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HISTÓRIA DO cRISTIANISMO

CRISTIANISMO ANTIGO II

unidade 3

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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO - unidade 3
CRISTIANISMO ANTIGO iI

SUMÁRIO

3.1 - Introdução ....................................................................................................................................... 03

3.2 - O Cristianismo e o Poder Imperial ............................................................................................... 03

3.2.1 - Perplexidade ................................................................................................................................ 03

3.2.2 - Intolerância .................................................................................................................................. 05

3.2.3 - Tolerância .................................................................................................................................... 07

3.2.4 - Favorecimento Pessoal .............................................................................................................. 08

3.3 - O Crescimento do Cristianismo .................................................................................................. 09

3.3.1 - Comprometimento .................................................................................................................... 10

3.3.2 - Superioridade ............................................................................................................................ 10

3.3.3 - Amor ............................................................................................................................................ 11

3.3.4 - Mulheres ..................................................................................................................................... 12

3.3.5 - Constantino ................................................................................................................................ 12

3.4 - O Cristianismo e a Decadência do Império Romano ............................................................... 12

3.4.1 - Razões Econômicas ................................................................................................................... 14

3.4.2 - Razões Morais ............................................................................................................................ 14

3.4.3 - Razões Logísticas ....................................................................................................................... 14

3.4.4 - Razões Religiosas ....................................................................................................................... 14

3.4.5 - Razões Demográficas ................................................................................................................ 15

3.5 - Interpretações para a queda de Roma ...................................................................................... 15

3.5.1 - Primeira Interpretação ............................................................................................................. 15

3.5.2 - Segunda Interpretação ............................................................................................................. 15

3.5.3 - Terceira Interpretação .............................................................................................................. 16

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................... 17

GLOSSÁRIO .............................................................................................................................................. 17

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1. 3.1 INTRODUÇÃO com os cristãos variou muito desde as


primeiras comunidades cristãs no início dos
Quando Jesus nasceu, sua terra natal anos 30 d.C. até as invasões bárbaras que
era governada por um tirano, Herodes, o levaram à decadência do lado ocidental do
Grande, que era um afilhado político do Império Romano por volta de meados do
imperador romano Otávio Augusto. Seus século V d.C.
filhos, Herodes Antipas, Arquelau e Filipe
também foram reis – governadores das Cristianismo, uma religião abraâmica
províncias romanas que compunham a monoteísta centrada na vida e nos
Palestina, Judeia, Samaria e Galileia. O ensinamentos de Jesus, tais como são
Império Romano, às vezes, adotava uma apresentados no Novo Testamento.
política de governo de suas províncias através
da utilização de governantes provenientes Portanto, podemos perceber quatro
dos povos dominados. Era uma maneira diferentes atitudes, às vezes alternadas,
de manter a paz, utilizando um traidor do às vezes sucessivas, que os diversos
povo como sustentáculo do regime. Outras representantes do poder romano –
vezes, por outras circunstâncias, Roma governadores, procuradores, magistrados,
mandava um cidadão romano para ser o juízes, dentre outros – desenvolveram em
governador ou procurador, por exemplo, relação ao Cristianismo e aos cristãos:
Pôncio Pilatos, Marco Antônio Felix e Pórcio perplexidade, intolerância, tolerância e
Festo, contemporâneos dos apóstolos. Os favorecimento pessoal.
nomes podiam variar e até sucederem-se
rapidamente, mas a política imperial era a 3.2 Perplexidade
mesma: dominar através do uso da violência,
manter a paz pela utilização massiva e
A primeira atitude desenvolvida foi de
presente de legiões de soldados romanos
total perplexidade, ou seja, os romanos
e cobrar altos impostos da população local
desconheciam o que era o Cristianismo e o
dominada. que significava ser cristão. Aproximadamente
na década de 30 d.C., Lucas narrou diversos
acontecimentos que, de alguma forma,
colocaram os cristãos frente a frente com o
poder romano. Inicialmente, os governantes
não conseguiam discernir os cristãos como
autônomos em relação ao Judaísmo. O
Cristianismo era considerado uma seita
judaica, e como tal, sofria o que os judeus
sofriam. Com o decorrer dos anos e com os
tumultos provocados pelas perseguições
movidas por outros grupos do Judaísmo,
os cristãos começaram a se distanciar dos
“O rei Herodes” judeus, mas não se desligando de suas raízes
judaicas.
3.2 CRISTIANISMO E PODER IMPERIAL
Judaísmo, uma das três principais re-
Desde seu início, o Cristianismo esteve em ligiões abraâmicas, definida como a
tensão com a política do Império Romano: “religião, filosofia e modo de vida” do
Jesus foi morto como um rebelde, Paulo povo judeu.
e Pedro morreram em Roma pelas mãos
do Império, e outras perseguições se O Império era bastante tolerante em matéria
sucederam a cristãos, em sua maior parte, de fé religiosa. Porém, era bastante duro
desconhecidos. Porém, a relação do Império em relação à fidelidade política. Quaisquer

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deuses ou divindades eram normalmente I. Em primeiro lugar, o Cristianismo era consi-


