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DIREITO - UNA BOM DESPACHO

Amanda Gabriela da Silva RA:192213078


Kennedy Cristiano Vinícius Frutuoso RA:192212964
Lívia Israel do Amaral RA:192211594
Maria Eduarda Ferreira Antunes RA:192212300
Mariana Gabriela Rodrigues Silva RA:192211897
Paola Silva Resende RA:192211093

PARECER JURÍDICO

BOM DESPACHO
2023
Parecer jurídico: nº 0000

Requerente: Vilma Helena Martins Frutuoso

Ementa:

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE. DIREITO CIVIL. DIREITO A POSSE.


INTERRUPÇÃO NA POSSE.USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA

1. Relatório:

Vilma Helena Martins Frutuoso, no dia 05 de março de 2009, solicitou parecer


jurídico com análise da aquisição de posse de um terreno com área de 5.050 metros
quadrados, localizado no município de Bom Despacho, em um chacreamento
denominado como Recanto, tendo feito a aquisição há catorze anos atrás. O
comprador do imóvel constituiu uma casa dentro da referida propriedade, com o
proposito de cultivar plantação, fixar moradia e criação de aves. Até o presente
momento, não existe nenhum tipo de turbação. Porém, gostaria de formalizar a
aquisição dessa propriedade. Ressaltando que conforme registro do imóvel o
possuidor não é o proprietário do imóvel. Porém o cliente possui toda documentação
que comprova a aquisição da referida propriedade. Não havendo nenhuma
interrupção na posse. Diante o exposto faz-se necessário a regularização da
situação do terreno para que não haja problemas futuros. Por fim, trouxe, para a
elaboração do parecer, os documentos tais, apresentados em anexo (anexos I, II, III)
e questionou, tendo em vista a legislação sobre o tema, USUCAPIÃO
EXTRAORDINÁRIA.

2. Fundamentação:

Código Civil - Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.

Da Usucapião, assim estabelece:

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição,
possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade,
independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de
Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos
se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou
nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra
em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
1º. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou
à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
2º. O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao
mesmo possuidor mais de uma vez.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até
250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida
com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº
12.424, de 2011) O direito previsto no caput não será reconhecido ao
mesmo possuidor mais de uma vez. 2o(VETADO). (Incluído pela Lei nº
12.424, de 2011)

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida,


mediante usucapião, a propriedade imóvel.
Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título
hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e


incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os
possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado
investimentos de interesse social e econômico.

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos
artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores
(art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do
art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca


das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais
também se aplicam à usucapião.

AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE. DIREITO CIVIL. DIREITO A POSSE.


INTERRUPÇÃO NA POSSE

3. Conclusão:

Diante do exposto, entende-se que em geral, a prática ocorrida acima e


baseada na legislação vigente, denomina-se usucapião extaordinária que permite a
aquisição da propriedade de um bem imóvel pelo seu uso prolongado e contínuo,
desde que cumpra os determinados requisitos legais. Sua característica particular
é que a pessoa torna-se dona por ter passado determinado tempo na posse
pacífica e mansa daquele bem, preenchendo assim todos seus requisitos
necessários: O animus domini; Inexistência de oposição à posse; existência de
justo título, ou seja, de um documento que se acredite ser suficiente para a
transmissão do bem; boa-fé; posse ininterrupta pelo período de 10 (dez) anos “
onde o possuidor deve haver estabelecido na propriedade a sua moradia; ou se
realizou no imóvel obras ou serviços de caráter produtivo, motivo esse pelo qual
este parecer mostra-se favorável ao solicitado pela requerente.

É o parecer.

Bom Despacho/MG, 07 de junho de 2023.

Advogado
OAB/MG XXX.XXX

ANEXO I:
ANEXO II:
ANEXO III:
PARECER JURÍDICO

NOME DO SOLICITANTE: José Geraldo Frutuoso

ASSUNTO: Posse de 2 (dois) imóveis rurais e possibilidade de realização da


usucapião.

EMENTA:

DIREITO CIVIL. DIREITO REAL. 2 (DOIS) IMÓVEIS RURAIS. POSSE DIRETA.


BOA-FÉ. POSSE MANSA E PACÍFICA. CONTRATO DE COMPRA E VENDA POR
TERCEIRO. TRABALHO NOS IMÓVEIS. EDIFICAÇÃO DE RESIDÊNCIA. FUNÇÃO
SOCIAL DA PROPRIEDADE. USUCAPIÃO RURAL OU PRO-LABORE.
USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE IMEDIATA. EXPECTATIVA DE
DIREITO FUTURO.

