Estoque de água no caso de bombeamento


para minimizar rebaixamento do lençol
Perda de fertilidade;
freático;
Alterações no relevo e na paisagem;
Drenagem adequada, curvas de nível,
Solo

Poluição visual; dissipação de energia das águas pluviais,


controle de erosão;

Estocagem do solo superficial para posterior

Utilização;

Recomposição do relevo, revegetação,


paisagismo;
Assoreamento dos corpos d’água superficiais; Preservação/ recomposição de matas ciliares,

Diminuição da vazão de poços e nascentes; controle de erosão;

Diminuição da vazão de rios e do volume de Uso racional da água, circuito fechado para os
lagos/ reservatórios;
processos da mineração que utilizam água;
Escassez de água;
Planejamento junto aos Comitês de Bacia;

Hidrográfica dos diversos usos da água,


incluindo prioridade para o abastecimento
público e as atividades agrícolas de pequeno
porte;
Água

Poluição das águas superficiais e subterrâneas Reflorestamento, preservação/ recomposição


(acidificação, aumento da Demanda Bioquímica de matas ciliares;
de Oxigênio, queda do Oxigênio Dissolvido, cor,
Reuso, recirculação e tratamento adequado
turbidez, metais pesados, salinização, eutrofização
dos
etc.)
efluentes;

Controle de erosão, contenção de sedimentos

Plano de segurança e de contingência, análise


de risco de acidentes e monitoramento
sistemático das barragens de rejeitos;

Contaminação do ar (física e química); Aspersão de vias e das áreas de mineração a


céu aberto;
Poluição sonora;
Utilização de equipamentos de controle de

poluição do ar;
Ar

Barreiras de vegetação;

Eclausuramento de equipamentos (ex:

compressores), evitar produzir ruídos à noite;


Afugentamento da fauna terrestre e avifauna, Minimização da supressão de vegetação,

perda de habitat, contaminação, diminuição de Reflorestamento;


populações e perda de biodiversidade;
Controle rigoroso da poluição em geral;

Perda de áreas verdes e de vegetação nativa; Minimização da supressão de vegetação


Biota

Contaminação da fauna aquática, mortandade de nativa, reflorestamento;


peixes, diminuição de populações e perda de
Preservação/ recomposição de matas ciliares;
biodiversidade;
Controle rigoroso de poluição do solo e das
águas;

Descaracterização cultural, perda de Evitar a relocação de populações locais,


utilizar mão de obra loca/ regional;
identidade e de valores;
Respeito e fomento a cultura das populações
Diminuição/ extinção de manifestações culturais
locais;
Socioeconomia

(ex: artesanato, festas típicas e comunitárias);


Incentivo às manifestações culturais
Restrição/ diminuição de atividades turísticas;
(artesanato, música, festas típicas e
comunitárias etc.)

Melhoria de infraestrutura das cidades


próximas à mineração;
Comprometimento das plantações/ perda de Controle rigoroso da poluição em geral;

qualidade dos produtos; Valorização e aquisição dos produtos locais


produzidos pelas comunidades;
Queda/ desvalorização da produção;
Fomentar a geração de empregos, utilizar mão
Desemprego, aumento da violência;
de obra local;
Doenças de veiculação hídrica, problemas
Controle rigoroso da poluição em geral e
respiratórios e doenças das vias respiratórias;
das condições sanitárias e de saúde dos
Medo, insegurança, prejuízos e riscos para as
funcionários das mineradoras e das
populações afetadas; populações locais;

Desvalorização de terras; Plano de segurança e de contingência, análise


de risco de acidentes e monitoramento
sistemático das barragens de rejeitos;

As mineradoras devem pagar o preço justo

quando da aquisição de terras; indenizar


também justamente proprietários e produtores
afetados, quando for o caso;

Fonte: Autor, (2019)

As medidas preventivas/ mitigadoras apresentadas na Tabela 2 não esgotam as possibilidades;


podem ser propostas outras medidas dependendo das condições e especificidades locais. Deve ser
ressaltada a necessidade de um adequado planejamento antes do projeto de mineração,
considerando alternativas locacionais em função das fragilidades e aptidões ambientais da área e
região, respeitando rigorosamente o Zoneamento Econômico Ecológico e demais diretrizes
ambientais quando existentes, assim como as atividades agrícolas locais, dentre outras,
principalmente aquelas de pequeno porte. Há que se fazer a devida Avaliação de Impacto
Ambiental e respetivos Estudo e Relatório de Impacto Ambiental, o Plano de Recuperação da
Área Degradada e proceder o monitoramento dos impactos após a implantação do
empreendimento minerário.
A tabela 2 que ilustra as medidas preventivas ou mitigadoras dos impactos foi desenvolvida com
base no Decreto nº61.2006 (que define o quadro legal do uso e aproveitamento dos recursos
minerais), Plano de segurança de lavra em bancada e algumas Normas brasileiras (NBR), onde
foi indicado as possíveis causas, efeito ou impactos e as medidas preventivas ou mitigadoras de
alguns impactos que ocorrem em Moatize devido a extração do carvão mineral.