acrescentados ao panteão greco-romano. derado uma “superstição daninha”. Na épo-
Por isso, era muito difícil para os governantes ca, isto significava que eles eram uma religião
romanos compreenderem a resistência dos não lícita, isto é, não legitimada pelo Império
cristãos em prestar culto ao Imperador. Se Romano. Portanto, ao invés de seguirem al-
os dominadores do mundo respeitavam os gumas das religiões aprovadas por Roma – e
deuses dos povos dominados, porque um havia várias, inclusive o Judaísmo –, os cris-
pequeno grupo de pessoas dentro de uma tãos preferiam seguir uma superstição ilícita.
religião tolerada – o Judaísmo – resistia em
prestar uma atitude de civismo em relação II. Em segundo lugar, os cristãos eram acusa-
ao Império? dos de praticarem abominações que, ape-
sar de não serem qualificadas e explicitadas,
Nero (54-68 d.C.) foi o primeiro imperador demonstravam que suas práticas religiosas,
a deliberadamente perseguir os cristãos, quaisquer que fossem, eram condenáveis.
acusando-os de provocarem um incêndio em
Roma, e executando os primeiros mártires. III. Em terceiro lugar, Tácito efetuou uma refe-
Tácito, antigo historiador romano, descreveu rência a Jesus, pois os cristãos seriam “se-
este acontecimento: guidores de todas as coisas atrozes e abo-
mináveis que chegam desde os rincões do
Apesar de todos os esforços humanos, da mundo”, uma clara desqualificação de Cristo,
liberalidade do imperador e dos sacrifícios executado por um oficial romano como um
oferecidos aos deuses, nada bastava rebelde anti-romano.
para apartar as suspeitas nem para
destruir a crença de que o fogo havia sido IV. Em quarto lugar, a condenação dos cristãos
ordenado. Portanto, para destruir este era justificada não tanto pelo acontecimen-
rumor, Nero fez aparecer como culpados to em si, o incêndio de Roma, “mas sim pelo
os cristãos, uma gente odiada por todos seu ódio à raça humana”. Muitos cristãos que
por suas abominações, e os castigou com moravam em Roma foram condenados à
mui refinada crueldade. Cristo, de quem morte. Nero pôde transferir a culpa do incên-
tomam o nome, foi executado por Pôncio dio, que ele mesmo provocou, a um grupo
Pilatos durante o reinado de Tibério. que habitava alguns bairros da cidade, cuja
Detida por um instante, esta superstição população, em essência, conhecia pouco de
daninha apareceu de novo, não somente suas práticas.
na Judéia, onde estava a raiz do mal, mas
também em Roma, esse lugar onde se Em resumo, todas as acusações eram vagas
narra e encontram seguidores de todas porque demonstram que tanto a fé quanto a
as coisas atrozes e abomináveis que prática dos cristãos em Roma eram ignoradas
chegam desde os rincões do mundo. pela elite governamental e pela população
Portanto, primeiro foram presos os que em geral. O desconhecimento gerava a
se confessaram [ser cristãos], e baseadas boataria popular que possibilitou o fato de
nas provas que eles deram foi condenada eles se tornarem “bodes expiatórios” do
uma grande multidão, ainda que não os imperador.
condenaram tanto pelo incêndio mas
sim pelo seu ódio à raça humana (apud Assista ao vídeo O Incêndio
COMBY, 1987, p. 48). de Roma – Ano 60 D.C.:
https://www.youtube.com/
Algumas características atribuídas aos watch?v=rsHOwvBay2w
cristãos e ao Cristianismo por Tácito revelam
como estes eram percebidos, nas primeiras Durante o governo de Trajano (97-117 d.C.),
décadas do segundo século, pelos romanos: uma correspondência enviada ao imperador
por Plínio, procônsul da província da Bitínia,

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demonstra, também, a perplexidade do daqueles que foram denunciados como


Império em relação à fé cristã. cristãos. [...] Se forem denunciados e a
acusação provada, é necessário condená-
Nunca participei de processos contra los, mas com a seguinte restrição: aquele
cristãos; não sei, por isso, a quais fatos e em que negar ser cristão e der a prova
que medida se aplicam ordinariamente a manifesta disso pelos atos, quero dizer,
pena ou as perseguições. Eu me pergunto sacrificando aos nossos deuses, mesmo
[...] se é necessário punir o simples nome que ele seja suspeito no que se refere
cristão, na ausência de crimes, ou os ao passado, obterá o perdão como
crimes implicados pelo nome. Eis a norma prêmio do seu arrependimento. Quanto
que tenho seguido para com aqueles que às denúncias anônimas, não devem
me foram denunciados como cristãos. ser levadas em consideração nenhuma
Perguntei-lhes se eram cristãos. Aos acusação; este é um procedimento de
que confirmavam, perguntei segunda um detestável exemplo e não mais é do
e terceira vez, ameaçando-os com o nosso tempo (apud COMBY, 1987, p. 48).
suplício; aqueles que perseveram, mandei
executá-los; seja qual for o significado de Ser cristão e, principalmente, permanecer
sua confissão, eu estava certo de que cristão eram considerados crimes políticos.
era necessário punir pelo menos essa Por quê? Os cristãos eram acusados,
teimosia e essa obstinação inflexíveis neste pequeno fragmento, dos crimes de
[...] Julguei que a questão merecia que desobediência civil e de lesa-majestade,
eu ouvisse teu parecer, sobretudo por por se negarem a participar e oferecer
causa do número dos acusados. Há uma sacrifícios aos deuses de Roma, incluindo
multidão de pessoas de todas as idades, o culto ao imperador. Novamente, os
de todas as condições, e dos dois sexos dirigentes romanos demonstravam uma
que estão ou serão colocadas em perigo atitude de perplexidade diante de uma
(apud COMBY, 1987, p. 46). nova fé, diferente de todas as outras que
eram aceitas pelo costume; e optavam pelo
Plínio, alarmado com a quantidade de pessoas caminho da acusação e da condenação
que ele estaria condenando sem processos dos praticantes. Verifica-se que não havia
legais, “na ausência de crimes”, porém pelo nenhum procedimento legal que garantisse
simples fato de eles serem cristãos, solicitou a possibilidade de defesa aos cristãos. A
uma orientação imperial para verificar se opção dada era a simples negação ou uma
os seus atos seriam justos, tendo em vista condenação peremptória.
que ele, repetida e sucessivamente, atribuía
a pena capital pelo simples fato de que 3.2.2 Intolerância
os cristãos não negavam a Cristo, e era
preciso puni-los por “essa teimosia e essa A segunda ação que o Império Romano
obstinação inflexíveis”. Ou seja, a ignorância praticou contra os cristãos foi de intolerância,
dos fatos, em algum momento, demandou que teve início sob o governo de Domiciano
um esclarecimento, nem que fosse para (81-96 d.C.). Este imperador também
legitimar o ato da condenação. perseguiu os filósofos estoicos, adeptos
de uma moralidade estrita e rigorosa, por
A resposta do imperador Trajano a Plínio, considerá-los como uma força de oposição
o jovem, revela tanto a jurisprudência do forte a seu governo. Sempre que desconfiava
Império em relação às denúncias anônimas da fidelidade de alguém, ordenava que esta
quanto à situação de fragilidade dos cristãos pessoa sacrificasse ao imperador. Aqueles
perante as autoridades: que não sacrificavam eram acusados de
ateísmo, ou seja, de não prestarem culto aos
Meu caro Plínio, tu seguiste a conduta que deuses romanos, acusação esta que atingiu
devias ter seguido no exame das causas particularmente os cristãos. A perseguição