RELATÓRIO:

O solicitante adquiriu dos cidadãos denominados Tamara e Marcos e da


Pessoa Jurídica “Meu Terreno” há aproximadamente 3 (três) anos, mediante
contrato de compra e venda, 2 (dois) imóveis rurais anexos de 10.000m² cada,
totalizando 20.000m², localizados em chacreamento no município de Nova
Serrana/MG. Contudo, ocorre que tardiamente percebeu o solicitante encontrar-se o
referido imóvel em nome de terceiro divergente àquele responsável pela venda do
bem.

Assim, cabe destacar que o imóvel rural qualificado retro não possui
restrições ou impedimentos e sua ocupação até a data registrada infra transcorreu
de modo pacífico, ininterrupto, sem oposições ou disputas, tendo nele edificado
residência avaliada em R$ 3.000.000,00 e nela fixado moradia, bem como narrando,
inclusive, plantar, cultivar e criar aves.

Nestes termos, compareceu à presença do profissional ao final assinado o


interessado, senhor José Geraldo Frutuoso, em solicitação a elaboração do presente
parecer jurídico.

É o relatório. Passo a opinar.

FUNDAMENTAÇÃO:
Inicialmente, faz-se imprescindível arguir a importância de que a propriedade
permaneça fiel a sua função social, conforme preceitua o art. 5º, inc. XXIII da
Constituição Federal de 1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: [...]
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social [...]

Em equidistante sentido é o insculpido no art. 170, inc. III da Carta Magna


referida:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e


na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...]
III - função social da propriedade; [...]

É, nesse interim, brilhante a relatoria do ministro Marco Buzzi no julgado do


Recurso Especial 1.040.296 – ES ao narrar que:

[...]2. No caso da propriedade rural, sua função social é cumprida, nos


termos do art. 186 da CF/1988, quando seu aproveitamento for racional e
apropriado; quando a utilização dos recursos naturais disponíveis for
adequada e o meio ambiente preservado, assim como quando as
disposições que regulam as relações de trabalho forem observadas. 3. A
usucapião prevista no art. 191 da Constituição (e art. 1.239 do Código Civil),
regulamentada pela Lei n. 6.969/1981, é caracterizada pelo elemento
posse-trabalho. Serve a essa espécie tão somente a posse marcada pela
exploração econômica e racional da terra, que é pressuposto à aquisição do
domínio do imóvel rural, tendo em vista a intenção clara do legislador em
prestigiar o possuidor que confere função social ao imóvel rural. 4. O
módulo rural previsto no Estatuto da Terra foi pensado a partir da
delimitação da área mínima necessária ao aproveitamento econômico do
imóvel rural para o sustento familiar, na perspectiva de implementação do
princípio constitucional da função social da propriedade, importando
sempre, e principalmente, que o imóvel sobre o qual se exerce a posse
trabalhada possua área capaz de gerar subsistência e progresso social e
econômico do agricultor e sua família, mediante exploração direta e pessoal
- com a absorção de toda a força de trabalho, eventualmente com a ajuda
de terceiros [...]
(STJ - REsp: 1040296 ES 2008/0059216-7, Relator: Ministro MARCO
BUZZI, Data de Julgamento: 02/06/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de
Publicação: DJe 14/08/2015)

Portanto, a propriedade possui direta comunicação para com os anseios da


sociedade, devendo atender às suas finalidades em conformidade ao arguido supra.

Nessa esteira, outro ponto que merece ser levantado é a boa-fé da qual
sempre dispôs senhor José Geraldo Frutuoso, ora solicitante, vez que adquiriu o
imóvel a justo título mediante contrato de compra e venda há aproximadamente 3
(três) anos.

Assim, tendo em vista se enquadrar o solicitante na condição de possuidora


do imóvel rural referido, a teor do lastrado no art. 1.196 do Código Civil de 2002, há
de se observar o dispõem os arts. 1.200 a 1.203 do referido Códex Civilista:

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
Art. 1.201. [...] Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a
presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei
expressamente não admite esta presunção.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o
momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não
ignora que possui indevidamente.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo
caráter com que foi adquirida.

