Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CRISTIANISMO ANTIGO II
unidade 3
1
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO - unidade 3
CRISTIANISMO ANTIGO iI
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................... 17
GLOSSÁRIO .............................................................................................................................................. 17
de tolerância que tinha por objetivo colocar pelo bem de Roma, os cristãos se tornariam
um ponto final às perseguições aos cristãos: obrigados “a orar a seu Deus por nossa
convalescença, em benefício do bem geral”,
Entre outras providências para promover objetivando que “o Estado seja preservado
o bem duradouro da comunidade, de perigo”. Era o reconhecimento de que a
temo-nos empenhado em restaurar política de perseguição aos cristãos, adotada
o funcionamento das instituições e por alguns imperadores, havia falhado e de
da ordem social do Estado, Foi nosso que era mais benéfico ao governo retornar
especial desejo que retornem ao correto a sua estratégia normal de aceitação dos
os cristãos que têm abandonado a diversos cultos religiosos de seus habitantes.
religião de seus pais. Após a publicação
de nosso edito, ordenando o retorno Para o paganismo romano, quanto mais
dos cristãos às instituições tradicionais, deuses melhor, pois estaria assegurada
muitos deles foram constrangidos a a perpetuação do poderio e da própria
decidir-se mediante o temor, e outros dominação, pois se acreditava que a glória
passaram a viver numa atmosfera do Império devia-se ao favor dos deuses,
de perigos e intranquilidade. Sendo, ainda que os cristãos, assim como os judeus,
porém, que muitos persistem em suas cressem que o seu deus era único. Porém,
opiniões e evidenciando-se que, hoje, para os pagãos, era preferível que Iahweh
nem reverenciam os deuses, nem e seu Cristo fossem apropriados e atraídos
veneram seu próprio deus, nós, usando para o lado do Império, do que tê-los do lado
da nossa clemência em perdoar a contrário.
todos, temos por bem indultar a esses
homens, outorgando-lhes o direito de Paganismo, termo geral, normalmen-
existir novamente e de reconstruir seus te usado para se referir a tradições
templos, com a ressalva de que não religiosas politeístas.
ofendam a tranquilidade pública. Seguirá
uma instrução aos magistrados como se Esta política de tolerância teve continuida-
devem portar nesta matéria. Os cristãos, de sob o reinado de Licínio (308-324 d.C.) e
por esta indulgência, obrigar-se-ão a orar Constantino (306-338 d.C.), respectivamente
a seu Deus por nossa convalescença, imperadores da parte oriental e ocidental
em benefício do bem geral e do seu do Império. Em 313, em Milão, ambos assi-
bem estar em particular, de modo que o nam um acordo com o seguinte teor:
Estado seja preservado de perigo e eles
mesmos vivam a salvo no seu lar (apud Nós, Constantino e Licínio, Imperadores,
DREHER, 1993, p. 57,58). encontrando-nos em Milão para
conferenciar a respeito do bem e da
3.2.3 Tolerância segurança do Império, decidimos
que, entre tantas coisas benéficas à
Desenvolveu-se, a partir de então, uma comunidade, o culto divino deve ser a
terceira atitude dos governantes romanos em nossa primeira e principal preocupação.
relação aos cristãos, caracterizada por uma Pareceu-nos justo que todos, cristãos
política de tolerância. O Império Romano, inclusive, gozem da liberdade de seguir
a partir de então, oficialmente passaria a o culto e a religião de sua preferência.
tratar os cristãos da mesma forma que ele Assim Deus, que mora no céu, ser-nos-á
tratava os adeptos das demais religiões que propício a nós e a todos os nossos súditos.