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se concentrou na Ásia Menor, tendo como Nos governos sucessivos, os cristãos


centro a cidade de Éfeso. Segundo Irineu de gozaram de paz instável até a subida ao
Lião, o Apocalipse de João foi escrito tendo trono de Diocleciano (284-305 d.C.). Neste
como pano de fundo esta perseguição. Para período de vinte anos, ocorreu a perseguição
o império, o problema não era a fé ou o mais intensa que os cristãos haviam sofrido
evangelho cristão, mas a infidelidade política. até então, e um maior número de mártires
Os governos posteriores a Domiciano cristãos foi assassinado. A partir de 300 d.C.,
alternaram políticas de tolerância e alguns Diocleciano obrigou todos os soldados a
atos de intolerância. A grande maioria dos realizarem sacrifícios ao imperador, visando
imperadores era adepta do sincretismo, e, consolidar a unidade do Império a seu
neste sentido, o Cristianismo podia gozar de redor. Entre 303 e 305 d.C., este imperador
relativa paz. publicou quatro editos direcionados aos
cristãos e válidos para todas as regiões do
A partir do governo de Décio (249-251 d.C.), foi império que continham diversas ordenanças
que os cristãos realmente passaram a sofrer que visavam combater, restringir e extinguir
uma política sistemática de perseguição. o Cristianismo:
O Império Romano passava por grandes
dificuldades econômicas e também sofria • destruição dos locais de reunião dos cris-
com as invasões bárbaras. Décio interpretou tãos;
tal fato como uma decadência do império • entrega dos seus livros canônicos e litúr-
devido ao abandono das tradições antigas e gicos;
dos deuses de Roma. Por isso, praticou uma • perda dos direitos civis para todos aque-
política de restauração religiosa dos velhos les que se confessassem cristãos;
cultos. Publicou um edito em 250 d.C., no • perda dos títulos honoríficos para aque-
qual ordenava que todos os cidadãos do les poucos que eram membros da nobre-
império deveriam sacrificar aos deuses e za;
ao imperador. Feito o sacrifício, o adorador • encarceramento e morte dos principais
recebia um certificado atestando o caráter líderes cristãos;
de sua fidelidade. Apesar do edito não visar • obrigatoriedade de todos os cristãos sa-
unicamente aos cristãos, estes foram os crificarem aos deuses, sob pena de mor-
que mais sofreram martírios por causa de te.
sua resistência ao ato de adoração. O seu
sucessor foi Valeriano (253-259 d.C.) que deu Foi a primeira perseguição de caráter universal,
prosseguimento à politica de restauração do ou seja, que ocorreu sistematicamente em
culto romano, atacando, principalmente, a todas as regiões do Império Romano, ainda
liderança das comunidades cristãs, proibindo que o rigor variasse de região para região.
a prática dos cultos, confiscando os bens dos
cristãos e exigindo a observância do culto Aprofunde seus
oficial ao imperador. conhecimentos: MARTÍRIO
de Policarpo de Esmirna.
Disponível em: <http://www.
centroestudosanglicanos.
com.br/bancodetextos/
historiadaigreja/martirio_de_
policarpo_de_esmirna.pdf>.
Acesso em 27 jul. 2014.

Tal política de intolerância mostrou-se


inócua, porque não conseguiu exterminar o
Cristianismo. Após a abdicação de Diocleciano,
Galério (293-311 d.C.), publicou-se um edito

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de tolerância que tinha por objetivo colocar pelo bem de Roma, os cristãos se tornariam
um ponto final às perseguições aos cristãos: obrigados “a orar a seu Deus por nossa
convalescença, em benefício do bem geral”,
Entre outras providências para promover objetivando que “o Estado seja preservado
o bem duradouro da comunidade, de perigo”. Era o reconhecimento de que a
temo-nos empenhado em restaurar política de perseguição aos cristãos, adotada
o funcionamento das instituições e por alguns imperadores, havia falhado e de
da ordem social do Estado, Foi nosso que era mais benéfico ao governo retornar
especial desejo que retornem ao correto a sua estratégia normal de aceitação dos
os cristãos que têm abandonado a diversos cultos religiosos de seus habitantes.
religião de seus pais. Após a publicação
de nosso edito, ordenando o retorno Para o paganismo romano, quanto mais
dos cristãos às instituições tradicionais, deuses melhor, pois estaria assegurada
muitos deles foram constrangidos a a perpetuação do poderio e da própria
decidir-se mediante o temor, e outros dominação, pois se acreditava que a glória
passaram a viver numa atmosfera do Império devia-se ao favor dos deuses,
de perigos e intranquilidade. Sendo, ainda que os cristãos, assim como os judeus,
porém, que muitos persistem em suas cressem que o seu deus era único. Porém,
opiniões e evidenciando-se que, hoje, para os pagãos, era preferível que Iahweh
nem reverenciam os deuses, nem e seu Cristo fossem apropriados e atraídos
veneram seu próprio deus, nós, usando para o lado do Império, do que tê-los do lado
da nossa clemência em perdoar a contrário.
todos, temos por bem indultar a esses
homens, outorgando-lhes o direito de Paganismo, termo geral, normalmen-
existir novamente e de reconstruir seus te usado para se referir a tradições
templos, com a ressalva de que não religiosas politeístas.
ofendam a tranquilidade pública. Seguirá
uma instrução aos magistrados como se Esta política de tolerância teve continuida-
devem portar nesta matéria. Os cristãos, de sob o reinado de Licínio (308-324 d.C.) e
por esta indulgência, obrigar-se-ão a orar Constantino (306-338 d.C.), respectivamente
a seu Deus por nossa convalescença, imperadores da parte oriental e ocidental
em benefício do bem geral e do seu do Império. Em 313, em Milão, ambos assi-
bem estar em particular, de modo que o nam um acordo com o seguinte teor:
Estado seja preservado de perigo e eles
mesmos vivam a salvo no seu lar (apud Nós, Constantino e Licínio, Imperadores,
DREHER, 1993, p. 57,58). encontrando-nos em Milão para
conferenciar a respeito do bem e da
3.2.3 Tolerância segurança do Império, decidimos
que, entre tantas coisas benéficas à
Desenvolveu-se, a partir de então, uma comunidade, o culto divino deve ser a
terceira atitude dos governantes romanos em nossa primeira e principal preocupação.
relação aos cristãos, caracterizada por uma Pareceu-nos justo que todos, cristãos
política de tolerância. O Império Romano, inclusive, gozem da liberdade de seguir
a partir de então, oficialmente passaria a o culto e a religião de sua preferência.
tratar os cristãos da mesma forma que ele Assim Deus, que mora no céu, ser-nos-á
tratava os adeptos das demais religiões que propício a nós e a todos os nossos súditos.
habitavam as províncias romanas. Seria Decretamos, portanto, que, não obstante
reestabelecida a forma tradicional de Roma a existência de anteriores instruções
lidar com todas as religiosidades, ou seja, relativas aos cristãos, os que optarem
aceitação e cooptação. Não era visado um pela religião de Cristo sejam autorizados
favorecimento aos cristãos. Pelo contrário, a abraçá-la sem estorvo ou empecilho e

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que ninguém absolutamente os impeça mais velho e sua mulher Fausta.


