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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA xxxª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE xxx/xx.

Autos nº xxx

XXX, brasileira, divorciada, autô noma, portadora do documento de identidade nº xxx,


inscrita no CPF sob o nº xxx, residente e domiciliada na Rua xxx, s/n, Bairro xxx, xxx/xx,
CEP xxx, nã o possui endereço eletrô nico, por intermédio de sua advogada adiante subscrita
(procuraçã o anexa), com escritó rio profissional declinado ao rodapé, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 336 do CPC,
apresentar a presente

CONTESTAÇÃO C/C PEDIDO CONTRAPOSTO


Na Açã o de Reintegraçã o de Posse c/c Pedido de Liminar que lhe movem XXX e XXX, já
devidamente qualificados nos autos em epígrafe, aduzindo e requerendo o que adiante
segue, nos termos a seguir expostos:

I - DA JUSTIÇA GRATUITA
A Requerida é economicamente carente, nã o tendo condiçõ es de atender o pagamento das
custas processuais, sem que seu sustento e de sua família seja prejudicado, conforme
demonstra a declaraçã o de hipossuficiência,
bem como sua CTPS, certidã o negativa de bens imó veis e certidã o de bens mó veis do
DETRAN, os quais seguem todos anexos.
Assim, pleiteia a concessã o dos benefícios da justiça gratuita, conforme disposiçã o do artigo
98 do Có digo de Processo Civil c/c o artigo 5º, inciso LXXIV da Constituiçã o Federal.

II – SÍNTESE DA INICIAL
Os Requerentes ajuizaram a presente Açã o de Reintegraçã o de Posse c/c Pedido de
Liminar, em face da Ré, sob a alegaçã o de que sã o proprietá rios de um sítio (á rea rural),
matriculado sob o nº xxx, localizado à Rua xxx, s/n, bairro xxx, no município de xxx/xx, CEP
xxx, que possui á rea total de 39.564m² (trinta e nove mil, quinhentos e sessenta e quatro
metros quadrados), o qual estaria sofrendo esbulho por parte da Requerida.
Isso porque, os Requerentes mencionam que emprestaram parte do terreno para um de
seus irmã os morar, qual seja, xxx, ora ex-esposo da Ré, onde lá edificou uma casa e passou a
residir com a Requerida.
Posteriormente, o Sr. xxx e a Requerida se divorciaram, sendo que esta continuou a residir
no local; porém, supostamente, sem a autorizaçã o dos Requerentes. Fato este que
caracterizaria o esbulho.
Nã o bastasse isso, os Requerentes alegam que o ex-esposo da Requerida, Sr. xxx, ofereceu
à quela um outro terreno, também localizado no xxx, porém a proposta foi recusada.
Ademais, os Requerentes supõ em, sem ao menos comprovar, que a Requerida possui outro
bem imó vel de qualidade a sua disposiçã o e que poderá ser de propriedade da Requerida
no exato momento que a mesma desocupar o imó vel dos Requerentes.
Assim, requereram em sede de liminar, a reintegraçã o de posse em seu favor, referente ao
terreno anteriormente “emprestado” ao irmã o do Requerente e que hoje é “ocupado” pela
Requerida. Além disso, pleitearam pela concessã o do benefício da Justiça Gratuita.
Ocorre, Excelência, que tais argumentos nã o merecem prosperar, pelas razõ es que serã o
adiante elencadas.

III – PRELIMINARMENTE
III.1 – Da inépcia da inicial
Nos termos do artigo 320 e 321 do Có digo de Processo Civil, in verbis:
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

É possível perceber que a exordial nã o foi instruída com os documentos necessá rios que
comprovem o que fora alegado pelos Requerentes, eis que nã o foi juntado aos autos
qualquer documento pessoal com foto da Requerente XXX.
Além disso, os Requerentes alegam que o ex-esposo da Requerida, Sr. xxx, ofereceu à quela
um outro terreno, também localizado no xxx.
E, nã o bastasse isso, eles também supõ em, sem ao menos comprovar, que a Requerida
possui outro bem imó vel a sua disposiçã o, que poderá ser de propriedade da Requerida no
exato momento que a mesma desocupar o imó vel dos Requerentes.
Excelência, como podemos ver, os Requeridos proferem inú meras inverdades sem medir as
consequências e sequer comprovam o que alegam!
Neste sentido, assim orienta a doutrina:
Importa esclarecer que os documentos indispensáveis à propositura da ação compreendem não somente os
substanciais à propositura da ação, isto é, aqueles que a lei expressamente exige para que a ação possa ser
proposta, mas também os fundamentais, vale dizer, os indispensáveis, na espécie, não porque a lei os exija e sim
porque o autor a eles se refira na ação como fundamento de seu pedido e pretensão. (SANTOS, Moacir Amaral.
Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. v. 2. p. 140).
Portanto, o mérito está prejudicado, haja vista que os Requerentes nã o conseguiram provar
tudo o que alegam, conforme mencionado acima.
Além disso, como é sabido, o ônus da prova cabe a quem alega e, no caso dos autos, nã o
foram anexadas todas as provas do que fora declarado.
Dessa forma, requer seja indeferida a petição inicial, ante a ausência de documentos
indispensáveis à propositura da ação e, consequentemente, seja a demanda extinta
sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, I, do Código de Processo Civil.
III.2 – Da impugnação ao pedido de justiça gratuita dos Requerentes
Tendo em vista as novas disposiçõ es do Có digo de Processo Civil de 2015, nã o mais se faz
necessá rio interpor peça apartada quando da impugnaçã o ao pedido de justiça gratuita dos
Requerentes, conforme artigo 100, da Lei nº 13.105/2015, vejamos:
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na réplica, nas
contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por terceiro, por meio de petição
simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo, sem suspensão de seu
curso. (grifou-se)

