Você está na página 1de 26

Centro Universitário Augusto Motta- UNISUAM

Curso de Psicologia
Projeto de Pesquisa em Psicologia

Perfeccionismo: Os efeitos na saúde mental.

Michelle Sabino de Santana 20102250


Nicolas de Souza Goulart 20101295

Rio de Janeiro
2023
SUMÁRIO
 Resumo.................... …………………………………………………………..3

 Introdução..................………………………………………………………….3

 Metodologia………………..................................….………………….………6

 Resultados e discussão dos resultados....................…………...……………….6

 Considerações finais...……....................................……………………………22

 Referências.........................................................................................................23
• RESUMO

O perfeccionismo, socialmente, possui uma identificação ambígua, uma vez que pode ser
utilizado tanto como qualidade quanto como um defeito, dependendo das conseqüências que essa
característica de personalidade ocasiona na vida do indivíduo. De acordo com a variedade de
dimensões acerca do perfeccionismo é possível encontrar literaturas que demonstram as
conseqüências que esse constructo traz a saúde mental dos indivíduos, as suas influências e suas
relações com psicopatologias. Diante disso, esse estudo tem como objetivo fazer uma análise
destas literaturas, por meio de uma revisão integrativa, e demonstrar quais os efeitos que o
perfeccionismo tem sobre a saúde mental do indivíduo. Dessa maneira, foram executadas busca
de literaturas nas bases de dado Scielo, Pepsico e Google Acadêmico com as palavras chaves
“perfeccionismo”, “saúde mental”, “estresse”, “transtornos”, “transtornos mentais”, e
“psicopatologia”. Foram encontrados 11.220 artigos inicialmente, mas a partir dos critérios de
exclusão e inclusão aplicados, 11.205 foram descartados. Assim, 15 artigos compuseram a
amostra final. Os resultados obtidos demonstram que o perfeccionismo pode ser o mantenedor
ou fator de risco para diversas psicopatologias e desajustamentos psicológicos, como
depressão, ansiedade, TOC, transtornos alimentares, entre outros, assim como também pode
ser uma característica que motiva aos indivíduos buscar o melhor desempenho, terem mais
motivação, maior satisfação de vida, maior auto-estima, entre outros também.

• INTRODUÇÃO

A OMS (2022) retrata a saúde mental com valor intrínseco e fundamental na vida dos seres
humanos. Os sentimentos, pensamentos e comportamentos são diretamente influenciados pela
saúde mental, assim como tomada de decisões, construção de relacionamentos e moldar o mundo
em que vivemos também. O indivíduo que possui saúde mental é capaz de se conectar,
funcionar, enfrentar e prosperar, já que tem habilidade para perceber as próprias capacidades,
aprender e trabalhar bem e contribuir ativamente para as comunidades (OMS, 2022).
Por outro lado, uma vez que a saúde mental está prejudicada, os comportamentos podem ser
alterados, os pensamentos e sentimentos podem ser perturbados, a saúde física também pode ser
comprometida, assim como os relacionamentos, educação e meios de subsistência (OMS, 2022).
A saúde mental não é definida pela ausência ou presença de transtorno mental, já que os
indivíduos não são nem mentalmente saudáveis nem doentes mentais. A saúde mental é um
contínuo complexo desde um ótimo estado de bem-estar até estados debilitantes de grande dor e
sofrimento emocional. Ela é determinada por relações complexas dos fatores individuais,
familiares, comunitários e estruturais que mudam ao passar do tempo e espaço que variam pelas
diferentes vivencias dos indivíduos (OMS, 2022). Uma das vertentes segundo as literaturas que
pode afetar a saúde mental é o traço perfeccionista nos indivíduos.
O perfeccionismo, socialmente, possui uma identificação ambígua, uma vez que pode ser
utilizado tanto como qualidade quanto como um defeito, dependendo das conseqüências que essa
característica de personalidade ocasiona na vida do indivíduo. Esse constructo é complexo e
caracterizado pelo empenho para alcançar a perfeição e determinação de padrões de desempenho
extremamente elevado com avaliações críticas de forma excessiva tanto para o seu próprio
comportamento como para o comportamento de outra pessoa (STOEBER, 2017).
Na literatura, podemos encontrar evidências que demonstram as multidimensões que o
perfeccionismo aborda. As primeiras pesquisas relacionadas ao perfeccionismo são
fundamentadas pelos escritos dos teóricos psicanalistas Horney e Adler.
Horney (1950) retrata que o perfeccionismo é uma inclinação da personalidade altamente
neurótica sem ter quaisquer aspectos positivos, mas Adler relata que a busca pela perfeição,
acontece de maneira inata e que pode ser exteriorizada de formas diferentes de acordo com a
subjetividade do indivíduo que determina como atingir ou tentar atingir a perfeição (HALL,
2000).
Hall (2000) expõe que Adler também relata que a busca pela perfeição é uma meta de vida
impulsionada pela necessidade de superar a inferioridade e pela pressão do desejo de ser
superior.
Akay-Sullivan, Sullivan e Braton (2016) destacam que Adler pode ser o pioneiro a retratar o
perfeccionismo através de uma visão multidimensional pontuando aspectos adaptativos e
desadaptativos em relação à saúde mental. Do mesmo modo, Hamachek (1978) também propôs o
perfeccionismo com duas formas diferentes. Segundo ele, existia uma forma positiva a qual ele
chamava de “perfeccionismo normal” em que os indivíduos gostavam de seguir o seu empenho
perfeccionista e outra forma que era negativa chamada de “perfeccionismo neurótico” em que os
indivíduos sofriam com os esforços perfeccionistas.
Com o passar do tempo, alguns outros autores expuseram opiniões parecidas sobre a
possibilidade de variação das dimensões do perfeccionismo. Frost, Marten, Lahart e Rosenblate
(1990) em seu estudo afirmam que o perfeccionismo possui diferentes dimensões e citam:
padrões pessoais, preocupação com os erros, dúvidas sobre ações, expectativas dos pais, crítica
dos pais, e organização. Já Hewitt e Flett (1990, 1991) publicaram que o perfeccionismo possui
três dimensões, que são elas: auto-orientado (baseado na crença de buscar a perfeição e ser
perfeito), orientado para os outros (baseia-se na crença de que os outros indivíduos precisam ser
perfeitos e buscar a perfeição), e socialmente prescrito (baseado em crenças que precisam buscar
a perfeição e ser perfeito para que os outros tenham a expectativa correspondida, ou seja, os
perfeccionistas socialmente prescritos acreditam que os outros esperam a perfeição deles).
Frost ET al. (1993) conclui em seu estudo que o perfeccionismo possui duas dimensões de ordem
superior. A primeira dimensão está relacionada a padrões pessoais, organização, perfeccionismo
auto-orientado e perfeccionismo orientado para o outro, sendo considerada como perfeccionismo
adaptativo e assim denominada como esforço positivo. Já a segunda dimensão se relaciona com
preocupação com erros, dúvidas sobre as ações, expectativas e críticas parentais e
perfeccionismo socialmente prescrito, sendo considerado como perfeccionismo desadaptativo e
denominado como preocupações de avaliação desadaptativas.
Com a variedade de nomenclaturas das diversas dimensões do perfeccionismo, com o objetivo de
facilitar o entendimento, neste presente trabalho usaremos os termos perfeccionismo adaptativo e
perfeccionismo desadaptativo.
De acordo com a definição de saúde mental pela OMS e a variedade de dimensões acerca do
perfeccionismo, é possível encontrar literaturas que demonstram as conseqüências que esse
constructo traz a saúde mental, as suas influências e suas relações com psicopatologias. Diante
disso, esse estudo tem como objetivo fazer uma análise destas literaturas, por meio de uma
revisão integrativa, e verificar quais os efeitos que o perfeccionismo tem sobre a saúde mental do
indivíduo.
• MÉTODO

Para realizar este estudo foi adotado o método de revisão bibliográfica que consiste na apuração
de materiais científicos que já foram escritos e publicados por outros pesquisadores sobre o
assunto específico desta pesquisa. Para o levantamento da literatura foram utilizadas as
plataformas on-line Scielo, Pepsic e Google Acadêmico, somando o total de artigos encontrados
nas 3 (três) plataformas, totalizaram-se 11.220 (onze mil duzentos e vinte) artigos.que
abordavam a temática de perfeccionismo. As palavras chaves utilizadas foram
“perfeccionismo”, “saúde mental”, “estresse”, “transtornos”, “transtornos mentais”, e
“psicopatologia”, os idiomas escolhidos foram “Português”, “Inglês” e “Espanhol”. Foi
realizada uma leitura breve sobre os títulos dos artigos e uma leitura investigativa dos
resumos dos artigos analisando se haviam informações a respeito da temática central e se
estavam de acordo com o objetivo da pesquisa, após esse processo, dos cento e treze (113)
artigos encontrados na base de dados Scielo, foram selecionados seis (6) artigos, já no Pepsic
foram utilizados um (1) artigo, e no Google Acadêmico foram eleitos oito (8) artigos que
corresponderam de maneira efetiva aos efeitos que o perfeccionismo causa na saúde mental
dos indivíduos, totalizando assim 15 artigos para ser usados como referências desta pesquisa.

 RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

a) Os efeitos do perfeccionismo na saúde mental


A seguir, na Tabela 1, está disposto o levantamento da literatura que relacionam o
perfeccionismo e saúde mental, identificando os resultados obtidos em cada pesquisa.

Tabela 1: Artigos que relacionam perfeccionismo e saúde mental


Título do artigo Autor / ano Resultado
1) Perfeccionismo e a André Sousa R. /2021 Foram usados 13 artigos na pesquisa, com resultados que
relação com psicopatologias: indicaram que o perfeccionismo tem se relacionado com
Estudo integrativo depressão, ansiedade, transtornos alimentares (bulimia e
anorexia) bem como transtorno obsessivo compulsivo.

2)Perfeccionismo, Susana Miguel de Castro Tanto a perturbação psicológica, como o comportamento


Perturbação Psicológica e Pinto/ 2016 de saúde e de doença, foi relacionada com o traço de
Necessidades de Cuidados personalidade perfeccionismo. O estudo se utilizou de 4
em Saúde Mental Um estudo índices de amostra feito em 300 participantes, tendo como
em profissionais dos resultado os níveis de Perfeccionismo, correlacionam-se
Cuidados de Saúde significativa e moderadamente com a Ansiedade, a
Primários Depressão e o Stress
3) Perfeccionismo, um Marta Sofia Ávila Fraga/ Conclui-se que o perfeccionismo é um preditor
Universo Multidimensional: 2017 significativo de satisfação de vida. Revisões de estudos
qual o seu Impacto na acerca do perfeccionismo indicam que este é uma variável
Satisfação de Vida? associada ao funcionamento psicológico negativo,
nomeadamente à existência de maior ansiedade.
4)Perfeccionismo, Tiago Ferreira,, Marta Estados do humor desfavoráveis foram significativamente
Pensamento Repetitivo Nascimento, António associados a scores elevados de perfeccionismo,
Negativo e Sintomatologia Macedo Ana Pereira & pensamento repetitivo negativo e sintomatologia
do Espectro Obsessivo- António Pissarra/ 2017 obsessiva-compulsiva. Estes achados estão de acordo com
Compulsivo as evidências que apontam para que as cognições
perfeccionistas e o PRN sejam correlatos para maiores
níveis de ansiedade e depressão. O PRN atua através do
aumento da vulnerabilidade individual à ansiedade e
depressão. (Ehring, et al. 2008) A associação dos sintomas
OCs aos afetos negativos enquadra-se na observação de
co-morbilidades associadas a POC, nomeadamente
perturbações de ansiedade e do humor.
5) Ser perfeito ou ser real? O Silva, Maria Teresa Loureiro Foi examinado o impacto do efeito mediador da
perfeccionismo no Amaral /2021 preocupação, entre perfeccionismo e desajustamento
desajustamento emocional: emocional, constituído por estados emocionais conspícuos
O efeito mediador da e perturbações psicológicas: os estados de depressão, de
preocupação. ansiedade e de stress. Os resultados confirmaram o papel
mediador a preocupação, e que o impacto deste efeito
mediador é diferente nas duas dimensões do
perfeccionismo, sendo que as preocupações avaliativas
têm uma relação mais forte com o desajustamento
emocional, do que o esforço pessoal
6) Avaliação do Estresse Janine. Julieta. Clara Odilia, Os resultados do presente estudo indicam que o
Ocupacional, Sindrome de ,Nancy. Julieta, Reimão,Rube desequilíbrio entre os esforços e a recompensa no trabalho
Burnout, Perfeccionismo, ns, Rascle, Nicole contribui para um déficit na saúde mental dos Cirurgiões
Sentimento de Solidão, Dentistas, os aspectos negativos do perfeccionismo podem
Depressão e Distúbrio de causar estratégias de coping mal adaptativas que
sono em cirurgiões dentistas. predispõem os indivíduos à fatiga. Mitchelson et Burns
(1998) relatam que formas negativas do perfeccionismo
são positivamente correlacionadas com o cinismo e a
exaustão no trabalho.
7) Perfeccionismo e distress Carla Oliveira, Anabela O perfeccionismo parece estar associado a uma grande
psicológico na adaptação do Pereira, Paula Vagos, Inês variedade de perturbações mentais.
jovem adulto Direito/2016 Vários estudos, com uma amostra de estudantes
universitários, indicam que elevados níveis de
perfeccionismo parecem estar associados a elevados
níveis de sintomatologia depressiva. Este estudo também
sugere que níveis mais elevados de perfeccionismo podem
estar associados a níveis mais elevados de sintomatologia
depressiva e de distress psicológico.
8) Fenômeno do Impostor e Ana Karla Silva Soares, Identificou-se que a autoestima mediou parcialmente a
Perfeccionismo: Avaliando Eduardo França do relação entre o perfeccionismo (desadaptativo e
o Papel Mediador da Nascimento, Thiago adaptativo) e o fenômeno do impostor, sendo maior o
Autoestima Medeiros Cavalcanti/ 2021 efeito no caso do perfeccionismo desadaptativo. Conclui-
se que a autoestima é uma variável importante para a
compreensão da relação entre o impostorismo e o
perfeccionismo, reforçando que pessoas com mais
autoestima e menos desadaptativamente perfeccionistas
costumam vivenciar menos o fenômeno do impostor
9) Estudo dos Mata, Jenifer Daniela de De acordo com os modelos teóricos explicativos, o
acontecimentos de vida, Nóbrega/ 2021 comportamento suicidário é influenciado por diversos
perfeccionismo e fatores de risco, dos quais salientam-se os acontecimentos
sintomatologia depressiva na de vida negativos, o perfeccionismo e a sintomatologia
ideação suicida depressiva.
Os resultados indicam que os fatores de risco, mais
especificamente, os acontecimentos de vida negativos, o
perfeccionismo socialmente prescrito e a depressão se
relacionam positiva e significativamente com a ideação
suicida. Verifica-se também que a relação entre os
acontecimentos de vida negativos e a ideação suicida é
mediada parcialmente pela sintomatologia depressiva e
que o perfeccionismo socialmente prescrito modera a
relação entre a sintomatologia depressiva e a ideação
suicida.
10) Perfeccionismo MARTA ISABEL Este trabalho teve como principal finalidade estudar a
Adaptativo e desadaptativo: VENTURA relação entre o perfeccionismo e as estratégias de
diferentes estratégias de GUERREIRO. /2021 regulação emocional cognitiva. Os resultados obtidos
regulação emocional permitem concluir que, as dimensões do perfeccionismo
cognitiva numa amostra de PSP associam-se com as estratégias de regulação
estudantes universitários. emocional cognitiva desadaptativas, como esperado.
Contudo, o PAO não se correlacionou com as estratégias
cognitivas adaptativas, o que leva a crer que mesmo para
os perfeccionistas mais adaptativos é difícil utilizar
estratégias adaptativas como a aceitação do que aconteceu
ou fazer uma refocalização positiva no sentido perceber o
que de positivo pode ser apreendido com a situação. As
cognições perfeccionistas podem concluir-se que
desempenham um papel importante na relação do
perfeccionismo com as estratégias de regulação emocional
cognitiva desadaptativas e demonstram ser um fator de
manutenção para um perfil perfeccionista tanto adaptativo
como desadaptativo.
11) Comportamento de risco Leonardo de Sousa FORTES O estudo destaca a importância de abordar o
para transtorno alimentar, Juliana Fernandes Filgueiras perfeccionismo como um possível fator de risco para o
insatisfação corporal, Meireles desenvolvimento de problemas de saúde mental e
perfeccionismo e estado de Clara Mockdece NEVES comportamentos não saudáveis em jovens mulheres,
humor em adolescentes do Sebastião Sousa ALMEIDA especialmente em relação à imagem corporal e hábitos
sexo feminino Maria Elisa Caputo alimentares. Os resultados sugerem que intervenções
FERREIRA /2015 destinadas a reduzir tendências perfeccionistas podem ser
benéficas para promover a saúde mental positiva e reduzir
o risco de desenvolver transtornos alimentares ou outros
problemas relacionados em adolescentes do sexo
feminino.
12) O impacto dos traços de Leonardo Pestillo de Oliveira O texto discute a relação entre perfeccionismo e saúde
perfeccionismo na João Ricardo Nickenig mental, especificamente em atletas de alto rendimento no
motivação de atletas de Vissoci futebol. O artigo se concentra no impacto que traços de
futebol de alto rendimento José Roberto Andrade do perfeccionismo podem ter na motivação desses atletas. O
Nascimento Junior estudo sugere que, embora o perfeccionismo possa
Luciana Ferreira motivar os atletas a alcançar seus objetivos, também pode
Lenamar Fiorese Vieira levar a uma pressão excessiva e a problemas de saúde
Pamela Norraila da Silva mental, como ansiedade e depressão. A pesquisa destaca a
Francielle Cheuczuk/ 2015 importância de equilibrar a busca pela excelência com o
cuidado com a saúde mental dos atletas.
13)Sintomas de transtorno LEONARDO DE SOUSA De acordo com os autores, a pressão social e cultural para
alimentar: associação com FORTESFLÁVIA se ter um corpo perfeito pode levar alguns adolescentes a
traços de perfeccionismo em MARCELE adotar comportamentos alimentares disfuncionais como
adolescentes do sexo CIPRIANISEBASTIÃO DE forma de alcançar esse ideal. Além disso, a tendência ao
masculino SOUSA ALMEIDAMARIA perfeccionismo pode aumentar a probabilidade de
ELISA CAPUTO desenvolver transtornos alimentares, uma vez que esses
FERREIRA/ 2014 indivíduos tendem a estabelecer metas irrealistas e a se
punir por não as alcançar.
Os resultados da pesquisa sugerem que os adolescentes do
sexo masculino que apresentam sintomas de transtornos
alimentares também tendem a apresentar traços de
perfeccionismo, especialmente a autocrítica e a exigência
de perfeição. Os autores destacam a importância de se
considerar a influência do perfeccionismo na saúde mental
dos adolescentes e ressaltam a necessidade de
intervenções preventivas e de tratamento para transtornos
alimentares que levem em conta essa relação.
14)Perfeccionismo no Berta Rodrigues MaiaMaria O artigo discute a relação entre perfeccionismo e saúde
transtorno obsessivo- João SoaresAna mental em dois contextos específicos: transtorno
compulsivo e nos GomesMariana MarquesAna obsessivo-compulsivo (TOC) e transtornos alimentares. O
transtornos alimentares Telma PereiraAna CabralJosé autor argumenta que o perfeccionismo pode ser um fator
ValenteSandra Carvalho de risco para o desenvolvimento desses transtornos, uma
BosMichele PatoFernando vez que indivíduos com tendências perfeccionistas podem
PocinhoMaria Helena ser mais propensos a se preocupar excessivamente com a
AzevedoAntónio Macedo/ aparência ou a perfeição de seu corpo, bem como com a
2009 execução de tarefas específicas. No caso do TOC, o autor
sugere que o perfeccionismo pode ser um aspecto central
da doença, uma vez que os indivíduos com TOC muitas
vezes se sentem compelidos a realizar certas ações de
forma repetitiva e perfeita. Já nos transtornos alimentares,
o autor argumenta que o perfeccionismo pode ser um fator
de risco para o desenvolvimento desses transtornos, uma
vez que indivíduos com tendências perfeccionistas podem
ser mais propensos a se preocupar excessivamente com a
aparência ou a perfeição de seu corpo, bem como com a
execução de tarefas específicas, como contar calorias ou
se exercitar de maneira excessiva.
15)Dependência do estado Berta R. MaiaMaria J. No que diz respeito à saúde mental, o texto explora como
afetivo e estabilidade SoaresAna T. PereiraMariana o perfeccionismo pode ser um fator de risco para o
relativa do traço do MarquesSandra C. BosAna desenvolvimento de diversos transtornos psicológicos,
perfeccionismo nas GomesJosé ValenteMaria H. como ansiedade, depressão e transtornos alimentares. Isso
perturbações de sono AzevedoAntónio Macedo/ ocorre porque pessoas perfeccionistas tendem a ser muito
2011 autocríticas e exigentes consigo mesmas, o que pode gerar
uma grande pressão interna e dificuldade em lidar com
frustrações e fracassos.
Já em relação às perturbações do sono, o texto analisa
como o traço do perfeccionismo pode influenciar a
qualidade e a quantidade do sono. Algumas pesquisas
sugerem que pessoas com altos níveis de perfeccionismo
podem ter maior dificuldade em relaxar e desligar a mente
antes de dormir, o que pode levar a um sono mais
superficial e interrompido. O artigo apresenta evidências
de que o perfeccionismo pode estar associado tanto a
problemas de saúde mental quanto a perturbações do
sono, o que destaca a importância de identificar e tratar
essa característica em indivíduos que apresentam tais
sintomas.

