Você está na página 1de 24

Centro Universitário Augusto Motta- UNISUAM

Curso de Psicologia

Projeto de Pesquisa em Psicologia

Perfeccionismo: Os efeitos na saúde mental.

Michelle Sabino de Santana 20102250


Nicolas de Souza Goulart 20101295

Rio de Janeiro
2023
SUMÁRIO
• Resumo.................... …………………………………………………………..

• Introdução..................………………………………………………………….

• Problema ………………..................................……………………….………

• Objetivo Geral...........…….....................................…………………………….

• Metodologia ..............…….....................................……………………………

• RESUMO
O perfeccionismo, socialmente, possui uma identificação ambígua, uma vez que pode ser utilizado
tanto como qualidade quanto como um defeito, dependendo das conseqüências que essa
característica de personalidade ocasiona na vida do indivíduo. De acordo com a variedade de
dimensões acerca do perfeccionismo é possível encontrar literaturas que demonstram as
conseqüências que esse constructo traz a saúde mental dos indivíduos, as suas influências e suas
relações com psicopatologias. Diante disso, esse estudo tem como objetivo fazer uma análise
destas literaturas, por meio de uma revisão integrativa, e demonstrar quais os efeitos que o
perfeccionismo tem sobre a saúde mental do indivíduo. Dessa maneira, foram executadas busca
de literaturas nas bases de dado Scielo, Pepsico e Google Acadêmico com as palavras chaves
“perfeccionismo”, “saúde mental”, “estresse”, “transtornos”, “transtornos mentais”, e
“psicopatologia”. Foram encontrados 11.220 artigos inicialmente, mas a partir dos critérios de
exclusão e inclusão aplicados, 11.205 foram descartados. Assim, 15 artigos compuseram a
amostra final. Os resultados obtidos demonstram que o perfeccionismo tem influência na
qualidade da saúde mental do indivíduo.

• INTRODUÇÃO

A OMS, em seu relatório World Mental Health Report – Transforming mental health for all (2022)
retrata a saúde mental com valor intrínseco e fundamental na vida dos seres humanos. Os
sentimentos, pensamentos e comportamentos são diretamente influenciados pela saúde mental,
assim como tomada de decisões, construção de relacionamentos e moldar o mundo em que
vivemos também (OMS, 2022). O indivíduo que possui saúde mental é capaz de se conectar,
funcionar, enfrentar e prosperar, já que tem habilidade para perceber as próprias capacidades,
aprender e trabalhar bem e contribuir ativamente para as comunidades.
Por outro lado, uma vez que a saúde mental está prejudicada, os comportamentos podem ser
alterados, os pensamentos e sentimentos podem ser perturbados, a saúde física também pode ser
comprometida, assim como os relacionamentos, educação e meios de subsistência.
A saúde mental não é definida pela ausência ou presença de transtorno mental, já que os indivíduos
não são nem mentalmente saudáveis nem doentes mentais. A saúde mental é um contínuo
complexo desde um ótimo estado de bem-estar até estados debilitantes de grande dor e sofrimento
emocional. Ela é determinada por relações complexas dos fatos individuais, familiares,
comunitários e estruturais que mudam ao passar do tempo e espaço que variam pelas diferentes
vivencias dos indivíduos (OMS, 2022). Uma das vertentes segundo as literaturas que pode afetar
a saúde mental é o traço perfeccionista nos indivíduos.
O perfeccionismo, socialmente, possui uma identificação ambígua, uma vez que pode ser utilizado
tanto como qualidade quanto como um defeito, dependendo das conseqüências que essa
característica de personalidade ocasiona na vida do indivíduo. Esse constructo é complexo e
caracterizado pelo empenho para alcançar a perfeição e determinação de padrões de desempenho
extremamente elevado com avaliações críticas de forma excessiva tanto para o seu próprio
comportamento como para o comportamento de outra pessoa (STOEBER, 2017).
Na literatura, podemos encontrar evidências que demonstram as multidimensões que o
perfeccionismo aborda. As primeiras pesquisas relacionadas ao perfeccionismo são
fundamentadas pelos escritos dos teóricos psicanalistas Horney e Adler. Horney (1950) retrata que
o perfeccionismo é uma inclinação da personalidade altamente neurótica sem ter quaisquer
aspectos positivos, mas Adler relata que a busca pela perfeição, acontece de maneira inata e que
pode ser exteriorizada de formas diferentes de acordo com a subjetividade do indivíduo que
determina como atingir ou tentar atingir a perfeição (HALL, 2000).
Hall (2000) expõe que Adler também relata que a busca pela perfeição é uma meta de vida
impulsionada pela necessidade de superar a inferioridade e pela pressão do desejo de ser superior.
Akay-Sullivan, Sullivan e Braton (2016) destacam que Adler pode ser o pioneiro a retratar o
perfeccionismo através de uma visão multidimensional pontuando aspectos adaptativos e
desadaptativos em relação à saúde mental. Do mesmo modo, Hamachek (1978) também propôs o
perfeccionismo com duas formas diferentes. Segundo ele, existia uma forma positiva a qual ele
chamava de “perfeccionismo normal” em que os indivíduos gostavam de seguir o seu empenho
perfeccionista e outra forma que era negativa chamada de “perfeccionismo neurótico” em que os
indivíduos sofriam com os esforços perfeccionistas.
Com o passar do tempo, alguns outros autores expuseram opiniões parecidas sobre a possibilidade
de variação das dimensões do perfeccionismo. Frost, Marten, Lahart e Rosenblate (1990) em seu
estudo afirmam que o perfeccionismo possui diferentes dimensões e citam: padrões pessoais,
preocupação com os erros, dúvidas sobre ações, expectativas dos pais, crítica dos pais, e
organização. Já Hewitt e Flett (1990, 1991) publicaram que o perfeccionismo possui três
dimensões, que são elas: auto-orientado (baseado na crença de buscar a perfeição e ser perfeito),
orientado para os outros (baseia-se na crença de que os outros indivíduos precisam ser perfeitos e
buscar a perfeição), e socialmente prescrito (baseado em crenças que precisam buscar a perfeição
e ser perfeito para que os outros tenham a expectativa correspondida, ou seja, os perfeccionistas
socialmente prescritos acreditam que os outros esperam a perfeição deles).
De acordo com a definição de saúde mental pela OMS e a variedade de dimensões acerca do
perfeccionismo, é possível encontrar literaturas que demonstram as conseqüências que esse
constructo traz a saúde mental dos indivíduos, as suas influências e suas relações com
psicopatologias. Diante disso, esse estudo tem como objetivo fazer uma análise destas literaturas,
por meio de uma revisão integrativa, e demonstrar quais os efeitos que o perfeccionismo tem sobre
a saúde mental do indivíduo.

• PROBLEMA

Quais os efeitos do perfeccionismo na saúde mental?

• HIPÓTESE

Limburg et al (2017), ao investigar de forma meta-analista as duas dimensões principais acerca


do perfeccionismo e as relações com diagnósticos psicopatológicos concluiu que o contructo é
um fator transdiagnóstico, ou seja, é um mecanismo presente em várias transtornos psicológicos
e pode ser um fator de risco ou de manutenção para o problema.

• OBJETIVO GERAL

O presente projeto tem como objetivo investigar quais os efeitos que o perfeccionismo pode
causar na saúde mental dos indivíduos.

• MÉTODO

Para realizar este estudo foi adotado o método de revisão bibliográfica que consiste na apuração
de materiais científicos que já foram escritos e publicados por outros pesquisadores sobre o assunto
específico desta pesquisa. Para o levantamento da literatura foram utilizadas as plataformas on-
line Scielo, Pepsic e Google Acadêmico, somando o total de artigos encontrados nas 3 (três)
plataformas, totalizaram-se 11.220 (onze mil duzentos e vinte) artigos.que abordavam a temática
de perfeccionismo. As palavras chaves utilizadas foram “perfeccionismo”, “saúde mental”,
“estresse”, “transtornos”, “transtornos mentais”, e “psicopatologia”, os idiomas escolhidos
foram “Português”, “Inglês” e “Espanhol”. Foi realizada uma leitura breve sobre os títulos dos
artigos e uma leitura investigativa dos resumos dos artigos analisando se haviam informações a
respeito da temática central e se estavam de acordo com o objetivo da pesquisa, após esse
processo, dos cento e treze (113) artigos encontrados na base de dados Scielo, foram
selecionados seis (6) artigos, já no Pepsic foram utilizados um (1) artigo, e no Google
Acadêmico foram eleitos oito (8) artigos que corresponderam de maneira efetiva aos efeitos
que o perfeccionismo causa na saúde mental dos indivíduos, totalizando assim 15 artigos para
ser usados como referências desta pesquisa.

7- RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

7.1 Os efeitos do perfeccionismo na saúde mental


A seguir, na Tabela 1, está disposto o levantamento da literatura que relacionam o
perfeccionismo e saúde mental, identificando os resultados obtidos em cada pesquisa.

Tabela 1: Artigos que relacionam perfeccionismo e saúde mental


Título do artigo Autor / ano Resultado
1) Perfeccionismo e a relação André Sousa R. /2021 Foram usados 13 artigos na pesquisa, com resultados que
com psicopatologias: Estudo indicaram que o perfeccionismo tem se relacionado com
integrativo depressão, ansiedade, transtornos alimentares (bulimia e
anorexia) bem como transtorno obsessivo compulsivo.

2)Perfeccionismo, Susana Miguel de Castro Tanto a perturbação psicológica, como o comportamento


Perturbação Psicológica e Pinto/ 2016 de saúde e de doença, foi relacionada com o traço de
Necessidades de Cuidados personalidade perfeccionismo. O estudo se utilizou de 4
em Saúde Mental Um estudo índices de amostra feito em 300 participantes, tendo como
em profissionais dos resultado os níveis de Perfeccionismo, correlacionam-se
Cuidados de Saúde Primários significativa e moderadamente com a Ansiedade, a
Depressão e o Stress
3) Perfeccionismo, um Marta Sofia Ávila Fraga/ Conclui-se que o perfeccionismo é um preditor
Universo Multidimensional: 2017 significativo de satisfação de vida. Revisões de estudos
qual o seu Impacto na acerca do perfeccionismo indicam que este é uma variável
Satisfação de Vida? associada ao funcionamento
psicológico negativo, nomeadamente à existência de maior
ansiedade.
4)Perfeccionismo, Tiago Ferreira,, Marta Estados do humor desfavoráveis foram significativamente
Pensamento Repetitivo Nascimento, António Macedo associados a scores elevados de perfeccionismo,
Negativo e Sintomatologia Ana Pereira & António pensamento repetitivo negativo e sintomatologia
do Espectro Obsessivo- Pissarra/ 2017 obsessiva-compulsiva. Estes achados estão de acordo com
Compulsivo as evidências que apontam para que as cognições
perfeccionistas e o PRN sejam correlatos para maiores
níveis de ansiedade e depressão. O PRN atua através do
aumento da vulnerabilidade individual à ansiedade e
depressão. (Ehring, et al. 2008) A associação dos sintomas
OCs aos afetos negativos enquadra-se na observação de co-
morbilidades associadas a POC, nomeadamente
perturbações de ansiedade e do humor.
5) Ser perfeito ou ser real? O Silva, Maria Teresa Loureiro Foi examinado o impacto do efeito mediador da
perfeccionismo no Amaral /2021 preocupação, entre perfeccionismo e desajustamento
desajustamento emocional: emocional, constituído por estados emocionais conspícuos
O efeito mediador da e perturbações psicológicas: os estados de depressão, de
preocupação. ansiedade e de stress. Os resultados confirmaram o papel
mediador a preocupação, e que o impacto deste efeito
mediador é diferente nas duas dimensões do
perfeccionismo, sendo que as preocupações avaliativas têm
uma relação mais forte com o desajustamento emocional,
do que o esforço pessoal
6) Avaliação do Estresse Janine. Julieta. Clara Odilia, Os resultados do presente estudo indicam que o
Ocupacional, Sindrome de ,Nancy. Julieta, Reimão,Rube desequilíbrio entre os esforços e a recompensa no trabalho
Burnout, Perfeccionismo, ns, Rascle, Nicole contribui para um déficit na saúde mental dos Cirurgiões
Sentimento de Solidão, Dentistas, os aspectos negativos do perfeccionismo podem
Depressão e Distúbrio de causar estratégias de coping mal adaptativas que
sono em cirurgiões dentistas. predispõem os indivíduos à fatiga. Mitchelson et Burns
(1998) relatam que formas negativas do perfeccionismo são
positivamente correlacionadas com o cinismo e a exaustão
no trabalho.
Diana Fernandes Identificou-se que a autoestima mediou parcialmente a
7) Perfeccionismo e OliveiraCláudia CarmoJosé relação entre o perfeccionismo (desadaptativo e adaptativo)
representação vinculativa Pestana CruzMarta Brás/ e o fenômeno do impostor, sendo maior o efeito no caso do
em jovens adultos 2021 perfeccionismo desadaptativo. Conclui-se que a autoestima
é uma variável importante para a compreensão da relação
entre o impostorismo e o perfeccionismo, reforçando que
pessoas com mais autoestima e menos desadaptativamente
perfeccionistas costumam vivenciar menos o fenômeno do
impostor
8) Fenômeno do Impostor e Ana Karla Silva Soares, O perfeccionismo parece estar associado a uma grande
Perfeccionismo: Avaliando o Eduardo França do variedade de perturbações mentais.
Papel Mediador da Nascimento, Thiago Medeiros Vários estudos, com uma amostra de estudantes
Autoestima Cavalcanti/ 2021 universitários, indicam que elevados níveis de
perfeccionismo parecem estar associados a elevados níveis
de sintomatologia depressiva. Os resultados do
questionário aplicado, indicam que a grande maioria dos
estudantes (quase 100%) considera pertinente a existência
de programas de prevenção para a Ansiedade e Depressão
nas Universidades. resultados podem reforçar a
importância dos serviços psicológicos nas instituições do
Ensino Superior. Este estudo também sugere que níveis
mais elevados de perfeccionismo podem estar associados a
níveis mais elevados de sintomatologia depressiva e de
distress psicológico.
9) Estudo dos Mata, Jenifer Daniela de De acordo com os modelos teóricos explicativos, o
acontecimentos de vida, Nóbrega/ 2021 comportamento suicidário é influenciado por diversos
perfeccionismo e fatores de risco, dos quais salientam-se os acontecimentos
sintomatologia depressiva na de vida negativos, o perfeccionismo e a sintomatologia
ideação suicida depressiva.
Os resultados indicam que os fatores de risco, mais
especificamente, os acontecimentos de vida
10) Perfeccionismo MARTA ISABEL Este trabalho teve como principal finalidade estudar a
Adaptativo e desadaptativo: VENTURA GUERREIRO. relação entre o perfeccionismo e as estratégias de regulação
diferentes estratégias de /2021 emocional cognitiva. Os resultados obtidos permitem
regulação emocional concluir que, as dimensões do perfeccionismo PSP