Com efeito, o artigo 5º, LXXIV, da Constituiçã o da Republica Federativa do Brasil dispõ e
que:
“o Estado prestará assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”.

Entretanto, os Requerentes deixaram de juntar suas carteiras de trabalho, imposto de


renda, holerites, extrato bancá rio, certidã o negativa de bens mó veis, certidã o negativa de
bens imó veis, declaraçã o de hipossuficiência ou qualquer outro documento que ateste as
suas reais condiçõ es financeiras.
Portanto, não poderão ser consideradas pessoas carentes e que necessitam dos
benefícios, pois estes devem ser concedidos somente a pessoas que realmente
precisam de tal auxílio.
Por fim, oportuno destacar que os Requerentes contrataram advogado particular para
patrocinar o ingresso da demanda, o que traz presunçã o de que possuem condiçõ es de
arcar com os honorá rios daquela.
Importante se faz mencionar que, atualmente, a simples afirmaçã o de miserabilidade
jurídica nã o basta para o deferimento da assistência judiciá ria gratuita, pois revogada foi a
presunçã o de pobreza anteriormente estabelecida em lei ordiná ria.
Assim sendo, em preliminar, pleiteia a Requerida que não seja concedida a gratuidade
judiciária aos Requerentes, ante a ausência de documentos e dos requisitos
necessários para a concessão da assistência judiciária gratuita.

IV – DO MÉRITO
IV. 1 – Da realidade dos fatos
Conforme mencionado anteriormente, os Requerentes alegam que estariam sofrendo
esbulho por parte da Requerida.
Isso porque, teriam emprestado parte do terreno para um de seus irmã os morar, qual seja,
Sr. xxx, ora ex-esposo da Ré, onde lá edificaram uma casa e passou a residir com a
Requerida.
Posteriormente, o Sr. xxx e a Requerida se divorciaram, sendo que esta continuou a residir
no local; porém, sem a autorizaçã o dos Requerentes. Fato este que, supostamente,
caracterizaria o esbulho.
Ocorre, Excelência, que tal alegaçã o nã o condiz com a verdade, conforme será esclarecido a
seguir:
Em março de 2017, a Requerida e o Sr. xxx, irmã o do Requerente e cunhado da Requerente,
resolveram ingressar com Açã o de Divó rcio Consensual c/c Alimentos e Regulamentaçã o
de Visitas, a qual foi autuada sob o nº xxx e tramitou perante a xxxª Vara desta Comarca,
conforme có pia integral que segue anexa.
Segundo consta naqueles autos, as partes possuíam alguns bens imó veis a serem
partilhados, dentre eles aquele que será discutido nesta demanda. Em virtude disso, o ex-
casal acordou pela partilha extrajudicial da seguinte forma:
Ocorre que, durante o casamento da Requerida com o Sr. xxx, mais precisamente no ano
de 2004, o casal, juntamente com os Requerentes e demais familiares, quais sejam:
- XXX e XXX (pais do Requerente),
- XXX (irmã o do Requerente) e XXX,
- XXX (irmã o do Requerente) e XXX,
- XXX (irmã o do Requerente) e XXX,
- XXX (irmã do Requerente) e XXX e
- XXX (irmã do Requerente) e XXX;
adquiriram 1 (um) terreno rural, situado no bairro XXX, no município de XXX, com á rea de
39.564,00 m² (trinta e nove mil, quinhentos e sessenta e quatro metros quadrados),
matriculado sob o nº XXX, junto ao Cartó rio de Registro de Imó veis de XXX/XX, como bem
comprova a matrícula do imó vel já anexa, ou seja, o MESMO TERRENO QUE ESTÁ EM
DISCUSSÃO NESSA DEMANDA.
Através dessa compra, cada casal adquiriu 1/8 (um oitavo) da terra. Porém, o registro de
TODO O IMÓVEL foi realizado apenas no nome dos Requerentes e cônjuges: XXX e
XXX. Por conta disso, os demais compradores, desde a época da efetivaçã o da aquisiçã o do
imó vel, possuem apenas a posse do imó vel.
Excelência, convém destacar que a gleba de terra nunca foi dividida, logo, nã o possui
matrículas individuais.
No entanto, já foram realizadas algumas benfeitorias, tais como a construçã o de casas para
moradia. Elas foram realizadas pela Requerida e pelos outros familiares xxx, xxx, xxx e xxx,
ou seja, 5 (cinco) dos 8 (oito) proprietários/possuidores da terra RESIDEM NO LOCAL,
conforme imagens anexas.
Ocorre que, apó s o divó rcio da Requerida com o Sr. xxx, os irmã os de seu ex-marido,
JUNTAMENTE COM OS REQUERENTES, nã o concordaram com sua permanência no imó vel
que antes pertencia ao casal, mas que, de comum acordo com seu ex-marido, passou a
pertencer somente a Requerida.
E como se comprovou, o ex-casal dividiu os bens imóveis que não possuíam registro
público, de forma extrajudicial. Assim, restou pactuado que a casa de alvenaria
edificada sobre o terreno, local este que a Requerida está residindo, bem como a
fração de terra correspondente, ficaria integralmente com esta.
Seu ex-marido, Sr. xxx, ficou com os demais bens imó veis que possuíam, conforme
destacado na inicial dos autos de divó rcio, cuja có pia segue anexa.
Porém, Excelência, em virtude dessa decisão tomada em comum acordo entre o ex-
casal, A REQUERIDA VEM SENDO COAGIDA E AMEAÇADA PELOS REQUERENTES E
SEUS FAMILIARES, para que saia de sua moradia, como bem comprova o Boletim de
Ocorrência e vídeo que segue anexo.
Entretanto, destaca-se que a Requerida nã o abrirá mã o do direito que lhe assiste, já que,
conforme faz prova a documentaçã o anexa, desde 2004 reside neste mesmo local, sendo
que adquiriu com o esforço do seu trabalho juntamente com seu ex-marido, não
havendo o que se falar em esbulho!
Vale ressaltar ainda que, antes de decidirem comprar essa terra em condomínio com os
irmã os de seu ex-marido, a Requerida e seu ex-esposo, Sr. xxx, possuíam outra residência, o
que faz prova os registros de energia elétrica em nome da Requerida.
Em vista disso, quando compraram o terreno objeto desta lide, venderam a antiga
residência e passaram a morar EXCLUSIVAMENTE neste terreno rural, sendo que a posse,
exercida há mais de 16 (dezesseis) anos ININTERRUPTAMENTE, está devidamente
comprovada pelos documentos anexos.
IV. 2 – Da posse
No tocante ao tema da posse, o Código Civil, em seu artigo 1.196, estabelece que: “Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”, não induzindo
em posse os atos de mera “permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos,
ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”, consoante previsão do artigo 1.208 do
mesmo Diploma Legal.

