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EXMO. SR. DR.

DIREITO DA 4ª VARA DE ORFÃOS E SUCESSÕES DA


COMARCA DA CAPITAL/RJ

PROCESSO Nº 0179515-26.2019.8.19.0001

RENATA RIBEIRO DA COSTA, brasileira, divorciada, cuidadora, portadora do


documento de identidade nº 12.837.735-5, expedido pelo Detran/RJ, inscrita no CPF/MF
sob o nº 091.917.587-26, residente e domiciliada na Rua General Roca, nº 199, apto 201,
Tijuca, nesta Cidade, Cep.: 20521-070 vem por seu patrono “ in fine” assinado apresentar

CONTESTAÇÃO

Pelas razoes de fato e de direito que passa a aduzir.

Preliminarmente
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer a V.Exa., a benesse da Gratuidade de Justiça de que trata o Artigo 12 da Lei


1060/50, por ser pobre na acepção jurídica do termo.

DOS FATOS

Os autores versam em sua inicial, que a ré vem residindo de forma ilegal no imóvel
situado na Rua General Rocca 199/201 – Tijuca – Rio de Janeiro.
Invocam nesta demanda, o arbitramento de taxa de ocupação, e alugueis em virtude da
ocupação do imóvel, informando ainda que o testamento estaria sendo contestado por
ferir suposta proporcionalidade referente a legitima.

Por derradeiro, requerem alugueis, do período em que a mesma reside no imóvel desde a
morte do obituado, pugnando ainda por pericia judicial para apuração do valor de locação
do imóvel.
DA ILEGITMIDADE PASSIVA AD CAUSAM

A ré é cuidadora de um dos herdeiros do Espólio autor, e o imóvel em questão é onde o


mesmo reside por mais de trinta anos.
A moradia gratuita ora contestada pelos autores, esvai-se por terra na medida em que a
mesma reside no local por ser cuidadora e curadora legal do interditado MARCOS
LESSA RANDOM
Nesta baila, há de se considerar ainda que o dito imóvel, foi deixado em testamento para
a ré, que levará o referido imóvel a registro em seu nome assim, que a sentença julgando
o testamento sem vícios ou erro em sua forma, transite em julgado.
Desta forma, por ainda estar residindo no local, como empregada de um dos herdeiros,
não é pessoa legitima para figurar no polo passivo da presente demanda, haja vista a
necessidade de residir no local para manter os cuidados a ela confiadas ao mesmo.
Asssim, não merece melhor sorte a presente demanda que sua extinção em seu nascedouro
na forma do Art. 486, II do NCPC.
Deixando de indicar com segurança os fatos e fundamentos jurídicos do pedido (que
constituem a causa de pedir), o autor dificulta sobremaneira a elaboração da defesa de
mérito e assim impede o seu exame pelo julgador. Embora despiciendo, convém ressaltar
ser inaplicável à hipótese dos autos o aforismo jura novit curia, porquanto se o juiz sabe
o direito, a alegação do fato é atribuição intransferível do litigante! É certo que a lei
outorga ao juiz liberdade na aplicação do direito ao caso concreto, sob o enquadramento
jurídico que reputar adequado, mas sempre dentro dos limites fáticos constantes do
processo e de acordo com o material probatório produzido pelas partes (cf. "Iudice
secundum allegata et probata partium iudicare debet", diz o antigo brocardo jurídico,
donde se conclui que o limite objetivo da liberdade do julgador encontra-se naqueles fatos
que individualizam a pretensão e que constituem a causa petendi.

DA IMPOSSIBLIDADE JURIDICA DO PEDIDO

O testamento deixado pelo de cujus JOMAR TORRES RANDOM, é perfeito em sua


forma, obedecendo a respectiva legitima, deixando o obituado o imóvel objeto da
demanda para a ré.
Destarte, cumpre ressaltar que o referido testamento vem sendo contestado por
herdeiros que não possuem conhecimento sobre a realidade do imóvel que conta com
a ré, herdeira legitima do imóvel e onde também reside o herdeiro MARCOS LESSA
RANDOM, incapaz, tutelado pela ré que também habita aquele apartamento há
mais 30 de anos.
Com o devido efeito, é digno de se trazer a baila, que os ora autores como já dito,
contestaram a legitimidade e legalidade do testamento deixado por seu finado pai,
por meio de ação própria que reconheceu por sentença a legitimidade do testamento
e ainda sua proporcionalidade, inclusive determinando a expedição da
documentação de estilo para seu registro.
DO MERITO
“Ipso facto” tem-se no caso em tela, um flagrante atentado a ordem legal e moral, a
uma por ser neste momento, a ré a pessoa responsável pela curatela de um dos
herdeiros, trabalhando também como cuidadora há 20 anos, e a duas por ser o
imóvel de pleno direito, tendo em vista as disposições testamentárias a legitima
proprietária daquele imóvel.

DO DIREITO

A proteção jurídica da intimidade, consagrada no inc. X do art. 5º da Constituição Federal,


constitui direito inato, vitalício, imprescritível e absoluto (oponível erga omnes), impondo
conduta de abstenção e limitando a possibilidade jurídica de se comunicar os dados
pessoais e patrimoniais que integram a vida privada do indivíduo.

Esclarece CELSO BASTOS que o Direito à reserva de intimidade "consiste na faculdade


que tem cada indivíduo de obstar a intromissão na vida privada e familiar, assim como de
impedir-lhes o acesso a informações sobre a privacidade de cada um, e também impedir
que sejam divulgadas informações sobre esta área de manifestação existencial do ser
humano" ("Comentários à Constituição do Brasil", Saraiva, vol.2º, pág. 63).

Ora, o pedido de devassa nas declarações de renda (apresentadas nos últimos 12 anos
pelos 11 réus), além de violento e imoral, é absurdo, abstruso e totalmente infundado,
violando mortalmente o inviolável direito público subjetivo à intimidade da pessoa
humana.
DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, e mais pelo que Vossa Excelência há de acrescentar, aguarda a ré o
acolhimento das preliminares argüidas, julgando-se antecipadamente a le extinguindo-se
de plano o processo.
Caso, por absurdo, sejam superadas as preliminares suscitadas, pedem vênia para remeter
Vossa Excelência às judiciosas e proficientes razões de mérito expostas na defesa
apresentadas e outros, as quais demonstram a necessiddade a absoluta improcedência da
ação.

Outrossim, tendo agido com evidente dolo processual, alterando a verdade dos fatos,
deduzindo pretensão contra a letra da lei, formulando pedidos teratológicos e promovendo
lide temerária, devem os autores ser reputados litigantes de má-fé, sujeitando-se à
composição de perdas e danos, tal como dispõem os arts. 79 e 81 do CPC por ser medida
de justiça!

Nestes termos
E.Deferimento

Teresopolis, RJ, 30 de setembro de 2020.

CLAUDIO RAPHAEL MORAES DE CARVALHO


OAB/RJ 162.804

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