cognitiva numa amostra de associam-se com as estratégias de regulação emocional
estudantes universitários. cognitiva desadaptativas, como esperado. Contudo, o PAO
não se correlacionou com as estratégias cognitivas
adaptativas, o que leva a crer que mesmo para os
perfeccionistas mais adaptativos é difícil utilizar estratégias
adaptativas como a aceitação do que aconteceu ou fazer
uma refocalização positiva no sentido perceber o que de
positivo pode ser apreendido com a situação. As cognições
perfeccionistas podem concluir-se que desempenham um
papel importante na relação do perfeccionismo com as
estratégias de regulação emocional cognitiva desadaptativas
e demonstram ser um fator de manutenção para um perfil
perfeccionista tanto adaptativo como desadaptativo.
11) Comportamento de risco Leonardo de Sousa FORTES O estudo destaca a importância de abordar o
para transtorno alimentar, Juliana Fernandes Filgueiras perfeccionismo como um possível fator de risco para o
insatisfação corporal, Meireles desenvolvimento de problemas de saúde mental e
perfeccionismo e estado de Clara Mockdece NEVES comportamentos não saudáveis em jovens mulheres,
humor em adolescentes do Sebastião Sousa ALMEIDA especialmente em relação à imagem corporal e hábitos
sexo feminino Maria Elisa Caputo alimentares. Os resultados sugerem que intervenções
FERREIRA /2015 destinadas a reduzir tendências perfeccionistas podem ser
benéficas para promover a saúde mental positiva e reduzir
o risco de desenvolver transtornos alimentares ou outros
problemas relacionados em adolescentes do sexo
feminino.
12) O impacto dos traços de Leonardo Pestillo de Oliveira O texto discute a relação entre perfeccionismo e saúde
perfeccionismo na João Ricardo Nickenig mental, especificamente em atletas de alto rendimento no
motivação de atletas de Vissoci futebol. O artigo se concentra no impacto que traços de
futebol de alto rendimento José Roberto Andrade do perfeccionismo podem ter na motivação desses atletas. O
Nascimento Junior estudo sugere que, embora o perfeccionismo possa
Luciana Ferreira motivar os atletas a alcançar seus objetivos, também pode
Lenamar Fiorese Vieira levar a uma pressão excessiva e a problemas de saúde
Pamela Norraila da Silva mental, como ansiedade e depressão. A pesquisa destaca a
Francielle Cheuczuk/ 2015 importância de equilibrar a busca pela excelência com o
cuidado com a saúde mental dos atletas.
13)Sintomas de transtorno LEONARDO DE SOUSA De acordo com os autores, a pressão social e cultural para
alimentar: associação com FORTESFLÁVIA se ter um corpo perfeito pode levar alguns adolescentes a
traços de perfeccionismo em MARCELE adotar comportamentos alimentares disfuncionais como
adolescentes do sexo CIPRIANISEBASTIÃO DE forma de alcançar esse ideal. Além disso, a tendência ao
masculino SOUSA ALMEIDAMARIA perfeccionismo pode aumentar a probabilidade de
ELISA CAPUTO desenvolver transtornos alimentares, uma vez que esses
FERREIRA/ 2014 indivíduos tendem a estabelecer metas irrealistas e a se
punir por não as alcançar.
Os resultados da pesquisa sugerem que os adolescentes do
sexo masculino que apresentam sintomas de transtornos
alimentares também tendem a apresentar traços de
perfeccionismo, especialmente a autocrítica e a exigência
de perfeição. Os autores destacam a importância de se
considerar a influência do perfeccionismo na saúde mental
dos adolescentes e ressaltam a necessidade de
intervenções preventivas e de tratamento para transtornos
alimentares que levem em conta essa relação.
14)Perfeccionismo no Berta Rodrigues MaiaMaria O artigo discute a relação entre perfeccionismo e saúde
transtorno obsessivo- João SoaresAna mental em dois contextos específicos: transtorno
compulsivo e nos GomesMariana MarquesAna obsessivo-compulsivo (TOC) e transtornos alimentares. O
transtornos alimentares Telma PereiraAna CabralJosé autor argumenta que o perfeccionismo pode ser um fator
ValenteSandra Carvalho de risco para o desenvolvimento desses transtornos, uma
BosMichele PatoFernando vez que indivíduos com tendências perfeccionistas podem
PocinhoMaria Helena ser mais propensos a se preocupar excessivamente com a
AzevedoAntónio Macedo/ aparência ou a perfeição de seu corpo, bem como com a
2009 execução de tarefas específicas. No caso do TOC, o autor
sugere que o perfeccionismo pode ser um aspecto central
da doença, uma vez que os indivíduos com TOC muitas
vezes se sentem compelidos a realizar certas ações de
forma repetitiva e perfeita. Já nos transtornos alimentares,
o autor argumenta que o perfeccionismo pode ser um fator
de risco para o desenvolvimento desses transtornos, uma
vez que indivíduos com tendências perfeccionistas podem
ser mais propensos a se preocupar excessivamente com a
aparência ou a perfeição de seu corpo, bem como com a
execução de tarefas específicas, como contar calorias ou
se exercitar de maneira excessiva.
15)Dependência do estado Berta R. MaiaMaria J. No que diz respeito à saúde mental, o texto explora como
afetivo e estabilidade SoaresAna T. PereiraMariana o perfeccionismo pode ser um fator de risco para o
relativa do traço do MarquesSandra C. BosAna desenvolvimento de diversos transtornos psicológicos,
perfeccionismo nas GomesJosé ValenteMaria H. como ansiedade, depressão e transtornos alimentares. Isso
perturbações de sono AzevedoAntónio Macedo/ ocorre porque pessoas perfeccionistas tendem a ser muito
2011 autocríticas e exigentes consigo mesmas, o que pode gerar
uma grande pressão interna e dificuldade em lidar com
frustrações e fracassos.
Já em relação às perturbações do sono, o texto analisa
como o traço do perfeccionismo pode influenciar a
qualidade e a quantidade do sono. Algumas pesquisas
sugerem que pessoas com altos níveis de perfeccionismo
podem ter maior dificuldade em relaxar e desligar a mente
antes de dormir, o que pode levar a um sono mais
superficial e interrompido. O artigo apresenta evidências
de que o perfeccionismo pode estar associado tanto a
problemas de saúde mental quanto a perturbações do
sono, o que destaca a importância de identificar e tratar
essa característica em indivíduos que apresentam tais
sintomas.

