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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA

COMARCA DE SANTOS – SP.

xxxxxxxxxxxxx, qualificação, residentes e domiciliados na Cidade endereço,


por seus advogados (ut instrumento de mandato e documentos pessoais (docs. 01 e 02), vêm,
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE IMISSÃO DE POSSE C.C. COBRANÇA, PERDAS E DANOS


COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de xxxxxxxx, qualificação, residente e domiciliado à Avenida


endereço, consubstanciado nas razões de fato e de direito à seguir expostas:

I - DOS FATOS

Os Requerentes adquiriram da Caixa Econômica Federal o imóvel sito a


endereço (doc. 03), objeto da matrícula nº xxxxxx, livro nº xxx, ficha nº xxxx (verso) do 2º Cartório
de Registro de Imóveis da Comarca de xxxxx (doc. 04).

Ressalta-se que desde xxxxx essa propriedade passou a ser de titularidade do


Requerente (doc. 04), porém, até a presente data os mesmos não receberam a posse do imóvel, pois, o
Requerido permanece residindo na propriedade, sem possuir nenhum direito acerca do objeto desta
lide.

Cumpre esclarecer que conforme “notificação extrajudicial” (doc. 05), o


Requerido foi devidamente notificado em xxxxx (doc. 06) para desocupar o imóvel no prazo de 30
(trinta) dias, contados do recebimento da notificação.

Após ser notificado, o Requerido se manteve inerte, transcorrendo o prazo de


30 dias para a desocupação.

Assim, muito embora tenham os Requerentes adquirido o imóvel pelas vias


legais, até a presente data não conseguiram exercer o direito à imissão na posse do imóvel, pois o
imóvel continua sendo ocupado ilegalmente pelo Requerido, que se recusa em desocupá-lo.
Por ter esgotados os meios extrajudiciais para a desocupação pelo
Requerido, não há outra maneira a não ser a tutela jurisdicional.

II - DO DIREITO

O Requerido foi devidamente notificado em xxxxx (doc. 06) quanto à


compra do referido imóvel, tendo o prazo de 30 dias para a sua desocupação, o que terminaria em
xxxxx.

Ocorre que, mesmo tendo recebido a notificação extrajudicial, o Requerido


permaneceu na posse do imóvel e se recusa a todo custo a desocupá-lo, tornando assim a sua posse
injusta, em razão da total precariedade, contrariando o disposto no ART. 1.200 DO CÓDIGO CIVIL.

Conclui-se, portanto, que com a venda do imóvel, a notificação para sua


desocupação e a permanência do Requerido no imóvel, caracteriza-se a posse precária e
consequentemente, a torna injusta.

O Requerido é possuidor de má-fé, pois, tem plena consciência de possuir


injustamente o imóvel, conforme previsão do ART. 1.202 DO CÓDIGO CIVIL:

Art. 1.202 – A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o


momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não
ignora que possui indevidamente.

Sendo assim, os Requerentes, na condição de proprietários do imóvel


ocupado indevidamente pelo Requerido, têm o direito à proteção de sua propriedade plena assegurada
pelo ART. 1.228 DO CÓDIGO CIVIL:

Art. 1.228 – O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da


coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a
possua ou detenha.

A imissão da posse é o instrumento jurídico adequado ao presente caso, visto


que há o direito da posse, mas não o exercício da posse de fato, pois, tal posse é exercida injustamente
pelo Requerido, que resiste em deixar e entregar o imóvel aos Requerentes.

III - DA TUTELA DE URGÊNCIA E DE EVIDÊNCIA

O ART. 300 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL dispõe que a tutela de urgência


será concedida, quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo, e no caso em tela há risco de dano e do resultado útil do
processo.
A demora na obtenção da posse (imissão na posse) implica no aumento do
risco de depredação e dilapidação do imóvel.

E mais, mesmo que eventuais danos possam ser objetos de indenização,


sabe-que há possibilidade da medida ser infrutífera, face o risco de insolvência do Requerido.

De outro lado, a permanência do Requerido no imóvel, mesmo que


injustificadamente, vem representando sérios prejuízos financeiros ao Requerente, que mesmo tendo
adquirido o imóvel objeto da lide, não podem usá-lo, tendo que se hospedar em hotéis, pousadas ou
casas de aluguel na Cidade de xxxx.

No mesmo sentido, a impossibilidade de usar, gozar e dispor do imóvel de


sua propriedade causa também sérios prejuízos financeiros no sentido da impossibilidade de se locar o
imóvel e auferir renda, como por exemplo pelo site ‘airbnb”.

Soma-se a todos estes prejuízos os vencimentos do IPTU, água, Luz e


demais encargos incidentes sobre o imóvel, como a própria manutenção.