Assim, a Lei Civil brasileira, adotando a teoria objetiva da posse, definiu como possuidor
todo aquele que tem, de fato, o exercício, pleno, ou nã o, de algum dos poderes inerentes ao
domínio ou propriedade, de modo que o titular da posse tem o interesse potencial em
conservá -la e protegê-la de qualquer tipo de moléstia que porventura venha a ser praticada
por outrem, como prescreve o art. 1.210 do Có digo Civil.
Nessa toada, conforme dispõ e o art. 560 do Có digo de Processo Civil,
"o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho."

Assim, para o sucesso da açã o possessó ria, é necessá rio que se demonstre o exercício da
posse anterior, a turbaçã o ou o esbulho e a data da violaçã o, nos termos do que prescreve o
artigo 561 do Có digo de Processo Civil.
No entanto, Excelência, em relação ao primeiro requisito, verifica-se que os
demandantes não lograram demonstrar que eram possuidores da área
supostamente esbulhada.
Veja-se que os Requerentes sustentam o esbulho da posse da á rea total de 39.564m² (trinta
e nove mil, quinhentos e sessenta e quatro metros quadrados), a partir do dia 31/07/2018,
data em que saiu a sentença nos autos do Divó rcio ocorrido entre a Requerida e o irmã o do
Requerente.
Entretanto, em nenhum momento os Requerentes lograram demonstrar que
exerciam atos de posse sobre a integralidade da área referida na inicial DURANTE
TODO O LAPSO EM QUE SÃO PROPRIETÁRIOS, tampouco, em especial, naquela em
que a Requerida reside DESDE 2004.
Excelência, isso não ocorreu porque os REQUERENTES NUNCA EXERCERAM A POSSE
DESSA PEQUENA PORÇÃO DE TERRA, DESDE QUANDO COMPRARAM O IMÓVEL, visto
que a Requerida e o seu ex-esposo sempre detiveram a posse desde 2004, conforme
já exaustivamente mencionado e comprovado.
Podemos dizer, portanto, que NUNCA OCORREU ESBULHO, visto que os Requentes
nunca tiveram a posse da parte onde está edificada, HÁ MAIS DE 16 (DEZESSEIS)
ANOS, a residência da Requerida.
No entanto, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, a data da posse a ser
considerada deverá ser a mesma em que se começaram a emitir as contas de energia
em nome da Requerida, qual seja, em dezembro de 2004, como bem comprovam os
extratos da Cooperativa xxx que segue anexo e que também poderá ser comprovado
através de testemunhas.
Demais disso, nos pedidos da inicial, os Requerentes informam que estã o juntando fotos
para comprovar a á rea supostamente ocupada pela Requerida, porém, nã o há qualquer
fotografia colacionada aos autos.
Desse modo, diante da ausência de provas da prá tica de outros atos de posse a á rea
pleiteada, é inviá vel que se reconheça o seu efetivo exercício e, consequentemente, seja
possibilitada a sua proteçã o.
Por fim, destaca-se que a matrícula do imóvel de fls. 24/27 não é suficiente para
comprovar a POSSE da integralidade do terreno, mas apenas e tão somente o
domínio registral.
Já no tocante ao tema da comprovaçã o da posse é o entendimento da Corte Catarinense de
Justiça:
APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. REQUISITOS DA USUCAPIÃO RECONHECIDOS APENAS COMO
MATÉRIA DE DEFESA. IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO POSSESSÓRIA. RECURSO DA AUTORA. ALEGADA AUSÊNCIA
DE PROVA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA USUCAPIÃO. IRRELEVÂNCIA. POSSE ANTERIOR DA ÁREA NÃO
DEMONSTRADA. DOCUMENTOS QUE APENAS EVIDENCIAM O DOMÍNIO REGISTRAL. TESTIGOS QUE NÃO
NARRAM ATOS DE POSSE. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO FÁTICO DE AO MENOS UM DOS DIREITOS
INERENTES À PROPRIEDADE. REQUISITOS CUMULATIVOS DO ART. 927 DO CPC/1973 NÃO PREENCHIDOS. PLEITO
NEGADO. RECURSO DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0000488-49.2014.8.24.0218, de Catanduvas, rel. Des.
André Luiz Dacol, Sexta Câmara de Direito Civil, j. 30-07-2019) (grifei).