Deste modo, tendo sido adquirida e mantida a posse com mansidão, de forma
ininterrupta, sem oposições, disputas, reclamações ou quaisquer atos correlatos,
inclusive frente à inércia do proprietário legal, é evidente a posse de boa-fé do
solicitante há aproximadamente 3 (três) anos (contados até a data registrada infra).

Sendo assim, o instituto passível de ulterior utilização no caso em comento é


a usucapião rural ou pro-labore, acostada ao art. 191 da Constituição Federal de
1988:

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou


urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem
oposição, área de terra, em zona rural, não superior a
cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou
de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.
A mesma redação resta presente no art. 1.239 do Código Civil de 2002:

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra
em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a
propriedade.

São, portanto, quatro os requisitos necessários à adoção da usucapião em


observância à inteligência das disposições supramencionadas: a posse ininterrupta
e com animus domini pelo prazo mínimo de 5 (cinco) anos, imóvel não superior a 50
hectares localizado em zona rural, constituir moradia no imóvel e tornar a terra
produtiva por seu trabalho e, por fim, não ser proprietária de outro imóvel (seja este
urbano ou rural).

Nesse diapasão, o preenchimento de 3 (três) dos 4 (quatro) requisitos


abordados, na respectiva ordem em que elencados, resta claro e presente, pois: o
solicitante ocupa o imóvel rural com manifesto animus domini há aproximadamente 3
(três) anos de forma mansa, pacífica e ininterrupta, faltando ainda aproximadamente
2 (dois) anos para que possa ser o imóvel usucapido; possuem os bens área total de
20.000m², equivalente a 2,0 hectares, portanto inferior a 50 hectares; constituiu no
referido o solicitante sua moradia e nele cultiva, planta e cria aves, por meio de seu
trabalho, desde o início de sua posse; e não é proprietário de outro imóvel (urbano
ou rural).

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça adota o mesmo entendimento


relacionado no presente parecer jurídico:

[...] 1. Os arts. 1.239 do CC/2002 e 191 da CF definem os requisitos legais


da usucapião especial rural (ou Constitucional Rural ou Pro Labore), quais
sejam: (i) posse com animus domini pelo prazo de 5 (cinco) anos, sem
oposição, (ii) área de terra em zona rural não superior a 50 (cinquenta)
hectares, (iii) utilização do imóvel como moradia, tornando-o produtivo pelo
trabalho do possuidor ou de sua família, e (iv) não ser o possuidor
proprietário de outro imóvel rural ou urbano. [...]
(STJ - REsp: 1628618 MA 2016/0254927-7, Relator: Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 28/03/2017, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 04/04/2017 REVJUR vol. 474 p. 93
RMDCPC vol. 77 p. 119)

Tem-se esclarecida, outrossim, a boa-fé com a qual conduz a posse o


solicitante e o demonstrado direito à usucapião do imóvel rural.

Ao contrário, contudo, do se tem equivocadamente por adequado a grande


parte da comunidade jurídica e senso comum, recomenda-se que prossiga o
solicitante pela via extrajudicial, optando por realizar o procedimento em cartório,
pois que além de notadamente menos oneroso, ainda é demasiadamente célere
(tendo prazo estimado entre 90 e 180 dias) se comparado à via judicial, que possui
trâmite previsto entre 2 e 4 anos.

A usucapião extrajudicial possui base no art. 216-A da Lei de Registros


Públicos (nº 6.015/73), acrescido pelo art. 1.071 do Código de Processo Civil de
2015:
Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de
reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que
estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado,
representado por advogado, instruído com: [...]

Além disso, o Conselho Nacional de Justiça editou o Provimento nº 65 em 14


de dezembro de 2017 e delimitou especificidades para a adoção ao procedimento da
usucapião extrajudicial nos respectivos serviços notariais e aqueles referentes ao
registro imobiliário.

Apenas a título exemplificativo dos benefícios de se seguir o viés extrajudicial,


a despeito do inscrito no art. 24 do referido Provimento, não se exige o pagamento
do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI:

Art. 24. O oficial do registro de imóveis não exigirá, para o ato de registro da
usucapião, o pagamento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis –
ITBI, pois trata-se de aquisição originária de domínio.