De toda sorte, também estão presentes os requisitos para concessão para


tutela de evidência, pois, os documentos acostados aos autos provam a propriedade e constituem o
direito a posse dos Requerentes.
No mesmo sentido dispõe a Súmula 04 do Eg. Tribunal de Justiça de São
Paulo:

Súmula 4: É cabível liminar em ação de imissão de posse, mesmo em se


tratando de imóvel objeto de arrematação com base no Decreto-Lei nº
70/66.

IMISSÃO NA POSSE – Imóvel adquirido, pelos agravados, da Caixa


Econômica Federal, que o arrematara em leilão, por conta da
inadimplência dos agravantes, antigos proprietários – Presença dos
requisitos para o deferimento da liminar de imissão de posse, pleiteada
pelos agravados na inicial – Agravo de Instrumento improvido, revogado o
efeito suspensivo. (TJ-SP: 4115715420108260000 SP, Relator: Paulo
Eduardo Razuk, Data de Julgamento: 07/12/2010, 1ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação; 04/01/2011). (grifo nosso)

Dessa forma, e por questões de economia e celeridade processual, caso não


seja outro o entendimento de Vossa Excelência, requer a antecipação da tutela de urgência ou de
evidência, e que seus efeitos sejam estendidos a qualquer pessoa que esteja ocupando o imóvel,
devendo constar no MANDADO, que a imissão de posse em favor dos Requerentes, dar-se-á também,
CONTRA QUALQUER INVASOR QUE ESTIVER OCUPANDO A CASA NO ATO DO
CUMPRIMENTO DO MANDADO.
IV – PERDAS E DANOS

O Requerente é o atual proprietário e detentor do direito de requerer


judicialmente a imissão na posse, bem como de pleitear a cobrança de valores referentes às perdas,
danos e indenizações pelos frutos decorrentes da impossibilidade de efetiva utilização do imóvel
conforme o ART. 555, INCISOS I E II DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.

Isso porque, durante o período compreendido entre a aquisição do imóvel até


a efetiva desocupação pelo Requerido, o Requerente deixou de perceber lucros que poderiam advir de
locação ou, ainda, de não realizar despesas com estadia quando da ida a xxxx.

Enfim, a ocupação injusta pelo Requerido causa prejuízos que


necessariamente devem ser reparados por ele, nos termos do disposto no ART. 37-A DA LEI Nº
9.514/97 (Lei de Alienação Fiduciária):

Art. 37-A. O devedor fiduciante pagará ao credor fiduciário, ou a quem vier


a sucedê-lo, a título de taxa de ocupação do imóvel, por mês ou fração,
valor correspondente a 1% (um por cento) do valor a que se refere o inciso
VI ou o parágrafo único do art. 24 desta Lei, computado e exigível desde a
data da consolidação da propriedade fiduciária no patrimônio do credor
fiduciante até a data em que este, ou seus sucessores, vier a ser imitido na
posse do imóvel. 

Portanto, há de ser fixada taxa de ocupação no importe de 1% ao mês sobre


o valor do contrato de venda e compra - R$ xxxx (doc. 03 e 04), ou seja, R$ xxxx.

VI - DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

1. A CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA OU DE


EVIDÊNCIA, para que os Requerentes sejam imitidos imediatamente na posse do imóvel descrito
nesta exordial, sendo determinado que o Requerido o desocupe, devendo constar no MANDADO que
a imissão de posse em favor dos Requerentes dar-se-á também CONTRA QUALQUER INVASOR
QUE ESTIVER OCUPANDO A CASA NO ATO DO CUMPRIMENTO DO MANDADO.

2. A citação do Requerido na endereço, para que, querendo, conteste a


presente ação, sob pena de revelia e confissão;

3. A condenação do Requerido ou terceiros que estejam ocupando


ilegalmente o imóvel em desocupá-lo, entregando-se a efetiva posse a seus legítimos proprietários;
4. A condenação do Requerido ou terceiros que estejam ocupando o imóvel
ilegalmente, no pagamento de perdas e danos, inclusive IPTU e todas as despesas de consumo de água
e energia, desde a compra do imóvel até a efetiva desocupação, a serem apuradas em futuro
cumprimento de sentença;

5. A fixação de taxa de ocupação no importe de 1% ao mês sobre o valor do


contrato de venda e compra (R$ xxxxx), a ser computado desde xxxx (doc. 04), data da Consolidação
da propriedade até a efetiva desocupação;

6. Condenar o Requerido ou terceiros que estejam ocupando ilegalmente o


imóvel, em custas e honorários advocatícios que pede sejam arbitrados em 20% (vinte por cento) do
valor da causa.

7. Desde já os autores informam que não tem interesse na audiência de


conciliação;

8. A juntada das custas judiciais (doc. 07).

Requer-se, ainda, que todas as intimações sejam levadas a feito em nome do


advogado XXXXXXX, com escritório à endereço e e-mail xxxxx, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ xxxxxx (dez mil reais).

Termos em que,
Pede Deferimento.
São Paulo, 14 de maio de 2021.

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