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Distanciamento temporal
Dois milênios de diferença
Mudanças
Forma de encarar o mundo
Aspectos culturais e linguísticos
Distanciamento contextual
Propósitos que já se perderam no passado
Exemplos: Cartas paulinas escritas para problemas de igrejas locais;
1 João escrita em um contexto de ensinos gnósticos; Jonas (Israelitas x
Ninivitas)
A Bíblia como um livro humano
A hermenêutica e seu papel de transpor os
distanciamentos
Distanciamento cultural
O mundo dos escritores não existe mais
Características, cosmovisões, costumes, tradições e crenças
Os escritores foram influenciados por sua própria cultura
A forma de escrever
A maneira de expressar conceitos e ilustrar verdades
Distanciamento linguístico
Grego, Hebraico e Aramaico já não existem
Cada língua tem sua forma de expressar conceitos
Ex: paralelismo hebraico (Salmos e Profetas)
A Bíblia como um livro humano
A hermenêutica e seu papel de transpor os
distanciamentos
Distanciamento autoral
Os autores já morreram
Paulo: “foi-me posto um espinho na carne” (2 Co 12:7)
Pedro: “Cristo foi e pregou aos espíritos em prisão” (1Pe 3:19)
Interpretação
A Bíblia como um livro divino
A hermenêutica e seu papel de transpor os
distanciamentos
Distanciamento natural
Deus: criador dos céus e da terra e de todas as coisas
Nós: criaturas, limitados, finitos
Somos limitados para entender as coisas de Deus
Não será necessário somente as ferramentas de interpretação, mas
também o Espírito Santo
Distanciamento espiritual
Pecadores tentando entender um Deus puro e santo
Regeneração e conversão
Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria
humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com
espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente. (1Co 2:13-14 ARA)
A Bíblia como um livro divino
A hermenêutica e seu papel de transpor os
distanciamentos
Distanciamento moral
Nosso coração pecador tentando inserir motivações incompatíveis com a
Escritura
Manipulação da Escritura para defender e dar autoridade a pontos de
vista.
Escravidão: A Bíblia para defender e para abolir
Apesar de ter sido escrita por homens, a Bíblia é Palavra de Deus
A Bíblia é verdadeira em tudo que afirma
2 Tm 3:16
A ausência de erros se refere aos autógrafos
Os copistas cometeram erros
Não temos os autógrafos
Baixa crítica e manuscritologia bíblica
A Bíblia como um livro divino
A hermenêutica e seu papel de transpor os
distanciamentos
Linguagem de acomodação
Autores se expressaram nos termos e dentro do conhecimento
disponível naquela época.
“O sol se põe” (Josué); morcego como ave (Levítico)
Não sabemos tudo
Ainda há dificuldades a serem explicadas
Evangelhos, 1 e 2 Crônicas, 1 e 2 Reis
Podemos aguardar por mais informações para nos ajudar nas
soluções
Raízes históricas:
Heráclito – huponóia (além das palavras) sentido mais profundo
para interpretar as obras de Homero, e não levar literalmente os
erros dos deuses.
Platão: o mundo em que vivemos é apenas uma representação do
que existe no mundo perfeito das realidades imateriais, o “mundo
das ideias”.
Filo: judeu grandemente influenciado por Platão, tentava sintetizar
as ideias platônicas com o ensino do Antigo Testamento.
A escola de Alexandria
Surgimento da escola catequética de Alexandria
O Evangelho floresceu na cidade
Professor catequista: Barnabé
Comentário em Gn 14.14 sobre 318 homens
“Notai que ele menciona em primeiro lugar os dezoito e depois, fazendo
distinção, os trezentos. Dezoito se escreve: I que vale dez, e H, que representa
8. Tens aí: IH (sous) = Jesus. E como a cruz em forma de T devia trazer a graça,
ele menciona também trezentos (=T). Portanto, ele designa claramente Jesus
pelas duas primeiras letras e a cruz pela terceira (Barnabé 9.7-8)
A escola de Alexandria
Principais representantes da escola de Alexandria
Clemente de Alexandria (150-215 d.C.)
Usava a interpretação alegórica para descobrir o sentido oculto das
passagens bíblicas e harmonizar os dois testamentos.
Alegoria
Revelava aos verdadeiros discípulos (crentes, espirituais)
Escondia dos que não eram discípulos (incrédulos, carnais)
Parábola do filho pródigo Um significado para cada detalhe
Orígenes (185-253 d.C.)
