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Introdução

O presente trabalho visa apresentar um panorama sobre o estudo do otimismo e


pesssimismo no campo da Psicologa Positiva, a partir de duas abordagens teóricas e de
investigação empírica. Estudos científicos demonstram que o otimismo está associado
com a tomada de medidas proativas para proteger a saúde física e mental. Otimistas,
quando confrontados com um desafio, tendem a agir com confiança e persistência,
mesmo que o progresso seja difícil ou lento (Scheier, Carver, & Bridges, 1994; Scheier
& Carver, 1985). Outros estudos apontam evidências de forte relação entre bem-estar e
otimismo associado à alta autoestima e personalidade (Kam & Meyer, 2012;
Karademas, 2006). A palavra otimismo vem do latim optimus que significa “o melhor”.
Para a sabedoria popular, é uma forma de ver as coisas pelo lado bom, de pensar
positivo, de modo contrário ao pensamento negativo chamado pessimismo. Na
Filosofia, otimismo e pessimismo estão presentes nas obras de pensadores como Leibniz
e Schopenhauer. Leibniz entendia o otimismo como a percepção segundo a qual a
realidade é boa por sua própria natureza, consequentemente, o “bem” sempre vence o
“mal”. Considerado o principal adepto dessa tendência, Leibniz afirmava que “este
Mundo é o melhor dos Mundos possíveis”, ou seja, entre uma infinidade de mundos
possíveis, há o melhor de todos, caso contrário Deus não o teria criado (Barbosa, 1997).
O otimismo irracional do filósofo alemão recebeu forte crítica de Voltaire em seu livro
“Cândido, ou o otimismo”, no qual ironizou as ideias de Leibniz, chegando a rotulá-lo
de ingênuo.

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Objetivos

Objetivos Geral
1. Analisar o otimismo e pessimismo das pessoas.

Objetivos Especifico
1. Descrever Relação do otimismo e pessimismo com a religião;
2. Identificar as vantagens do otimismo e pessmismo.

Metodologia
No presente estudo, considerando o âmbito internacional, foi pesquisada a base de
dados PsycINFO (http://www.apa.org/pubs/databases/psycinfo), a qual pertence à APA
(American Psychological Association) e visa à indexação de registros de literatura
científica, enfocando as ciências do comportamento e saúde mental, correspondendo a
uma importante ferramenta de pesquisa acadêmica em diversas disciplinas (APA, 2015).
No contexto nacional, foram analisadas as bases de dados SciELO - Scientific
Electronic Library Online (http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_home&lng=pt&nrm=iso) e o banco de teses e dissertações da CAPES -
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(http://www.capes.gov.br).

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Filosofia 
A Filosofia é uma forma do pensamento se desdobrar sobre si mesmo. De maneira
conceitual e abstrata, a Filosofia preza,muitas vezes, por
um rigor metodológico parecido com o rigor científico. Outras vezes, utiliza-se de
novas perspectivas próprias de cada pensador e de cada trabalho filosófico
desenvolvido.
É fato que a Filosofia mantém acesa a chama que aquece a busca pelo conhecimento
sem, na maioria das vezes, fornecer respostas prontas e acabadas. A Filosofia é,
portanto, uma atividade que problematiza, ou seja, coloca questões em jogo,
respondendo a cada pergunta com uma nova pergunta – o que faz o pensamento manter-
se sempre em movimento.

Filosofia da ciência 
A filosofia da ciência é o campo de estudos filosóficos focado na compreensão, no
questionamento e no aprimoramento dos processos e métodos científicos, buscando
sempre garantir os fundamentos para que o trabalho científico ocorra da melhor forma,
proporcionando um conhecimento que seja indubitavelmente confiável.
A filosofia da ciência pode discutir a importância de um método científico rigoroso,
bem como elaborar conceitos que norteiem a criação desse método. Além disso, a
filosofia da ciência lida com conceitos importantes para a ciência, como verdade,
validade argumentativa, paradigma e com a importância da problematização, ou seja, do
questionamento e da dúvida.

Otimismo/Pessimismo: duas dimensões ou os extremos de uma mesma dimensão?

As pessoas tendem a considerar que otimismo e pessimismo são dimensões distintas.


No entanto, otimismo e pessimismo não são necessariamente dimensões opostas ou
seja, não são autónomas. Contudo, as opiniões dos autores divergem pois, alguns
autores consideram que o otimismo/pessimismo são duas dimensões distintas e outros
consideram que se trata apenas de uma única dimensão.