habitavam as províncias romanas. Seria Decretamos, portanto, que, não obstante
reestabelecida a forma tradicional de Roma a existência de anteriores instruções
lidar com todas as religiosidades, ou seja, relativas aos cristãos, os que optarem
aceitação e cooptação. Não era visado um pela religião de Cristo sejam autorizados
favorecimento aos cristãos. Pelo contrário, a abraçá-la sem estorvo ou empecilho e
cristão, não tolerará paganismo algum nos domínios que tocam à sua pessoa, como o culto dos
imperadores; igualmente, por solidariedade com os seus correligionários, dispensará estes do
dever de executar ritos pagãos a título das suas funções públicas. 5º Apesar do seu profundo
desejo de ver os seus súditos tornarem-se todos cristãos, não se prenderá à tarefa impossível de
os converter. Não perseguirá os pagãos, não lhes tirará a palavra, não os desfavorecerá na sua
carreira: se estes supersticiosos quiserem condenar-se, são livres de o fazer, é lá com eles; os
sucessores de Constantino também não os contrariarão e deixarão o cuidado da sua conversão à
Igreja, que recorrerá mais à persuasão do que à perseguição. 6º O mais urgente, aos seus olhos, não
seria converter os pagãos, mas abolir os nefastos sacrifícios de animais aos falsos deuses, simples
demónios; prometerá um dia fazê-lo, mas não se atreverá e deixará esse cuidado ao seu devoto
filho e sucessor. 7º Por outro lado, este benfeitor e paladino leigo da fé, desempenhará, perante
os “seus irmãos, os bispos”, com modéstia, mas sem hesitação, a função inédita e inclassificável,
autoproclamada, de uma espécie de presidente da Igreja; imiscuir-se-á nos assuntos eclesiásticos
e não agirá contra os pagãos, mas contra os maus cristãos, separatistas ou heréticos.
Após Constantino, todos os imperadores foram cristãos, com exceção de seu sobrinho
Juliano (355-363 d.C.) que, em seu período de governo, adotou uma política de restauração
dos cultos pagãos e de depreciação da fé judaico-cristã, especialmente favorecendo os
mestres pagãos e impedindo os cristãos de lecionarem gramática e retórica nas escolas.
A aristocracia romana e a maioria dos membros do Senado permaneceram pagãs, assim
como a maior parte das diversas populações do Império.
Durante o século V, os conflitos intelectuais entre essas duas visões de mundo continuaram,
tendo em vista que proibições contra o paganismo, provenientes dos imperadores e adotadas
pelos bispos cristãos em suas localidades, foram executadas de forma diversificada nas
partes orientais e ocidentais do Império Romano, não sem grande resistência por parte
dos pagãos, tanto daqueles pertencentes às classes aristocráticas quanto da população em
geral.
O movimento de Jesus, desde os seus primórdios na Galileia e até sua morte e ressurreição,
contou com aproximadamente quinhentos seguidores, incluindo mulheres e homens,
conforme registrou o apóstolo Paulo em 1 Co. 15:3-6:
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais
de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham
Quais foram as razões deste crescimento? A base para o sucesso dos movimentos de
Podemos enumerar cinco tentativas de conversão é crescimento por intermédio
explicar esta ascensão do Cristianismo. de redes sociais, por meio de uma
estrutura de vínculos interpessoais íntimos e
3.3.1 Comprometimento diretos. A maioria dos novos movimentos
religiosos fracassa porque logo se torna
Em primeiro lugar, o Cristianismo teria rede fechada ou semifechada. Em outras
experimentado um crescimento no seu palavras, não consegue constituir e
número de adeptos devido ao fato de manter vínculos como o meio externo e,
que os primeiros discípulos de Jesus se portanto, perde a capacidade de crescer.
comprometeram, desde o início, a proclamar Movimentos religiosos bem-sucedidos
o Evangelho de Jesus para todas as pessoas. descobrem meios de subsistir como
O próprio Jesus incentivou seus discípulos redes abertas, capazes de apreender e
a comunicarem seu ensino: “Portanto, vão perpassar novas redes sociais adjacentes.
e façam discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai e do Filho e 3.3.2 Superioridade
do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer
a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei Uma segunda explicação para o crescimento
sempre com vocês, até o fim dos tempos.” do Cristianismo deve-se a sua superioridade
(Mt. 28:19-20). sobre o paganismo, superioridade esta que
se manifestava através da comparação entre
Porém, é bem conhecido o fato de que, o Deus de amor dos cristãos, revelado na vida
após as primeiras grandes conversões de e morte de Jesus de Nazaré, e os deuses do
multidões de judeus, descritas por Lucas paganismo que, à sua maneira, mantinham
após as pregações efetuadas por Pedro, com seus seguidores um relacionamento
relativa incapacidade para enfrentar essas crises social ou espiritualmente – uma incapacidade
subitamente revelada pelo exemplo de seu ousado adversário [o Cristianismo] (STARK, 2006, p.