ou moleste (DREHER, 1993, p. 60).
O argumento utilizado para afirmar que ele se
3.2.4 Favorecimento Pessoal converteu para aproveitar-se do crescimento
dos cristãos e de sua força numérica para
A quarta atitude que foi atribuída pelo legitimar o trono não é consistente, pois os
poder imperial aos cristãos foi uma política cristãos ainda eram minoria, principalmente
de favorecimento pessoal, iniciado pelo no Ocidente.
imperador Constantino. O edito de Milão
restaurou a liberdade religiosa dos cristãos, Verdadeiramente Constantino se aproximou
reafirmando a postura clássica do Império do Cristianismo, seja como discípulo, seja
em termos de tolerância. Porém, bem cedo o como participante amigável. Ele combinou
imperador começou a favorecer os cristãos: em seu reinado duas políticas: em primeiro
lugar, deu continuidade à prática de
• algumas moedas começaram a ter sím- tolerância que era a norma comum e secular
bolos cristãos; atribuída pelo poder imperial às múltiplas
• às igrejas foi concedida a possibilidade de religiosidades; em segundo lugar, passou a
herança; favorecer, pessoalmente e privadamente, o
• foram construídas, por generosidade das Cristianismo. Como afirma Veyne (2010, p.
irmãs do imperador, diversas basílicas: 20-21):
de São Pedro, dos Apóstolos, do Santo
Sepulcro e numerosas igrejas cristãs em Desde o primeiro ano da sua vitória, em
Constantinopla. 312, [a batalha da Ponte Mílvio] a política
religiosa do imperador tinha-se tornado
visível e não mais mudaria; [...] 1º Na
Moeda de Vetranione. No reverso, dois lábaros com o parte do Império de que se tornou senhor
símbolo da fé de Constantino. e que libertou da perseguição todas as
grandes decisões, “literalmente todas”,
que ele toma desde o Inverno de 312-313
visam preparar o mundo romano para
um futuro cristão. 2º Mas, demasiado
prudente, demasiado pragmático, para ir
mais longe, Constantino será o soberano
pessoalmente cristão de um império
que integrou a Igreja, continuando
oficialmente pagão; o imperador não
Fonte: BENTES AUCTIONS – Fé e prosperidade na cultura perseguirá nem o culto pagão nem
cristã a larga maioria pagã; limitar-se-á a
repetir nos seus documentos oficiais
A conversão ou não de Constantino à fé cristã que o paganismo é uma superstição
ainda hoje é motivo de controvérsias. De um desprezível. 3º Como o cristianismo
ponto de vista histórico, é bastante difícil tal era a convicção pessoal do soberano,
comprovação, a favor ou contra. Sabe-se instalará fortemente a Igreja como que
que seu batismo realizou-se somente no fim por um imperial capricho e porque ele se
da sua vida. Porém, tal fato não era de todo chamava leão: um César não se apoiava
incomum, devido à prática do catecumenato tanto, como os nossos reis, numa tradição
que durava longos anos e era anterior dinástica e em “leis fundamentais do
ao batismo. Por outro lado, Constantino reino”, e é por isso que houve célebres
continuou a tradição dos imperadores em “Césares loucos”. Em contrapartida, ele
se livrar de seus inimigos, mesmo os de sua não imporá a sua religião a ninguém. 4º
família: mandou assassinar o sogro, o filho Exceto num ponto: por ser pessoalmente

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cristão, não tolerará paganismo algum nos domínios que tocam à sua pessoa, como o culto dos
imperadores; igualmente, por solidariedade com os seus correligionários, dispensará estes do
dever de executar ritos pagãos a título das suas funções públicas. 5º Apesar do seu profundo
desejo de ver os seus súditos tornarem-se todos cristãos, não se prenderá à tarefa impossível de
os converter. Não perseguirá os pagãos, não lhes tirará a palavra, não os desfavorecerá na sua
carreira: se estes supersticiosos quiserem condenar-se, são livres de o fazer, é lá com eles; os
sucessores de Constantino também não os contrariarão e deixarão o cuidado da sua conversão à
Igreja, que recorrerá mais à persuasão do que à perseguição. 6º O mais urgente, aos seus olhos, não
seria converter os pagãos, mas abolir os nefastos sacrifícios de animais aos falsos deuses, simples
demónios; prometerá um dia fazê-lo, mas não se atreverá e deixará esse cuidado ao seu devoto
filho e sucessor. 7º Por outro lado, este benfeitor e paladino leigo da fé, desempenhará, perante
os “seus irmãos, os bispos”, com modéstia, mas sem hesitação, a função inédita e inclassificável,
autoproclamada, de uma espécie de presidente da Igreja; imiscuir-se-á nos assuntos eclesiásticos
e não agirá contra os pagãos, mas contra os maus cristãos, separatistas ou heréticos.

Assista ao vídeo: ROMA ANTIGA – EPISODIO 5 -


CONSTANTINO disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=oKw0buQYW98&index=5&list=PLxI8Can9yAHc6dt6737AH3wS_b78w63CW

Os imperadores que sucederam a Constantino continuaram mantendo esta política de


favorecimento privado ao Cristianismo, pois o “Império era bipolar, contava duas religiões,
e a dos imperadores não era a da maioria dos súditos nem mesmo a das aparências
institucionais, que durante muito tempo permanecerão pagãs, pelo menos na própria cidade
de Roma” (VEYNE, 2010, p. 143).

Após Constantino, todos os imperadores foram cristãos, com exceção de seu sobrinho
Juliano (355-363 d.C.) que, em seu período de governo, adotou uma política de restauração
dos cultos pagãos e de depreciação da fé judaico-cristã, especialmente favorecendo os
mestres pagãos e impedindo os cristãos de lecionarem gramática e retórica nas escolas.
A aristocracia romana e a maioria dos membros do Senado permaneceram pagãs, assim
como a maior parte das diversas populações do Império.

Finalmente, a partir do governo de Teodósio (379-395 d.C.), os imperadores adotaram uma


política oficial mais clara de rejeição do paganismo e de defesa do Cristianismo.

Durante o século V, os conflitos intelectuais entre essas duas visões de mundo continuaram,
tendo em vista que proibições contra o paganismo, provenientes dos imperadores e adotadas
pelos bispos cristãos em suas localidades, foram executadas de forma diversificada nas
partes orientais e ocidentais do Império Romano, não sem grande resistência por parte
dos pagãos, tanto daqueles pertencentes às classes aristocráticas quanto da população em
geral.