No Tabela 2, estão apresentados as citações presentes na literatura escolhida para esse


trabalho que demonstram a relação entre o perfeccionismo e a saúde mental.

Tabela 2: Citações dos artigos relacionando perfeccionismo e saúde mental.


ARTIGOS CITAÇÕES
1)  O perfeccionismo é um traço latente psicológico que vem sendo compreendido de diversas
formas. Os avanços científicos e metodológicos na área sugerem que esse fenômeno
possui componentes positivos e negativos (Afshar et al., 2011). Dentre as características
negativas, incluem-se esforços para obter a perfeição e estabelecer padrões extremamente
altos de desempenho.
 “Em contrapartida, o perfeccionismo pode ser vantajoso em diversas circunstâncias,
especialmente, quando os indivíduos estão engajados e focados em melhorar o rendimento
em tarefas orientadas bem como a propensão em definir metas e objetivos na busca do
sucesso (Andrews, Bullock-Yowell & Nicholson, 2014).”
 “O perfeccionismo desenvolve um papel crítico nas psicopatologias (Limburg, Watson,
Hagger & Egans., 2017).”
 “Embora existam estudos que destoam dessa perspectiva, ao enfatizarem um lado sadio e,
consequentemente positivo (Hewitt & Flett, 1991; Frost et al., 1990 & Slaney, Rice,
Mobley, Trippi & Ashby, 2001) ainda há uma crescente literatura que enfatiza que o
perfeccionismo pode ser desencadear uma variedade de fenômenos psicológicos e
patológicos, como por exemplo, depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo,
transtornos alimentares e mentais (Chai, Yang, Jie, Shuyu & Liu, 2019; Argus &
Thompson, 2008; Ashby, Dickinson, Gnilka & Noble; 2011; Limburg et al., 2017).”
 “O perfeccionismo é amplamente descrito como um traço de personalidade que combinam
padrões pessoais excessivamente elevados e autoavaliações excessivamente críticas
(Hewitt & Flett, 1991). Dessa forma, o perfeccionismo pode afetar drasticamente os níveis
de saúde físicos e mentais. Ansiedade, depressão e ideação suicida, por exemplo, são
apenas alguns dos problemas de saúde mental que os especialistas repetidamente associam
a essa forma de perfeccionismo. Sugere-se que devido ao elevado grau de cobrança, o
estabelecimento de metas inalcançáveis e o medo costumeiro de falhar e sofrer
desaprovação pelas pessoas pode relacionar perfeccionismo e depressão (Black &
Reynolds, 2013).”
 “Limburg et al. (2017) apresentam investigações sobre o perfeccionismo como uma
abordagem transdiagnóstica. Ou seja, o transdiagnóstico são aspectos cognitivos ou
comportamentais que contribuem para a manutenção de mais de um distúrbio psicológico
(Harvey, Watkins, Mansell, & Shafran, 2004) e tem sido referido como sendo os pontos de
intersecção entre personalidade e psicopatologia (Rodriguez-Seijas, 2015).”
 “Em outra investigação Abdollahi (2019) examinou a associação de ruminação e
perfeccionismo à ansiedade social. (...) O estudo conclui que a ruminação pode contribuir
como um mediador para explicar por que e como o perfeccionismo contribui para a
ansiedade social.”
 "Perfeccionismo desadaptativo refere-se a traços onde um indivíduo tem altos padrões
pessoais e é excessivamente autocrítico nas autoavaliações. No contraste, o
perfeccionismo adaptativo é considerado um tipo normal e saudável de perfeccionismo,
em que um indivíduo experimenta satisfação por atingir metas que exigem imenso esforço,
mas evita ser autocrítico durante contratempos ou falhas" (Stoeber & Otto, 2006; Stoltz &
Ashby, 2007).
2  “O perfeccionismo positivo, adaptativo ou normal reflete uma motivação pessoal para
alcançar algo através de esforços apropriados e não apenas para receber a aprovação dos
outros (Boivin & Marchand, 1996; Blatt, 1995; quando o êxito é alcançado, o indivíduo
que apresenta um perfeccionismo adaptativo sente-se satisfeito face ao trabalho realizado e
a sua autoestima aumenta (Blatt, 1995).”
 “O perfeccionismo é tido como um factor desencadeante, de risco e demanutenção de
várias psicopatologias (Shafran et al., 2002; Shafran & Mansell, 2001).”
 “Designadamente tem sido associado à depressão (Anthony & Swinson, 2009; Cox, Clara
& Enns, 2009; Flett, Besser, Davis & Hewitt, 2003; Rice & Aldea, 2006; Sassaroli, Lauro,
Ruggiero, Mauri, Vinai & Frost, 2008), às perturbações de ansiedade (Anthony &
Swinson, 2009; Boivin & Marchand, 1996; Flett, Madorsky, Hewitt & Heisel, 2002;
Sassaroli et al., 2008), às perturbações obsessivo-compulsivas (Anthony & Swinson, 2009;
Frost & Steketee, 1997), às perturbações do comportamento alimentar (Anthony &
Swinson, 2009; Joiner, Katz & Heartherton, 2000; Sassaroli et al., 2008; SutanderPinock,
Woodside, Carter, Olmsted & Kaplan, 2003), às perturbações de personalidade
(Wonderlich & Swift, 1990), a comportamentos suicidas (Adkins & Parker, 1996; Burns,
1980; Hewitt, Flett & Weber, 1994) e ao alcoolismo (Hewitt, Norton, Flett, Callander &
Cowan, 1998). Mais recentemente, a associação entre o perfeccionismo e a insónia ou
alterações dos padrões fisiológicos, como alterações do sono tem vindo também a ser
sistematicamente evidenciadas (Azevedo, et al., 2007).”
 “Considera-se que presença do traço de personalidade perfeccionismo num destes quadros
psicopatológicos contribui para uma maior gravidade dos sintomas, para tratamentos mais
demorados e para uma maior probabilidade de recidivas (Cruz & Cabanelas 2010).”
 Tanto a perturbação psicológica, como o comportamento de saúde e de doença, incluindo
a procura de ajuda profissional, já foram relacionados com o traço de personalidade
perfeccionismo" (Macedo et al., 2012; Macedo et al., 2015; Macedo et al., 2016; Stoeber
& Damian, 2016).
 "Os níveis de Perfeccionismo, particularmente de Perfeccionismo Socialmente Prescrito
(PSP), correlacionam-se significativa e moderamente com a Ansiedade, a Depressão e o
Stresse, mas também com a tendência para a Auto-ocultação em Saúde" (Macedo et al.,
2015).
 "Essas descobertas sugerem a necessidade de atenção à prevenção e promoção da saúde
mental nesse setor, devido ao risco transdiagnóstico associado ao perfeccionismo" (Egan
et al., 2011; Macedo et al., 2015).
3  “Recentes revisões de estudos acerca do perfeccionismo indicam que este é uma variável
associada ao funcionamento psicológico negativo, nomeadamente à existência de maior
ansiedade, maior sintomatologia depressiva, maior insónia crónica, maiores distúrbios do
comportamento alimentar e maior risco suicida.”
 “Desta forma, torna-se percetível que o perfeccionismo é um traço depersonalidade
predominante que pode afetar os esforços de um indivíduo em todas as áreas da vida, ou
somente algumas delas. [9, 16]”
 "O perfeccionismo foi originalmente operacionalizado como unidimensional e mal
adaptativo associado a psicopatologia, sentimento crônico de fracasso, indecisão,
procrastinação e vergonha." [11]
 "Dadas estas visões díspares, Hamachek, no ano de 1978, conceitualizou o perfeccionismo
como sendo de natureza multidimensional, cuja construção é constituída por dois subtipos
separados, mas relacionados: o normal e o neurótico." [13]
 "Segundo ele, os perfeccionistas normais correspondem a indivíduos que relatam padrões
excessivamente elevados, mas aceitam o fato de que esses padrões nem sempre serão
atingidos, sentindo-se satisfeitos e conseguindo satisfazer com os seus padrões, sendo
motivados por um desejo de maximizar as suas capacidades." [13, 14]
 "Pelo contrário, os perfeccionistas neuróticos são aqueles que estabelecem padrões
igualmente elevados, mas têm dificuldade em aceitar situações em que os seus padrões
não possam ser cumpridos. Nesse sentido, os perfeccionistas neuróticos acham difícil
sentirem-se satisfeitos consigo mesmo ou com o seu desempenho e, muito frequentemente,
são mais orientados pelo medo do fracasso do que pelo desejo de ter sucesso." [13, 14]
 “Tendo em conta o objetivo desta revisão de literatura, através da sua realização foi
possível constatar que, apesar da associação entre o perfeccionismo e a satisfação de vida