Estudos realizados por Timothy (2015) indicam que o otimismo e o pessimismo são
biologicamente distintos, resultando em duas tendências psicológicas: pessoas otimistas
têm tendência para ver um futuro promissor - "o copo meio cheio"; e indivíduos
pessimistas, influenciado por fatores genéticos e ambientais, têm tendência a prever
eventos negativos como sendo mais prováveis sem que consigam evitá-los. Os
indivíduos que atribuem às experiências negativas causas externas e que atribuem às
experiencias positivas causas pessoais são considerados otimistas. Aqueles que atribuem
as razões dos acontecimentos negativos a causas internas, e as causas de bons
acontecimentos a motivos externos são considerados pessimistas.

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Carver, Scheier, e Segerstrom, (2010) defendem que as pessoas oscilam entre muito
pessimistas e muito otimistas, e que todas as pessoas têm tendência para uma dessas
dimensões, mas colocando-se a maioria algures numa posição intermédia. Este teste foi
utilizado na presente dissertação para medir o grau de otimismo e pessimismo dos
indivíduos liderados. O LOT avalia as expectativas das pessoas em relação a eventos
futuros e avalia as explicações causais das pessoas em relação aos eventos. As
avaliações destes dois conceitos têm apresentado correlações moderadas, indicando que
se trata de conceitos correlatos porém distintos. Alguns autores consideram o LOT
como uma escala unidimensional bipolar, tendo o otimismo e o pessimismo como dois
polos opostos de uma mesma dimensão enquanto outros consideram a existência de dois
fatores distintos.

O rácio otimismo/pessimismo

Sabe-se que elevados níveis de positividade são bons preditores de melhor bem-estar
subjetivo em situações de adversidade, de melhor saúde física, melhor saúde mental,
maior resiliência perante acontecimentos estressantes, e estão associados a estatuto
socioeconómico mais elevado, melhor integração social (Carver et al., 2010). Assim,
apesar da importância concedida à positividade também não significa que a
negatividade (e.g., pessimismo, emoções negativas) não tenha igualmente importância.
Deve ter-se em conta que um elevado otimismo sem a companhia de algum pessimismo
pode gerar irrealismo e quebras no desempenho e na criatividade.
É fundamental que os indivíduos saibam adotar o otimismo/pessimismo na medida certa
para que, como referido anteriormente, não vivam uma situação irrealista. Por exemplo,
uma atitude positiva demais pode ser extremamente inadequada e assim causar
problemas devido ao excesso de otimismo. Indivíduos que têm uma atitude extrema e
persistentemente positiva muitas vezes são incapazes de adiar as coisas que lhes trazem
satisfação. Sentem dificuldade de avaliar as situações de forma realista e seu otimismo
excessivo pode levá-los a tomar decisões pouco sensatas (e.g.,“Não tem problema se eu
não trabalhar no relatório hoje, amanhã trabalho mais”). Com atitudes desse tipo, os
indivíduos são incapazes de resistir às tentações imediatas.

Otimismo

Visão geral

O otimismo é uma das virtudes ou um dos aspetos positivos do ser humano. Esta
característica é estudada pela psicologia positiva, funcionando como uma espécie de
protetor contra as doenças mentais (Seligman, 2002), sendo por isso fundamental para
os indivíduos terem a capacidade de adotar otimismo na medida certa para lidarem
melhor com as situações do seu dia-a-dia (e.g., ao nível social e profissional).
Contextualizado e avaliado de diversas formas, o otimismo tem sido associado ao
humor positivo, à perseverança, à moral, à resolução eficaz de problemas, à realização
de determinados objetivos, a uma vida mais saudável simultaneamente livre de traumas
(Peterson e Steen, 2002).

Assim, consideramos que o otimismo é considerado como uma força positiva de


elevada importância para organizações, pois colaboradores otimistas são facilmente

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motivados para trabalhar arduamente, sentem maior satisfação, desfrutam de elevada
autoestima face a objetivos definidos e são perseverantes quando enfrentem
dificuldades. Assim, considera-se que o otimismo é uma força positiva motivadora, que
resulta do fato do indivíduo acreditar que no futuro é possível obter resultados positivos
em detrimento dos negativos.

O otimismo disposicional e o estilo explicativo

O otimismo tem sido estudado como uma faceta da personalidade ou como um estilo
cognitivo voltado para a forma como a pessoa processa informação quanto ao seu
futuro. O otimismo disposicional é sobretudo contextualizado como um traço de
personalidade, por oposição ao pessimismo.