3.3 O CRESCIMENTO DO CRISTIANISMO

O movimento de Jesus, desde os seus primórdios na Galileia e até sua morte e ressurreição,
contou com aproximadamente quinhentos seguidores, incluindo mulheres e homens,
conforme registrou o apóstolo Paulo em 1 Co. 15:3-6:

Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais
de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham

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adormecido. as adesões a Jesus se tornaram mais


individualizadas e menos explosivas. Por
Na narrativa de Lucas, durante a década outro lado, Lucas também descreveu uma
de 30 d.C., este número cresceu para cerca dificuldade enorme da comunidade cristã
de cinco mil discípulos: “Mas, muitos dos de Jerusalém em proclamar o Evangelho
que tinham ouvido a mensagem creram, de Jesus para pessoas não-judias, ou seja,
chegando o número dos homens que creram para gentios, e também relatou como um
a perto de cinco mil.” (At. 4:4). grupo de discípulos helenistas evangelizou
samaritanos e romanos, chegando a
Quando chegamos às primeiras décadas do estabelecer comunidades compostas de
século IV, na época de Constantino, estima- judeus e gentios nas cidades romanas.
se que os cristãos eram 10% de toda a
população do Império, ou seja, cerca de 6 Portanto, é verdade que a expansão da
milhões de pessoas, número relativamente fé cristã ocorreu muito mais por meio de
pequeno se comparado a outros 54 milhões contatos pessoais entre os discípulos de
compostos, em larga escala, por pagãos Jesus e as populações pagãs do Império do
e um número pequeno de comunidades que através de estratégias organizadas de
judaicas espalhadas pelas cidades romanas. atingimento e fundação de igrejas, ou seja,
Portanto, em 300 anos de história, os cristãos esteve muito mais ligada à adesão por meio
se multiplicaram em mais de 60.000 vezes, de relações de amizades, de redes familiares
número este espantoso se considerarmos as e de contatos profissionais, do que devido a
condições adversas que eles experimentaram grandes pregações evangelísticas efetuadas
antes que o Império Romano cessasse as pelos apóstolos ou por outros dirigentes da
perseguições e o Cristianismo se tornasse comunidade nascente. Como afirma Stark
uma religião lícita e tolerada. (2006, p.30 (grifos nossos):

Quais foram as razões deste crescimento? A base para o sucesso dos movimentos de
Podemos enumerar cinco tentativas de conversão é crescimento por intermédio
explicar esta ascensão do Cristianismo. de redes sociais, por meio de uma
estrutura de vínculos interpessoais íntimos e
3.3.1 Comprometimento diretos. A maioria dos novos movimentos
religiosos fracassa porque logo se torna
Em primeiro lugar, o Cristianismo teria rede fechada ou semifechada. Em outras
experimentado um crescimento no seu palavras, não consegue constituir e
número de adeptos devido ao fato de manter vínculos como o meio externo e,
que os primeiros discípulos de Jesus se portanto, perde a capacidade de crescer.
comprometeram, desde o início, a proclamar Movimentos religiosos bem-sucedidos
o Evangelho de Jesus para todas as pessoas. descobrem meios de subsistir como
O próprio Jesus incentivou seus discípulos redes abertas, capazes de apreender e
a comunicarem seu ensino: “Portanto, vão perpassar novas redes sociais adjacentes.
e façam discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e 3.3.2 Superioridade
do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer
a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei Uma segunda explicação para o crescimento
sempre com vocês, até o fim dos tempos.” do Cristianismo deve-se a sua superioridade
(Mt. 28:19-20). sobre o paganismo, superioridade esta que
se manifestava através da comparação entre
Porém, é bem conhecido o fato de que, o Deus de amor dos cristãos, revelado na vida
após as primeiras grandes conversões de e morte de Jesus de Nazaré, e os deuses do
multidões de judeus, descritas por Lucas paganismo que, à sua maneira, mantinham
após as pregações efetuadas por Pedro, com seus seguidores um relacionamento

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firmado na troca de favores, baseando-se orientava na direção de um ser absoluto


numa religião de medo e de subserviência e eterno, que não era um princípio, mas
sujeita aos caprichos e às idiossincrasias um ser vivo.
divinais.
3.3.3 Amor
O ser humano era um joguete nas mãos
dos deuses, sempre sujeitos ao acaso e A terceira tentativa de explicação para o
às emoções extremamente voláteis dos crescimento do Cristianismo antigo deve-
seres divinos, que podiam variar do afeto se à prática de amor fraternal dos cristãos.
ao ódio em segundos. Os deuses pagãos Jesus Cristo, diferentemente de outros
eram antropomorfizados, no sentido de filósofos e religiosos, colocou o amor ao
que à semelhança dos homens e mulheres, próximo na mesma instância que o amor
possuíam o melhor e o pior das qualidades e a Deus. Radicalmente diferente de outros
defeitos do ser humano. O deus dos cristãos, líderes religiosos judeus de sua época,
pelo contrário, era de natureza diferente, pois ampliou o conceito de próximo, incluindo os
sumamente bom e todo-poderoso, amava inimigos clássicos do seu povo, samaritanos
intensamente a humanidade, concedendo- e romanos, nesta categoria. Ou seja, o amor
lhe o perdão não devido ao pagamento fraternal transpunha barreiras religiosas e
de promessas e a compra de favores por barreiras políticas, ao propor que a todos
meio de sacrifícios, mas de forma graciosa, fossem direcionadas ações que causassem
imerecida, baseada unicamente no sacrifício o bem.
auto impingido e livremente oferecido a
todos. Em suma, o Cristianismo era melhor Os seus seguidores mais próximos, os
do que o paganismo porque o Deus dos apóstolos, mantiveram a mesma tradição,
cristãos era muito superior aos deuses razão que os levou a arrecadar fundos para
pagãos. Como afirma Veyne (2010, p. 36,37): suprir alguns episódios de fome que atingiram
comunidades cristãs na Palestina, durante
O cristianismo primitivo deveu seu o primeiro século. Epidemias de varíola e
rápido sucesso inicial, junto a uma elite, de sarampo devastaram as populações do
a sua grande originalidade, a de ser uma Império Romano, durante o segundo e o
religião de amor; deveu-se também à terceiro século, e os cristãos, diferentemente
autoridade sobre-humana que emanava dos pagãos, exercitaram o cuidado com os
de seu mestre, o Senhor Jesus. Para doentes e desvalidos, incluindo pessoas que
quem recebia a fé, a vida se tornava seguiam outros deuses. Enquanto os pagãos
mais intensa, organizada e posta sob sadios fugiam das áreas que eram assoladas
uma grande pressão. O indivíduo devia pelas pestes, deixando familiares e doentes
enquadrar-se em uma regra que para para trás, os cristãos cuidavam destas
ele se tornava um estilo de vida, como pessoas fragilizadas, correndo o risco, o que
nas seitas filosóficas da época, mas, a efetivamente acontecia de eles mesmos
esse preço, sua existência recebia de também adoecerem. Por outro, a taxa de
repente uma significação eterna no mortalidade diante das epidemias por parte
contexto de um plano cósmico, coisa que dos cristãos era menor do que do lado pagão,
não lhe dariam nem as filosofias nem o tendo em vista que cuidados “médicos” no
paganismo. Este último mantinha a vida início das doenças proporcionavam maior
humana tal como era, efêmera e feita de resistência nos doentes do que o simples
detalhes. Graças ao deus cristão, essa abandono dos que sofriam moléstias.
vida recebia a unidade de um campo
magnético no qual cada ação, cada [...] em certo sentido, o paganismo
movimento interior adquiria um sentido, realmente ‘tombou morto’ ou pelo menos
bom ou mau – sentido que o próprio contraiu sua doença fatal durante essas
homem não se dava por si próprio, mas o epidemias, sucumbindo vítima de sua