4.3. Análise e interpretação de dados e resultados obtidos

Os dados resultantes da campanha de monitoramento foram analisados no software


AnalysisNET, que acompanha os sismógrafos GeoSonics®. Com a utilização deste software
foram gerados registros de cada evento monitorado, além de gráficos que correlacionam as
velocidades de pico de partícula com suas respectivas frequências (de acordo com a NBR 9653),
e também gráficos que registram as velocidades ao longo de cada um dos eixos ortogonais. Estes
gráficos e relatórios estão apresentados no Anexo 1 e Anexo 2, respectivamente.

4.3.1. Dados de vibração

Os três registros anuais obtidos durante a campanha de monitoramento foram dispostos em


planilha eletrônica para que fossem realizados os cálculos de distâncias horizontais (a partir das
coordenadas dos pontos de monitoramento e dos locais de detonação) e de distâncias escalonadas
(tendo os valores de distâncias horizontais e carga máxima por espera). No Gráfico 1 é
apresentado um gráfico de distribuição de velocidades de pico de partícula (PPV).
Gráfico 1: Gráfico de distribuição de frequência dos dados de PPV (mm/s)

Fonte: Vale, (2020)

No gráfico acima percebe-se que as maiores concentrações de valores de velocidade de pico de


partícula ocorreram em intervalos de classe entre 2 e 5 mm/s.

4.3.1.1. Frequências associadas às velocidades de pico de partícula (PPV)

Durante a campanha de monitoramentos, juntamente com o registro dos dados de velocidade de


vibração de partícula foram obtidas as frequências de cada componente (longitudinal, transversal
e vertical) pelo geofone, registradas nos microssismógrafos. O gráfico 2 a distribuição das
frequências em que ocorreram as velocidades de pico de partícula.
Gráfico 2: Gráfico de distribuição de frequências associadas às velocidades de pico de partícula (PPV)

Fonte: Vale, (2020)

Observa-se na Gráfico 2 que a maior concentração de valores de frequências de velocidade de


pico de partícula ocorreu em um intervalo de classe entre 20 e 30 Hz. Percebe-se que houve
ocorrência de valores moderados de frequência, no entanto às velocidades de pico de partícula
associadas a elas também resultaram em valores moderados, não implicando em risco de
ocorrência de danos.

Conforme salientado anteriormente, para que não haja ocorrência de danos por vibrações, os
níveis devem estar acordo com um intervalo estabelecido pelas normas vigentes (NBR 9653,
NRM-16, Normas internacionais), que associam as velocidades de pico com as suas respectivas
frequências (Gráfico 3).
Gráfico 3: Velocidades de pico e frequências associadas para os monitoramentos realizados

Fonte: Vale, (2020)

Conforme pode ser observado no gráfico 3, todos os dados de vibração ficaram abaixo do limite
estabelecido pelas normas reguladoras, sendo que mesmo o evento que registrou a maior
velocidade de partícula estava dentro de uma faixa aceitável em relação à frequência, não
implicando em chance de ocorrência de danos.

4.3.2. Ruídos (sobrepressão acústica)

Além dos dados de velocidade de vibração, foram obtidos dados de ruídos em todos os pontos
monitorados. Da mesma forma que para os dados de vibração, fez-se um gráfico log-log,
representando os ruídos (dB) no eixo y e distância escalonada (m/kg1/3) no eixo x, apresentando
também uma linha de tendência de regressão mediana (50 %) e a equação média de atenuação
(Gráfico 4).
Gráfico 4: Gráfico de ruído vs. distância escalonada, com a equação média de atenuação

Fonte: Vale, (2020)

Analisando a Figura acima, pode-se perceber que houve pouca dispersão de valores, pois os
níveis de ruídos se mantiveram constantes em quase todos os monitoramentos, muito próximos
do limite permitido pelas normas que é de 134 dB, onde dentre os três registros anuais, dois
excederam o limite. Por ocorrer pouca dispersão de valores, não foi necessário calcular intervalos
com maior grau de confiança, adotando-se então a linha de regressão de 50 %.

