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MM. JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE _ /UF.

JOÃ O..., (nacionalidade), (estado civil), , (profissã o), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX,
RG nº XXXXXX, e MARIA..., (nacionalidade), (estado civil), , (profissã o), inscrito no CPF sob o
nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXX., residentes e domiciliados na (Endereço), (Bairro), (cidade),
(estado), CEP..., por sua advogada que esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa
Excelência, propor a presente:
AÇÃ O DE USUCAPIÃ O RURAL
em face de FULANO..., e sua esposa ROSINHA, residentes e domiciliado na (Endereço),
(Bairro), (cidade), (estado), CEP..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
DOS FATOS
A posse dos autores sobre o imó vel rural iniciou-se há X anos, quando nele ingressaram e
passaram a cuidar, realizando as benfeitorias no terreno, onde construíram uma casa e
passaram a tirar da terra o sustento familiar.
Os autores fizeram prova sobre a posse do imó vel junto a Prefeitura Municipal, onde
regularizou a situaçã o fiscal, e assim vem pagando o IPTU desde entã o (có pias do IPTU
anexos). Logo apó s construíram sua residência, onde até hoje residem. Oportunamente,
através de açã o pró pria, os autores pretendem obter o reconhecimento do domínio sobre o
imó vel em questã o.
O referido imó vel rural possui x hectares e está localizado na Rua das Bromélias, nº 100,
desta cidade, conforme identificaçã o constante no memorial descritivo que instrui o
pedido, seguinte:
“Um pequeno imó vel rural ...”.
O imó vel encontra-se matriculado sob o nº ..., no Cartó rio de Registro de Imó veis desta
Comarca, em nome de FULANO... e sua esposa ROSINHA..., conforme certidã o anexa.
Frisa-se, que os autores desde a entrada na posse, tendo em vista, que a posse sempre foi
exercida com animus domini e assim respeitada por todos, sem qualquer oposiçã o.
Também foram exercidas de forma mansa, pacífica e ininterrupta, tendo fixado nele
moradia, bem como tornado a terra produtiva, mediante o trabalho dos que ali residem.
Cumpri salientar que, os possuidores nã o sã o proprietá rios de nenhum outro imó vel, seja
ele rural ou urbano.
Dessa forma, estando presentes todos os requisitos legais exigidos, os autores fazem jus à
presente açã o.
DO DIREITO
Os requerentes satisfazem os requisitos do artigo 1239 do Có digo Civil, vez que obtiveram
a posse mansa, pacífica e ininterrupta. Se nã o vejamos, as autores adentraram na posse de
um imó vel rural de 35 hectares a nove anos, possuindo-a de forma continua e incontestada,
pois nele foi construído residência familiar, o que caracteriza que exercem a posse de forma
pacifica e continua, bem como os comprovantes de pagamentos dos IPTUs comprobató rios
no justo período de nove anos.
É cabível mencionar que a Posse qualificada ad usucapionem para que seja configurada a
usucapiã o, é necessá rio que o possuidor esteja na propriedade com a intençã o de ser o
dono dela, e pelo tempo fixado em lei para cada espécie de usucapiã o, o que costuma ser
chamada de animus domini (intençã o de proprietá rio/dono). Além disso, essa posse deve
ser mansa e pacífica, ou seja, sem que o proprietá rio tenha manifestado interesse em
reaver a posse do bem. Essa posse, necessariamente, terá de ser contínua, sem interrupçã o,
nã o sendo admitida em intervalos para a configuraçã o desse requisito. Apó s essa breve
descriçã o é notó ria que a situaçã o dos Requerentes se enquadra na forma legal.
Portinato, apresenta boa-fé, pois crê que a coisa lhe pertença, caracterizado o animus
domini, tendo em vista as benfeitorias que fizeram no imó vel, a construçã o da casa,
demonstra clareza de direito, bem como o pagamento em dia de faturas de á gua, luz e
tributos, o que comprova o comprometimento com este, em virtude do direito real
adquirido.
Tendo em vista a Boa-Fé dos requerentes, que por sua vez é um dos requisitos da
usucapiã o, previsto no art. 1.201, do CC/02, que preconiza ser “de boa-fé a posse, se o
possuidor ignora o vício, ou o obstá culo que impede a aquisiçã o da coisa” (BRASIL, 2002,
[s.p.]). Trata-se de requisito deveras simples, a ser interpretado do seguinte modo: se o
possuidor ignora as situaçõ es que o impediriam de adquirir a coisa e simplesmente foi
possuidor para residir, sem buscar fraudar a lei, teremos o possuidor de boa-fé.