Desse modo, resta mais do que evidente que o acervo probató rio dos autos nã o é suficiente
para comprovar a posse anterior dos Requerentes.
IV.3 – Do esbulho
O esbulho, do mesmo modo, NÃO RESTOU COMPROVADO.
No tocante ao tema, a doutrina prescreve:
Do ponto de vista processual, o esbulho representa o desapossamento total ou parcial de um bem, advindo de ato
praticado pelo réu da ação possessória, retirando do possuidor a prerrogativa de se manter em contato com a
coisa, justificando a propositura da ação de reintegração de posse, cujo objeto é a recuperação da posse do bem,
o qual saiu da esfera fático-potestativa do possuidor pela prática de esbulho, resultando na inversão da situação,
isto é, o poder passa a ser exercido, injustamente, pelo esbulhador (FIGUEIRA JR., Joel Dias. Liminares nas ações
possessória. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 73). (MONTENEGRO FILHO, Misael. Novo Código de
Processo Civil comentado. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2018. p. 523) (grifei).

Em que pese tenham os Requerentes mencionado que a Requerida, supostamente, violou a


sua posse desde 31/07/2018, as provas presentes nos autos nã o sã o suficientes para
comprovar o fato.
Isso porque, consoante ressaltado, nã o foi demonstrado nos autos que a á rea indicada na
exordial estivesse anteriormente sobre a posse dos Requerentes, na medida em que estes
ocupam, com construçõ es, APENAS UMA PARTE DO IMÓ VEL, visto que as demais á reas sã o
ocupadas pelos outros irmã os do Requerente e pela Requerida, conforme imagens que
seguem anexas.
Dessa forma, seguindo o raciocínio dos Reclamantes, os outros 5 (cinco) dos 8 (oito)
proprietários/possuidores da terra que RESIDEM NO LOCAL, quais sejam, xxx, xxx, xxx
e xxx, também deveriam ser réus nesta demanda, visto que estariam “esbulhando”
igualmente a posse dos Requerentes.
De todo modo, em situaçã o aná loga, assim já se manifestou o Tribunal de Justiça de Santa
Catarina sobre a demonstraçã o frá gil do esbulho:
APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA NA ORIGEM. IMÓVEL DE
PROPRIEDADE DOS AUTORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS DA TUTELA REINTEGRATÓRIA.
RECURSO DA PARTE DEMANDANTE. INSURGÊNCIA RECURSAL BASEADA NO DIREITO DE PROPRIEDADE.
DESCABIMENTO. ALEGADO ESBULHO PRATICADO PELO RÉU POR OCUPAR INDEVIDAMENTE ÁREA DE DOMÍNIO
DOS RECORRENTES. DOCUMENTAÇÃO FRÁGIL CARREADA PARA COMPROVAR O EXERCÍCIO DA POSSE E, POR
CONSEGUINTE, SUA PERDA. REQUISITOS INERENTES À TUTELA REINTEGRATÓRIA NÃO VERIFICADOS. ÔNUS QUE
INCUMBIA AOS AUTORES, EX VI DO ART. 373, I, DO CPC. IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. "Para a procedência do
pleito formulado em demanda reintegratória, deve ficar evidenciado nos autos, além da prática de esbulho, o
exercício da posse anterior, prova esta de responsabilidade exclusiva da parte autora. Não restando
configurados os requisitos do artigo 561 do Código de Processo Civil, na forma do artigo 373, inciso I, do mesmo
diploma legal, a improcedência dos pedidos é medida impositiva." (TJSC, Apelação Cível n. 0300797-
91.2015.8.24.0046, de Palmitos, rel. Des. Sebastião César Evangelista, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 12-04-
2018). FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS RECURSAIS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC,
Apelação Cível n. 0304104-06.2016.8.24.0018, de Chapecó, rel. Des. André Carvalho, Sexta Câmara de Direito Civil,
j. 20-08-2019) (grifei).