108).
3.3.4 Mulheres
Uma quarta razão para o espetacular crescimento do Cristianismo deveu-se à adesão das
mulheres ao seguimento de Jesus. De todos os mestres da Antiguidade, Cristo foi o único
que aceitava as mulheres como suas discípulas, no sentido de que elas podiam também se
tornar aprendizes de seus ensinamentos. Enquanto para os adversários judeus e pagãos isso
demonstrava a fragilidade do Cristianismo, por ser uma “religião de mulheres e escravos”,
no médio prazo, isso favoreceu enormemente seu crescimento, pois mulheres e escravos
eram maioria no Império Romano. O que não era uma estratégia planejada de crescimento,
mas uma atitude de considerar todo o ser humano como digno do amor de Deus. O próprio
Paulo, alvo do horror de alguns grupos feministas contemporâneos, tem uma atitude radical
de igualdade racial, econômica e de gênero:
Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados,
de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois
todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros
segundo a promessa (Gl. 3:26-29).
3.3.5 Constantino
A quinta razão para a expansão cristã, segundo alguns historiadores, deveu-se à crença
tradicional de que a conversão de Constantino trouxe para o Cristianismo uma multidão de
falsos convertidos que diante da possibilidade de bajularem o poder imperial, tornaram-
se cristãos de fachada. O problema desta explicação é que ela atribui o crescimento do
Cristianismo não a sua força interna, mas exclusivamente a fatores externos. É claro que a
transformação de uma condição de perseguidos em aceitos e, posteriormente, favorecidos
pelo império, gerou, ocasionalmente, adesão de pessoas que se tornaram cristãs
unicamente para obterem benefícios pessoais. Porém, é fato que, mesmo após a conversão
de Constantino ao Cristianismo, e a prática da mesma fé por seus descendentes diretos
e indiretos, a maioria dos habitantes do Império permaneceu pagã. A explicação de uma
conversão coletiva imposta de cima para baixo, como um ato de Estado, fere o conceito de
que a religiosidade é algo inerente ao ser humano.
No século 20, tentativas de suprimir por meios violentos a religião cristã, como nos antigos
estados ateus do leste europeu, fracassaram, porque a antiga religião católica ortodoxa
renasceu – talvez é melhor usar permaneceu, tendo em vista que não havia morrido – e
se tornou novamente hegemônica atualmente. No século IV, não ocorreu uma política
semelhante, pois este foi um século ao mesmo tempo pagão e cristão, tendo o paganismo
apresentado uma tendência de enfraquecimento enquanto que o seu oposto, o Cristianismo,
uma tendência de fortalecimento. Tudo isso de forma lenta, processual e gradual, contado
em período de séculos e não de dias.
O Império Romano era muito vasto, envolvendo todas as regiões geográficas no entorno do
Mar Mediterrâneo. No final do século IV, por exemplo, a sua parte ocidental, compreendia
as províncias da África, da Espanha, da Gália, da Bretanha, da Itália e da Ilíria; a parte
oriental era formada pelas províncias do Egito, do Oriente, do Ponto, da Ásia, da Trácia,
da Dácia e da Macedônia. Após a morte do imperador Teodósio em 395 d.C., o Império
foi dividido entre seus dois filhos e sucessores: Arcádio se tornou Imperador do Oriente,
com sede em Constantinopla e Honório, do Ocidente, com sede em Milão e Ravena. Estas
divisões já haviam se tornado práticas comuns em todo o século IV, contando com até cinco
imperadores conjuntamente administrando este complexo sistema provincial.
Porém, esta divisão entre Ocidente e Oriente já demonstrava certo distanciamento cultural
entre estas duas áreas. A língua era um destes fatores que diferenciavam as partes. O
grego era uma língua comum em praticamente todo o Império, porém, era mais falado no
Oriente. Na parte ocidental, o latim era bastante apreciado, sendo utilizado também nas
correspondências formais dos imperadores, dos senadores e dos magistrados.
