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CIVIL
APLICADA II
Introdução
O direito de propriedade tem a sua origem no Direito romano, que o ca-
racterizava como um negócio jurídico em que havia o intuito da aquisição
de um bem e da sua posterior transferência. Em Roma, essa transferência
acontecia por tradição e usucapião, que não garantiam a transferência
efetiva do domínio por meio de título. O Código Civil brasileiro se baseou
nos métodos romanos para a construção dos dispositivos acerca da
propriedade, definindo todos os parâmetros necessários para aquisição
e perda, tanto na condição de bem móvel quanto imóvel.
Neste capítulo, você vai estudar as formas de aquisição e perda da
propriedade, cuja importância é estabelecida pelo ordenamento do
direito de propriedade e por outros ramos do direito. Você também vai
estudar casos relacionados à perda da propriedade, como aqueles em
que a propriedade poderá ser extinta em razão de condição resolutiva,
isto é, propriedade resolúvel. Ainda sob esse prisma, você vai explorar
os casos em que o bem permanecerá em posse do devedor, enquanto
a propriedade pertencerá ao credor, para poder garantir a dívida em
caso de descumprimento, como é o caso da alienação fiduciária. Por fim,
você vai aprender o que é e quais são os efeitos da promessa de compra.
318 Aquisição e perda da propriedade
por usucapião;
por registro de título;
por acessão.
1. posse;
2. tempo;
3. animus domini.
Art. 1.049 Sempre que a lei remeter a procedimento previsto na lei processual
sem especificá-lo, será observado o procedimento comum previsto neste Código.
Parágrafo único. Na hipótese de a lei remeter ao procedimento sumário, será
observado o procedimento comum previsto neste Código, com as modificações
previstas na própria lei especial, se houver.
usucapião;
ocupação;
achado do tesouro;
tradição;
especificação;
confusão, comistão e adjunção.
Art. 1.233 Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono
ou legítimo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se
não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. (BRASIL,
2002, documento on-line).
Art. 1.267 A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos
antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua
a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito
à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o
adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
326 Aquisição e perda da propriedade
Esta tradição pode se dar de três formas: real, ficta e simbólica. Será
considerada real a coisa entregue de maneira efetiva ao adquirente, como a
compra de uma calça em uma loja. Já na tradição ficta, não ocorrerá a efetiva
transferência, somente de forma fictícia, como nos casos em que o sujeito já
possui a coisa. Por fim, a tradição simbólica ocorre a entrega um símbolo ou
sinal, como as chaves de uma casa.
Existem ainda outras formas de tradição, como as previstas por Santos (1937):
De acordo com Manssur (apud GONÇALVES, 2017), a aquisição a non domino é negócio
inexistente ante o verdadeiro proprietário. Porém, por questão de equidade e pela
boa-fé do adquirente, se aquele vem a ratificá-la, ou se o alienante se torna proprietário,
fica convalescido o ato. Lembrando-se de que, para ser válida a alienação, pressupõe-
-se a existência da boa-fé do adquirente, para então a propriedade ser adquirida por
aquele que se apresentava como o dono da coisa.
De acordo com os arts. 1.270, §2, e 1.271 do Código Civil, mesmo que
a realização ocorra por má-fé, a propriedade é concedida ao especificador,
sujeitando-o a indenizar o valor da matéria-prima acrescido de perdas e danos.
Perda da propriedade
O art. 1.275 do Código Civil trata sobre as possibilidades da perda da proprie-
dade móvel ou imóvel, por:
alienação;
renúncia;
abandono;
perecimento da coisa;
desapropriação.
Modos de constituição
Ainda podem existir outros elementos, contanto que estejam de acordo com
o instituto da alienação fiduciária.O contrato também precisa ser registrado
junto ao cartório de títulos e documentos para a sua constituição; desse modo
é conferida existência legal à propriedade fiduciária, garantindo seus efeitos
contra todos (erga omnes).
Ocorrendo o cumprimento do previsto no contrato de alienação fiduciária,
conforme todos os seus termos, a propriedade superveniente será adquirida
pelo devedor possuidor direto (fiduciante), sendo a sua transferência eficaz
de pleno direito, conforme o que prevê o art. 1.361 do Código Civil, no § 3º. É
importante esclarecer que, conforme o art. 1.363 do Código Civil, o possuidor
direto pode utilizar o bem que foi objeto da alienação, desde que de acordo
com a destinação da coisa alienada.
Do inadimplemento
Do pacto comissório
Conceito e características
É uma promessa irretratável de compra e venda, na qual o promitente vendedor
se obriga a vender ao compromissário comprador determinado imóvel, por
preço e condições que foram convencionadas, entregando a escritura definitiva
após o adimplemento da obrigação.
O compromissário comprador fica obrigado a pagar o preço e a cumprir
as condições que foram estabelecidas na promessa de compra e venda. Além
disso, por consequência, irá adquirir o direito real sobre o imóvel, podendo
reclamar que a escritura definitiva lhe seja outorgada, caso se recuse o pro-
mitente vendedor.
A promessa de compra e venda é similar ao contrato preliminar de venda,
pois, de maneira prática, seu efeito é postergar a transferência do domínio do
bem compromissado até que ocorra o adimplemento total do valor.
No referido contrato, devem estar presentes os elementos característicos
do gênero compra e venda — coisa, preço e consentimento (GONÇALVES,
2017) —, somados à promessa de transmissão da propriedade. Trata-se de
um direito real, pois quem adquire utiliza a coisa e pode dispor do direito
por meio da cessão.
De acordo com Gonçalves (2017, p. 360), o compromissário comprador
“desfruta, ainda, da sequela, podendo reivindicar a coisa em poder de quem
quer que a detenha — o que é apanágio do direito real. Pode, também, opor-se
à ação de terceiros que coloquem obstáculos ao exercício do direito, havendo
oponibilidade erga omnes — igualmente, um dos atributos dos direitos reais”.
Orlando Gomes (apud GONÇALVES, 2017, p. 360-361) considera o com-
promisso de compra e venda como um novo direito real, que “se reduziria à
simples limitação do poder de disposição do proprietário”. Ainda de acordo com
o jurista, a promessa não se configura como um direito real de gozo, mesmo
que o direito do compromissário comprador se pareça com o domínio útil.
Silva Pereira (apud GONÇALVES, 2017) também entende a promessa de
compra e venda como um direito real novo, que segue as suas características,
devendo possuir um lugar à parte na classificação dos direitos reais.
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