Otimismo e esperança
O otimismo e a esperança parecem ser construtos diferentes, ainda que façam parte do
campo de investigação e intervenção da Psicologia Positiva e ainda que ambos se
relacionem com o bem-estar e a qualidade de vida, sobretudo nos processos de saúde e
de doença. No que concerne às semelhanças, quer a definição proposta por Scheier e
Carver (1985), sobre o otimismo, quer a definição de Snyder (2002), sobre a
esperança, partilham um elemento comum: as crenças positivas sobre as metas ou os
objetivos e a relação com a saúde e o bem-estar psicológico (Gillham & Reivich,
2004).

Otimismo irrealista

Também se torna necessário distinguir os construtos otimismo disposicional e


otimismo irrealista. Alguns estudos têm sugerido que algumas pessoas tendem a
pensar que são invulneráveis, comparativamente com outras nas mesmas condições,
face a determinados eventos, normalmente nefastos (por exemplo a probabilidade de
adoecer ou de ter um acidente). Esta falsa crença de proteção traz conforto ao
Indivíduo. No entanto, como se consideram menos vulneráveis, estas pessoas
incorrem mais frequentemente em comportamentos prejudiciais ou perigosos como
fumar ou conduzir com excesso de álcool no sangue explicam esta tendência pelo facto
de as pessoas possuirem mais informação sobre si próprias do que sobre as outras.
Deste modo, normalmente as pessoas com otimismo irrealista juntam não só os factos
sobre si mas também as suas aspirações e desejos quando fazem inferências sobre o
futuro e assumem que possuem mais controlo sobre os acontecimentos do que as outras
pessoas, sobre as quais não têm tanta informação. No entanto, experiência eventos
negativos reduz a probabilidade de estas pessoas manterem o seu otimismo irrealista. Se
na sua história pessoal ou relativa aos seus mais próximos, existiram eventos
negativos, mais facilmente as pessoas diminuem as falsas crenças de proteção.

Otimismo como traço ou como estado?

O otimismo insere-se num grupo de traços psicológicos positivos, incluindo também


por exemplo a esperança e a resiliência (Peterson et al., 2009). Ao longo do tempo, o

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otimismo tem sido quase exclusivamente investigado como um traço, no entanto,
muitos autores têm sugerido e demonstrado empiricamente que os indivíduos podem ser
treinados para serem otimistas (Seligman, 1998 apud Kluemper et al., 2009).
Otimismo como traço representa diferenças individuais estáveis no nível de otimismo
geralmente experimentado, enquanto otimismo como estado pode mudar com base na
situação ou fatores contextuais. Por exemplo, o incentivo de um superior que cria uma
situação em que demonstra que é possível alcançar determinados objetivos pode causar
a um indivíduo que geralmente é pouco otimista - traço, uma experiência de altos níveis
de otimismo no trabalho.

Como se desenvolve o otimismo

Alguns estudos sustentam que o otimismo é um traço de personalidade relativamente


estável com a idade e independente do género (Mosing et al., 2009; Steca et al.,
2015). Para alguns autores, o otimismo é mesmo uma disposição biológica (Caprara et
al., 2009). No entanto, outros autores sustentam que, não só a idade condiciona o
otimismo disposicional, ou seja, que pode não ser um traço estável da personalidade,
como pode ser também condicionado por fatores culturais e contextuais (You, Fung &
Isaacowitz, 2009). O otimismo relacionava-se positivamente com a extroversão e a
abertura à experiência, enquanto o pessimismo, relacionando-se negativamente com
estes dois, relacionava-se sobretudo de forma positiva e acentuada com o
neurotiquíssimo. O estudo complexo de Bates (2015) junta-se a outros que admitem
haver uma base genética para o otimismo e o pessimismo, mas admitem que estas
características são acentuadas ou desacentuadas com a educação e os contextos
culturais de desenvolvimento (Caprara et al., 2009; Mavioglu,Boomsma, & Bartels,
2015). Por exemplo, numa outra investigação que comparou duas cohortes culturais
diferentes e de diferentes faixas etárias, jovens e adultos americanos e jovens e
adultos chineses a viver na China, foi observado que os adultos e idosos americanos
eram mais otimistas que os jovens e que os adultos e idosos chineses e estes últimos
eram significativamente menos otimistas do que os concidadãos mais jovens (You,
Fung & Isaacowitz, 2009).