O gráfico 5 apresenta um gráfico de distribuição de frequência dos ruídos registrados durante a


campanha de monitoramentos.
Gráfico 5: Histograma dos níveis de ruído obtidos

Fonte: Vale, (2020)

Observa-se no gráfico 5 a maior parte dos dados se concentram num intervalo que vai de 120 a
140 dB. O motivo da causa de níveis altos de ruídos se dá pela inexistência de planejamento dos
desmontes com explosivos, diversos fatores observados podem ter sido responsáveis pela
ocorrência destes níveis como: material inadequado utilizado como tampão nos furos (utilizavam
apenas pó de perfuração, favorecendo assim a expulsão do tampão e perda de energia da
detonação para a atmosfera); utilização de iniciação lateral com cordel detonante (sem haver o
recobrimento do cordel detonante em superfície, já que o mesmo é composto de material
explosivo, gerando assim níveis altos de ruídos); sequência de iniciação e tempo de retardo
(dependendo do número de furos detonados em determinado instante, e do tempo de retardo
utilizado).
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusões

Desenvolvido o estudo e análise dos dados que compõem este trabalho, tendo em conta os
objetivos previamente definidos conclui-se genericamente que:

Os maiores índices de impactos negativos para com os meios físico e biótico foram:
poluição atmosférica através da emissão de poeira e gases; geração de ruídos e poluição
sonora; abalos sísmicos; e erosões profundas na zona de lavra, o que tem contribuído para
alterações paisagísticas locais no distrito de Moatize, visto que as atividades que mais
causam significativos impactos negativos são a retirada da vegetação nativa, perfuração
das rochas, detonação dos explosivos, e a disposição inadequada de resíduos
(rejeito/estéril);

As principais consequências da mineração local são: riscos e danos à saúde dos


mineradores; redução espacial do “habitat” silvestre e da biodiversidade (fauna e flora);
perda de solo e o aumento do processo erosivo do mesmo; depreciação da qualidade do
ar, devido ao lançamento de gases e poeiras; rupturas e rachaduras em edificações e casas
causadas pelos abalos sísmicos e degradação da vegetação local.

Não é só o distrito de Moatize tem sofrido com os impactos ambientais advindo do setor
mineiro, as populações que vivem próximas ao empreendimento sofrem também com
esses impactos visto que a muita propagação de poeiras, ruídos, vibrações e a poluição de
águas superficiais e subterrâneas que afetam diretamente a população da vila de Moatize.

É necessário que haja um planejamento da lavra e o emprego de equipamentos que podem


reduzir os impactos durante a operação da atividade, mesmo que não possibilitam a
recuperação das condições originais da área, restringindo o uso futuro da área e alterando
suas funções ambientais primitivas. Esses fatos se devem especialmente ao déficit de
volume de materiais não comercializados ou rejeitos que podem ser empregados para
preencher as cavas resultantes das escavações e recompor a topografia do terreno.
5.2. Recomendações

De acordo com a revisão bibliográfica e as análises de dados feitas para elaboração deste trabalho
o autor deixa algumas recomendações:

Que as empresas mineradoras elaborem um plano de gestão ambiental, que são um


conjunto de medidas necessárias, em qualquer fase do período de vida do
empreendimento, para evitar, atenuar ou compensar os impactos adversos e realçar
ou acentuar os impactos benéficos.

Que as empresas usem equipamentos como Vibrómetro, Sismógrafo ou Medidor de


vibração para controlar os níveis de vibração para evitar criar rachaduras nas
infraestruturas da empresa e da população circo vizinha.

No processo de desmonte por explosivos que se faça a redução dos furos cortando os
blocos ao meio e usando os tapetes geotêxtil para que se possa reduzir a propagação de
poeiras sem afetar a população circo vizinha.
CAPÍTULO VI: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

Apêndice 1 – Entrevista aplicado a empresa

Questões da Entrevista

Qual é o trabalho que faz?

Foi treinado para fazer oque faz? Se sim Aonde?

Conhece as normas ou regulamentos da empresa sobre o meio ambiente? Se sim quais são?

Como é feito o desmonte com o uso de explosivos na empresa?

Como é feito o controle de propagação de poeiras, ruidos e vibrações de modo a não afetar a
população circo vizinha?

O que fazem para minimizar esses impactos de modo a não afetar a população?
7. Qual é o nivel maximo aceitavel de emissões de poeiras, ruidos e vibrações do solo?