TABELA 2
No Tabela 2, estão apresentados as citações presentes na literatura escolhida para esse trabalho
que demonstram a relação entre o perfeccionismo e a saúde mental.

Tabela 2: Citações dos artigos relacionando perfeccionismo e saúde mental.


ARTIGOS CITAÇÕES
1) • "Esse estudo é potente por trazer uma discussão atual e pertinente sobre o perfeccionismo e
os avanços conquistados ao longo de décadas de pesquisas" (Stoeber & Otto, 2006; Stoltz
& Ashby, 2007).
• "Perfeccionismo desadaptativo refere-se a traços onde um indivíduo tem altos padrões
pessoais e é excessivamente autocrítico nas autoavaliações. No contraste, o perfeccionismo
adaptativo é considerado um tipo normal e saudável de perfeccionismo, em que um
indivíduo experimenta satisfação por atingir metas que Stoeber exigem imenso esforço, mas
evita ser autocrítico durante contratempos ou falhas" (& Otto, 2006; Stoltz & Ashby, 2007).
2 • Tanto a perturbação psicológica, como o comportamento de saúde e de doença, incluindo a
procura de ajuda profissional, já foram relacionados com o traço de personalidade
perfeccionismo" (Macedo et al., 2012; Macedo et al., 2015; Macedo et al., 2016; Stoeber &
Damian, 2016).
• "Os níveis de Perfeccionismo, particularmente de Perfeccionismo Socialmente Prescrito
(PSP), correlacionam-se significativa e moderamente com a Ansiedade, a Depressão e o
Stresse, mas também com a tendência para a Auto-ocultação em Saúde" (Macedo et al.,
2015).
• "Essas descobertas sugerem a necessidade de atenção à prevenção e promoção da saúde
mental nesse setor, devido ao risco transdiagnóstico associado ao perfeccionismo" (Egan et
al., 2011; Macedo et al., 2015).
3 • "O perfeccionismo define um traço de personalidade multidimensional que representa tanto
a tendência de lutar pela perfeição como a de avaliar o eu de uma maneira crítica." [8]
• "Mais proeminente entre essas características está o estabelecimento de padrões pessoais de
desempenho excessivamente elevados e, consequentemente, a tendência de lutar pela
perfeição." [8, 10]
• "O perfeccionismo foi originalmente operacionalizado como unidimensional e mal
adaptativo associado a psicopatologia, sentimento crônico de fracasso, indecisão,
procrastinação e vergonha." [11]
• "Dadas estas visões díspares, Hamachek, no ano de 1978, conceitualizou o perfeccionismo
como sendo de natureza multidimensional, cuja construção é constituída por dois subtipos
separados, mas relacionados: o normal e o neurótico." [13]
• "Segundo ele, os perfeccionistas normais correspondem a indivíduos que relatam padrões
excessivamente elevados, mas aceitam o fato de que esses padrões nem sempre serão
atingidos, sentindo-se satisfeitos e conseguindo satisfazer com os seus padrões, sendo
motivados por um desejo de maximizar as suas capacidades." [13, 14]
• "Pelo contrário, os perfeccionistas neuróticos são aqueles que estabelecem padrões
igualmente elevados, mas têm dificuldade em aceitar situações em que os seus padrões não
possam ser cumpridos. Nesse sentido, os perfeccionistas neuróticos acham difícil sentirem-
se satisfeitos consigo mesmo ou com o seu desempenho e, muito frequentemente, são mais
orientados pelo medo do fracasso do que pelo desejo de ter sucesso." [13, 14]
4 • "O perfeccionismo é usualmente definido como uma 'perseguição pela ausência de falhas e
estabelecimento de metas demasiado altas de desempenho, acompanhadas por tendência
excessivamente crítica do próprio comportamento'" (Stoeber & Otto, 2006, p. 295).
"Outro exemplo de um processo putativamente transdiagnóstico é o Pensamento
Repetitivo Negativo (PRN), que é um fenómeno cognitivo com diversos conteúdos, mas
com as mesmas características formais de intrusividade, repetição e relativa
incontrolabilidade" (Ehring & Watkins, 2008; Macedo, 2012a; Watkins, 2008).
• "Denifiu-se, assim, como objectivo principal desta investigação analisar as relações entre
cognições perfeccionistas, pensamento repetitivo negativo e sintomas obsessivo-
compulsivos, e entre estas e os estados de humor" (Macedo, 2012a).
5 • A literatura mostra que existem associações do perfeccionismo com estados de ansiedade,
depressão e stress, embora de forma não consistente e dependente de condições ainda não
bem compreendidas" (Dunkley, Blankstein, Halsall, Williams, & Winkworth, 2000; Hewitt
& Flett, 1991; Flett, Besser, & Hewitt, 2014; Burgess & DiBartolo, 2016).
• "As preocupações avaliativas, uma componente do perfeccionismo, parece ter um papel
mais relevante nestas relações e, conhecidas as implicações clínicas da preocupação
patológica na saúde mental, preconiza-se que este constructo possa mediar a relação de
perfeccionismo com o desajustamento emocional" (Dunkley, Blankstein, Halsall, Williams,
& Winkworth, 2000; Hewitt & Flett, 1991; Flett, Besser, & Hewitt, 2014; Burgess &
DiBartolo, 2016).
• "A abordagem transdiagnóstica baseia-se na ideia de que a coexistência de determinados
processos psicológicos pode funcionar como foco central no desenvolvimento e manutenção
de diferentes perturbações mentais" (Dalgleish, Black, Johnston, & Bevan, 2020; Ehring &
Behar, 2020).
• "O perfeccionismo manifesta-se como um fator comum a várias perturbações, o que
evidencia a relevância do perfeccionismo como um fator transdiagnóstico a considerar tanto
numa abordagem teórica como na intervenção" (Egan, Wade, & Shafran, 2011; Egan et al.,
2012; Ehring & Behar, 2020).
• "Numa meta-análise, que investigou o carácter transdiagnóstico do perfeccionismo, os
resultados mostraram as duas dimensões do constructo relacionadas com várias formas de
psicopatologia, e sustentam a conceção do perfeccionismo como um fator transdiagnóstico"
(Limburg, Watson, Hagger, & Egan, 2017).
6 • O sentimento de solidão, o perfeccionismo e o desequilíbrio entre os desequilíbrio entre os
esforços dedicados ao trabalho e as recompensas explicam 34% da variança nos cirurgiões
dentistas. alguns autores (BOURASSA et al. 1984 ; CROUCHER et al, 1988 ; GOETZ,
1987; GORTER, 1999, BINHAS, 2004) relatam que a solidão no consultório dentário
poderá ser um fator estressante e conseqüentemente ocasionar Burnout nos Cirurgiões
Dentistas. Gorter et al., (1999) afirmam que os Cirurgiões Dentistas devem sair do
isolamento da vida privada e da convivência do pequeno círculo da profissão de Dentista
para tentar mulplicar os contatos com o mundo exterior.
• Segundo Magnusson, Nias et White (1996), os aspectos negativos do perfeccionismo podem
causar estratégias de coping maladaptativas que predispõem os indivíduos à fatiga.
Mitchelson et Burns (1998) relatam que formas negativas do perfeccionismo são
positivamente correlacionadas com o cinismo e a exaustão no trabalho.
7 • "O perfeccionismo tem sido definido como a tendência para estabelecer padrões
excessivamente elevados, pela rígida adesão a esses mesmos padrões, e pelas auto-
avaliações demasiado críticas" (Frost, Marten, Lahart, & Rosenblate, 1990; Shafran &
Mansell, 2001).
• "Uma miríade de estudos tem comprovado a influência do perfeccionismo em diversas
perturbações psicológicas, tais como depressão, insónia, perturbações da ansiedade e
perturbações do comportamento alimentar" (Blatt, 1995; Sherry, Hewitt, Flett, & Harvey,
2003; Azevedo et al., 2008; Stoeber, Feast, & Hayword, 2009; Wu & Cortesi, 2009;
Bardone-Cone, Sturm, Lawson, Robinson, & Smith, 2010; Cruz, 2009).
• "Hamachek (1978) postulou que o perfeccionismo pode ser normal e que o esforço
associado ao desejo de atingir a perfeição pode conduzir a um ajustamento positivo" (Burns,
1980; Soenens, Vansteenkiste, Luyten, Duriez, & Goossens, 2005).
• "Neste sentido, as investigações têm confirmado a hipótese de que o perfeccionismo é um
construto multidimensional, com aspectos adaptativos e maladaptativos" (Frost et al., 1990;
Hewitt & Flett, 1990, 1991).
• "Vários autores postulam que a ideia de se ser perfeito é influenciada por experiências
precoces vivenciadas no ambiente familiar" (Craddock et al., 2008; Frost et al., 1991;
Kawamura et al., 2002; Rice et al., 1996).
• "Uma investigação com estudantes universitários revelou que o perfeccionismo
maladaptativo estava associado a uma vinculação insegura, enquanto o perfeccionismo
adaptativo se relacionava com uma vinculação segura" (Rice & Mirzadeh, 2000)
8 • Estima-se que o perfeccionismo tenha um impacto marcante no surgimento e
manutenção de sentimentos impostores" (Dudău, 2014).
• "Pesquisadores identificam relação positiva entre perfeccionismo e fenômeno do
impostor" (Rohrmann, Bechtoldt, & Leonhardt, 2016; Vergauwe, Wille, Feys, De Fruyt, &
Anseel, 2015).
• "O perfeccionismo é definido como uma disposição da personalidade que permeia
diferentes esferas da vida humana, principalmente a acadêmica e laboral" (Cokley et al.,
2018).
• "Perfeccionistas adaptativos têm maior autoestima do que os perfeccionistas
desadaptativos, podendo servir como um mecanismo de proteção para o perfeccionista
desadaptativo" (Deuling & Burns, 2017).
9 • "Ressalta-se que os elevados níveis de perfeccionismo, a vivência de acontecimentos de
vida negativos e a presença de sintomatologia depressiva são fatores essenciais para a
identificação e prevenção do comportamento suicida, devido a despoletarem elevados níveis
de ideação suicida."
• Assim como, em jovens que apresentam traços e comportamentos perfeccionistas,
sobretudo, se for a crença que os outros possuem padrões e expetativas irrealistas para si
próprio, pois o perfeccionismo socialmente prescrito modera a relação entre a
sintomatologia depressiva e a ideação suicida."
10 • "O perfeccionismo enquanto um construto complexo e multidimensional, ainda permanece