Efeitos da educação no otimismo


O otimismo tem sido estudado em contexto escolar, havendo evidência empírica que o
relaciona com melhor rendimento escolar ou académico dos estudantes e com
comportamentos mais adequados em contexto educativo (Andretta et al., 2014;
Feldman & Kubota, 2015). Por exemplo, Andretta et al. (2014) provaram que atitudes
mais positivas dos adolescentes, relativamente ao presente e ao futuro, se relacionam
com menos abandono escolar e, embora com efeito moderado, com melhor média
escolar, para além de apresentarem melhor ajustamento psicossocial, em termos da
auto-estima, auto-eficácia e bem-estar em geral. Não encontraram diferenças nos
perfis de otimismo em função do sexo/género nem da idade dos adolescentes. Por outro
lado, alguns estudos tentaram averiguar se os professores mais otimistas poderiam ter
alunos mais motivados. Sabe-se que o exercício profissional dos professores está
relacionado com a sua preparação científica e pedagógica, e com os estilos educativos
que mantêm em sala de aula. Rieser et al. (2016), verificaram que professores do
ensino primário com estratégias baseadas no controlo ativo da aula, no suporte
emocional e na ativação cognitiva dos seus alunos conseguiam que estes utilizassem

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estratégias metacognitivas na aprendizagem e promoviam ainda a motivação para
a aprendizagem, sobretudo dos alunos menos intrínsecamente motivados.
O otimismo tem sido associado ao sucesso profissional; os estudos têm provado que as
pessoas mais otimistas têm maior satisfação consigo próprias, nomeadamente na sua
área profissional. Embora não se encontrem estudos que liguem especificamente o
otimismo dos professores ao otimismo e aprendizagem dos seus estudantes, é
provável que os professores que mantêm expectativas positivas, quer em relação ao seu
próprio desempenho, quer em relação ao desempenho dos seus educandos, tenham
resultados efetivamente mais positivos. Os professores que mantêm expectativas
positivas face ao desempenho dos seus estudantes terão um comportamento mais
reforçador no sentido positivo da aprendizagem e da motivação dos seus educandos.

Vantagens que todo otimista tem frente aos pessimistas


1. Postura correta
Pessoas otimistas andam sempre de cabeça erguida e jamais deixam seus ombros pra
baixo. O olhar dos otimistas sempre avistam o horizonte e nunca o chão. É importante
frisar que não é se elevar, se achar melhor que ninguém mas sim, saber que é uma
pessoa especial e que não tem por que andar humilhado e nem humilhar ninguém.

2. Voz suave
Pessoas otimistas jamais gritam e ficam falando alto com a intenção de se fazerem
ouvidos. Eles são pessoas que sabem de sua importância e quando falam, se expressam
com clareza e de forma suave, fazendo com que os ouve, sinta vontade de continuar
ouvindo.
3. Olha apenas para solução e não para o problema
Quando você olha para um copo de água pela metade, o que você vê? Ele meio cheio ou
meio vazio? A forma como você enxerga esse copo com água, diz muito sobre ser
pessimista ou otimista. Pessoas pessimistas, olham apenas para o lado vazio do copo, ou
seja, o que não foi enchido, enquanto os otimistas olharão para o copo cheio pela
metade.
Não olhe para aquilo que seja ruim, em desvantagem ou o que falta, olhe apenas para
como pode ser resolvido o problema, para solução e serás um pessoa afortunada.
4. Sempre pensa positivo
Os otimistas nunca olham para vida com pessimismo, mas sim com fé e acreditando
sempre no melhor de cada dia. Allan Percy destaca uma dica simples para quem tem o
hábito ou está mudando do negativo para o positivo: Sempre que pensamentos ruins
vierem a mente, fala o oposto, pense no oposto:
“Em vez de gritar, fale com voz calma. Em vez de “dizer umas verdades”, guarde sua
opinião para si mesmo. Em vez de criticar, busque um elogio para dizer ao outro. Em
vez de se ofender, agradeça pelo lado bom da situação.”

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5. Tem verdadeiros amigos
Pessoas otimistas sabem reconhecer seus verdadeiros amigos, aqueles que a todo tempo
estão para rir mas também chorar e ajudar. Procure conhecer bem seus amigos e confie
nas pessoas certas. Lembre-se que não é o ter muitos amigos que é válido mas ter bons e
amigos verdadeiros.
6. É grato
Ser positivo é ser grato ao Universo pela benção da vida! É saber agradecer pelas coisas
que tem e também por aquilo que pretende e almeja ter. É ser grato pelos dias bons mas
os ruins também, por que toda pessoa otimista, sabe que qualquer dificuldade deve ser
enxergada como uma experiência e aprendizado e por isso ser grato por estar
aprendendo e crescendo.
     