Se a linguagem era um fator que gerava distanciamento, por outro lado, a fragilidade diante
dos inimigos também era um fator de diferenciação. O Ocidente estava muito mais exposto
militarmente às invasões das diversas tribos bárbaras que circundavam o Império do que
o Oriente. Os vândalos invadiram a África do Norte; os visigodos, a Espanha; os francos, a
Gália; os anglo-saxões, a Bretanha, dentre outros povos bárbaros.
Na parte oriental do Império, as invasões bárbaras eram menos frequentes e mais resistidas.
Estes repetidos ataques dos bárbaros enfraqueceram de forma crucial o Império Romano
do Ocidente, causando sua derrocada.
Uma primeira resposta seria que, a partir substituição pelo governo imperial, que era
da invasão de Roma, o mundo ocidental o único poder efetivo, contribuiu para que a
veria nascer nova sociedade fundada sobre tradição romana da descentralização política,
três fundamentos: o cristão, o romano e o administrativa e judiciária, concentrasse,
bárbaro. Uma segunda resposta, decorrente agora, nas mãos de uma burocracia distante
da primeira, seria que estas culturas se inter- dos problemas da população.
relacionaram, tanto de forma pacífica quanto
violenta, forjando as estruturas econômicas, 3.4.3 Razões Logísticas
políticas, culturais, mentais e religiosas do
Ocidente. A partir do momento em que o imperador
Constantino construiu nova cidade para se
Explicações acerca do declínio de Roma são tornar a capital do Império, Constantinopla,
extremamente controversas e ainda motivo Roma começou a perder prestígio e
de intensos debates entre os historiadores poder. Apesar de que a transferência não
do mundo antigo. Porém, apontaremos se concretizou imediatamente e as duas
algumas razões que são enumeradas a fim cidades se mantiveram concomitantemente
de demonstrar tanto a complexidade da como capitais das partes ocidental e oriental
questão quanto a importância desta. do Império durante todo o século IV, o fato
foi que Constantinopla representava o novo
3.4.1 Razôes Econômicas e a pujança enquanto Roma simbolizava o
antigo e decadente. Em termos de localização
A extensão geográfica do Império gerava geográfica, Constantinopla se mantinha
um alto custo financeiro necessário para a à distância segura das invasões bárbaras
manutenção das guerras e do exército, o enquanto Roma permanecia exposta.
que era coberto pelo aumento dos impostos Roma foi invadida e saqueada em 410 d.C.
e da taxação das atividades econômicas e Constantinopla manteve-se inexpugnável
agrícolas, pecuárias e comerciais. Porém, até 1453 d.C., cerca de 1.000 anos após.
sucessivas pestes e doenças endêmicas
vinham diminuindo a população 3.4.4 Razões Religiosas
economicamente ativa, gerando escassez de
mão de obra e empobrecimento da maioria A unidade do Império foi cindida por conflitos
dos trabalhadores. Uma política de elevação entre pagãos e cristãos. Por mais que os
de gastos públicos e a tentativa de cobertura imperadores do século quarto tentassem
da dívida pública através do aumento de manter a coesão no Império, cristãos e
impostos não combinam com a diminuição pagãos tinham divergências irreconciliáveis,
da quantidade de contribuintes aptos a principalmente relacionadas à religiosidade e
manterem a máquina do Estado funcionando aos cultos. Enquanto os pagãos acusavam os
bem. Os economistas compreendem que: cristãos de abandonarem os velhos deuses e
ou se diminui a máquina do Estado, ou o do império estar sendo punido pelos deuses
Estado entra em colapso. No caso de Roma, por este ato, os cristãos afirmavam que os
o caminho foi do colapso. pagãos é que se tornavam culpados por não
cultuarem o único Deus verdadeiro.