Deve-se entender a Bíblia a partir da perspectiva platônica.
A Bíblia contém segredos que só a mente espiritual pode compreender.
Sentido literal é valioso, mas pode obscurecer o sentido primário, que é o
espiritual.
Literal iniciantes; Espiritual Maduros na fé
Ex: Gn 24:15-17 (Rebeca tirar água do poço e encontrar os servos de
Abraão significa que temos que ir aos poços da Escritura diariamente
para encontrarmos a Cristo.
Tentavam “defender” a Bíblia de ataques
A escola de Antioquia
Luciano de Antioquia (240-312 d.C.)
Deu origem a uma tradição de estudos bíblicos que ficou
conhecida pela erudição e conhecimento das línguas originais.
Morreu martirizado por torturas e fome por não querer comer
carne sacrificada aos deuses romanos.
Fundou a escola em Antioquia em oposição à Alexandria
Abordagem literal das Escrituras
Precursora da exegese da Reforma
Grande expoente:
João Crisóstomo (boca de ouro)
A escola de Antioquia
Princípios de interpretação
Sensibilidade e atenção ao sentido literal do texto
Busca pela intenção autoral
Theoria
Os profetas já sabiam das implicações dos seus escritos
Historicidade dos relatos
Intenção autoral
Análise dos significados dentro de seus contextos
Cristo presente no AT, mas não em cada palavra, evento, número ou
personagem.
Influência e fracasso
Aspectos positivos: descobrir a intenção autoral; faziam justiça o caráter
histórico da Escritura
Aspectos negativos: às vezes seus seguidores eram inconsistentes e
caíam na alegoria; muitos seguidores foram considerados hereges.
Conclusão
Tendência da igreja atual
Alexandria ou antioquia?
Cuidado com a ideia de somente alguns peritos podem alcançar
o sentido espiritual e mais profundo do texto.
Antioquia hoje
Para evitar subjetividade demais, devemos nos ater ao texto das
Escrituras no seu sentido simples e evidente
Evitar o perigo de se preocupar tanto com o que o texto quis dizer
no passado e se esquecer do que ele está nos dizendo hoje.
Hermenêutica
Uso da quadriga:
João Cassiano
Tentativa de justificar biblicamente inovações, costumes e doutrinas
que surgiam na igreja, fazendo uso inadequado das Escrituras
Quatro sentidos da Escritura
Histórico ou literal: sentido evidente e óbvio do texto
Alegórico o cristológico: sentido mais profundo, geralmente apontando
para Cristo
Tropológico ou moral: sentido que determina as obrigações do cristão
Anagógico ou escatológico: sentido que apontava para as coisas
vindouras que o cristão deveria esperar
Características da interpretação na
Idade Média
Apoio às inovações da Igreja Medieval
Justificar inovações litúrgicas com base na alegorização do AT
Justificar os dogmas eclesiásticos
Ressurreição da filha de Jairo a poucas pessoas provaria a confissão
privada a um sacerdote.
Justificar o surgimento das ordens monásticas
Aplicações práticas (ainda seguindo o método de Orígenes)
Papa Gregório (preleções com exposições literal, alegórica e moral.
Ênfase na obscuridade das Escrituras
Proteção da hierarquia
Bíblia como livro fechado que só os bispos e monges podiam desvendar
Gregório sobre os filhos e as filhas de Jó
7 filhos (7 representa os apóstolos, pois é composto de 3 e 4, cuja
multiplicação resulta em 12; os números 3 e 4 indicam que a Trindade deve
ser pregada nos 4 cantos da terra)
3 filhas (3 santos de Ezequiel 14:14 – Noé, Daniel e Jó)
O uso das línguas originais na atualidade
Presença de uma tradição
hermenêutica gramático-histórica
Linguagem figurada
O movimento do sol em torno da terra (Js 10:13; Sl 19:6)
Erasmo de Roterdã
Alvo: simplificar o Cristianismo, exaltar a razão e enfatizar a
moralidade em vez do ritualismo
Elaborou um sistema para alcançar o sentido literal do texto
Preparou uma versão do NT Grego
Conclusão
As controvérsias internas
Sistematização do ensino bíblico (confissões e tratados)
Controvérsias inevitáveis
Sem mais a autoridade final da igreja e o exame livre da Escritura
A Contrarreforma
Sistematizar a doutrina era uma questão de sobrevivência
Respostas claras e prontas para os membros
Confissões, catecismos e tratados eram a resposta mais rápida
Necessidade de catequese
Preocupação em harmonizar e sintetizar o ensino das Escrituras
de forma racional para que fosse bem compreendido e
ensinado.