ser um assunto sobre o qual muito ainda há para conhecer, de um modo geral, há
evidências empíricas que sugerem associações positivas entre satisfação de vida e formas
adaptativas de perfeccionismo. [7, 8, 13, 14, 15, 25, 26]”
 “Por outro lado, também foi igualmente possível perceber que perfeccionistas não
saudáveis/mal adaptativos revelaram uma correlação mais negativa com a satisfação de
vida, tendo esta sida sempre inferior quando comparada à dos perfeccionistas
saudáveis/adaptativos. [13, 14, 18, 25, 27]”
 “Tendo em conta o objetivo de estudo deste trabalho, é notório que os perfeccionistas
adaptativos e os perfeccionistas mal adaptativos revelaram níveis satisfação de vida
opostos, maiores e menores, respectivamente.”
4  “O perfeccionismo negativo está implicado na etiologia e manutenção de diversas
perturbações psiquiátricas, tais como perturbações do comportamento alimentar,
depressão, perturbações de ansiedade, etc..”
 “É, deste modo, dotado de uma dimensão transdiagnóstica, transversalmente subjacente a
várias e diferentes categorias diagnósticas, consubstanciando-se como factor de risco ou
de manutenção destas – o que tem implicações na prevenção e tratamento das mesmas.
(Egan, Wade, & Shafran, 2011)”
 "Assim, adotando um modelo transdiagnóstico de psicopatologia (Nolen-hoeksema &
Watkins 2011) estes resultados fornecem evidência para considerar o perfeccionismo e o
PRN potenciais factores de risco proximais para o desenvolvimento de sintomatologia
obsessivo-compulsiva e, eventualmente, perturbação obsessivo-compulsiva sindromática.
(Nolen-hoeksema, et al. 2011)”
 "Outro exemplo de um processo putativamente transdiagnóstico é o Pensamento
Repetitivo Negativo (PRN), que é um fenômeno cognitivo com diversos conteúdos, mas
com as mesmas características formais de intrusividade, repetição e relativa
incontrolabilidade" (Ehring & Watkins, 2008; Macedo, 2012a; Watkins, 2008).
 “São exemplos a Preocupação e a Ruminação, que têm sido associados ao perfeccionismo,
na medida em que o perfeccionista está sempre preocupado com o seu desempenho futuro
(Preocupação) ou criticando-se pelos erros passados (Ruminação).”
 “Estados do humor desfavoráveis foram significativamente associados à scores elevados
de perfeccionismo, pensamento repetitivo negativo e sintomatologia obsessivo-
compulsiva. Estes achados estão de acordo com as evidências que apontam para que as
cognições perfeccionistas e o PRN sejam correlatos para maiores níveis de ansiedade e
depressão.”
5  “A literatura mostra que existem associações do perfeccionismo com estados de
ansiedade, depressão e stress, embora de forma não consistente e dependente de condições
ainda não bem compreendidas" (Dunkley, Blankstein, Halsall, Williams, & Winkworth,
2000; Hewitt & Flett, 1991; Flett, Besser, & Hewitt, 2014; Burgess & DiBartolo, 2016).”
 “A associação entre perfeccionismo e doença mental relaciona-se com as componentes
negativas do perfeccionismo, nomeadamente as preocupações avaliativas (PA) (e.g.,
preocupação em cometer erros), estando o esforço pessoal (EP) conotado com recursos
pessoais mais funcionais (Frost, Heimberg, Holt, Mattia, & Neubauer, 1993).”
 "As preocupações avaliativas, uma componente do perfeccionismo, parece ter um papel
mais relevante nestas relações e, conhecidas as implicações clínicas da preocupação
patológica na saúde mental, preconiza-se que este constructo possa mediar a relação de
perfeccionismo com o desajustamento emocional" (Dunkley, Blankstein, Halsall,
Williams, & Winkworth, 2000; Hewitt & Flett, 1991; Flett, Besser, & Hewitt, 2014;
Burgess & DiBartolo, 2016).
 “A literatura releva a importância do perfeccionismo no contexto da patologia clínica, pelo
impacto acentuado que pode exercer na saúde física (Corson, Loveless, Mochrie, &
Whited, 2018; Curran & Hill, 2019) e mental, nomeadamente em casos de depressão
(Smith, Vidovic, Sherry, Stewart, & Saklofske, 2018; Stöber & Joormann, 2001),
ansiedade (Handley, Egan, Kane, & Rees, 2014); Smith et al., 2018), preocupação
patológica (Stöber, & Joormann, 2001; Handley et al., 2014), stress (Corson et al., 2018),
desajustamento emocional (Aldea & Rice, 2006) e outras psicopatologias, como as
perturbações do comportamento alimentar e a perturbação obsessivo-compulsiva
(Limburg et al. 2017), sem se esgotar nestas perturbações.”
 "A abordagem transdiagnóstica baseia-se na ideia de que a coexistência de determinados
processos psicológicos pode funcionar como foco central no desenvolvimento e
manutenção de diferentes perturbações mentais" (Dalgleish, Black, Johnston, & Bevan,
2020; Ehring & Behar, 2020).
 "O perfeccionismo manifesta-se como um fator comum a várias perturbações, o que
evidencia a relevância do perfeccionismo como um fator transdiagnóstico a considerar
tanto numa abordagem teórica como na intervenção" (Egan, Wade, & Shafran, 2011; Egan
et al., 2012; Ehring & Behar, 2020).
 "Numa meta-análise, que investigou o carácter transdiagnóstico do perfeccionismo, os
resultados mostraram as duas dimensões do constructo relacionadas com várias formas de
psicopatologia, e sustentam a conceção do perfeccionismo como um fator
transdiagnóstico" (Limburg, Watson, Hagger, & Egan, 2017).
 “Das duas dimensões de perfeccionismo as preocupações avaliativas são as que se
relacionam positivamente de forma consistente com a ansiedade, enquanto na maior parte
dos estudos, não existe relação entre a ansiedade e o esforço pessoal (Burgess &
DiBartolo, 2016). No entanto, quando os níveis desta dimensão são elevados, também
existe um aumento nos níveis de desajustamento emocional na presença de aborrecimentos
ou incómodos quotidianos (Dunkley et al., 2000).”
6  O sentimento de solidão, o perfeccionismo e o desequilíbrio entre os desequilíbrio entre os
esforços dedicados ao trabalho e as recompensas explicam 34% da variança nos cirurgiões
dentistas.
 Segundo Magnusson, Nias et White (1996), os aspectos negativos do perfeccionismo
podem causar estratégias de coping maladaptativas que predispõem os indivíduos à fatiga.
Mitchelson et Burns (1998) relatam que formas negativas do perfeccionismo são
positivamente correlacionadas com o cinismo e a exaustão no trabalho.
7  “O perfeccionismo parece estar associado a uma grande variedade de perturbações mentais
(Hamilton & Schweitzer, 2000).”
 “Vários estudos, com uma amostra de estudantes universitários, indicam que elevados
níveis de perfeccionismo parecem estar associados a elevados níveis de sintomatologia
depressiva (Frost et al., 1990; Hewitt & Flett, 1991).”
 “Este estudo também sugere que níveis mais elevados de perfeccionismo podem estar
associados a níveis mais elevados de sintomatologia depressiva e de distress psicológico.”
 “A literatura científica apoia estes dados, sugerindo esta relação entre o perfeccionismo e
as perturbações emocionais (Hamilton & Schweitzer, 2000; Hewitt & Flett, 1991;
Macedo, 2012).”
8  Estima-se que o perfeccionismo tenha um impacto marcante no surgimento e manutenção
de sentimentos impostores" (Dudău, 2014).
 "Pesquisadores identificam relação positiva entre perfeccionismo e fenômeno do impostor"
(Rohrmann, Bechtoldt, & Leonhardt, 2016; Vergauwe, Wille, Feys, De Fruyt, & Anseel,
2015).
 “Rohrmann, Bechtoldt e Leonhardt (2016) e Vergauwe, Wille, Feys, De Fruyt e Anseel
(2015) identificaram uma associação negativa entre fenômeno do impostor e o fator de
perfeccionismo adaptativo, e uma relação positiva entre impostorismo e perfeccionismo
desadaptativo.”
 “Dudău (2014) verificou em estudantes romenos a síndrome do impostor como sendo
prevista mais adequadamente pelas dimensões perfeccionistas que envolvem a necessidade
de aprovação, organização e ruminação.”
 "Perfeccionistas adaptativos têm maior autoestima do que os perfeccionistas
desadaptativos, podendo servir como um mecanismo de proteção para o perfeccionista
desadaptativo" (Deuling & Burns, 2017).