desconhecida algumas das suas facetas, o estudo realizado possibilitou o conhecimento mais
detalhado deste constructo. Nomeadamente, da sua relação com as estratégias de regulação
emocional cognitiva adaptativas e desadaptativas e as cognições perfeccionistas."
• "Os resultados obtidos permitem concluir que, as dimensões do perfeccionismo PSP
associam-se com as estratégias de regulação emocional cognitiva desadaptativas, como
esperado. Contudo, o PAO não se correlacionou com as estratégias cognitivas adaptativas,
o que leva a crer que mesmo para os perfeccionistas mais adaptativos é difícil utilizar
estratégias adaptativas como a aceitação do que aconteceu ou fazer uma refocalização
positiva no sentido perceber o que de positivo pode ser apreendido com a situação. O que
pode dever-se a manterem uma atitude demasiado crítica e exigente em relação a si mesmo."
• "Relativamente as cognições perfeccionistas pode concluir-se que desempenham um papel
importante na relação do perfeccionismo com as estratégias de regulação emocional
cognitiva desadaptativas e demonstram ser um fator de manutenção para um perfil
perfeccionista tanto adaptativo como desadaptativo."
• "A diminuição das cognições perfeccionistas a luz dos resultados obtidos pode reduzir os
níveis de perfeccionismo e aumentar a utilização de estratégias de regulação emocional
cognitiva mais adaptativas. Este conhecimento poderá permitir o desenvolvimento de
programas de intervenção terapêutica e prevenção mais adequados a diminuição de
cognições perfeccionistas."
• "Assim sendo, para uma intervenção com melhores resultados é importante atuar junto das
cognições perfeccionistas, utilizando por exemplo a flexibilização cognitiva, visando
modificar a utilização de cognições perfeccionistas desadaptativas."
11 • Although perfectionism isconsidered as a personality trait present in patientsdiagnosed with
eating disorders12, there is still noconsensus in the literature regarding the
associationbetween perfectionism and disordered eating. Itis worth noting that female
adolescents who haveperfectionist traits tend to worry about socialacceptance11.
Considering that social acceptanceamong adolescents may be associated withphysical
appearance17, female adolescents canadopt dietary restriction for long periods of timeto
reduce body weight, which was not evidencedin the present study. Therefore, further
researchis needed to identify the possible associationbetween perfectionism and dietary
restriction.On the other hand, the associationbetween perfectionism and binge eating
andpurging behaviors was identified. It seems thatyoung women with perfectionist traits
can self-induce vomiting or misuse laxatives and diureticsin order to lose weight9.
Accordingly, adolescentsthat show perfectionist traits may develop purgingbehaviors in
search of social acceptance16. Itshould be noted, however, that the findings ofthis
study indicated that only 7% of compulsiveovereating and purging behaviors were
explainedby perfectionism, which suggests that otherpersonal characteristics may be
associated tothese behaviors.
• Tradução
• Concluiu-se que a insatisfação corporal explica a variância do comportamento de risco para
transtorno alimentar,no entanto vale ressaltar que o perfeccionismo e o estado de humor
também se relacionam ao comportamentode risco para transtorno alimentar em adolescentes
do sexo feminino, embora em menor proporção
• mbora o perfeccionismo seja considerado um traço de personalidade presente em pacientes
diagnosticados com transtornos alimentares, ainda não há consenso na literatura sobre a
associação entre perfeccionismo e transtornos alimentares. Vale ressaltar que as
adolescentes do sexo feminino que apresentam traços perfeccionistas tendem a se preocupar
com a aceitação socia. Considerando que a aceitação social entre os adolescentes pode estar
associada à aparência física, as adolescentes do sexo feminino podem adotar restrição
alimentar por longos períodos de tempo para reduzir o peso corporal, o que não foi
evidenciado no presente estudo. Portanto, mais pesquisas são necessárias para identificar a
possível associação entre perfeccionismo e restrição alimentar. Por outro lado, foi
identificada associação entre perfeccionismo e compulsão alimentar e comportamentos
purgativos. Parece que mulheres jovens com traços perfeccionistas podem autoinduzir
vômitos ou fazer uso indevido de laxantes e diuréticos para perder peso9. Nesse sentido,
adolescentes que apresentam traços perfeccionistas podem desenvolver comportamentos
purgativos em busca de aceitação social. Ressalta-se, entretanto, que os achados deste
estudo indicaram que apenas 7% dos comportamentos compulsivos de comer e purgar foram
explicados pelo perfeccionismo, o que sugere que outras características pessoais podem
estar associadas a esses comportamentos.
12 • "Esses resultados sugerem que o atleta que realiza determinada tarefa voluntariamente
estabelece altos padrões de realização para o seu próprio desempenho, provavelmente se
motiva para se sentir satisfeito e valorizado, aumentando o interesse em permanecer
praticando tal atividade, consequentemente, se aproximando da autodeterminação" (página
607).
• "A associação entre o perfeccionismo adaptativo e a motivação autodeterminada no
contexto do alto rendimento pode ser um aspecto chave para a manutenção do nível ótimo
de desempenho, sendo considerada a base para o crescimento, integridade psicológica e
coesão de grupo" (página 608).
• "Por outro lado, observou-se que os padrões pessoais de desempenho e a organização podem
refletir uma orientação menos adaptável do perfeccionismo, uma vez que o perfeccionismo
adaptativo apresentou impacto significativo sobre a motivação controlada (M.E. Regulação
Externa)" (página 608).
• "Percebe-se que elevados padrões de realização e organização podem desenvolver não só
comportamentos autônomos em atletas de elite, mas podem motivar a adesão e permanência
na prática esportiva por motivos externos, recompensa ou punição" (página 608).
13 • "No entanto, alguns pesquisadores salientam que os sintomas para tais transtornos podem
estar associados aos traços da personalidade, por exemplo, o perfeccionismo" (página 118)
• "Estudos sugerem que os pacientes com diagnóstico clínico de transtorno alimentar podem
demonstrar altos traços perfeccionistas" (página 118)
• "Embora evidências indiquem associação entre o perfeccionismo e os sintomas de
transtorno alimentar, nenhuma investigação de âmbito nacional foi encontrada" (página
119)
• "Algumas investigações têm indicado maior vulnerabilidade para os transtornos alimentares
em pessoas perfeccionistas em comparação com as não perfeccionistas" (página 119)
• "Por conseguinte, algumas hipóteses foram formuladas com base no que a literatura
científica tem preconizado: 1) adolescentes com altos traços perfeccionistas apresentam
mais chances para o desencadeamento de sintomas de transtorno alimentar; 2) jovens com
altos traços perfeccionistas demonstram maior frequência de restrição alimentar e percepção
de forças ambientes estimulantes à ingestão alimentar" (página 120)
14 • "Por algumas décadas, as características clínicas do perfeccionismo têm sido bem descritas
por muitos autores, destacando o fato de que ele possui qualidades adaptativas e
maladaptativas."
• "O perfeccionismo adaptativo envolve estabelecer metas elevadas e ainda ser capaz de se
satisfazer com seu desempenho. Em contraste, o perfeccionismo maladaptativo é
caracterizado pelo estabelecimento de padrões extremamente altos e inatingíveis,
incapacidade de se alegrar com o próprio desempenho e incerteza em relação às próprias
capacidades."
• "O conceito de perfeccionismo evoluiu de uma visão unidimensional inicial para uma
construção multidimensional mais complexa, com dimensões intrapessoais e interpessoais."
• "O MPS de Hewitt & Flett distingue três dimensões de perfeccionismo: Perfeccionismo
Orientado para o Self (SOP), Perfeccionismo Socialmente Prescrito (SPP) e Perfeccionismo
Orientado para o Outro (OOP)."
• "O perfeccionismo tem sido intimamente relacionado ao transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC) desde o início do último século e desempenhou um papel importante nas teorias
psicanalíticas do TOC e nas descrições clínicas do transtorno."
• "Vários estudos examinaram o perfeccionismo e os transtornos alimentares (TA) e
concluíram que esse traço de personalidade desempenha um papel importante como fator
de risco tanto para o desenvolvimento quanto para a manutenção dos TA."
• "Em amostras não clínicas, níveis mais elevados de perfeccionismo têm sido associados a
comportamentos alimentares desordenados."
15 • "O perfeccionismo tem sido associado a um aumento da excitação, o que, por sua vez, tem
sido relacionado a um tempo prolongado para iniciar o sono e a uma redução do tempo total
de sono."
• "Indivíduos perfeccionistas com dificuldades do sono relataram esperar que seu sono seja
perfeito e se frustrarem/an- siosos de maneira desproporcional com quaisquer desvios do
desejável."
• "SPP é caracterizado pelo estabelecimento de 'padrões inatingíveis, incapacidade de se
alegrar com o próprio desempenho e incerteza sobre as próprias capacidades'."
• "O perfeccionismo tem sido associado a um aumento da excitação, o que, por sua vez, tem
sido relacionado a um tempo prolongado para iniciar o sono e a uma redução do tempo total
de sono."
• "Ao longo do tempo, atitudes e comportamentos perfeccionistas mais abrangentes podem
se desenvolver."
• "O perfeccionismo tem sido associado a comportamentos menos frequentes de busca de
ajuda."

