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AÇÃO DE USUCAPIÃO
DOS CONFRONTANTES:
O imóvel usucapiendo tem como confrontantes:
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA:
Os autores são assistidos pelo Núcleo de Prática Jurídica da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro e não possuem meios para o pagamento das
custas e de honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento,
demonstrando sua hipossuficiência através dos documentos em anexo
(Declaração de IRPF), motivo pelo qual vem requerer os benefícios da
gratuidade de justiça nos termos do art. 98 do CPC.
DOS FATOS:
Cumpre informar que os autores ajuizaram, no ano de 2009, ação de
usucapião do mesmo imóvel objeto da presente demanda, inicialmente perante
a Justiça Estadual, registrada sob o n.º 0000254-61.2009.8.19.0063
(2009.063.000298-4), cuja competência fora posteriormente declinada para a
Justiça Federal, registrada sob o nº. 0500141-58.2017.4.02.5113, entretanto a
ação foi extinta por inércia no cumprimento de decisão judicial que determinava
a adequação do polo passivo para seu devido prosseguimento, motivo pelo
qual os autores não têm outra alternativa a não ser ajuizar novamente ação a
fim de obterem a declaração de sua propriedade sobre o referido imóvel.
Os autores residem há mais de 30 anos no imóvel rural denominado Sítio Porto
Velho, com área total de 295.856,73 m² (29,59 hectares), cuja propriedade é
registrada em nome do réu Agostinho Miguel Gomes, exercendo desde então a
posse mansa, pacífica e ininterrupta, com animus domini, sem que houvesse
qualquer contestação, impugnação ou oposição por parte de terceiros ou
mesmo do réu, sendo certo que o imóvel usucapiendo é utilizado para, além de
única moradia dos autores, a produção rural (produção leiteira) da qual os
autores auferem sua única fonte de renda para o sustento de sua família, fatos
esses que lhes garantem a aquisição da propriedade e serão corroborados
pelo conjunto probatório anexo à presente peça inaugural, bem como pela
produção superveniente de todas as provas admitidas em direito.
DO DIREITO:
Os Autores satisfazem os requisitos à prescrição aquisitiva aplicável ao imóvel
desta petição por meio da Usucapião – modo autônomo de aquisição da
propriedade móvel e imóvel mediante a posse qualificada da coisa pelo prazo
legal. Neste viés, os autores detêm a posse da coisa como sua, sem
interrupção, nem oposição "cum animus domini", sem oposição do réu
proprietário registral durante o lapso temporal da prescrição aquisitiva da
usucapião daqueles e extintiva desse, buscando-se assim cumprimento à
função social da propriedade previsto no ART. 5°, XXIII da CF/88.
Ademais, por ser imóvel rural e ter se tornado produtivo pelo usucapiente e ser
fonte econômica primária de subsistência da família e local de sua residência
que foi construída pelos mesmos, aplicando-se assim também à lide à
usucapião especial rural (constitucional pro labore), conforme disposto no ART.
191 da CRFB/88 e ART. 1239 CC/2002, os quais preveem 5 anos para a
prescrição aquisitiva com os pressupostos do usucapiente não possuir outro
imóvel urbano ou rural, o que se aplica à família suplicante.
Usucapião especial rural (pro labore), conforme art. 1.239 do CC/02:
Art. 1.239 - Aquele que, não sendo proprietário de imóvel
rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural
não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva
por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
Portanto, mais uma vez é notório que os Requerentes têm por direito e
totalmente amparado em lei que o bem é de fato seu, configurando assim a
aquisição da propriedade do bem usucapiendo. No que resta comprovado
nesta petição por um farto conjunto probatório composto por:
1- Comprovantes de pagamento do imposto territorial rural (ITR), que provam o
justo período da prescrição aquisitiva;
2 - Fotos da família morando e progredindo cronológica e temporalmente no
imóvel;
3 - Benfeitorias;
4 - Recibos diversos como Luz, Telefone e outros;
5 - Relatórios de fornecimento da produção leiteira à cooperativa de
produtores; comprovantes vacinais do rebanho;
6 - Documento de certidão (citação extrajudicial de FURNAS CENTRAIS
ELÉTRICAS) que reconhece por esse órgão federal a legitimidade de
"titularidade" da posse precária do imóvel,fazendo jus ao recebimento de
indenização pelos FRUTOS do imóvel –já pagos ao casal pelo órgão federal –.
7 - Oitivas e ou, declarações dos vizinhos e confrontante.
Buscando repisar na doutrina e na jurisprudência acerca da fundamentação à
petição temos:
No ensino sobre a Usucapião especial rural (pro labore) Caio Mário da Silva
Pereira diz:
“As características fundamentais desta categoria especial
de usucapião baseiam-se no seu caráter social. Não
basta que o usucapiente tenha a posse associada ao
tempo. Requer-se, mais, que faça da gleba ocupada a
sua moradia e torne produtiva pelo seu trabalho ou seu
cultivo direto, garantindo desta sorte a subsistência da
família, e concorrendo para o progresso social e
econômico. Se o fundamento ético da usucapião
tradicional é o trabalho, como nos parágrafos anteriores
deixamos assentado, maior ênfase encontra o esforço
humano como elemento aquisitivo nesta modalidade
especial. (PEREIRA, 2017, p. 152)”
DOS PEDIDOS:
1) Requer sejam concedidos os benefícios da gratuidade de justiça;
2) Requer a citação do réu agostinho por edital;
3) Requer a intimação dos confrontantes para tomar ciência da ação de
usucapião;
4) Requer seja declarada a aquisição da propriedade por usucapião do
imóvel rural.