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relativa incapacidade para enfrentar essas crises social ou espiritualmente – uma incapacidade
subitamente revelada pelo exemplo de seu ousado adversário [o Cristianismo] (STARK, 2006, p.
108).

3.3.4 Mulheres

Uma quarta razão para o espetacular crescimento do Cristianismo deveu-se à adesão das
mulheres ao seguimento de Jesus. De todos os mestres da Antiguidade, Cristo foi o único
que aceitava as mulheres como suas discípulas, no sentido de que elas podiam também se
tornar aprendizes de seus ensinamentos. Enquanto para os adversários judeus e pagãos isso
demonstrava a fragilidade do Cristianismo, por ser uma “religião de mulheres e escravos”,
no médio prazo, isso favoreceu enormemente seu crescimento, pois mulheres e escravos
eram maioria no Império Romano. O que não era uma estratégia planejada de crescimento,
mas uma atitude de considerar todo o ser humano como digno do amor de Deus. O próprio
Paulo, alvo do horror de alguns grupos feministas contemporâneos, tem uma atitude radical
de igualdade racial, econômica e de gênero:

Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados,
de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois
todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros
segundo a promessa (Gl. 3:26-29).

3.3.5 Constantino

A quinta razão para a expansão cristã, segundo alguns historiadores, deveu-se à crença
tradicional de que a conversão de Constantino trouxe para o Cristianismo uma multidão de
falsos convertidos que diante da possibilidade de bajularem o poder imperial, tornaram-
se cristãos de fachada. O problema desta explicação é que ela atribui o crescimento do
Cristianismo não a sua força interna, mas exclusivamente a fatores externos. É claro que a
transformação de uma condição de perseguidos em aceitos e, posteriormente, favorecidos
pelo império, gerou, ocasionalmente, adesão de pessoas que se tornaram cristãs
unicamente para obterem benefícios pessoais. Porém, é fato que, mesmo após a conversão
de Constantino ao Cristianismo, e a prática da mesma fé por seus descendentes diretos
e indiretos, a maioria dos habitantes do Império permaneceu pagã. A explicação de uma
conversão coletiva imposta de cima para baixo, como um ato de Estado, fere o conceito de
que a religiosidade é algo inerente ao ser humano.

No século 20, tentativas de suprimir por meios violentos a religião cristã, como nos antigos
estados ateus do leste europeu, fracassaram, porque a antiga religião católica ortodoxa
renasceu – talvez é melhor usar permaneceu, tendo em vista que não havia morrido – e
se tornou novamente hegemônica atualmente. No século IV, não ocorreu uma política
semelhante, pois este foi um século ao mesmo tempo pagão e cristão, tendo o paganismo
apresentado uma tendência de enfraquecimento enquanto que o seu oposto, o Cristianismo,
uma tendência de fortalecimento. Tudo isso de forma lenta, processual e gradual, contado
em período de séculos e não de dias.

3.4 O CRISTIANISMO E A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO ROMANO

O Império Romano era muito vasto, envolvendo todas as regiões geográficas no entorno do
Mar Mediterrâneo. No final do século IV, por exemplo, a sua parte ocidental, compreendia
as províncias da África, da Espanha, da Gália, da Bretanha, da Itália e da Ilíria; a parte

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oriental era formada pelas províncias do Egito, do Oriente, do Ponto, da Ásia, da Trácia,
da Dácia e da Macedônia. Após a morte do imperador Teodósio em 395 d.C., o Império
foi dividido entre seus dois filhos e sucessores: Arcádio se tornou Imperador do Oriente,
com sede em Constantinopla e Honório, do Ocidente, com sede em Milão e Ravena. Estas
divisões já haviam se tornado práticas comuns em todo o século IV, contando com até cinco
imperadores conjuntamente administrando este complexo sistema provincial.

Porém, esta divisão entre Ocidente e Oriente já demonstrava certo distanciamento cultural
entre estas duas áreas. A língua era um destes fatores que diferenciavam as partes. O
grego era uma língua comum em praticamente todo o Império, porém, era mais falado no
Oriente. Na parte ocidental, o latim era bastante apreciado, sendo utilizado também nas
correspondências formais dos imperadores, dos senadores e dos magistrados.

Se a linguagem era um fator que gerava distanciamento, por outro lado, a fragilidade diante
dos inimigos também era um fator de diferenciação. O Ocidente estava muito mais exposto
militarmente às invasões das diversas tribos bárbaras que circundavam o Império do que
o Oriente. Os vândalos invadiram a África do Norte; os visigodos, a Espanha; os francos, a
Gália; os anglo-saxões, a Bretanha, dentre outros povos bárbaros.

Na parte oriental do Império, as invasões bárbaras eram menos frequentes e mais resistidas.
Estes repetidos ataques dos bárbaros enfraqueceram de forma crucial o Império Romano
do Ocidente, causando sua derrocada.

A história do Cristianismo foi profundamente marcada pela decadência da cidade imperial,


Roma, símbolo do poder e da glória romanas. Por que um acontecimento político como
a queda de Roma teve tanta influência no desenvolvimento histórico das igrejas cristãs?