A partir da tabela 1 e tabela 2, é possível observar que o perfeccionismo, em suas diversas


dimensões pode interferir na qualidade da saúde mental do sujeito de forma direta ou indireta
podendo, inclusive, ser um fator de risco em alguns casos de psicopatologias, em concordância
com Limburg ET al (2017) que considera em seu estudo o perfeccionismo como uma abordagem
transdiagnóstica e também como um fator que desenvolve uma papel crítico nas psicopatologias.
É possível também perceber que a característica transdiagnóstica, ou seja, ser um possível
mantenedor do distúrbio psicológico e também ser um possível fator de risco do perfeccionismo
se torna notória em sua relação com a saúde mental ao perceber de forma mais aprofundada a
relação do perfeccionismo com as psicopatologias.

Na tabela 3, apresenta-se a quantidade de pesquisas feitas sobre o tema central “perfeccionismo”


e “saúde mental”, relacionado com as palavras-chaves escolhidas para esse trabalho.
Tabela 3: Total de artigos publicados entre os anos de 2008 e 2021. Quantidade absoluta e percentual.

Total de Artigos com as palavras “perfeccionismo”, “saúde mental”, “estresse”,


Publicação
“transtornos”, “transtornos mentais”, e “psicopatologia”

Ano Total Porcentagem

2008 1 6,66%

2009 1 6,66%

2011 1 6,66%

2014 1 6,66%

2015 2 13,33%

2016 2 13,33%

2017 2 13,33%
2021 5 33,33%

Na tabela 4 estão apresentadas as quantidades de estudos que envolveram revisões bibliográficas


e pesquisa de campo.
Tabela 4: Quantidade de estudos envolvendo “Revisões Bibliográficas e “Pesquisa de Campo”

Pesquisa de
Ano Revisão Bibliográfica
Campo

2008 - 1

2009 - 1

2011 - 1

2014 - 1

2015 - 2

2016 - 2

2017 1 1

2021 1 4

Total 2 13

Nas tabelas 3 e 4, percebe-se que o número de pesquisas sobre o perfeccionismo e a saúde mental
entre o ano de 2008 e 2021 não são muito vastos, existindo um espaço de tempo grande entre uma
pesquisa e outra. É possível perceber também que são poucos os estudos baseados em revisão
bibliográfica, enquanto em pesquisa de campo tem um número maior, mas ainda assim são poucos.
É perceptível também um aumento significativo na quantidade de estudos no ano de 2021 em
comparação com os outros anos.

Na tabela abaixo, foram apresentados, de forma mais precisa, quais são as influências que o
perfeccionismo pode ter na saúde mental, segundo os estudos escolhidos.
Tabela 5: Relação de artigos que demonstram as influências do perfeccionismo na saúde mental.

ARTIGO INFLUENCIAS NA SAÚDE MENTAL.


1) Perfeccionismo e a relação com psicopatologias: Depressão, ansiedade, transtornos alimentares.
Estudo integrativo
2)Perfeccionismo, Perturbação Psicológica e Ansiedade, depressão e stress.
Necessidades de Cuidados em Saúde Mental Um
estudo em profissionais dos Cuidados de Saúde
Primários
3) Perfeccionismo, um Universo Multidimensional: Satisfação de vida.
qual o seu Impacto na Satisfação de Vida?
4)Perfeccionismo, Pensamento Repetitivo Pensamento repetitivo negativo e sintomas obssessivo-
Negativo e Sintomatologia do Espectro Obsessivo- compulsivos.
Compulsivo
5) Ser perfeito ou ser real? O perfeccionismo no Desajustamento emocional (depressão, ansiedade e estresse).
desajustamento emocional: O efeito mediador da
preocupação.
6) Avaliação do Estresse Ocupacional, Sindrome de Saúde mental relacionado a esforços dedicados ao trabalho e
Burnout, Perfeccionismo, Sentimento de Solidão, recompensa.
Depressão e Distúbrio de sono em cirurgiões
dentistas.
7) Perfeccionismo e distress psicológico Sintomatologia depressiva e distress psicológico.
na adaptação do jovem adulto
8) Fenômeno do Impostor e Perfeccionismo: Fenômeno do Impostor e Auto-estima
Avaliando o Papel Mediador da Autoestima
9) Estudo dos acontecimentos de vida, Ideação suicida e sintomatologia depressiva.
perfeccionismo e sintomatologia depressiva na
ideação suicida
10) Perfeccionismo Adaptativo e desadaptativo: Regulação emocional cognitiva desadaptativa.
diferentes estratégias de regulação emocional
cognitiva numa amostra de estudantes universitários.
11) Comportamento de risco para transtorno Transtorno alimentar em adolescentes do sexo feminino
alimentar, insatisfação corporal, perfeccionismo e
estado de humor em adolescentes do sexo feminino
12) O impacto dos traços de perfeccionismo na Motivação autodeterminada.
motivação de atletas de futebol de alto rendimento
13) Sintomas de transtorno alimentar: associação Sintomas do transtorno alimentar em adolescentes do sexo
com traços de perfeccionismo masculino
em adolescentes do sexo masculino
14) Perfeccionismo no transtorno obsessivo- Transtornos alimentares e transtorno obssessivo-compulsivo
compulsivo e nos transtornos alimentares
15)Dependência do estado afetivo e Estabilidade Perturbações de sono.
relativa do traço do perfeccionismo nas perturbações
de sono

Já na tabela 6, mostra quantos artigos selecionados para esse estudo retratam da mesma influência
do perfeccionismo sobre a saúde mental.
Tabela 6: Quantidades evidenciadas de influências do perfeccionismo na saúde mental

Perfeccionismo e Ansiedade 3 artigos


Perfeccionismo e Depressão 5 artigos.
Perfeccionismo e Transtorno Obssessivo-compulsivo 2 artigos.
Perfeccionismo e Transtorno alimentar 4 artigos.
Perfeccionismo e Stresse/distress 2 artigos.
Perfeccionismo e Rendimento/motivação 1 artigo.
Perfeccionismo e Sono 1 artigo.
Perfeccionismo e Ideação suicida 1 artigo.
Perfeccionismo e Regulação emocional 1 artigo.
Perfeccionismo e Satisfação de vida 1 artigo.
Perfeccionismo e Fenômeno do impostor 1 artigo.
De acordo com a tabela 5 e 6, é possível concluir que o perfeccionismo influencia a saúde mental
de forma variada, tanto negativamente quanto positivamente e esse resultado é confirmado também
pela literatura que afirma que existem avanços científicos e metodológicos na área que sugerem
que esse fenômeno possui componentes positivos e negativos (AFSHAR ET AL., 2011). Segundo
essas tabelas, conclui-se que há uma maior relação entre o perfeccionismo, a depressão e o
transtorno alimentar. Contudo, também existe uma grande incidência de relação entre a ansiedade,
o transtorno obsessivo-compulsivo e o estresse e distress. A tabela 6 corrobora com a literatura
que apresenta o perfeccionismo como um integrante que se relaciona com o funcionamento
psicológico negativo, por exemplo, a ansiedade, sintomatologia depressiva, insônia crônica e
distúrbios do comportamento alimentar e risco suicida. (Chang, E. C., Banks, K. H. e Watkins, A.
F., 2004; Stairs, A. G., 2009)
A literatura reforça também que o perfeccionismo desadaptativo é um possível fator de risco para
o desenvolvimento de problemas de saúde mental e comportamento não saudáveis. Hamachek
(1978) pontua que aqueles com traços perfeccionistas neuróticos (desadaptativos) são inflexíveis
nos alcances das metas e extremamente crítico aos casos de fracasso, são acompanhados também
de sentimento de insegurança e predisposição para evitar conseqüências negativas. Segundo
Magnusson, Nias et White (1996), os aspectos negativos do perfeccionismo podem causar
estratégias de coping mal adaptativas que podem gerar a fatiga e também segundo Burns (1998)
as formas negativas do perfeccionismo se relacionam com a exaustão no trabalho.

