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21/03/2024, 18:43 Modelo de petição de usucapião ordinário - Jus.com.

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PETIÇÃO USUCAPIÃO ORDINÁRIO


MODELO PETIÇÃO USUCAPIÃO ORDINÁRIO

PETIÇÃO USUCAPIÃO ORDINÁRIO. MODELO PETIÇÃO


USUCAPIÃO ORDINÁRIO

Filipe Borges de Almeida

Publicado em 04/2019. Elaborado em 04/2019.

As ações que envolvem direito real são frequentemente


utilizadas por advogados no dia a dia da profissão. Elaborar
uma boa peça é de extrema importância, tendo em vista a
quantidade de dados que devem estar expressos na petição
inicial.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DE


JUSTIÇA DA COMARCA DE XXXXXXXXX

FULANO DE TAL, brasileiro, casado, empresário, inscrito no CPF/MF sob nº


XXXXXXX e portador da Cédula de Identidade XXXXXXX , e sua mulher
FULANA DE TAL, brasileira, secretaria, inscrita no CPF/MF nº XXXXXXX, e
portadora da CI/RG XXXXXXXXX, casados sob o regime de Comunhão Parcial de
Bens, conforme certidão de casamento em anexo, ambos residentes e domiciliados
à Rua XXXXXX, por intermédio de seus advogados, com procurações em anexo,
vem respeitosamente, à presença de Vossa e Excelência, propor AÇÃO DE
USUCAPIÃO ORDINÁRIA com fulcro no art. 1.242 do CC, sob imóvel
localizado na zona Rural de Caririaçu-CE. Pelos fatos e fundamentos que a seguir
expõem:

I - DOS FATOS

Os autores possuem o imóvel, localizado no Município de XXXXX, que foi


adquirido da Sra. DONA MARIA em XXXXX, conforme CONTRATO DE
COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL, em anexo. O referido

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imóvel, que tinha como antiga proprietária a Sra. DONA MARIA, fora adquirido
pela mesma na data de XXXXXX, conforme ESCRITURAS PARTICULARES DE
COMPRA E VENDA, em anexo.

O contrato de compromisso de compra e venda firmado entre os autores e a antiga


proprietária foi quitado por meio do Recibo de Quitação de Divida, documento
colocado em anexo, que foi assinado pela Sra. XXX na data de XXXXXX
desonerando o referido imóvel de qualquer obrigação econômica que havia
anteriormente entre as referidas partes contratuais.

Os autores em momento algum tiveram ciência de que não eram donos do referido
imóvel, tendo, inclusive, duas escrituras particulares de compra e venda em anexo
que a antiga possuidora possuía para comprovar que o imóvel lhe pertencia,
buscando agora através desta ação a escrituração pública do imóvel, tendo em
vista que apenas o registro público em cartório é capaz de transferir reconhecer a
propriedade de bem imóvel, como denota o artigo 108 do CC:

“Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é


essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição
,transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de
valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

II - DO DIREITO

A ação tem como natureza a declaração de direito estabelecido pelo magistrado,


que é o que requer nesse momento, a declaração de direito de posse e propriedade.
Até por que os autores compraram o imóvel, do qual se tornaram possuidores.
Segundo artigo 1241, do Código Civil, eis que:

“Art. 1.241: Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada


adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel.

Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá


título hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.”

Assegura o art. 1.242 do CC que adquirirá a propriedade do imóvel, mediante


usucapião na modalidade ordinária, a situação fática que apresentar a junção de
alguns elementos fundamentais, quais sejam: posse mansa, pacífica e ininterrupta
de um determinado imóvel; lapso temporal de 10 (dez) anos, e ainda a constatação
de que o possuidor esteja agindo de boa-fé e tenha a seu favor um justo título.

a) Da posse mansa e pacifica

Enquanto seu, período que compreende entre XX de Fevereiro do ano de XXX a


XX de Janeiro do ano de XX (Oito anos, onze meses e quinze dias), a senhora
DONA MARIA exerceu posse mansa e pacifica, além de ininterrupta sob o referido

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imóvel, zelando e cuidando do mesmo, com “animus” de proprietária. Requisitos


legais para presente ação.

Os autores nunca sofreram qualquer tipo de contestação ou impugnação por parte


de quem quer que seja, sendo a sua posse, portanto, mansa, pacífica, e
ininterrupta durante o período compreendido entre XX de XXX do ano de XX até
esta data (XXX DE XXXX DE XXXX), totalizando um ano, um mês e onze dias de
posse. Ressalta-se que os autores, desde que entraram para o imóvel, agiram como
se fossem os proprietários.

Os autores em momento algum tiveram ciência de que não eram donos do referido
imóvel, tendo, inclusive, duas escrituras particulares de compra e venda em anexo
que a antiga possuidora possuía para comprovar que o imóvel lhe pertencia,
buscando agora a escrituração pública do imóvel, tendo em vista que apenas o
registro público em cartório é capaz de transferir reconhecer a propriedade de bem
imóvel, como denota o artigo 108 do CC:

“Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é


essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de
valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

b) Da transferência do tempo de posse

O imóvel foi prometido a venda para o Sr. FULANO DE TAL e sua esposa a Sra.
FULANA DE TAL conforme CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA E
VENDA DE IMÓVEL datado no dia XX de XXXXX do ano de XXXX, em anexo.

O artigo 1.243 do Código Civil vigente, denota acerca do “acessio possesionis”,


instrumento jurido que permite a soma das posses para formação de requisito
necessário à presente ação, como podemos verificar:

“ Art. 1.243: O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido


pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus
antecessores (Art. 1.207), contanto que todas sejam continuas, pacificas e
, nos casos do art. 1.242, com justo titulo e de boa fé.