3.4.2 Razões Morais
Os cristãos, também, internamente, não
Uma sucessão de governos corruptos, eram um símbolo de unidade, tendo em vista
devido à enorme centralização de poder que diversas discussões os opunham, tais
nas mãos de imperadores déspotas e como as relacionadas à natureza de Cristo,
autocratas, havia contribuído para uma se divino ou humano, e ao tratamento que
degeneração moral dos romanos. Por outro devia ser dado àqueles que não resistiram
lado, a perda da liberdade republicana, às perseguições, e outros motivos menores.
com o enfraquecimento do Senado, e sua
pois poderoso é o Senhor Deus que a de Roma não prenunciava o fim do mundo,
julga (Ap. 18:2-8). mas anunciava que os impérios poderiam
se suceder ininterruptamente na história,
Finalmente, a partir do livro de Ezequiel, a uns caindo enquanto outros se levantariam.
invasão dos bárbaros, identificando-os com Porém, o que se tornaria permanente seria
os povos de Gogue e Magogue: a sociedade que Deus estaria construindo
na história, representada por pessoas que
Por isso, filho do homem, profetize e diga tinham como motivo de sua existência o amor
a Gogue: Assim diz o Soberano Senhor: a Deus acima do amor às coisas terrenas.
Naquele dia, quando o meu povo Israel Duas cidades e dois amores. Uma cidade
estiver vivendo em segurança, será que terrena, caracterizada pelo amor egoísta
você não vai reparar nisso? Você virá a si mesmo, tendendo à destruição. Outra
de seu lugar, do extremo norte, você, cidade, de Deus, caracterizada pelo amor a
acompanhado de muitas nações, todas Deus e ao próximo, tendendo à perpetuação
elas montadas em cavalos, uma grande e à eternidade.
multidão, um exército numeroso. Você
avançará contra Israel, o meu povo, como Portanto, compreendemos que a
uma nuvem que cobre a terra. Nos dias desagregação do Império Romano deveu-
vindouros, ó Gogue, trarei você contra se em parte à impossibilidade de resistência
a minha terra, para que as nações me às invasões dos povos bárbaros. Para
conheçam quando eu me mostrar santo o Cristianismo, isso significou grande
por meio de você diante dos olhos deles e novo desafio, o de se comunicar o
(Ez. 38:14-16). Evangelho e a história de Jesus a diversos
povos, completamente diferentes em sua
3.5.3 Terceira Interpretação religiosidade, cultura e organização política,
das populações subjugadas pelo Império,
Fugia da identificação entre o saque de o que vinha sendo realizado desde as
Roma e a iminência do fim do mundo e missões paulinas dos anos 50 e 60 d.C. Tal
que, posteriormente, se tornou hegemônica fato implicou a dedicação de esforços de
na Idade Média foi dada por Agostinho de catequização e de produção de outra teologia
Hipona, segundo o qual havia duas cidades que fosse acessível a tribos bárbaras que, em
que se relacionavam no tempo presente: a sua maioria, não possuía uma língua escrita,
cidade terrena e a cidade de Deus. o que implicaria um esforço de tradução das
Escrituras e das tradições da igreja para, em
Ouvistes e sabeis que correm, no sua maior parte, culturais orais. Emerge no
desenvolvimento dos séculos até o fim, horizonte o cristianismo medieval, ainda
duas cidades misturadas (permixtas) incipiente e que se tornará, séculos depois,
agora, corporalmente, entre si, e a Cristandade medieval.
separadas espiritualmente: uma para
a qual o fim é a paz eterna, e se chama Aprofunde seus
Jerusalém; outra para a qual seu gozo é a conhecimentos: RAMOS,
paz temporal, e se chama Babilônia (apud Angelo Aparecido Zanoni.
RAMOS, p. 42) Cidade de Deus e
cidade terrena segundo
Enquanto a cidade dos homens poderia Agostinho de Hipona.
ser devastada pelos ataques dos inimigos Disponível em: <http://www.
bárbaros, seus habitantes mortos, suas institutodefilosofia.com.br/
casas e templos incendiados, a cidade de pdf/SCIENCE%20INSTITUTE/
Deus permaneceria peregrina na terra, e seu ARTIGOS-IF-2009-II/artigo_
destino seria a eternidade, pois Deus era o angelo.pdf>. Acesso em 27 jul.
seu governante. Para Agostinho, a queda 2014.
REFERÊNCIAS GLOSSÁRIO