E:
APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DO AUTOR. 1.
COMPROVAÇÃO DA POSSE POR INTERMÉDIO DA OITIVA DE TESTEMUNHAS EM AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO. TESE
RECHAÇADA. DEPOIMENTOS QUE DEMONSTRAM O EXERCÍCIO DE ATOS DE POSSE APENAS SOBRE PARCELA DO
IMÓVEL QUE NÃO FOI ESBULHADA. LAUDO PERICIAL QUE DEMONSTRA A OCUPAÇÃO DE SOMENTE UMA PARTE
DO TERRENO PELO DEMANDANTE. ANEMIA PROBATÓRIA QUANTO A POSSE DA ÁREA SUPOSTAMENTE
VIOLADA. 2. DEMONSTRAÇÃO DA OCORRÊNCIA DO ESBULHO. IMPOSSIBILIDADE DE ACOLHIMENTO DA TEORIA.
POSSE ANTERIOR NÃO COMPROVADA. SUPOSTA VIOLAÇÃO QUE NÃO SE AFIGURA DEMONSTRADA. SENTENÇA
QUE MERECE SER MANTIDA. 3. NÃO CABIMENTO DE FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS. RECURSO CONHECIDO
E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0008707-84.1996.8.24.0023, da Capital, rel. Des. Osmar Nunes Júnior,
Sétima Câmara de Direito Civil, j. 07-11-2019). (grifei)

E ainda:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. LIMINAR INDEFERIDA NO PRIMEIRO GRAU. INSURGÊNCIA
DOS AUTORES. AVENTADO O PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 561 DO CPC. ALEGAÇÃO DE ESBULHO
EM IMÓVEIS DE SUA PROPRIEDADE NA CIDADE DE JAGUARUNA. AGRAVANTES QUE RESIDEM EM OUTRO PAÍS.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DA POSSE ANTERIOR AO SUPOSTO ESBULHO. PROVA DA
PROPRIEDADE QUE NÃO SE PRESTA À TUTELA PRETENDIDA. AUSÊNCIA DE PROBABILIDADE DO DIREITO.
COGNIÇÃO SUMÁRIA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJSC, Agravo de Instrumento n. 4008011-
43.2019.8.24.0000, de Jaguaruna, rel. Des. Marcus Tulio Sartorato, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 17-12-2019).

Ademais, como bem salientado por este Juízo na decisã o de fls. 32-34:
[...] Contudo, diferentemente do alegado pelos autores, não restaram comprovados os requisitos necessários para
a concessão da liminar pretendida porquanto a própria exordial relata que parte do imóvel em questão foi
"emprestada" para que o irmão do primeiro autor residisse no local com a ré, com quem era casado à época.
Dessa forma, o que se estabeleceu entre as partes foi um contrato verbal de comodato, por tempo
indeterminado, portanto, e que continua vigente uma vez que a requerida passou a residir no imóvel com a
anuência dos requerentes e não restou demonstrado que estes tenham lhe dado ciência acerca da intenção da
retomada do bem, haja vista que não se comprovou ter sido efetuada qualquer notificação à requerida para a
desocupação ora pretendida. Muito embora os autores tenham atribuído a prova do esbulho à decretação do
divórcio da requerida com o irmão do autor, tal decretação por si só, não teria o condão de determinar que a
mesma deixasse o local, de modo que não restou comprovada neste momento, a ocorrência do pretenso
esbulho. (grifei)

Outrossim, em nenhum momento os Requerentes notificaram a Requerida para a


desocupação e posterior retomada do bem, ou seja, NÃO RESTOU COMPROVADA A
DATA DO ESBULHO.
Nã o se pode deixar de ressaltar novamente que, alguns dos irmã os do Requerido estã o
residindo no imó vel, juntamente com a Requerida. Porém, em nenhum momento os
Requerentes mencionam esse fato na exordial.
Todos estes pontos, Excelência, deverã o ser melhor esclarecidos nos curso do processo,
pois possuem relevâ ncia para o deslinde da causa.
De mais a mais, com exceçã o da sentença que decretou o divó rcio da Requerida com seu ex-
esposo, ora irmã o do Requerente, não há qualquer outro elemento de prova a indicar
que a suposta violação de posse tenha ocorrido A MENOS DE ANO E DIA (POSSE
NOVA).
Neste particular, é imperioso salientar que, na hipó tese de litígio coletivo de posse velha, o
artigo 565 do CPC estabelece que, antes mesmo de apreciado o pedido de concessã o de
medida liminar, deverá ser realizada audiência de mediação, senã o vejamos:
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial
houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá
designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º.
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição,
caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo.
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada
sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da
tutela jurisdicional.
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito
Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se
manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito
possessório.
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel. (grifei)

Dessa forma, a demanda deve ser julgada improcedente, eis que os requisitos do
artigo 561 não restaram demonstrados no presente caso.