Em contrapartida, o perfeccionismo adaptativo é classificado como uma característica positiva em


algumas situações. Andrews et al. (2014) afirma em seu estudo que o perfeccionismo adaptativo
pode motivar aos indivíduos na busca de melhora em seu desempenho nas atividades e objetivos
diários do qual possuem uma meta, e afirma também que o perfeccionismo adaptativo melhora o
desempenho em diversos testes neurocognitivos. Andrews ET al. (2014) também apresenta o
posicionamento de Hamachek (1978) ao concluir que quem apresenta traços do perfeccionismo
normal possui altos padrões pessoais e se dedicam para realizar e conquistar com conseqüências
positivas. Os artigos escolhidos para esse presente estudo corroboram com os estudos acima
citados.

André Sousa Rocha (2021) concluiu em sua revisão literária que o perfeccionismo se relaciona
com diversas psicopatologias, incluindo depressão, ansiedade, transtorno alimentar (bulimia e
anorexia) e o transtorno obssessivo-compulsivo.
Suzana Miguel de Castro Pinto (2016) em seu estudo baseado em pesquisa de campo de caráter
exploratório contou com a participação de 300 profissionais da área da saúde que responderam
uma bateria de questionário de autorresposta, incluindo a Escala Multidimensional de
Perfeccionismo de Hewitt e Flett – versão reduzida e obteve como resultado uma correlação
significativa e moderada entre a ansiedade, depressão e stress com o perfeccionismo.
Marta Sofia Ávila Fraga (2017) concluiu em seu estudo baseado em 8 artigos relacionando
perfeccionismo e suas diferentes dimensões com domínios da satisfação de vida que os indivíduos
perfeccionistas adaptativos ou saudáveis possuem uma maior satisfação de vida, já os indivíduos
perfeccionistas mal-adaptativos ou não saudáveis apresentam uma correlação mais negativa,
assumindo assim que o perfeccionismo é um preditor da satisfação de vida.

Através de um estudo transversal e analítico, Tiago Ferreira, Marta Nascimento, António Macedo
Ana Pereira & António Pissarra/ (2017) concluíram que existe uma relação significativa entre o
perfeccionismo, pensamento repetitivo negativo e a sintomatologia obssessiva-compulsiva.
Por intermédio de um estudo de campo com uma amostra de 669 participantes, Silva, Maria Teresa
Loureiro Amaral (2021) constatou que a preocupação nas duas dimensões do perfeccionismo
influencia no desajustamento emocional e que essas dimensões são relacionadas
significativamente com a ansiedade, depressão e estresse. Nesse estudo, a dimensão Preocupações
avaliativas é equivalente ao perfeccionismo desadaptativo e a dimensão Esforço Pessoal é
relacionado ao perfeccionismo adaptativo.

Janine. Julieta. Clara Odilia, Nancy. Julieta, Reimão, Rubens, Rascle, Nicole em seu estudo
comprovou que o perfeccionismo mal adaptativo explica uma porcentagem da má saúde mental
dos cirurgiões dentistas, baseado em uma pesquisa de campo de 161 dentistas de São Paulo e Rio
de Janeiro.

CARLA OLIVEIRA, ANABELA PEREIRA, PAULA VAGOS, INÊS DIREITO concluíram em


seu trabalho que o perfeccionismo possui correlação com o distress psicológico e a depressão,
principalmente o perfeccionismo auto-orientado e o perfeccionismo socialmente prescrito.

O estudo de Soares, Ana Karla Silva; Nascimento, Eduardo França do; Cavalcanti, Thiago
Medeiros, baseado em pesquisa de campo composto por 380 universitários concluiu que aqueles
que possuem maior grau de impostorismo possuem também maior índice de perfeccionismo
desadaptativo e menor auto-estima, ou seja, o perfeccionismo desadaptativo influencia no nível do
impostorismo e da auto-estima do indivíduo. Esse estudo também pontua que a auto-estima tem
uma maior relação com o perfeccionismo adaptativo de forma positiva e de forma negativa com o
perfeccionismo desadaptativo.

JENIFER DANIELA DE NÓBREGA DA MATA, concluiu em seu trabalho baseado em pesquisa


de campo com participação de 224 jovens-adultos que o perfeccionismo tem correlação com a
ideação suicida e também que o perfeccionismo socialmente prescrito regula a relação da ideação
suicida com a sintomatologia depressiva. Em conclusão, percebeu-se que indivíduos que possuem
maiores níveis de perfeccionismo socialmente prescrito têm maior probabilidade de desenvolver
sintomatologia depressiva e ideação suicida.

Em seu trabalho de pesquisa de campo, MARTA ISABEL VENTURA GUERREIRO, contou com
a participação de 70 estudantes e concluiu que a regulação emocional cognitiva desadaptativa tem
relação com o perfeccionismo adaptativo e desadaptivo, sendo assim desempenha um papel
fundamental na regulação emocional dos estudantes.

Neste trabalho, Leonardo de Sousa FORTES Juliana Fernandes Filgueiras MEIRELES Clara
Mockdece NEVES Sebastião Sousa ALMEIDA Maria Elisa Caputo FERREIRA concluíram que
o perfeccionismo se relaciona com os sintomas da bulimia e que existe a possibilidade de
desenvolver transtornos alimentares.

Este estudo de pesquisa de campo com a participação de 182 atletas profissionalizados e não
profissionalizados, concluiu que o perfeccionismo adaptativo pode influenciar no
desenvolvimento da motivação autodeterminada em atletas profissionalizados, já o perfeccionismo
mal adaptativo influencia no aumento de comportamentos regulados por fatores externos. Hill AP,
Hall HK, Appleton PR (2010) afirma que o jogador que possui o perfeccionismo adaptativo tem
maior habilidade para dominar demandas estressantes no ambiente e isso possibilita que seja uma
chave mantenedora do alto rendimento e do ótimo desempenho.

Leonardo de Sousa Fortes, Flávia Marcele Cipriani, Sebastião de Sousa Almeida, Maria Elisa
Caputo Ferreira concluíram em seu estudo de pesquisa de campo, com a participação de 368
adolescentes do sexo masculino, que o perfeccionismo está relacionado com os transtornos
alimentares uma vez que os meninos participantes possuem altos traços perfeccionistas. Os
sintomas do transtorno alimentar estão associados ao medo de não obter sucesso, ao pensamento
de estar sendo avaliado de forma rigorosa e a busca pela perfeição, que são característicos das
pessoas perfeccionistas. (Rouveix M, Bouget M, Pannafieux C, Champely S, Filaire E, 2010)

Berta Rodrigues MaiaMaria João SoaresAna GomesMariana MarquesAna Telma PereiraAna


CabralJosé ValenteSandra Carvalho BosMichele PatoFernando PocinhoMaria Helena
AzevedoAntónio Macedo (2009) em seu estudo concluiu que as amostras com Transtorno
Alimentar apresentou nível significativamente alto de perfeccionismo, especificamente o
perfeccionismo socialmente prescrito.

Esses resultados são confirmados pelas literaturas que apontam a influência do perfeccionismo
sobre as perturbações emocionais. (Hamilton & Schweitzer, 2000; Hewitt & Flett, 1991; Macedo,
2012).

Igualmente, é importante salientar que foi possível identificar na análise desses artigos a maior
incidência também do perfeccionismo socialmente prescrito como mantenedor ou o fomentador
de prejuízos na saúde mental do indivíduo. Jennifer Mata (2021) em seu estudo aponta o
perfeccionismo socialmente prescrito como moderador da sintomatologia depressiva e ideação
suicida, assim como outros estudos deste presente trabalho.

Esses resultados estão em concordância com as definições e estudos apresentados por Bieling et
al. (2004) que considerava o perfeccionismo socialmente prescrito como perfeccionismo
desadaptativo e Hewitt e Flett (1991) que certifica que a extrema necessidade da busca pela
perfeição diante aos outros pode gerar desconexão social, alienação e solidão, culminando na
ideação suicida e tentativas de suicídio. O perfeccionismo socialmente prescrito, que é uma
convicção de que os outros exigem dele padrões excessivos e expectativas irrealista (Hewitt &
Flett, 1991), tem sido relacionado ao perfeccionismo desadaptativo por desencadear problemas
interpessoais, como o isolamento, solidão e ausência do sentimento de pertencimento, tendo como
conseqüência níveis mais altos de hostilidade e a presença de sensibilidade exorbitante à críticas e
rejeição (Hewitt et al., 2006).

8- CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A partir dos resultados deste presente estudo, observou-se que o perfeccionismo pode influenciar
tanto de maneira positiva quanto de maneira negativa na saúde mental dos indivíduos. A saúde
mental é resultado da interação da vulnerabilidade do ser humano e o estresse causado por eventos
da vida e estressores crônicos. Logo, as circunstâncias em que nascem, crescem e vivem os
indivíduos diferencia a saúde mental dos mesmos (OMS, 2022).
Esse presente estudo teve como conclusão que o perfeccionismo pode ser o fomentador ou o
mantenedor de prejuízos na saúde mental, como depressão, ansiedade, transtorno alimentar,
transtorno obssessivo compulsivo, ideação suicida, desajustamento emocional, baixa auto-estima,
fenômeno do impostor, estresse e outros sintomas. Porém, também foi possível concluir que o
perfeccionismo pode ser um mantenedor para bons desempenhos e alto rendimento em atletas e
estudantes e em pessoas que buscam realizar expectativas altas, porém não possuem um grande
sofrimento psíquico caso não tenha suas expectativas realizadas.
A partir das dimensões do perfeccionismo sendo ele adaptativo ou desadaptativo foi possível
perceber também que existe um número maior de pesquisas pontuando os efeitos do
perfeccionismo desadaptativo na saúde mental e um número menor de material de estudos sobre a
influência do perfeccionismo adaptativo. Baseado nisso, faz-se importante e necessário para maior
conhecimento do assunto ampliar as pesquisas sobre o perfeccionismo adaptativo e suas
influencias.
Na análise dessas literaturas também foi possível concluir o quanto o tema “perfeccionismo e
saúde mental” não tinha tantas pesquisas, mas com o passar dos anos, mais especificamente a partir
de 2021 houve um aumento expressivo. Tal conclusão permitir levantar o questionamento para
futuras pesquisas e estudos do possível motivo para o aumento do interesse sobre o assunto.
Além disso, é notório um público-alvo e localidades restritas nas pesquisas encontradas. Os
estudos encontrados em sua maioria são no Brasil e em Portugal, contando com a participação
majoritária de estudantes, jovens e profissionais da saúde, não abrangendo crianças, idosos ou
outros profissionais. Como sugestão para estudos futuros, sugere-se que haja uma maior
abrangência de público-alvo para examinar se existe alguma influência e relação do
perfeccionismo com a qualidade da saúde mental desses indivíduos, assim como é viável também
que identifique o motivo da incidência de pesquisas sobre o assunto nesses dois países e também
ampliar as investigações a outras localidades e culturas.
Em suma, é extremamente necessário mais pesquisas sobre a relação do perfeccionismo com a
saúde mental e suas influências para que haja maior conhecimento sobre e também para que seja
possível criar medidas de prevenção e também ser mais assertivos nos planos de tratamento para
os indivíduos que tem alguma conseqüência negativa devido a este constructo.
Referência:
ROCHA, André Sousa. Perfeccionismo e a relação com as psicopatologias: Estudo interativo.
2021. Tese (Doutorado em Psicologia) - Universidade São Francisco, Brasil. 01/03/2021.

Stoeber, J., & Otto, K. (2006). Positive conceptions of perfectionism: Approaches, evidence,
challenges. Personality & Social Psychology Review (Lawrence Erlbaum Associates), 10(4).

PINTO, Susana Miguel de Castro. Perfeccionismo, Perturbação Psicológica e Necessidades de


Cuidados em Saúde Mental: Um estudo em profissionais dos Cuidados de Saúde Primários. 2016.
Dissertação (Mestrado em Psiquiatria e Saúde Mental) - Universidade do Porto.

FRAGA, Marta Sofia Ávila. Perfeccionismo, um universo multidimensional: qual o seu impacto
na satisfação de vida? 2017. Tese (Doutorado em Psiquiatria) - Faculdade de Medicina,
Universidade de Lisboa.
FERREIRA, Tiago; NASCIMENTO, Marta; MACEDO, António; PEREIRA, Ana; PISSARRA,
António. Perfeccionismo, Pensamento Repetitivo Negativo e Sintomatologia do Espectro
Obsessivo-Compulsivo. Psicologia, Saúde e Doenças, vol. 18, núm. 2, 2017, pp. 581-590.
SILVA, Maria Teresa Loureiro Amaral. Ser Perfeito ou Ser Real? O Perfeccionismo no
Desajustamento Emocional: O Efeito Mediador da Preocupação. Dissertação (Mestrado em
Psicologia Clínica e da Saúde) – Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Escola
de Psicologia e Ciência da Vida. Lisboa, 2021.

Inocente, J. J., Inocente, C. O., Julieta, N., Reimão, R., & Rascle, N. (2002). Avaliação do Estresse
Ocupacional, Síndrome de Burnout, Perfeccionismo, Sentimento de Solidão, Depressão e
Distúrbio de Sono em Cirurgiões Dentistas. Universidade de Taubaté / Departamento de
Odontologia e Psicologia, Avenida Nove de Julho 245, Centro, Taubaté- SP, Brasil; Université
Victor Segalen/Psicologia, 3, ter Place de la Victoire 33076 Bordeaux, França; Université Victor
Segalen/Psicologia.
Oliveira, D. F.; Carmo, C.; Cruz, J. P.; Brás, M. (2012). Perfeccionismo e Representação
Vinculativa em Jovens Adultos. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Universidade do
Algarve, Faro, Portugal.

Soares, A. K. S., Nascimento, E. F. do, & Cavalcanti, T. M. (2021). Fenômeno do Impostor e


Perfeccionismo: Avaliando o Papel Mediador da Autoestima. Estudos

MATA, Jenifer Daniela de Nóbrega da. Estudo dos acontecimentos de vida, perfeccionismo e
sintomatologia depressiva na ideação suicida. 2021. Dissertação (Mestrado em Psicologia
Clínica e da Saúde) - Universidade do Algarve

Guerreiro, Marta Isabel Ventura. Perfeccionismo adaptativo e desadaptativo: diferentes estratégias


de regulação emocional cognitiva numa amostra de estudantes universitários. 2021 - Universidade
do Algarve.
FORTES, Leonardo de Sousa et al. Comportamento de risco para transtorno alimentar,
insatisfação corporal, perfeccionismo e estado de humor em adolescentes do sexo feminino. 2015.
Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de
Vitória, Núcleo de Educação Física e Ciências do Esporte. Universidade Federal de Juiz de Fora,
Faculdade de Educação Física e Desportos, Departamento de Fundamentos de Educação Física.
Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Departamento de
Psicologia.

OLIVEIRA, Leonardo Pestillo de et al. O impacto dos traços de perfeccionismo na motivação de


atletas de futebol de alto rendimento. 21/04/15. Trabalho de Conclusão de Curso - Centro
Universitário Cesumar, Maringá, PR, Brasil. Faculdade Ingá, Maringá, PR, Brasil. Universidade
Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil.

FORTES, Leonardo de Sousa et al. Sintomas de transtorno alimentar: associação com os traços
perfeccionistas em adolescentes do sexo masculino. 24/8/2014. Artigo apresentado no Núcleo de
Educação Física e Ciências do Esporte da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Centro
Acadêmico de Vitória, Vitória de Santo Antão, PE, Brasil. Programa de Pós-Graduação em
Psicologia, Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz
de Fora, MG, Brasil. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de
São Paulo (FFCLRP/USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil.
MAIA, Berta Rodrigues et al. Perfeccionismo no transtorno obsessivo-compulsivo e nos
transtornos alimentares. April 25, 2009. Instituto de Psicologia Médica, Faculdade de Medicina,
Universidade de Coimbra, Portugal. Departamento de Ciências da Educação, Universidade de
Aveiro, Portugal. Departamentos de Psiquiatria e Ciências Comportamentais, University Southern
California, Los Angeles, USA. Clínica Psiquiátrica, Hospital Universidade de Coimbra, Portugal.

Maia, B. R., Soares, M. J., Pereira, A. T., Marques, M., Bos, S. C., Gomes, A., Valente, J.,
Azevedo, M. H., & Macedo, A. (2011). Dependência do estado afetivo e estabilidade relativa do
traço do perfeccionismo nas perturbações de sono. Revista Brasileira de Psiquiatria, 33(3), 252-
260. https://doi.org/10.1590/S1516-44462011000300008

Você também pode gostar