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802 – PF-II – 28-5-2020 – EXERCÍCIO - PROF.

MAURO LÚCIO

ALUNO(A)_Ramon Xavier Teixeira Drumond

CASO PRÁTICO – ENTREGA PELA E-MAIL AO FINAL DA AULA.

Policarpo Quaresma comparece ao seu escritório, tendo obtido informações de que você
era um bom advogado, relatando que está morando juntamente com a sua família e
outras dez famílias, em uma área urbana, na periferia de Timóteo, Bairro Timirim, com
área total de 11.000m2, sendo que cada família ocupa uma área sem delimitação. Narra
que moram na área há oito anos, com edificação de suas casas, hortas coletivas, jardins
coletivos e um dos moradores Santiago Dantas, além da casa, possui um comércio de
uma pequena mercearia, há sete anos, tendo todos os imóveis ligação de água e energia
elétrica. Que ninguém, até então jamais havia reclamado a área. Tomaram
conhecimento de que o imóvel pertence a José Rico e o mesmo iria tomar medidas
judiciais próprias para reaver o imóvel.

A consulta é no sentido de saberem se há algum tipo de medida que possa ser feita para
regularização do imóvel, se pode ser ajuizada imediatamente ou teria que esperar mais
algum tempo, quem deve ser o autor ou autores da eventual ação a ser proposta, se
teria ou não que indenizar o proprietário e que defesa teria caso ele ajuíze alguma
medida antes que eles logrem êxito no ajuizamento da ação judicial.

A consulta deverá ser respondida de forma ampla, com indicação dos fundamentos
legais.

1. Poderia ajuizar alguma ação? Qual o tipo de ação e qual a fundamentação


jurídica?
Sim, Podemos usar a Usucapião Especial Urbana coletiva (art. 10, Lei 10.257/01)
Reza o art. 10 da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade):

“As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados,


ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos
ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
urbano ou rural.”
Portanto, são os requisitos para a concessão da usucapião especial urbana
coletiva:

Área urbana com mais de 250m2.


Ocupação por população de baixa renda que façam do imóvel sua moradia
habitual.
Posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 5 (cinco) anos.
Não possibilidade de identificação da área ocupada por cada possuidor.
Não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
2. A ação seria proposta contra José Rico somente ou contra ele e sua esposa?

Contra ele e sua esposa de acordo com o artigo Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art.
1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da
separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar
futura meação.
3. Qual o juízo competente para a ação?

Juízo competente será Timóteo, devido a localização do objeto da ação está logrado na
cidade de Timóteo.

4. Qual o pedido deve ser formulado nessa ação?

Pedido de usucapir o imóvel, atendendo os requisitos necessários.

5. Teriam ou não que indenizar o proprietário?

Não cabe indenização neste caso concreto, pois é uma usucapião atendendo todos os
requisitos necessários, e não uma desapropriação do imóvel.

6. Que defesa teriam caso o proprietário ajuizasse alguma medida antes?

Poderia ser uma defesa sobre os interditos proibitórios, pois provavelmente o


proprietário entraria com um dos instrumentos dos interditos proibitórios com uma
medida cautelar.

Fonte de Pesquisa: Art. 1.228 do CC/2002 e art. 10 e seguintes do Estatuto da Cidade:


Lei No 10.257, de 10 de julho de 2001,que Regulamenta os arts. 182 e 183 da
Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras
providências.

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