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Uma primeira resposta seria que, a partir substituição pelo governo imperial, que era
da invasão de Roma, o mundo ocidental o único poder efetivo, contribuiu para que a
veria nascer nova sociedade fundada sobre tradição romana da descentralização política,
três fundamentos: o cristão, o romano e o administrativa e judiciária, concentrasse,
bárbaro. Uma segunda resposta, decorrente agora, nas mãos de uma burocracia distante
da primeira, seria que estas culturas se inter- dos problemas da população.
relacionaram, tanto de forma pacífica quanto
violenta, forjando as estruturas econômicas, 3.4.3 Razões Logísticas
políticas, culturais, mentais e religiosas do
Ocidente. A partir do momento em que o imperador
Constantino construiu nova cidade para se
Explicações acerca do declínio de Roma são tornar a capital do Império, Constantinopla,
extremamente controversas e ainda motivo Roma começou a perder prestígio e
de intensos debates entre os historiadores poder. Apesar de que a transferência não
do mundo antigo. Porém, apontaremos se concretizou imediatamente e as duas
algumas razões que são enumeradas a fim cidades se mantiveram concomitantemente
de demonstrar tanto a complexidade da como capitais das partes ocidental e oriental
questão quanto a importância desta. do Império durante todo o século IV, o fato
foi que Constantinopla representava o novo
3.4.1 Razôes Econômicas e a pujança enquanto Roma simbolizava o
antigo e decadente. Em termos de localização
A extensão geográfica do Império gerava geográfica, Constantinopla se mantinha
um alto custo financeiro necessário para a à distância segura das invasões bárbaras
manutenção das guerras e do exército, o enquanto Roma permanecia exposta.
que era coberto pelo aumento dos impostos Roma foi invadida e saqueada em 410 d.C.
e da taxação das atividades econômicas e Constantinopla manteve-se inexpugnável
agrícolas, pecuárias e comerciais. Porém, até 1453 d.C., cerca de 1.000 anos após.
sucessivas pestes e doenças endêmicas
vinham diminuindo a população 3.4.4 Razões Religiosas
economicamente ativa, gerando escassez de
mão de obra e empobrecimento da maioria A unidade do Império foi cindida por conflitos
dos trabalhadores. Uma política de elevação entre pagãos e cristãos. Por mais que os
de gastos públicos e a tentativa de cobertura imperadores do século quarto tentassem
da dívida pública através do aumento de manter a coesão no Império, cristãos e
impostos não combinam com a diminuição pagãos tinham divergências irreconciliáveis,
da quantidade de contribuintes aptos a principalmente relacionadas à religiosidade e
manterem a máquina do Estado funcionando aos cultos. Enquanto os pagãos acusavam os
bem. Os economistas compreendem que: cristãos de abandonarem os velhos deuses e
ou se diminui a máquina do Estado, ou o do império estar sendo punido pelos deuses
Estado entra em colapso. No caso de Roma, por este ato, os cristãos afirmavam que os
o caminho foi do colapso. pagãos é que se tornavam culpados por não
cultuarem o único Deus verdadeiro.
3.4.2 Razões Morais
Os cristãos, também, internamente, não
Uma sucessão de governos corruptos, eram um símbolo de unidade, tendo em vista
devido à enorme centralização de poder que diversas discussões os opunham, tais
nas mãos de imperadores déspotas e como as relacionadas à natureza de Cristo,
autocratas, havia contribuído para uma se divino ou humano, e ao tratamento que
degeneração moral dos romanos. Por outro devia ser dado àqueles que não resistiram
lado, a perda da liberdade republicana, às perseguições, e outros motivos menores.
com o enfraquecimento do Senado, e sua

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3.4.5 Razões Demográficas Daniel relacionado à sucessão e queda das


quatro monarquias:
Houve um declínio na taxa de natalidade e um
aumento na taxa de mortalidade. Sucessivas Depois de ti [de Nabucodonosor] surgirá
epidemias e pestes contribuíram para que um outro reino, inferior ao teu. Em
este quadro se agravasse. As constantes seguida surgirá um terceiro reino, reino
guerras tentando impedir o avanço das de bronze, que governará sobre toda
tribos bárbaras também enfraqueceram a a terra. Finalmente, haverá um quarto
resistência das legiões romanas, diminuindo reino, forte como o ferro, pois o ferro
a quantidade de soldados que protegiam as quebra e destrói tudo; e assim como
cidades fortificadas das invasões. o ferro a tudo despedaça, também ele
destruirá e quebrará todos os outros [...]
Assista ao vídeo: ROMA Na época desses reis, o Deus dos céus
ANTIGA – EPISODIO 6 – A estabelecerá um reino que jamais será
QUEDA DE ROMA https://www. destruído e que nunca será dominado
youtube.com/ por nenhum outro povo. Destruirá todos
watch?v=pIx7YFX57Q0&list=PLxI8 esses reinos e os exterminará, mas esse
Can9yAHc6dt6737AH3wS_b78w63C reino durará para sempre (Dn. 2:39-40;
W&index=6 44).

Os cristãos da época que tiveram contato A partir do livro de Apocalipse, a queda de


com as diversas invasões dos povos bárbaros Babilônia identificada como a queda de
sobre o Império Romano ou conhecimento Roma:
indireto sobre estes acontecimentos
catastróficos deram as suas próprias E ele [o anjo] bradou com voz poderosa:
interpretações pessoais acerca da queda de Caiu! Caiu a grande Babilônia! Ela se
Roma. tornou habitação de demônios e antro
de todo espírito imundo antro de toda
3.5.1 Primeira Interpretação ave impura e detestável, pois todas as
nações beberam do vinho da fúria da
A decadência da cidade imperial era sua prostituição. Os reis da terra se
manifestação do castigo de Deus devido aos prostituíram com ela; à custa do seu
inúmeros pecados dos romanos: luxo excessivo os negociantes da terra
se enriqueceram. Então ouvi outra voz
• haviam perseguido e assassinado cris- do céu que dizia: Saiam dela, vocês, povo
tãos; meu, para que vocês não participem dos
• praticavam imoralidade sexual, inclusive seus pecados, para que as pragas que
nos cultos religiosos e públicos; vão cair sobre ela não os atinjam! Pois
• oprimiam os pobres, os escravos e os os pecados da Babilônia acumularam-
camponeses, somente se dedicando à se até o céu, e Deus se lembrou dos
acumulação desproporcional de riquezas; seus crimes. Retribuam-lhe na mesma
• eram idólatras, pois não honravam ao moeda; paguem-lhe em dobro pelo que
Deus verdadeiro, mas se dedicavam ao fez; misturem para ela uma porção dupla
culto de falsos deuses e demônios. no seu próprio cálice. Façam-lhe sofrer
tanto tormento e tanta aflição como a
3.5.2 Segunda Interpretação glória e o luxo a que ela se entregou. Em
seu coração ela se vangloriava: ‘Estou
A derrocada de Roma estava ligada a sentada como rainha; não sou viúva e
interpretações bíblicas singulares, que jamais terei tristeza’. Por isso num só
apontavam para o fim do mundo: a partir do dia as suas pragas a alcançarão: morte,
livro de Daniel, o cumprimento do sonho de tristeza e fome, e o fogo a consumirá,