A usucapiã o rural, também chamada de usucapiã o pró -labore, possui amparo legal na
Constituiçã o Federa, em seu art. 191, caput, bem como no art. 1.239, do CC/02, que assim
dispõ e, apresentando-nos os requisitos:
Art. 1.239. “Aquele que, nã o sendo proprietá rio de imó vel rural ou urbano, possua como
sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposiçã o, á rea de terra em zona rural nã o superior a
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela
sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade”.
Posto isto, é notó ria que os Requerentes têm por direito e totalmente amparo em lei que o
bem é de fato seu, configurando assim a posse total do bem.
Assim também entende a jurisprudência:
“APELAÇÃ O. AÇÃ O DE USUCAPIÃ O. ART. 1.239 DO CC. Á REA INFERIOR AO MÓ DULO
RURAL. PRESENÇA DAS CONDIÇÕ ES DA AÇÃ O. INTERESSE PROCESSUAL E POSSIBILIDADE
JURÍDICA DO PEDIDO. SENTENÇA REFORMADA. APLICAÇÃ O DO ART. 1.013, § 3º, do
CPC/2015. PREENCHIDOS OS REQUISITOS DA USUCAPIÃ O NA MODALIDADE ESPECIAL
URBANA. I. O feito encontra-se apto ao julgamento na forma do artigo 1.013, § 3º, do
CPC/2015. Observados os princípios processuais do devido processo legal, do contraditó rio
e da ampla defesa. II. Nã o se pode negar à parte o direito de buscar o Poder Judiciá rio para
declarar sua eventual propriedade sobre bem imó vel descrito na inicial, reputando-se
legítima a escolha da via da açã o de usucapiã o para alcançar a declaraçã o de domínio. No
caso, o imó vel está localizado dentro do todo maior, possuindo dimensã o menor que o
mó dulo rural da regiã o. Existência de jurisprudência que ampara a pretensã o da autora.
Precedentes jurisprudenciais. III. Vencida a questã o da limitaçã o da á rea, o conjunto
probató rio do feito demonstra, com segurança, que a apelante preenche os requisitos
necessá rios a declaraçã o de domínio do imó vel descrito na inicial, na modalidade do art.
1.239 do CC. É reconhecida como proprietá ria da fraçã o rural, nele residindo desde 2005.
Mantém o imó vel cercado, sendo que, da... fraçã o de terras rurais retira seu sustento e de
sua família, uma vez que vive do que produz nas terras, além de possuir criaçã o de animais.
Além do mais, esse é seu ú nico imó vel. Apelaçã o provida. (Apelaçã o Cível Nº 70080638570,
Vigésima Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Glênio José Wasserstein
Hekman, Julgado em 27/03/2019).
(TJ-RS - AC: 70080638570 RS, Relator: Glênio José Wasserstein Hekman, Data de
Julgamento: 27/03/2019, Vigésima Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do
dia 11/04/2019)”
DO PEDIDO
Ante o exposto, pede seja julgada totalmente procedente a presente açã o, concedendo ao
autor o domínio ú til do imó vel em questã o.
Para tanto requer:
1) A citaçã o pelo correio, nos moldes dos arts. 246 e 248 do CPC/2015, dos reus, para que
apresente contestaçã o, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, do CPC. Requer-
se, também, a citaçã o dos confrontantes (mencionar confrontantes), nos endereços
apontados em documento anexo, que demonstra a situaçã o de vizinhança, nos termos do
art. 246, § 3º, do CPC;
2) Que sejam intimados, por via postal, os representantes da Fazenda Pú blica da Uniã o,
Estados, Distrito Federal, Territó rios e Municípios para que manifestem eventuais
interesses na causa;
3) Nos termos do § 5º, do art. 334, os requerentes informam seu desinteresse na
autocomposiçã o.
4) Requer-se a produçã o de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial, a
produçã o de prova testemunhal, conforme art. 442, do CPC, para demonstrar a presença
dos elementos da usucapiã o rural.
5) Pugna-se pela procedência integral da presente açã o, especialmente para o fim de que
seja declarado o domínio do autor sobre o imó vel.
6) Pugna-se pela condenaçã o da parte requerida ao pagamento dos honorá rios
advocatícios, das custas e das despesas processuais, nos termos dos arts. 82, § 2º, e 85,
ambos do Có digo de Processo Civil.
Pede-se a remessa dos autos ao Ministério Pú blico.
Informa-se o devido recolhimento das custas processuais iniciais.
Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em direito.
Dá -se à causa o valor de R$ ..., para efeito de alçada.
Termos em que,
P. Deferimento.
Cidade, data.
Nome do Advogado - OAB/XX 00.000

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