9  "Ressalta-se que os elevados níveis de perfeccionismo, a vivência de acontecimentos de


vida negativos e a presença de sintomatologia depressiva são fatores essenciais para a
identificação e prevenção do comportamento suicida, devido a despoletarem elevados
níveis de ideação suicida."
 Assim como, em jovens que apresentam traços e comportamentos perfeccionistas,
sobretudo, se for a crença que os outros possuem padrões e expectativa irrealistas para si
próprio, pois o perfeccionismo socialmente prescrito modera a relação entre a
sintomatologia depressiva e a ideação suicida."
10  "O perfeccionismo enquanto um construto complexo e multidimensional, ainda permanece
desconhecida algumas das suas facetas, o estudo realizado possibilitou o conhecimento
mais detalhado deste constructo. Nomeadamente, da sua relação com as estratégias de
regulação emocional cognitiva adaptativas e desadaptativas e as cognições
perfeccionistas."
 "Os resultados obtidos permitem concluir que, as dimensões do perfeccionismo PSP
associam-se com as estratégias de regulação emocional cognitiva desadaptativas, como
esperado. Contudo, o PAO não se correlacionou com as estratégias cognitivas adaptativas,
o que leva a crer que mesmo para os perfeccionistas mais adaptativos é difícil utilizar
estratégias adaptativas como a aceitação do que aconteceu ou fazer uma refocalização
positiva no sentido perceber o que de positivo pode ser apreendido com a situação. O que
pode dever-se a manterem uma atitude demasiado crítica e exigente em relação a si
mesmo."
 "Relativamente as cognições perfeccionistas pode concluir-se que desempenham um papel
importante na relação do perfeccionismo com as estratégias de regulação emocional
cognitiva desadaptativas e demonstram ser um fator de manutenção para um perfil
perfeccionista tanto adaptativo como desadaptativo."
 "A diminuição das cognições perfeccionistas a luz dos resultados obtidos pode reduzir os
níveis de perfeccionismo e aumentar a utilização de estratégias de regulação emocional
cognitiva mais adaptativas. Este conhecimento poderá permitir o desenvolvimento de
programas de intervenção terapêutica e prevenção mais adequados a diminuição de
cognições perfeccionistas."
11  Although perfectionism isconsidered as a personality trait present in patientsdiagnosed
with eating disorders12, there is still noconsensus in the literature regarding the
associationbetween perfectionism and disordered eating. Itis worth noting that female
adolescents who haveperfectionist traits tend to worry about socialacceptance11.
Considering that social acceptanceamong adolescents may be associated withphysical
appearance17, female adolescents canadopt dietary restriction for long periods of timeto
reduce body weight, which was not evidencedin the present study. Therefore, further
researchis needed to identify the possible associationbetween perfectionism and
dietary restriction.On the other hand, the associationbetween perfectionism and binge
eating andpurging behaviors was identified. It seems thatyoung women with
perfectionist traits can self-induce vomiting or misuse laxatives and diureticsin order to
lose weight9. Accordingly, adolescentsthat show perfectionist traits may develop
purgingbehaviors in search of social acceptance16. Itshould be noted, however, that
the findings ofthis study indicated that only 7% of compulsiveovereating and purging
behaviors were explainedby perfectionism, which suggests that otherpersonal
characteristics may be associated tothese behaviors.
 Tradução
 Concluiu-se que a insatisfação corporal explica a variância do comportamento de risco
para transtorno alimentar ,no entanto vale ressaltar que o perfeccionismo e o estado de
humor também se relacionam ao comportamento de risco para transtorno alimentar em
adolescentes do sexo feminino, embora em menor proporção
 Embora o perfeccionismo seja considerado um traço de personalidade presente em
pacientes diagnosticados com transtornos alimentares, ainda não há consenso na literatura
sobre a associação entre perfeccionismo e transtornos alimentares. Vale ressaltar que as
adolescentes do sexo feminino que apresentam traços perfeccionistas tendem a se
preocupar com a aceitação social. Considerando que a aceitação social entre os
adolescentes pode estar associada à aparência física, as adolescentes do sexo feminino
podem adotar restrição alimentar por longos períodos de tempo para reduzir o peso
corporal, o que não foi evidenciado no presente estudo. Portanto, mais pesquisas são
necessárias para identificar a possível associação entre perfeccionismo e restrição
alimentar. Por outro lado, foi identificada associação entre perfeccionismo e compulsão
alimentar e comportamentos purgativos. Parece que mulheres jovens com traços
perfeccionistas podem autoinduzir vômitos ou fazer uso indevido de laxantes e diuréticos
para perder peso. Nesse sentido, adolescentes que apresentam traços perfeccionistas
podem desenvolver comportamentos purgativos em busca de aceitação social. Ressalta-se,
entretanto, que os achados deste estudo indicaram que apenas 7% dos comportamentos
compulsivos de comer e purgar foram explicados pelo perfeccionismo, o que sugere que
outras características pessoais podem estar associadas a esses comportamentos.
12  "A associação entre o perfeccionismo adaptativo e a motivação autodeterminada no
contexto do alto rendimento pode ser um aspecto chave para a manutenção do nível ótimo
de desempenho, sendo considerada a base para o crescimento, integridade psicológica e
coesão de grupo" (página 608).
 "Por outro lado, observou-se que os padrões pessoais de desempenho e a organização
podem refletir uma orientação menos adaptável do perfeccionismo, uma vez que o
perfeccionismo adaptativo apresentou impacto significativo sobre a motivação controlada
(M.E. Regulação Externa)" (página 608).
 "Percebe-se que elevados padrões de realização e organização podem desenvolver não só
comportamentos autônomos em atletas de elite, mas podem motivar a adesão e
permanência na prática esportiva por motivos externos, recompensa ou punição" (página
608).
13  "No entanto, alguns pesquisadores salientam que os sintomas para tais transtornos podem
estar associados aos traços da personalidade, por exemplo, o perfeccionismo" (página 118)
 "Estudos sugerem que os pacientes com diagnóstico clínico de transtorno alimentar podem
demonstrar altos traços perfeccionistas" (página 118)
 "Embora evidências indiquem associação entre o perfeccionismo e os sintomas de
transtorno alimentar, nenhuma investigação de âmbito nacional foi encontrada" (página
119)
 "Algumas investigações têm indicado maior vulnerabilidade para os transtornos
alimentares em pessoas perfeccionistas em comparação com as não perfeccionistas"
(página 119)
 "Por conseguinte, algumas hipóteses foram formuladas com base no que a literatura
científica tem preconizado: 1) adolescentes com altos traços perfeccionistas apresentam
mais chances para o desencadeamento de sintomas de transtorno alimentar; 2) jovens com
altos traços perfeccionistas demonstram maior frequência de restrição alimentar e
percepção de forças ambientes estimulantes à ingestão alimentar" (página 120)
14  "Por algumas décadas, as características clínicas do perfeccionismo têm sido bem descritas
por muitos autores, destacando o fato de que ele possui qualidades adaptativas e
maladaptativas."
 "O perfeccionismo adaptativo envolve estabelecer metas elevadas e ainda ser capaz de se
satisfazer com seu desempenho. Em contraste, o perfeccionismo maladaptativo é
caracterizado pelo estabelecimento de padrões extremamente altos e inatingíveis,
incapacidade de se alegrar com o próprio desempenho e incerteza em relação às próprias
capacidades."
 "O conceito de perfeccionismo evoluiu de uma visão unidimensional inicial para uma
construção multidimensional mais complexa, com dimensões intrapessoais e
interpessoais."
 "O MPS de Hewitt & Flett distingue três dimensões de perfeccionismo: Perfeccionismo
Orientado para o Self (SOP), Perfeccionismo Socialmente Prescrito (SPP) e
Perfeccionismo Orientado para o Outro (OOP)."
 "O perfeccionismo tem sido intimamente relacionado ao transtorno obsessivo-compulsivo
(TOC) desde o início do último século e desempenhou um papel importante nas teorias
psicanalíticas do TOC e nas descrições clínicas do transtorno."
 "Vários estudos examinaram o perfeccionismo e os transtornos alimentares (TA) e
concluíram que esse traço de personalidade desempenha um papel importante como fator
de risco tanto para o desenvolvimento quanto para a manutenção dos TA."
 "Em amostras não clínicas, níveis mais elevados de perfeccionismo têm sido associados a
comportamentos alimentares desordenados."
15  "O perfeccionismo tem sido associado a um aumento da excitação, o que, por sua vez, tem
sido relacionado a um tempo prolongado para iniciar o sono e a uma redução do tempo
total de sono."
 "Indivíduos perfeccionistas com dificuldades do sono relataram esperar que seu sono seja
perfeito e se frustrarem/an- siosos de maneira desproporcional com quaisquer desvios do
desejável."
 "SPP é caracterizado pelo estabelecimento de 'padrões inatingíveis, incapacidade de se
alegrar com o próprio desempenho e incerteza sobre as próprias capacidades'."
 "O perfeccionismo tem sido associado a um aumento da excitação, o que, por sua vez, tem
sido relacionado a um tempo prolongado para iniciar o sono e a uma redução do tempo
total de sono."
 "Ao longo do tempo, atitudes e comportamentos perfeccionistas mais abrangentes podem
se desenvolver."
 "O perfeccionismo tem sido associado a comportamentos menos frequentes de busca de
ajuda."