Na presente ação os autores possuem o imóvel desde a data de XX de XXXX do


ano de XXXX, contabilizando até a data presente ( XX de XXX do ano de XXXX),
totalizando um período de posse de UM ANO, UM MÊS E DEZOITO DIAS, que
somados ao período de posse de DONA MARIA, período compreendido entre XX
de XXXXX do ano de XXXX até a data da venda aos autores desta, dia XX de
XXXX do ano de XXXX, totalizando um período de posse de OITO ANOS, ONZE
MESES E QUINZE DIAS, representando após o exposto um tempo total de Posse
de DEZ ANOS, UM MÊS E TRÊS DIAS, requisito legal para a presente ação.

c) Do justo titulo e boa fé

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Como ressaltado anteriormente os autores até a presente data não tiveram ciência
de qualquer ônus que recaia sobre o imóvel, estabelecendo inclusive, um ponto de
energia elétrica tendo como titular o Sr. FULANO DE TAL(Documento de
Comprovação em anexo) que vai facilitar obras futuras no imóvel.

Trata-se da usucapião ordinária na forma originária de aquisição da propriedade,


pois inexiste a transmissão da propriedade do antigo proprietário para o
usucapiente, denota-se que sobre o referido imóvel inexiste escrituração pública
em cartório, conforme certidão negativa de registro público emitida pelo Cartório
XXXXXXX de XXXXX, na data de XX de XXXX do ano de XXXX.(Documento em
anexo)

Importante, pois, verificar a existência do requisito do justo titulo, nas escrituras


particulares que transmitem o imóvel para a antiga possuidora – Sra DONA
MARIA - emitidas na data de XX de XXXX do ano de XXXX, bem como o contrato
de compromisso de compra e venda pactuado entre esta e os autores desta ação na
data de XXX de XXX do ano de XXX. Salienta-se que aquele que possui um justo
título, tem a seu favor a presunção de que é possuidor de boa-fé, conforme
determina o art. 1.201, parágrafo único, do CC:

“Art. 1201. É de boa fé a posse, se o possuidor ignora o vicio, ou o


obstáculo que o impede a aquisição da coisa.

Paragrafo Único: O possuidor com justo titulo tem por si a presunção


de boa fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não
admite esta presunção.

A jurisprudência também anuncia os requisitos indispensáveis para a configuração


da ação de usucapião ordinária e esclarece, ainda, a conceituação do que seria
justo título, conforme julgados do TJ/MG:

APELAÇÃO CÍVEL - USUCAPIÃO ORDINÁRIO - REQUISITOS


PREENCHIDOS - PROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL. Para o
reconhecimento da prescrição aquisitiva delineada pelo artigo 551 do
antigo Código Civil erigem-se como requisitos a) posse mansa, pacífica, e
ininterrupta, exercida com intenção de dono; b) decurso do tempo de dez
anos entre presentes, ou de quinze anos entre ausentes; c) justo título,
mesmo que este contenha algum vício ou irregularidade; e boa-fé. Justo
título não quer dizer título perfeito. É qualquer fato jurídico apto à
transmissão de domínio, ainda que não registrado. A ação de usucapião
compete também ao possuidor a non domino. (Número do processo:
2.0000.00.446409-7/000 1 Relator: DOMINGOS COELHO Data do
acordão: 23/02/2005. Data da publicação: 05/03/2005).

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III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer que a ação seja julgada PROCEDENTE, concedendo à


Requerente o domínio útil do imóvel em questão, declarando por sentença a posse
e o domínio do imóvel, bem como:

1. Que seja citada a qualquer momento a antiga possuidora do imóvel a ser


usucapido a fim de esclarecer eventuais questões que se originem no decurso
processual

2. Que, nos termos do artigo 246 II do CPC, sejam citados todos os confrontantes,
por oficial de justiça, nos termos do artigo 246 § 3º do CPC, para querendo,
contestem a presente ação, oferecendo a resposta que tiverem, no prazo legal a ser
fixado pelo juizo, sob pena de não o fazendo, presumirem-se aceitos como
verdadeiros os fatos alegados na peça exordial, conforme estabelece o artigo 218 §
1º do CPC;

3. Que sejam intimados, por via postal, os representantes da Fazenda Pública da


União, Estados, Distrito Federal e Municípios para que manifestem eventuais
interesses na causa.

4. A citação dos réus certos e incertos e terceiros interessados, por Edital (art. 221,
III CPC), para querendo, contestarem a presente ação, oferecendo a resposta que
tiverem, no prazo legal de 15 dias, sob pena de não o fazendo, presumirem-se
aceitos como verdadeiros os fatos alegados na peça exordial.

5. A intimação do Ministério Público, cuja manifestação se faz obrigatória no


presente feito, conforme manda o artigo 178 inciso I do CPC.

6. Que a sentença seja transcrita no registro de imóveis, mediante mandado, por


constituir esta, título hábil para o respectivo registro junto ao Cartório de Registro
de Imóveis, de acordo com o art. 945 do CPC c/c com art. 1.241, parágrafo único
do Código Civil.

IV. DAS PROVAS

Pretendem os Requerentes provarem suas argumentações fáticas, por toda e


qualquer forma de prova permitida legalmente, dando ênfase a forma documental,
apresentando, desde já, os documentos acostados à peça exordial, protestando
pela produção das demais provas que eventualmente se fizerem necessárias no
curso da lide.

Atribui-se à causa o valor de R$ XXXXX (VALOR DO BEM).

Nestes termos,

Requer deferimento.

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XXXX-CE, XX de XXXX de XXXX

ADVOGADO

OAB XXXX

Autor

Filipe Borges de Almeida

Advogado, inscrito na OAB/CE, pós graduando em Processo


Civil.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelo autor. Sua divulgação não depende de
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