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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE TERESINA-PI

Processo n. º 134000000000-0

RM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIO, já qualificada nos autos em epígrafe,


por seu advogado Aerton Ezequiel Alves, OAB/PI 253-876, procuração anexa,
com escritório estabelecido na Rua Joaquim Sampaio, nº. 572, Centro, José de
Freitas-PI (local onde receberá as intimações), vêm, respeitosamente, perante
V. Exa., apresentar

CONTESTAÇÃO

Com base no art. 336 do novo NCPC, pelas seguintes razões e fundamentos fáticos a
seguir:

MM. Dr. Juiz, as alegações apresentadas pela autoria no pedido inicial ajuizado contra
a RM Empreendimentos Imobiliários por EVARISTO DE SOUSA, também
qualificado nestes autos, não retratam a realidade dos fatos sendo
completamente infundadas, conforme restará provada a verdade,
demonstrando a V. Exª, a MÁ FÉ do autor:

I – Do mérito

I. I – Das alegações do autor da ação de usucapião

Argumenta Evaristo, em síntese, que seu pai, FRANCISCO SOUSA, adquiriu o


lote n° 04, quadra “A” do Loteamento Califórnia, com tamanho de 60ha,
localizado próximo a PI/112, Povoado Estaca Zero, zona rural de Teresina-PI,
por meio de contrato de compra e venda verbal, celebrado em 15 de maio de
2019 e que vive na propriedade desde então. Na ação não foi revelado quem foi
o autor da venda.

O imóvel, na verdade, fazia parte de uma área ainda maior: 400 hectares e foi
desmembrado desta, como afirma a averbação AV-5-56.097 da matrícula R-3-
51.067 que consta na página 25 do Livro de Registro Geral nº2 do 1º Cartório
de Ofício de Teresina. A RM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIO comprou da
Sra. Ana Glésia Alves, cuja qualificação se encontra nos autos, toda a área
pela quantia de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) em 25 de janeiro de
2010, conforme contrato de compra e venda e consolidou a transferência,
como prova o Registro de Imóvel com os dados supracitados e têm pago
todos os impostos incidentes sobre a referida propriedade desde sua
aquisição. A imobiliária transformou toda a área em um loteamento com 50
glebas com áreas que variam entre 5 e 15 hectares. Todas as glebas, ou
lotes, inclusive o imóvel que estão querendo nos usucapir, estão à venda no
sitio eletrônico da imobiliária. As cópias do contrato de compra e venda, do
Registro de Imóvel e dos comprovantes de pagamento de ITR estão todas
anexas nos autos.

I. II – Da inexistência de animus domini

Embora a intenção de possuir o imóvel como um proprietário (animus domini) é


requisito indispensável para configuração da posse ad usucapionem, o pleito de
usucapião concorrido por Evaristo e Francisco Sousa demonstra-se descabido,
porquanto, como será aqui exaurido, não há falar, por parte do requerente, em
legítimo exercício de posse do imóvel objeto da presente demanda, mas sim
em mera detenção precária e ilegal daquele, totalmente desconforme do que
preleciona o Código Civil no seu Art. 1.239: Aquele que, não sendo proprietário
de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade” – grifei.

Diferente do que diz o artigo do Código Civil citado acima, o imóvel em questão
é maior que 50 hectares e, segundo consta na ação de usucapião, Francisco
nem mesmo explora a terra com plantio de hortaliças e nem criação de
animais, ou seja, contrariando ainda mais o que exige o artigo, não tornou a
terra produtiva.

Assim, data vênia, é a literal disposição legal que, para a ocorrência da


usucapião rural, dentre outros requisitos, Francisco não possui o imóvel em
comento como se dono fosse, ou seja, não goza de animus domini, mas apenas
ali reside sob a alegação de ter comprado de um vendedor de identidade não
revelada.

I. III – Da posse por tempo inferior ao mínimo legal para o perfazimento da


usucapião

Em homenagem aos princípios da eventualidade e da impugnação específica,


mantidos na novel legislação processual civil (NCPC, art. 341 e incisos),
cumpre salientar que, caso o digno juízo não acolha a tese de inexistência de
posse acima exposta, impõe-se a verificação do decurso do prazo legal mínimo
para a ocorrência da usucapião rural.

Para tanto, faz-se mister, novamente, a transcrição da norma pertinente


do Código Civil, in verbis: “Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de
imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares,
tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade ” – grifei.

Vê-se, pois, que o prazo para a ocorrência modalidade de usucapião em apreço


é de 5 (cinco) anos, lapso temporal no qual deveria o autor ter exercido, sem
oposição, posse de área de terra em zona rural, dela fazendo sua moradia,
requisitos tais que não se coadunam na hipótese.

É que, como Evaristo alega, demonstrado na então ação de usucapião, seu pai,
Francisco, “adquiriu” o imóvel apenas em maio de 2019 por meio de contrato
verbal entre ele e um desconhecido, um ex-usufrutuário do imóvel cuja
identidade e antiga posse são discutíveis, visto que, respectivamente, não foi
revelado os dados do vendedor e desde 2010 a RM Empreendimento
Imobiliários tem a propriedade de toda a área e de outras adjacentes. Todavia,
a presente demanda foi distribuída no dia 10/06/2020, prazo muito inferior
àquele exigido como condição para a ação de usucapião (15/05/2024), não
preenchido, pois, o requisito legal para tanto.

Esclareço, ainda, que tramita ação idêntica na cidade de União, processo


distribuído sob o número 0003479-51.2020.8.18.0160, que foi proposto
alguns meses antes da demanda a que contesto. O que levanta dúvidas
sobre as ações propostas por eles, caracterizando um modus operandi
suspeito. Além do mais, Evaristo, em ambas as ações, solicitou a justiça
gratuita, o que acreditamos ser um pedido sem sentido, para não dizer
malicioso, pois seu pai é juiz aposentando e seu contracheque é de R$
32.5000,00.

II – Dos pedidos

Ante o exposto, requer:

1. O julgamento improcedente do pedido, condenando os autores ao


pagamento das custas processuais e honorários advocatícios
sucumbenciais;
2. A desocupação imediata da área em questão;

A empresa pretende participar de eventual audiência de conciliação/mediação


porventura designada por V. Exa.

Nestes termos, pede deferimento.

Teresina, 19 de maio de 2022.

AERTON EZEQUIEL ALVES


OAB/PI 253-876

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