V – DA NATUREZA DÚPLICE DA AÇÃO


Normalmente, para que o Réu, além de se defender, contra-ataque, mister se faz uma
reconvençã o, conforme artigo 343 do CPC.
Entretanto, em algumas açõ es, exceçõ es a regra, permite a lei que o réu contra-ataque sem
necessidade de reconvençã o.
Surgem, assim, as açõ es dú plices, como ocorre com as açõ es possessó rias em virtude do
artigo 556 do Có digo de Processo Civil. Esse artigo permite ao réu, na contestaçã o, alegar
que foi ele o ofendido na posse, demandando proteçã o possessó ria e indenizaçã o pelos
prejuízos decorrentes da açã o do autor.
Neste sentido é o posicionamento de nosso Tribunal, vejamos:
MANUTENÇÃO DE POSSE. IMPROCEDÊNCIA. PEDIDO CONTRAPOSTO. TUTELA POSSESSÓRIA DE SERVIDÃO DE
TRÂNSITO. PROCEDÊNCIA NA ORIGEM. RECEBIMENTO DO RECURSO NO DUPLO EFEITO. INAPLICABILIDADE DO
ART. 520, VII, DO CPC. [...] AÇÃO POSSESSÓRIA. CARÁTER DÚPLICE. PEDIDO CONTRAPOSTO REALIZADO EM
RECONVENÇÃO. POSSIBILIDADE. NULIDADE AFASTADA. As ações possessórias têm natureza dúplice, de modo
que, se o pedido veio intitulado, na contestação, como reconvenção, pode o magistrado recebê-lo como pedido
contraposto, a despeito do equívoco de denominação. [...] (TJSC, Apelação n. 0003929-21.2013.8.24.0041, de
Mafra, rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira, j. 30-08-2016). (Grifei)

E ainda:
REINTEGRAÇÃO DE POSSE. LIMINAR INDEFERIDA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
Por força do disposto no art. 922 do CPC/1973, "é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em
sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do
esbulho cometido pelo autor". A denominada "natureza dúplice" das demandas possessórias "ocorre: a) quando
o réu prova que é ele quem efetivamente está na posse da coisa, e por isto deve ser nela mantido, sendo o autor
condenado como turbador; b) quando o réu prova que relativamente a ele, a posse alegada pelo autor é viciosa,
hipótese em que o autor reputado esbulhador é condenado a restituir a posse" (Tito Lívio Pontes). [...] (TJSC,
Agravo de Instrumento n. 2015.078743-8, de Tubarão, rel. Des. Newton Trisotto, j. 07-04-2016). (Grifei)

Portanto, frisa-se que nã o cabe reconvençã o na açã o possessó ria, pois a sua natureza
dú plice significa exatamente a possibilidade do réu, na contestaçã o, demandar a proteçã o
possessó ria e a indenizaçã o por eventual prejuízo resultante do esbulho ou turbaçã o
cometido em relaçã o ao bem de que sofreu desapossamento.
Aliá s, é o caso dos autos, conforme se verá a seguir.
V.1 – Do pedido contraposto de proteção possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor
Por conta dessa demanda, a Requerida está sofrendo inú meros prejuízos e abalos
psicoló gicos, visto que apó s o divó rcio, os irmã os de seu ex-esposo passaram a lhe
desmoralizar perante a sociedade, recebendo muitas ofensas e até mesmo ameaças, como
bem comprova o Boletim de Ocorrência que segue anexo.
E por ser o caso destes autos, o artigo 556 do Có digo de Processo Civil merece ser aplicado,
senã o vejamos:
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

Portanto, é perfeitamente possível o pedido contraposto de indenizaçã o por perdas e danos