A partir da tabela 1 e tabela 2, é possível observar que o perfeccionismo, em suas diversas


dimensões pode interferir na qualidade da saúde mental do sujeito de forma direta ou indireta
podendo, inclusive, ser um fator de risco em alguns casos de psicopatologias. Em diversos
artigos dos escolhidos para essa revisão bibliográfica, apresenta-se a característica
transdiagnóstica do perfeccionismo, ou seja, esse constructo pode ser um possível mantenedor do
distúrbio psicológico e também ser um possível fator de risco. Essa característica apresentada
corrobora com o estudo de Limburg ET al (2017) que apresenta o perfeccionismo como uma
abordagem transdiagnóstica. É possível também perceber que a característica transdiagnóstica,
do perfeccionismo possui uma relação direta com a qualidade da saúde mental ao perceber de
forma mais aprofundada a relação do perfeccionismo com as psicopatologias.

Na tabela 3, apresenta-se a quantidade de pesquisas feitas sobre o tema central “perfeccionismo”


e “saúde mental”, relacionado com as palavras-chaves escolhidas para esse trabalho.
Tabela 3: Total de artigos publicados entre os anos de 2008 e 2021. Quantidade absoluta e percentual.

Total de Artigos com as palavras “perfeccionismo”, “saúde mental”, “estresse”,


Publicação
“transtornos”, “transtornos mentais”, e “psicopatologia”

Ano Total Porcentagem

2008 1 6,66%

2009 1 6,66%

2011 1 6,66%

2014 1 6,66%

2015 2 13,33%

2016 2 13,33%

2017 2 13,33%
2021 5 33,33%

Na tabela 4 estão apresentadas as quantidades de estudos que envolveram revisões bibliográficas


e pesquisa de campo.
Tabela 4: Quantidade de estudos envolvendo “Revisões Bibliográficas e “Pesquisa de Campo”

Pesquisa de
Ano Revisão Bibliográfica
Campo

2008 - 1

2009 - 1

2011 - 1

2014 - 1

2015 - 2

2016 - 2

2017 1 1

2021 1 4

Total 2 13

Nas tabelas 3 e 4, percebe-se que o número de pesquisas sobre o perfeccionismo e a saúde


mental entre o ano de 2008 e 2021 não são muito vastos, existindo um espaço de tempo grande
entre uma pesquisa e outra. É possível perceber também que são poucos os estudos baseados em
revisão bibliográfica, enquanto em pesquisa de campo tem um número maior, mas ainda assim
são poucos. É perceptível também um aumento significativo na quantidade de estudos no ano de
2021 em comparação com os outros anos.
Na tabela 5, foram apresentados, de forma mais precisa, quais são as influências que o
perfeccionismo pode ter na saúde mental, segundo os estudos escolhidos.
Tabela 5: Relação de artigos que demonstram as influências do perfeccionismo na saúde mental.

ARTIGO INFLUENCIAS NA SAÚDE MENTAL.


1) Perfeccionismo e a relação com psicopatologias: Depressão, ansiedade, transtornos alimentares.
Estudo integrativo
2)Perfeccionismo, Perturbação Psicológica e Ansiedade, depressão e stress.
Necessidades de Cuidados em Saúde Mental Um
estudo em profissionais dos Cuidados de Saúde
Primários
3) Perfeccionismo, um Universo Multidimensional: Satisfação de vida.
qual o seu Impacto na Satisfação de Vida?
4)Perfeccionismo, Pensamento Repetitivo Pensamento repetitivo negativo e sintomas obssessivo-
Negativo e Sintomatologia do Espectro Obsessivo- compulsivos.
Compulsivo
5) Ser perfeito ou ser real? O perfeccionismo no Desajustamento emocional (depressão, ansiedade e
desajustamento emocional: O efeito mediador da estresse).
preocupação.
6) Avaliação do Estresse Ocupacional, Sindrome de Saúde mental relacionado a esforços dedicados ao trabalho
Burnout, Perfeccionismo, Sentimento de Solidão, e recompensa.
Depressão e Distúbrio de sono em cirurgiões
dentistas.
7) Perfeccionismo e distress psicológico Sintomatologia depressiva e distress psicológico.
na adaptação do jovem adulto
8) Fenômeno do Impostor e Perfeccionismo: Fenômeno do Impostor e Auto-estima
Avaliando o Papel Mediador da Autoestima
9) Estudo dos acontecimentos de vida, Ideação suicida e sintomatologia depressiva.
perfeccionismo e sintomatologia depressiva na
ideação suicida
10) Perfeccionismo Adaptativo e desadaptativo: Regulação emocional cognitiva desadaptativa.
diferentes estratégias de regulação emocional
cognitiva numa amostra de estudantes
universitários.
11) Comportamento de risco para transtorno Transtorno alimentar em adolescentes do sexo feminino
alimentar, insatisfação corporal, perfeccionismo e
estado de humor em adolescentes do sexo feminino
12) O impacto dos traços de perfeccionismo na Motivação autodeterminada.
motivação de atletas de futebol de alto rendimento
13) Sintomas de transtorno alimentar: associação Sintomas do transtorno alimentar em adolescentes do sexo
com traços de perfeccionismo masculino
em adolescentes do sexo masculino
14) Perfeccionismo no transtorno obsessivo- Transtornos alimentares e transtorno obssessivo-
compulsivo e nos transtornos alimentares compulsivo
15)Dependência do estado afetivo e Estabilidade Perturbações de sono.
relativa do traço do perfeccionismo nas
perturbações de sono

Já na tabela 6, mostra quantos artigos selecionados para esse estudo retratam da mesma
influência do perfeccionismo sobre a saúde mental.
Tabela 6: Quantidades evidenciadas de influências do perfeccionismo na saúde mental