Como é feito o armazenamento do carvão esteril?

Como é que fazem para evitar a combustão espontanea do carvão para evitar a liberação
do gás metano?

O que acha que deve ser feito pela empresa para melhorar as condições do meio ambiente
no distrito de Moatize?

11. A empresa tem conhecimentos dos impactos ambientais que a extração mineral causa
ao meio ambiente?
( ) SIM ( ) NÃO
12. Existe na empresa um programa de gestão ambiental?
( ) SIM ( ) NÃO
13. A empresa possui programa estruturado para promover a saúde e segurança dos
colaboradores?
( ) SIM ( ) NÃO
14. Em relação às reclamações que a comunidade próxima faz, como por exemplo, os
incômodo causado pelas detonações, a empresa tem alguma medida de controle?
( ) SIM ( ) NÃO
15. Caso sim, qual?
_________________________________________________________________
16. Monitora e mensura o impacto gerado na comunidade?
( ) SIM ( ) NÃO

Autor: Herminio Roberto Zavale


Apêndice 2 – Entrevista aplicado a População

QUESTIONÁRIO

O questionário contempla duas partes da pesquisa. A primeira visa traçar o perfil socioambiental
da população no entorno da mineradora.

Na segunda parte, o questionário visa identificar os impactos ambientais a população vizinha.

I. Parte – Perfil socioambiental da população no entorno da mineradora

1. Gênero

( )M ( )F

2. Idade

( ) Até 25 anos ( ) De 26 - 30 anos ( ) De 31- 35 anos ( ) De 36 - 40 anos

( ) De 41 - 45 anos ( ) Acima de 45 anos

3. Nível de escolaridade?

( ) Analfabeto ( ) Básico

( ) Médio incompleto ( ) Médio

( ) Secundário ( ) Superior

4. Há quanto tempo reside no distrito de Moatize?

R: ________________________________________________________________

5. Algum membro da família trabalha na mineração?

SIM ( ) NÃO ( )
6. Caso sim, quantos?

R: ___________________________________________________________

7. Você considera a atividade de mineração importante?

SIM ( ) NÃO ( )

II Parte – Identificação dos impactos ambientais à população no entorno da mineradora.

1. Nome da Mineração vizinhança a sua residência?

R: ____________________________________________________________

2. O(a) senhor(o) percebe alterações provocados pela mineração na cidade?

SIM ( ) NÃO ( )

3. Caso sim. Há quantos anos?

R: ____________________________________________________________

Da sua residência é possível ouvir as explosões que ocorrem na mineração?

SIM ( ) NÃO ( )

5. Como o(a) senhor(a) classifica a especulação imobiliária da sua casa por ser localizada
próximo de uma mineração?

( ) Valorização ( ) Desvalorizada ( ) Não tem interferência

6. O(a) senhor(a) percebe algum destes impactos advindos da mineração em sua residência?

( ) Ultralançamento de fragmentos de rocha ( ) Vibrações do terreno

( ) Alteração da paisagem local ( ) Geração de ruídos

( ) Abalos sísmicos ( ) Deterioração das casas

( ) Vibração das janelas e objetos no interior das residências ( ) Poeiras e gases

7. O (a) senhor (a) acha que os rejeitos no entorno da mineradora causa um impacto na paisagem
local?
SIM ( ) NÃO ( )

Autor: Herminio Roberto Zavale


Apêndice 3 – Camião pipa molhando as vias de acesso para evitar o levantamento de poeiras na
via.

Fonte: autor, (2019)

Apêndice 4 – Local do armazenamento da pilha de estéril próximo da comunidade vizinha.

Fonte: autor, (2019)


Apêndice 5 – Poeiras provocadas por camião basculante no basculamento do material.

Fonte: autor, (2019)

Apêndice 6 – Pit de abastecimento de água nos camiões pipa para molhar as vias de acesso na
mina 1 na box cut.

Fonte: autor, (2019)


Apêndice 7 – Liberação de gases a partir da combustão espontânea do carvão mineral.

Fonte: autor, (2019)


ANEXOS

ANEXO 1 - Relatórios gerados pelo software AnalysisNET de dados de vibrações e ruídos


obtidos por meio dos microssismógrafos, ordenados por data de monitoramento.
ANEXO 2 – Gráficos gerados no software AnalysisNET a partir dos dados obtidos nos
monitoramentos, onde o primeiro gráfico correlaciona dados de PPV com suas respectivas
frequências (à esquerda) e o segundo gráfico registra as velocidades de partícula em cada eixo
ortogonal (à direita)

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