Deve, destarte, o solicitante, mediante advogado legalmente outorgado ou


defensor público constituído confeccionar e assinar o requerimento de usucapião
extrajudicial em conformidade ao art. 3º, incs. I a V do abordado Provimento do CNJ,
indicando: a modalidade de usucapião requerida como a insculpida no art. 191 da
Constituição Federal de 1988 e art. 1.239 do Código Civil de 2002; bem como a
origem da posse no contrato de compra e venda desde meados de 2020 e a
existência de uma residência avaliada em R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais); o
número das matrículas dos imóveis rurais localizado no referido chacreamento, em
Nova Serranan/MG; e o valor a este conferido.

Assim, o solicitante necessita dar continuidade à posse de boa-fé, mansa e


pacífica, sem quaisquer interrupções, tendo moradia na residência localizada nos
terrenos e trabalhando ativamente na localidade dos imóveis por mais, ao menos, 2
(dois) anos, visando cumprir os requisitos instituídos pelo art. 191 da Constituição
Federal de 1988 e art. 1.239 do Código Civil de 2002, realizando o pagamento do
Imposto Territorial Rural – ITR e demais documentos vinculados aos imóveis
referidos.

Após o decurso do prazo de 2 (dois) anos, em meados de 2025 prosseguir-


se-á o solicitante ao procedimento da usucapião extrajudicial, quando requererá e
providenciará a documentação a seguir descrita solicitando a usucapião conjunta de
ambos os imóveis e posterior unificação em matrícula única, tendo em vista ser
aquisição originária de domínio.

Para tal, deverá, por meio de seu advogado ou defensor público, carrear seus
documentos de identificação (CPF e Carteira de Identidade) e certidão de
casamento (se houver), tal qual a documentação elencada no art. 4º do Provimento
nº 65/2017 já citado. Tendo por finalidade prezar pela objetividade neste ponto,
transcrevo de modo sintetizada a documentação ora necessária à instrução do
procedimento:

 Ata notarial com a qualificação, endereço eletrônico, domicílio e


residência do requerente e respectivo cônjuge ou companheiro, se houver,
e do titular do imóvel lançado na matrícula objeto da usucapião [...] (art. 4º,
inc. I, alíneas “a” a “g”);
 Planta e memorial descritivo assinados por profissional legalmente
habilitado e com prova da Anotação da Responsabilidade Técnica – ART
ou do Registro de Responsabilidade Técnica – RTT no respectivo
conselho de fiscalização profissional e pelos titulares dos direitos
registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na
matrícula dos imóveis confinantes ou pelos ocupantes a qualquer título
(art. 4º, inc. II);
 Justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a
continuidade, a cadeia possessória e o tempo de posse, inclusive os
contratos de compra e venda (art. 4º, inc. III);
 Certidões negativas dos distribuidores da Justiça Estadual e da
Justiça Federal do local da situação do imóvel usucapiendo expedidas
nos últimos trinta dias, demonstrando a inexistência de ações que
caracterizem oposição à posse do imóvel, em nome das seguintes
pessoas [...] (art. 4º, inc. IV, alíneas “a” a “c”);
 Descrição georreferenciada nas hipóteses previstas na Lei n. 10.267 ,
de 28 de agosto de 2001, e nos decretos regulamentadores (art. 4º, inc.
V);
 Instrumento de mandato, público ou particular, com poderes especiais e
com firma reconhecida, por semelhança ou autenticidade, outorgado ao
advogado pelo requerente e por seu cônjuge ou companheiro (art. 4º, inc.
VI) ou declaração do requerente, do seu cônjuge ou companheiro que
outorgue ao defensor público a capacidade postulatória da usucapião (art.
4º, inc. VII); e
 Certidão dos órgãos municipais e/ou federais que demonstre a
natureza rural do imóvel usucapiendo, nos termos da Instrução
Normativa Incra n. 82/2015 e da Nota Técnica Incra/DF/DFC n. 2/2016,
expedida até trinta dias antes do requerimento.

Ainda, cabe expor que na eventualidade de que o documento exigido pelo art.
4º, inc. II do referido Provimento siga ausente das assinaturas necessárias, serão os
autores destas, conforme art. 10º do Provimento em tela, notificados pelo oficial de
registro de imóveis ou de registro de títulos e documentos para consentirem no
prazo de 15 (quinze) dias, sendo o silêncio considerado anuência tácita, bem como
podendo ser realizado procedimento de justificação administrativa para sanar
quaisquer pendências.

Por fim, o prosseguimento da demanda pela via extrajudicial não impõe


qualquer prejuízo à via judicial, consoante art. 2º, caput e art. 17, § 3º do Provimento
supracitado.