Perfeccionismo e Ansiedade 3 artigos


Perfeccionismo e Depressão 5 artigos.
Perfeccionismo e Transtorno Obssessivo-compulsivo 2 artigos.
Perfeccionismo e Transtorno alimentar 4 artigos.
Perfeccionismo e Stresse/distress 2 artigos.
Perfeccionismo e Rendimento/motivação 1 artigo.
Perfeccionismo e Sono 1 artigo.
Perfeccionismo e Ideação suicida 1 artigo.
Perfeccionismo e Regulação emocional 1 artigo.
Perfeccionismo e Satisfação de vida 1 artigo.
Perfeccionismo e Fenômeno do impostor 1 artigo.
De acordo com a tabela 5 e 6, é possível concluir que o perfeccionismo influencia a saúde mental
de forma variada, tanto negativamente quanto positivamente e esse resultado é confirmado
também pela literatura que afirma que existem avanços científicos e metodológicos na área que
sugerem que esse fenômeno possui componentes positivos e negativos (AFSHAR ET AL.,
2011). Segundo essas tabelas, conclui-se que há uma maior relação entre o perfeccionismo, a
depressão e o transtorno alimentar. Contudo, também existe uma grande incidência de relação
entre a ansiedade, o transtorno obsessivo-compulsivo e o estresse e distress. A tabela 6 corrobora
com a literatura que apresenta o perfeccionismo como um integrante que se relaciona com o
funcionamento psicológico negativo, por exemplo, a ansiedade, sintomatologia depressiva,
insônia crônica e distúrbios do comportamento alimentar e risco suicida (CHANG, E. C.,
BANKS, K. H. e WATKINS, A. F., 2004; STAIRS, A. G., 2009) por apresentar maior
quantidade de artigos relacionando o perfeccionismo com as psicopatologias e os
desajustamentos psicológico-emocionais.
A literatura reforça também que o perfeccionismo desadaptativo é um possível fator de risco para
o desenvolvimento de problemas de saúde mental e comportamento não saudáveis. Hamachek
(1978) pontua que aqueles com traços perfeccionistas neuróticos (desadaptativos) são inflexíveis
nos alcances das metas e extremamente críticos aos casos de fracasso, são acompanhados
também de sentimento de insegurança e predisposição para evitar conseqüências negativas.
Segundo Magnusson, Nias et White (1996), os aspectos negativos do perfeccionismo podem
causar estratégias de coping mal adaptativas que podem gerar a fatiga e também segundo Burns
(1998) as formas negativas do perfeccionismo se relacionam com a exaustão no trabalho.

Em contrapartida, o perfeccionismo adaptativo é classificado como uma característica positiva


em algumas situações. Andrews et al. (2014) afirma em seu estudo que o perfeccionismo
adaptativo pode motivar aos indivíduos na busca de melhora em seu desempenho nas atividades
e objetivos diários do qual possuem uma meta, e afirma também que o perfeccionismo
adaptativo melhora o desempenho em diversos testes neurocognitivos. Andrews ET al. (2014)
também apresenta o posicionamento de Hamachek (1978) ao concluir que quem apresenta traços
do perfeccionismo normal possui altos padrões pessoais e se dedicam para realizar e conquistar
com conseqüências positivas. Os artigos escolhidos para esse presente estudo corroboram com os
estudos acima citados.
Rocha (2021) concluiu em sua revisão literária que o perfeccionismo se relaciona com diversas
psicopatologias, incluindo depressão, ansiedade, transtorno alimentar (bulimia e anorexia) e o
transtorno obssessivo-compulsivo.

Pinto (2016) em seu estudo baseado em pesquisa de campo de caráter exploratório contou com a
participação de 300 profissionais da área da saúde que responderam uma bateria de questionário
de autorresposta, incluindo a Escala Multidimensional de Perfeccionismo de Hewitt e Flett –
versão reduzida e obteve como resultado uma correlação significativa e moderada entre a
ansiedade, depressão e stress com o perfeccionismo.
Fraga (2017) concluiu em seu estudo baseado em 8 artigos relacionando perfeccionismo e suas
diferentes dimensões com domínios da satisfação de vida que os indivíduos perfeccionistas
adaptativos ou saudáveis possuem uma maior satisfação de vida, já os indivíduos perfeccionistas
mal-adaptativos ou não saudáveis apresentam uma correlação mais negativa, assumindo assim
que o perfeccionismo é um preditor da satisfação de vida.

Através de um estudo transversal e analítico, Ferreira et al (2017) concluíram que existe uma
relação significativa entre o perfeccionismo, pensamento repetitivo negativo e a sintomatologia
obssessiva-compulsiva.
Por intermédio de um estudo de campo com uma amostra de 669 participantes, Silva (2021)
constatou que a preocupação nas duas dimensões do perfeccionismo influencia no
desajustamento emocional e que essas dimensões são relacionadas significativamente com a
ansiedade, depressão e estresse. Nesse estudo, a dimensão Preocupações avaliativas é
equivalente ao perfeccionismo desadaptativo e a dimensão Esforço Pessoal é relacionado ao
perfeccionismo adaptativo.

Inocente et al em seu estudo comprovou que o perfeccionismo mal adaptativo explica uma
porcentagem da má saúde mental dos cirurgiões dentistas, baseado em uma pesquisa de campo
de 161 dentistas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Oliveira et al (2016) concluíram em seu trabalho que o perfeccionismo possui correlação com o
distress psicológico e a depressão, principalmente o perfeccionismo auto-orientado e o
perfeccionismo socialmente prescrito.

O estudo de Soares, Nascimento, Cavalcanti (2021) baseado em pesquisa de campo composto


por 380 universitários concluiu que aqueles que possuem maior grau de impostorismo possuem
também maior índice de perfeccionismo desadaptativo e menor auto-estima, ou seja, o
perfeccionismo desadaptativo influencia no nível do impostorismo e da auto-estima do
indivíduo. Esse estudo também pontua que a auto-estima tem uma maior relação com o
perfeccionismo adaptativo de forma positiva e de forma negativa com o perfeccionismo
desadaptativo.
Mata (2021) concluiu em seu trabalho baseado em pesquisa de campo com participação de 224
jovens-adultos que o perfeccionismo tem correlação com a ideação suicida e também que o
perfeccionismo socialmente prescrito regula a relação da ideação suicida com a sintomatologia
depressiva. Em conclusão, percebeu-se que indivíduos que possuem maiores níveis de
perfeccionismo socialmente prescrito têm maior probabilidade de desenvolver sintomatologia
depressiva e ideação suicida.

Em seu trabalho de pesquisa de campo, Guerreiro (2021) contou com a participação de 70


estudantes e concluiu que a regulação emocional cognitiva desadaptativa tem relação com o
perfeccionismo adaptativo e desadaptivo, sendo assim desempenha um papel fundamental na
regulação emocional dos estudantes.

Neste trabalho, Fortes et al (2015) concluíram que o perfeccionismo se relaciona com os


sintomas da bulimia e que existe a possibilidade de desenvolver transtornos alimentares.

No estudo de pesquisa de campo com a participação de 182 atletas profissionalizados e não


profissionalizados, Oliveira et al (2015) concluiu que o perfeccionismo adaptativo pode
influenciar no desenvolvimento da motivação autodeterminada em atletas profissionalizados, já o
perfeccionismo mal adaptativo influencia no aumento de comportamentos regulados por fatores
externos. Hill AP, Hall HK, Appleton PR (2010) afirma que o jogador que possui o
perfeccionismo adaptativo tem maior habilidade para dominar demandas estressantes no
ambiente e isso possibilita que seja uma chave mantenedora do alto rendimento e do ótimo
desempenho.

Fortes et al (2014) concluíram em seu estudo de pesquisa de campo, com a participação de 368
adolescentes do sexo masculino, que o perfeccionismo está relacionado com os transtornos
alimentares uma vez que os meninos participantes possuem altos traços perfeccionistas. Os
sintomas do transtorno alimentar estão associados ao medo de não obter sucesso, ao pensamento
de estar sendo avaliado de forma rigorosa e a busca pela perfeição, que são característicos das
pessoas perfeccionistas. (ROUVEIX M, BOUGET M, PANNAFIEUX C, CHAMPELY S,
FILAIRE E, 2010)

Maia et al (2009) em seu estudo concluiu que as amostras dos indivíduos com Transtorno
Alimentar apresentou nível significativamente alto de perfeccionismo, especificamente o
perfeccionismo socialmente prescrito.

Esses resultados são confirmados pelas literaturas que apontam a influência do perfeccionismo
sobre as perturbações emocionais. (Hamilton & Schweitzer, 2000; Hewitt & Flett, 1991;
Macedo, 2012).

Igualmente, é importante salientar que foi possível identificar na análise desses artigos a maior
incidência também do perfeccionismo socialmente prescrito como mantenedor ou o fomentador
de prejuízos na saúde mental do indivíduo. Jennifer Mata (2021) em seu estudo aponta o
perfeccionismo socialmente prescrito como moderador da sintomatologia depressiva e ideação
suicida, assim como outros estudos deste presente trabalho.

Esses resultados estão em concordância com as definições e estudos apresentados por Bieling et
al. (2004) que considerava o perfeccionismo socialmente prescrito como perfeccionismo
desadaptativo e Hewitt e Flett (1991) que certifica que a extrema necessidade da busca pela
perfeição diante aos outros pode gerar desconexão social, alienação e solidão, culminando na
ideação suicida e tentativas de suicídio. O perfeccionismo socialmente prescrito, que é uma
convicção de que os outros exigem dele padrões excessivos e expectativas irrealista (HEWITT &
FLETT, 1991), tem sido relacionado ao perfeccionismo desadaptativo por desencadear
problemas interpessoais, como o isolamento, solidão e ausência do sentimento de pertencimento,
tendo como conseqüência níveis mais altos de hostilidade e a presença de sensibilidade
exorbitante à críticas e rejeição (HEWITT EL AL., 2006).