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pois poderoso é o Senhor Deus que a de Roma não prenunciava o fim do mundo,
julga (Ap. 18:2-8). mas anunciava que os impérios poderiam
se suceder ininterruptamente na história,
Finalmente, a partir do livro de Ezequiel, a uns caindo enquanto outros se levantariam.
invasão dos bárbaros, identificando-os com Porém, o que se tornaria permanente seria
os povos de Gogue e Magogue: a sociedade que Deus estaria construindo
na história, representada por pessoas que
Por isso, filho do homem, profetize e diga tinham como motivo de sua existência o amor
a Gogue: Assim diz o Soberano Senhor: a Deus acima do amor às coisas terrenas.
Naquele dia, quando o meu povo Israel Duas cidades e dois amores. Uma cidade
estiver vivendo em segurança, será que terrena, caracterizada pelo amor egoísta
você não vai reparar nisso? Você virá a si mesmo, tendendo à destruição. Outra
de seu lugar, do extremo norte, você, cidade, de Deus, caracterizada pelo amor a
acompanhado de muitas nações, todas Deus e ao próximo, tendendo à perpetuação
elas montadas em cavalos, uma grande e à eternidade.
multidão, um exército numeroso. Você
avançará contra Israel, o meu povo, como Portanto, compreendemos que a
uma nuvem que cobre a terra. Nos dias desagregação do Império Romano deveu-
vindouros, ó Gogue, trarei você contra se em parte à impossibilidade de resistência
a minha terra, para que as nações me às invasões dos povos bárbaros. Para
conheçam quando eu me mostrar santo o Cristianismo, isso significou grande
por meio de você diante dos olhos deles e novo desafio, o de se comunicar o
(Ez. 38:14-16). Evangelho e a história de Jesus a diversos
povos, completamente diferentes em sua
3.5.3 Terceira Interpretação religiosidade, cultura e organização política,
das populações subjugadas pelo Império,
Fugia da identificação entre o saque de o que vinha sendo realizado desde as
Roma e a iminência do fim do mundo e missões paulinas dos anos 50 e 60 d.C. Tal
que, posteriormente, se tornou hegemônica fato implicou a dedicação de esforços de
na Idade Média foi dada por Agostinho de catequização e de produção de outra teologia
Hipona, segundo o qual havia duas cidades que fosse acessível a tribos bárbaras que, em
que se relacionavam no tempo presente: a sua maioria, não possuía uma língua escrita,
cidade terrena e a cidade de Deus. o que implicaria um esforço de tradução das
Escrituras e das tradições da igreja para, em
Ouvistes e sabeis que correm, no sua maior parte, culturais orais. Emerge no
desenvolvimento dos séculos até o fim, horizonte o cristianismo medieval, ainda
duas cidades misturadas (permixtas) incipiente e que se tornará, séculos depois,
agora, corporalmente, entre si, e a Cristandade medieval.
separadas espiritualmente: uma para
a qual o fim é a paz eterna, e se chama Aprofunde seus
Jerusalém; outra para a qual seu gozo é a conhecimentos: RAMOS,
paz temporal, e se chama Babilônia (apud Angelo Aparecido Zanoni.
RAMOS, p. 42) Cidade de Deus e
cidade terrena segundo
Enquanto a cidade dos homens poderia Agostinho de Hipona.
ser devastada pelos ataques dos inimigos Disponível em: <http://www.
bárbaros, seus habitantes mortos, suas institutodefilosofia.com.br/
casas e templos incendiados, a cidade de pdf/SCIENCE%20INSTITUTE/
Deus permaneceria peregrina na terra, e seu ARTIGOS-IF-2009-II/artigo_
destino seria a eternidade, pois Deus era o angelo.pdf>. Acesso em 27 jul.
seu governante. Para Agostinho, a queda 2014.

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REFERÊNCIAS GLOSSÁRIO

ANDERSON, Perry. Passagens da Bodes expiatórios: é uma expressão usada


antiguidade ao feudalismo. São Paulo: para definir uma pessoa sobre a qual recaem
Brasiliense, 1991. as culpas alheias. É uma expressão usada
quando alguém é acusado de um delito que não
BÍBLIA. Português. BIBLIA SAGRADA: Nova fez, ou que não foi o idealizador. Bode expiatório
Versão Internacional. São Paulo: Vida, 2000. é uma expressão popular que define o indivíduo
que não consegue provar sua inocência, mesmo
COMBY, Jean. Roma em face a Jerusalém: sem ser o responsável direto pela acusação. A
visão de autores gregos e latinos. São Paulo: expressão “bode expiatório” é usada quando
Paulinas, 1987. alguém leva sozinho a culpa de um infortúnio.
(Fonte: http://www.significados.com.br/bode-
DREHER, Martin. A igreja no Império expiatorio/)
Romano. São Leopoldo: Sinodal, 1993.
Subserviência: S.f. Qualidade ou
______. A Igreja no mundo medieval. São estado do que é subserviente.
Leopoldo: Sinodal, 1994. Ação de bajular ou de servir aos desejos
de outrem por vontade própria. (Etm.
FINLEY, Moses. Aspectos da antiguidade. do latim: subservio + ência); Ato de
São Paulo: Martins Fontes, 1991. servir de maneira voluntária. (Fonte:
http://www.dicionarioinformal.com.br/
GONZALES, Justo. História ilustrada do subservi%C3%AAncia/)
cristianismo. A era dos mártires até a era
dos sonhos frustrados. São Paulo: Vida Idiossincrasias: Particularidade comportamen-
Nova, 2011. (Volume 1). tal própria de um indivíduo ou de um grupo de
pessoas. (Fonte: http://www.dicio.com.br/idios-
MAZZARINO, Santo. O fim do mundo sincrasia/)
antigo. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Gnosticismo: Conjunto de correntes filosófico
STARK, Rodney. O crescimento do -religiosas sincréticas que chegaram a mimeti-
cristianismo: um sociólogo reconsidera a zar-se com o cristianismo nos primeiros séculos
história. São Paulo: Paulinas, 2006. de nossa era, vindo a ser declarado como um
pensamento herético após uma etapa em que
SHELLEY, Bruce L. História do cristianismo conheceu prestígio entre os intelectuais cristãos.
ao alcance de todos: uma narrativa do
desenvolvimento da Igreja Cristã através
dos séculos. São Paulo: Sheed Publicações,
2004.

SILVA, Gilson Ventura da; MENDES, Norma


Musco (orgs.). Repensando o Império
Romano: perspectiva socioeconômica,
política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad;
Vitória: Edufes, 2006.

VEYNE, Paul. Quando nosso mundo se


tornou cristão: (312-394). Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2010.

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