oriunda do esbulho ou turbaçã o sofrido, na açã o possessó ria, como ocorre no caso em
apreço, sem que tenha a necessidade de aguardar o trâ nsito em julgado da decisã o para
buscar a proteçã o possessó ria ou pleitear a indenizaçã o perquirida.
Conforme já mencionado alhures, a Requerida juntamente com os seus filhos, continuou a
residir no imó vel em que possui a posse há mais de 16 (dezesseis) anos, mesmo apó s
decretado o divó rcio entre ela e o seu ex-esposo, ora irmã o do Requerente.
Por conta disso, a Requerida vem sofrendo diversas ameaças e ofensas por parte dos
Requeridos e dos outros irmã os que também residem no mesmo terreno, sendo que em
uma das oportunidades a filha da Requerida gravou as ofensas, como bem demonstra o
vídeo anexo.
Nesse mesmo vídeo é possível perceber uma tentativa de agressão, que somente não
se concretizou porque a Requerida se esquivou. Além disso, é ofendida com palavras
de baixíssimo calão, tais como: “sua puta”, “safada”, dentre outras.
Ressalta-se que todo esse episódio ocorreu em frente à sua filha, que ainda estava
com 17 (dezessete) anos de idade!
Apó s esse fato, que nã o foi o primeiro nem o ú ltimo, a filha da Requerida passou mal, tendo
uma crise nervosa, tudo isso dado à gravidade da situaçã o, por serem os agressores seus
pró prios tios e vizinhos, com os quais precisam conviver diariamente.
Verifica-se, portanto, que as atitudes dos Requeridos e seus irmã os nã o possuem
fundamento, pois agem de forma a ofender e violar diretamente a imagem, honra e
moralidade da Requerida, sendo inquestioná vel a ocorrência do dano, ainda mais na
presença da sua filha e de outros vizinhos.
Dessa forma, os Requerentes merecem ser condenados ao pagamento de indenizaçã o pelos
prejuízos resultantes, de ordem moral, diante da alegaçã o indevida de que a Requerida
estaria esbulhando um imó vel que nã o lhe pertence, o que nã o é verdade, como já bem
comprovado anteriormente.
Da mesma forma, a posse da Requerida merece ser resguardada, visto que já se comprovou
o exercício há mais de 16 (dezesseis) anos, ininterruptamente.
Assim, por ser permitido ao Réu, na ação possessória demandar indenização por
perdas e danos, a Requerida pleiteia pela condenação dos Requerentes ao
pagamento pela indenização pelos danos morais sofridos, na quantia de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), em razão de todo o abalo moral e psicológico que ainda vem
sofrendo por residir em um imóvel que é seu por direito, bem como para que seja
mantida na posse do imóvel, visto que já se comprovou que a Requerida está
exercendo há mais de 16 (dezesseis) anos, ininterruptamente.
V.2 – Do pedido de litigância de má-fé dos Requerentes
Excelência, nã o bastasse todo o embaraço que estã o causando à Requerida, mais uma vez
estã o tentando prejudicá -la, usando alegaçõ es infundadas e inverídicas, a fim de “burlar” a
justiça e obter vantagem indevida.
Ora, Excelência, bem se percebe que a atitude dos Requerentes é manifestamente
caracterizada pela má -fé!!
Nesse ínterim, incorrem os Requerentes como litigantes de má -fé por:
- deduzirem pretensã o de fato incontroverso, isso porque a posse da Requerida é exercida
há mais de 16 (dezesseis) anos e a compra do imó vel em condomínio é de conhecimento de
grande parte da comunidade local (art. 80, inciso I, CPC), o qual poderá ser comprovado
através de testemunhas;
- alterarem a verdade dos fatos, alegando que “emprestaram” parte da terra para a
Requerida e seu ex-esposo, afirmaçã o esta manifestamente falsa (art. 80, inciso II, CPC); e
- usarem do processo para conseguir objetivo ilegal, o que é inadmissível, pois na realidade
a intençã o dos Requerentes é retirar o direito da Requerida, que com o divó rcio ficou com a
residência e a fraçã o de terra correspondente, à título de meaçã o; e, extraindo o imó vel da
Requerida, estarã o favorecendo ilegalmente o irmã o, o qual ficará com praticamente todos
os bens adquiridos pelo casal na constâ ncia do casamento (art. 80, inciso III, CPC).
Nesse diapasã o, a responsabilizaçã o dos Requerentes pelo dano processual é medida que
se impõ e, conforme dispõ e o artigo 79 do Có digo de Processo Civil:
“Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente”.

Portanto, requer sejam os Requerentes condenados ao pagamento de multa, no


percentual máximo de 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa, a fim de
indenizar a Requerida pelos prejuízos sofridos, honorários advocatícios e demais
despesas, na forma prevista no art. 81, do CPC.
V.3 – Do litisconsórcio passivo necessário
Excelência, conforme mencionado alhures, existem outras pessoas que possuem a posse do
imó vel, tendo em vista que este fora comprado em comunhã o por 8 (oito) casais, dos quais
5 (cinco) residem atualmente no local.
Dessa forma, os terceiros interessados possuidores atuais da área requerida
também merecem ser chamados ao processo, visto que, se a Requerida está
praticando esbulho, todos os demais também estão!
Sobre o litisconsó rcio necessá rio, assim dispõ e o Có digo de Processo Civil em seu artigo
114:
“O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a
eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.”

Ademais, é sabido que o litisconsó rcio necessá rio pode ser aplicado em todos os processos
nos quais se configure a possibilidade da decisã o da causa redundar em obrigaçã o direta
pra terceiro ou que, de algum modo, possa prejudicar ou afetar seu interesse.
Sobre o assunto, o Supremo Tribunal Federal pontificou que o litisconsó rcio necessá rio
"tem lugar se a decisão da causa propende a acarretar obrigação direta para o terceiro, a prejudicá-lo ou a afetar
seu direito subjetivo." (STF, RE n.º 85.774, Min. Cunha Peixoto, RTJ 84/267; RE n.º 100.411, Min. Francisco Rezek,
RT 594/248).