 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A partir dos resultados deste presente estudo, observou-se que o perfeccionismo pode influenciar
tanto de maneira positiva quanto de maneira negativa na saúde mental dos indivíduos. A saúde
mental é resultado da interação da vulnerabilidade do ser humano e o estresse causado por
eventos da vida e estressores crônicos. Logo, as circunstâncias em que nascem, crescem e vivem
os indivíduos diferencia a saúde mental dos mesmos (OMS, 2022).
Esse presente estudo teve como conclusão que o perfeccionismo pode ser o fomentador ou o
mantenedor de prejuízos na saúde mental, como depressão, ansiedade, transtorno alimentar,
transtorno obssessivo compulsivo, ideação suicida, desajustamento emocional, baixa auto-
estima, fenômeno do impostor, estresse e outros sintomas. Porém, também foi possível concluir
que o perfeccionismo pode ser um mantenedor para bons desempenhos e alto rendimento em
atletas e estudantes e em pessoas que buscam realizar expectativas altas, porém não possuem um
grande sofrimento psíquico caso não tenha suas expectativas realizadas.
A partir das dimensões do perfeccionismo sendo ele adaptativo ou desadaptativo foi possível
perceber também que existe um número maior de pesquisas pontuando os efeitos do
perfeccionismo desadaptativo na saúde mental e um número menor de material de estudos sobre
a influência do perfeccionismo adaptativo. Baseado nisso, faz-se importante e necessário para
maior conhecimento do assunto ampliar as pesquisas sobre o perfeccionismo adaptativo e suas
influencias.
Na análise dessas literaturas também foi possível concluir o quanto o tema “perfeccionismo e
saúde mental” não tinha tantas pesquisas, mas com o passar dos anos, mais especificamente a
partir de 2021 houve um aumento expressivo. Tal conclusão permitir levantar o questionamento
para futuras pesquisas e estudos do possível motivo para o aumento do interesse sobre o assunto.
Além disso, é notório um público-alvo e localidades restritas nas pesquisas encontradas. Os
estudos encontrados em sua maioria são no Brasil e em Portugal, contando com a participação
majoritária de estudantes, jovens e profissionais da saúde, não abrangendo crianças, idosos ou
outros profissionais. Como sugestão para estudos futuros, sugere-se que haja uma maior
abrangência de público-alvo para examinar se existe alguma influência e relação do
perfeccionismo com a qualidade da saúde mental desses indivíduos, assim como é viável
também que identifique o motivo da incidência de pesquisas sobre o assunto nesses dois países e
também ampliar as investigações a outras localidades e culturas.
Em suma, é extremamente necessário mais pesquisas sobre a relação do perfeccionismo com a
saúde mental e suas influências para que haja maior conhecimento sobre e também para que seja
possível criar medidas de prevenção e também ser mais assertivos nos planos de tratamento para
os indivíduos que tem alguma conseqüência negativa devido a este constructo.

 REFERÊNCIAS:

1) Chang, E. C., Watkins, A. F., Bancos, K. H. (2004). Como o perfeccionismo adaptativo e


desadaptativo se relacionam com o funcionamento psicológico positivo e negativo:
testando um modelo de mediação de estresse em universitárias negras e brancas. Jornal
de Psicologia do Aconselhamento, 51, 93–102. DOI:10.1037/0022-0167.51.1.93
2) FERREIRA, Tiago; NASCIMENTO, Marta; MACEDO, António; PEREIRA, Ana;
PISSARRA, António. Perfeccionismo, Pensamento Repetitivo Negativo e Sintomatologia
do Espectro Obsessivo-Compulsivo. Psicologia, Saúde e Doenças, vol. 18, núm. 2, 2017,
pp. 581-590.
3) FORTES, Leonardo de Sousa et al. Comportamento de risco para transtorno alimentar,
insatisfação corporal, perfeccionismo e estado de humor em adolescentes do sexo
feminino. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Federal de Pernambuco,
Centro Acadêmico de Vitória, Núcleo de Educação Física e Ciências do Esporte.
Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação Física e Desportos,
Departamento de Fundamentos de Educação Física. Universidade de São Paulo,
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Departamento de Psicologia.
4) FORTES, Leonardo de Sousa et al. Sintomas de transtorno alimentar: associação com os
traços perfeccionistas em adolescentes do sexo masculino. 24/8/2014. Artigo apresentado
no Núcleo de Educação Física e Ciências do Esporte da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Centro Acadêmico de Vitória, Vitória de Santo Antão, PE, Brasil.
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Ciências Humanas da
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil. Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
(FFCLRP/USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil.
5) FRAGA, Marta Sofia Ávila. Perfeccionismo, um universo multidimensional: qual o seu
impacto na satisfação de vida? 2017. Tese (Doutorado em Psiquiatria) - Faculdade de
Medicina, Universidade de Lisboa.
6) Guerreiro, Marta Isabel Ventura. Perfeccionismo adaptativo e desadaptativo: diferentes
estratégias de regulação emocional cognitiva numa amostra de estudantes universitários.
2021 - Universidade do Algarve.
7) Hamilton, T. K., & Schweitzer, R. D. (2000). The cost of being perfect: Perfectionism
and suicide ideation in university students. Australian and New Zealand Journal of
Psychiatry, 34(5), 829-835.
8) Hewitt, P. L., & Flett, G. L. (1991). Perfectionism in the self and social contexts:
Conception, assessment, and association with psychopathology. Journal of Personality
and Social Psychology, 60, 456-470. doi: 10.1.1.320.1494
9) Inocente, J. J., Inocente, C. O., Julieta, N., Reimão, R., & Rascle, N. (2002). Avaliação
do Estresse Ocupacional, Síndrome de Burnout, Perfeccionismo, Sentimento de Solidão,
Depressão e Distúrbio de Sono em Cirurgiões Dentistas. Universidade de Taubaté /
Departamento de Odontologia e Psicologia, Avenida Nove de Julho 245, Centro,
Taubaté- SP, Brasil; Université Victor Segalen/Psicologia, 3, ter Place de la Victoire
33076 Bordeaux, França; Université Victor Segalen/Psicologia.
10) MAIA, Berta Rodrigues et al. Perfeccionismo no transtorno obsessivo-compulsivo e nos
transtornos alimentares. April 25, 2009. Instituto de Psicologia Médica, Faculdade de
Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal. Departamento de Ciências da Educação,
Universidade de Aveiro, Portugal. Departamentos de Psiquiatria e Ciências
Comportamentais, University Southern California, Los Angeles, USA. Clínica
Psiquiátrica, Hospital Universidade de Coimbra, Portugal.
11) Maia, B. R., Soares, M. J., Pereira, A. T., Marques, M., Bos, S. C., Gomes, A., Valente,
J., Azevedo, M. H., & Macedo, A. (2011). Dependência do estado afetivo e estabilidade
relativa do traço do perfeccionismo nas perturbações de sono. Revista Brasileira de
Psiquiatria, 33(3), 252-260. https://doi.org/10.1590/S1516-44462011000300008
12) MATA, Jenifer Daniela de Nóbrega da. Estudo dos acontecimentos de vida,
perfeccionismo e sintomatologia depressiva na ideação suicida. 2021. Dissertação
(Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde) - Universidade do Algarve
13) Oliveira, C., Pereira, A., Direito, I.; Vagos, Paula. “Perfeccionismo e sofrimento
psicológico na adaptação do jovem adulto”. Trabalho apresentado em Actas do 11º
Congresso Nacional de Psicologia da Saúde , Lisboa , 2016.
14) OLIVEIRA, Leonardo Pestillo de et al. O impacto dos traços de perfeccionismo na
motivação de atletas de futebol de alto rendimento. 21/04/15. Trabalho de Conclusão de
Curso - Centro Universitário Cesumar, Maringá, PR, Brasil. Faculdade Ingá, Maringá,
PR, Brasil. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil.
15) PINTO, Susana Miguel de Castro. Perfeccionismo, Perturbação Psicológica e
Necessidades de Cuidados em Saúde Mental: Um estudo em profissionais dos Cuidados
de Saúde Primários. 2016. Dissertação (Mestrado em Psiquiatria e Saúde Mental) -
Universidade do Porto.
16) ROCHA, André Sousa. Perfeccionismo e a relação com as psicopatologias: Estudo
interativo. 2021. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade São Francisco, Brasil.
01/03/2021
17) Rouveix M, Bouget M, Pannafieux C, Champely S, Filaire E. Eating attitudes, body
esteem, perfectionism and anxiety of judo athletes and nonathletes. Int J Sports Med.
2007;28(2):340-5.
18) Stoeber, J., & Otto, K. (2006). Positive conceptions of perfectionism: Approaches,
evidence, challenges. Personality & Social Psychology Review (Lawrence Erlbaum
Associates), 10(4).

19) SILVA, Maria Teresa Loureiro Amaral. Ser Perfeito ou Ser Real? O Perfeccionismo no
Desajustamento Emocional: O Efeito Mediador da Preocupação. Dissertação (Mestrado
em Psicologia Clínica e da Saúde) – Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias, Escola de Psicologia e Ciência da Vida. Lisboa, 2021
20) Soares, A. K. S., Nascimento, E. F. do, & Cavalcanti, T. M. (2021). Fenômeno do
Impostor e Perfeccionismo: Avaliando o Papel Mediador da Autoestima. Estudos

Você também pode gostar