Entendendo a hermenêutica da Pós-
Reforma
Papa de papel
Crítica à autoridade das Escrituras
“Bibliolatria”
Autoridade final: tradição e o papa; líderes de seitas; experiência
Os puritanos
Intenção autoral
O sentido de uma passagem é o literal, natural, óbvio e a intenção
do autor.
Intenção do autor, intenção do Espírito
Desejo de aplicar as Escrituras
Preocupação pastoral e prática
“Nosso alvo com a exposição dessa doutrina é orientar, instruir e
apaziguar as consciências dos homens, e não uma mera
curiosidade intelectual ou desejo polêmico. (John Bunyan)
Características da interpretação dos
Puritanos
Alguns problemas com a interpretação puritana
Controle da exegese pela dogmática
Identificação absoluta entre Israel e Igreja
Nova Inglaterra (atual EUA) como Canaã
Inconsistência
Expor doutrinas bíblicas que não estão no texto
Algum uso da alegoria
Sobre o Salmo 19:1 “Não devemos entender os céus literalmente,
apesar destes, como trabalhos manuais de Deus, declararem a glória
das suas perfeições, especialmente a sabedoria dele e o seu poder.
Essas coisas mostram que há um Deus, e que ele é um Deus glorioso.
Mas devemos entender essa passagem como se referindo a três
coisas (ou todas elas). (1) Às igrejas evangélicas, frequentemente
representadas pelo reino do céu, no Novo Testamento; (2) Aos
membros delas (...); (3) Aos apóstolos e primeiros pregadores da
palavra.”
(John Gill)
Características da interpretação dos
Puritanos
Crítica da forma
Propósito: chegar ao estado oral pelo qual o texto passou antes
de chegar a uma forma escrita e reconstruir o ambiente vivencial
(Sitz im Leben) em que essas fontes foram produzidas para
chegar ao significado do texto.
Crítica da redação
Propósito: descobrir a “teologia” dos redatores, os princípios
teológicos que controlaram sua redação das fontes e das
tradições, alcançando a forma final que hoje temos.
Crítica da forma
Pluralidade da verdade
Toda verdade é relativa e depende do contexto social e cultural
em que as pessoas vivem.
A morte da razão
Não se pode alcançar a verdade através da análise racional.
O abandono da neutralidade
A defesa do inclusivismo
Visões diferentes e opostas cederão espaço umas às outras
O conceito do “politicamente correto”
Todos devem respeitar a opinião de todos
Respeitar significa entender cada opinião tão verdadeira quanto,
mesmo que sejam contrastantes.
Proselitismo é politicamente incorreto
O impacto na interpretação cristã
Conclusão
A Bíblia pressupõe a objetividade da verdade.
Na ideia pós-moderna, haveria uma pregação como uma opinião,
mas nunca a verdade divina.
Cada um poderia interpretar a Escritura como quisesse.
Não haveria verdade
“Essa é a sua opinião”
Vertentes formadoras dos
intérpretes pós-modernos
AULA 7
A vertente teológico-psicológica:
Schleiermacher (1768-1834)
Sincrônicos x Diacrônicos
Estruturalismo
Significado somente no texto
Crítica da narrativa (nova crítica literária)
Forma
Hermenêutica reader-response
Leitores ideológicos
Teologia da libertação
Hermenêuticas femininas
Desconstrucionismo
Busca peneirar o texto para denunciar sua arrogante pretensão de
referir-se à realidade.
Hermenêutica da suspeita
Paul Ricoeur
Suspeita é fundamental para chegar à compreensão do propósito do
texto.
Conclusão
Pontos positivos
Corretivo necessário para as pretensões da exegese racionalista de
chegar à verdade através da análise racional “neutra” do texto
bíblico. Ninguém lê a Bíblia sem pressupostos e pré-compreensões
Sensibilidade com o ambiente e a situação do leitor. Percepção de
como isso afeta o entendimento do leitor.
Pontos negativos
Influência nos cursos universitários (Letras, Filosofia, História,
Sociologia)
Jovens universitários que sofrem o impacto da pós-modernidade
relativista.
Precisamos nos inteirar desses movimentos para poder
responder a eles.