CONCLUSÃO:

Tendo em vista a posse mansa e pacífica dos 2 (dois) imóveis rurais anexos,
totalizados em 20.000m², bem como a boa-fé com a qual sempre conduziu e até os
dias atuais permanece a posse do solicitante (inclusive trabalhando na localidade
ativamente), ainda que tenham sido adquiridos mediante contrato de compra e
venda de terceiro que não era proprietário e, portanto, não possuía a capacidade de
dispor e alienar, poderá em breve ingressar com requerimento extrajudicial de
usucapião.

É importante esclarecer que o requerimento deve ser efetuado por advogado


dotado de poderes outorgados pelo solicitante ou defensor público constituído e
estar acompanhado da documentação minuciosamente explicada anteriormente.

Por derradeiro, cabe esclarecer que o contido no presente texto se trata de


expectativa de direito e não garantias, pois que somente adquirirá o direito à
usucapião o solicitante no ano de 2025, quando completar 5 anos de ininterrupta
posse de boa-fé, mansa e pacífica, devendo continuar a cuidar dos terrenos como
se dono fosse.

É o parecer jurídico.

Bom Despacho/MG, 07 de junho de 2023.

Advogado

OAB/MG XXX.XXX

ANEXO I:
ANEXO II:
ANEXO III:
Parecer jurídico: nº 00001
Requerente: Vilma Helena Martins Frutuoso

Ementa: TURBAÇÃO.DIREITO CIVIL.PERTURBAÇÃO DO DIREITO DA POSSE.


PROPRIEDADE.

1. Relatório:

Vilma Helena Martins Frutuoso, no dia 22 de maio de 2022, solicitou parecer


jurídico com análise sobre as eventuais infrações à legislação de turbação na
implementação de uma cerca pelo seu vizinho na localidade do terreno rural que
bloqueia o acesso á parte inferior do seu terreno, que foi feita sem permissão para o
uso do seu gado. Trouxe, para a elaboração do parecer, os documentos tais,
apresentados em anexo (anexos I, II, III, IV) e questionou, tendo em vista a
legislação sobre o tema, a favorabilidade pelo uso do seu terreno

2. Fundamentação:

O art. 1.210, § 1o do Código Civil, assim estabelece:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de


turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se
tiver justo receio de ser molestado.

§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se


por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de
desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição
da posse.

O autor deve entrar com a ação de manutenção de posse, para proteger a


propriedade de uma possível invasão por terceiros que poderá causar um futuro
esbulho, devendo a posse ser exercida pelo titular de forma mansa e pacífica.

Os art. 560 ao art. 566 do Código de Processo Civil, assim estabelece:


Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e
reintegrado em caso de esbulho.

Art. 561. Incumbe ao autor provar:


I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a
perda da posse, na ação de reintegração.

Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem
ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de
reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente
o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será
deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos
respectivos representantes judiciais.

Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir


mandado de manutenção ou de reintegração.

Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de


reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação
do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para
contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida
liminar.

Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a


turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o
juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá
designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que
observará o disposto nos §§ 2º e 4º.
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um)
ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de
mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo.
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a
Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de
gratuidade da justiça.
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença
se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da
União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área
objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se
manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de
possibilidade de solução para o conflito possessório.
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.

Art. 566. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento comum.


É uma ação de procedimento especial, deve ser ajuizada através de uma
petição inicial por um advogado especialista, que indicará na mesma todos os
acontecimentos, a comprovação de turbação por terceiros na mesma, além de
provar que o autor tem a posse da mesma.

O pedido pode ser cumulado com pedido de danos morais, além de que o juiz
pode estipular formas de evitar que novas turbações sejam realizadas na
propriedade.

TURBAÇÃO. DIREITO CIVIL. PERTURBAÇÃO DO DIREITO DA POSSE.


PROPRIEDADE.

3. Conclusão:

Diante do exposto, entende-se que decorre da prática de atos abusivos que


podem afrontar direitos ensejando o impedimento do livre exercício da posse, sem,
contudo, causar o efeito perda, violaria tais fundamentos, indo de encontro à
doutrina e jurisprudência pacífica, motivo pelo qual este parecer mostra-se favorável
ao solicitado pela requerente.

É o parecer.

Bom Despacho/MG, 07 de junho de 2023.

Advogado

OAB/MG XXX.XXX
ANEXO I:
ANEXO II:
ANEXO III:
ANEXO IV:

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