E no caso em análise, Excelência, resta mais do que evidente que a Requerida está
sujeita a sofrer, direta ou indiretamente, as consequências da decisão que sobrevier
destes autos.
Dessa forma, a Requerida pleiteia pelo chamamento ao processo dos outros
possuidores que atualmente residem no local, quais sejam:
1. XXX, brasileiro, pedreiro, RG e CPF desconhecidos, casado com XXX, brasileira, do lar, RG
e CPF desconhecido, ambos residentes e domiciliados na Rua XXX, s/n, (casa branca de 2
pisos), bairro XXX, XXX/XX, CEP XXX, telefones: (XX) XXX/ (XX) XXX;
2. XXX, brasileiro, pedreiro, RG e CPF desconhecidos, casado com XXX, brasileira,
pescadora, RG e CPF desconhecidos, ambos residentes e domiciliados na Rua XXX, s/n,
(casa de madeira branca), bairro XXX, XXX/XX, CEP XXX, telefone: (XX) XXX;
3. XXX, brasileira, do lar, RG e CPF desconhecidos, casada com XXX, brasileiro, funcioná rio
na empresa XXX, RG e CPF desconhecidos, ambos residentes e domiciliados na Rua XXX,
s/n, (casa de alvenaria cinza), bairro XXX, XXX/XX, CEP XXX, telefones: (XX) XXX/ (XX) XXX;
4. XXX, brasileira, do lar, RG e CPF desconhecidos, casada com XXX, brasileiro, funcioná rio
na empresa XXX, RG e CPF desconhecidos, ambos residentes e domiciliados na Rua XXX,
s/n, (casa de alvenaria branca), bairro XXX, XXX/XX, CEP XXX, telefones: (XX) XXX/ (XX)
XXX.
Dessa forma, tais possuidores deverão ser chamados ao feito para comparecer a lide
e demonstrarem as suas posses sobre o imóvel em questão.

VI - DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer-se:
a) O recebimento e o processamento da presente Contestaçã o, bem como os documentos
que a acompanham;
b) A TOTAL IMPROCEDÊNCIA dos pedidos formulados pelos Requerentes na sua exordial,
eis que nã o condizem com a verdade;
c) A TOTAL PROCEDÊNCIA dos pedidos constantes na presente, nos termos acima
peticionados, para que:
I. seja acolhida a preliminar de inépcia da inicial, indeferindo-se a petição inicial,
ante a ausência de documentos indispensáveis à propositura da ação e,
consequentemente, seja a demanda extinta sem resolução do mérito, nos termos do
artigo 485, inciso I, do CPC;
II. seja acolhida a preliminar de impugnação ao pedido de justiça gratuita dos
Requerentes, ante a ausência de documentos e dos requisitos necessários para a
concessão da assistência judiciária gratuita;
III. seja convencionado que NUNCA OCORREU ESBULHO POR PARTE DA REQUERIDA,
visto que os Requerentes nunca tiveram a posse da parte onde está edificada, HÁ
MAIS DE 16 (DEZESSEIS) ANOS, a residência da Requerida. No entanto, caso Vossa
Excelência entenda de forma diversa, a data da posse a ser considerada deverá ser a
mesma em que se começaram a emitir as contas de energia em nome da Requerida,
qual seja, em dezembro de 2004, como bem comprovam os extratos da Cooperativa
Aliança que segue anexo;
IV. seja decretado que não restou comprovado o esbulho, visto que, com exceção da
sentença que decretou o divórcio da Requerida com seu ex-esposo, ora irmão do
Requerente, não há qualquer outro elemento de prova a indicar que a suposta
violação de posse tenha ocorrido A MENOS DE ANO E DIA (POSSE NOVA);
V. seja acolhido o pedido contraposto de permanência na posse e indenização pelos
danos morais sofridos, condenando os Requerentes ao pagamento de R$ 5.000,00
(cinco mil reais), em razão de todo o abalo moral e psicológico que a Requerida
ainda vem sofrendo por residir em um imóvel que é seu por direito;
VI. seja acolhido o pedido contraposto de litigância de má-fé dos Requerentes,
condenando-os ao pagamento de multa, no percentual máximo de 10% (dez por
cento) sobre o valor corrigido da causa, a fim de indenizar a Requerida pelos
prejuízos sofridos, honorários advocatícios e demais despesas, na forma prevista no
art. 81, do CPC;
VII. seja acolhido o pedido contraposto de litisconsórcio passivo necessário, para que
os demais possuidores sejam chamados ao feito e citados para comparecer a lide, a
fim de demonstrarem suas posses sobre o imóvel em questão, conforme relatado no
item “V.3 – Do litisconsórcio passivo necessário”.
d) A concessã o do benefício da justiça gratuita, eis que a Requerida nã o possui condiçõ es de
arcar com as despesas do processo e honorá rios advocatícios sem prejuízo do seu sustento
e de sua família;
e) A condenaçã o dos Requerentes ao pagamento das custas processuais e honorá rios
advocatícios, estes fixados em percentual nã o inferior a 20% (vinte por cento), na forma
prevista no art. 85, § 2º e § 13, do CPC;
f) A produçã o de provas por todos os meios em direito admitidos, tais como: pericial,
testemunhal, documental, inspeçã o judicial, dentre outras.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
Local, data.
OAB/XXX

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