Pessimismo antropológico
O que aqui denomino “pessimismo antropológico” deve ser entendido como o modo
mais compreensivo de se tematizar a questão do sofrimento humano, de que tanto se
ocupa Schopenhauer em suas exposições. Considero-o mais poderoso do que o
pessimismo pragmático na medida em que não envolve uma atitude individual, mas
uma valoração objetiva com relação ao mundo humano. Em primeiro lugar, deve-se
admitir que a negação da vontade e a sabedoria de vida são casos de exceção cuja
possibilidade não basta para amenizar o diagnóstico geral da espécie. Desse modo,
passemos à regra, seguindo a hipótese de que o problema do mal no mundo reside na
natureza humana.
O “pessimismo antropológico” não é detalhado no artigo, mas podemos partir de sua
recusa por Debona, muito embora suas palavras exibam uma apreciação bastante
depreciativa da espécie humana, como aquela que é capaz de matar um semelhante
apenas para usar a gordura em suas botas, ou seja, para nada de útil à sobrevivência, à
perpetuação, à melhoria. Ao que parece, Debona se apoia no fato de que, a despeito da
indicada diferença de grau, o egoísmo veemente, que mais fortemente produz o mal
alheio, é comum a humanos e demais animais, e que tal egoísmo seria o Selbstsucht.
Nesse caso, os animais seriam corresponsáveis pelo mal no mundo, a ponto de o mesmo
não poder ser remetido exclusivamente ao humano como, supõe-se, faria o pessimismo
antropológico.
Vantagens do pessimismo
Mostra a vida sem filtros
Tentar convencer a nós mesmos de que tudo dará certo quando há inúmeras evidências
do contrário, é algo perto da sandice — ou da tolice — e uma fonte enorme de
ansiedade. Penso que você já experimentou essa faceta perversa do otimismo. O
pessimismo, pelo contrário, mostra a vida mais próximo do real, sem os filtros da ilusão
e do engano. Lendas açucaradas e fantasias não alcançam os pessimistas. O que a
filosofia de todos os tempos martela é que o sofrimento, a decepção, o fracasso são
partes integrantes da vida. Ciente disso, reduzimos o nosso grau de ansiedade e
aumentamos a serenidade. É o clássico e sábio “aceita que dói menos”.

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Estamos preparados
Quando imaginamos que o pior pode acontecer, no exato instante que assimilamos a
possibilidade, a nossa mente já trabalha nas possíveis saídas. Depois de alguma
experiência, a visão do prejuízo deixa de tirar o nosso sono. Pensamos: O pior que pode
acontecer é acontecer o pior…. Mas o pior já aconteceu tantas vezes… “Se eu perder o
emprego; se o meu relacionamento ruir… o que farei?” Quanto mais se pensar num
futuro desfavorável, mais se pensará no depois (ou num plano B) e ele menos nos
assustará.
A consciência de que o pior pode acontecer tem outro efeito valioso: prepara-nos para
os reveses e as decepções. Afinal, quem vislumbra o soco tem mais chance de escapar
dele.
Eu me conheço
O pessimismo amplia o autoconhecimento. A visão negativa sobre a nossa
personalidade — e que muitas vezes atende pelo nome de “realista” — joga luz sobre as
nossas limitações, traz-nos humildade e disponibiliza ferramentas para as melhorias.
Isso porque o otimismo — e seus excessos, como a arrogância — é muitas vezes um
entrave para o nosso desenvolvimento. Se você é ótimo, porque mudar?
Consolo e diversão
Há quem tenha medo dos pessimistas. É o medo do contágio. Não deveria. O
acessível Pensamentos, do sombrio francês Blaise Pascal, apesar de abordar a natureza
desviante, lamentável e indigna da humanidade, não é uma leitura deprimente. Ao
contrário, é consoladora e terma  — com pinceladas de bom humor —  porque ele
também ensina a enfrentar os fatos desesperadores da nossa vida de cabeça erguida. “A
grandeza do homem, vem de saber que ele é miserável”.
A religião
A religião, conforme a definição explicitada pela Enciclopédia Larousse Cultural, de
maneira geral, é um modo de pensar e agir. Ela é um meio de muitos povo se apoiarem
para poderem seguir seus destinos, uma explicação para diversos fenômenos naturais
ou-não em que a ciência moderna se mostra incapaz de evidenciar de maneira racional.
Nessa acepção, temos conjuntamente o mito, que constitui, nas palavras de José Luiz
Fiorin, uma explicação do homem para aquilo que é inexplicável, é uma súmulado
conhecimento de cada cultura a respeito das grandes questões com que o ser
humanosempre se debateu. Assim, há no mito uma explicação das origens do homem,
do mundo, da linguagem; a compreensão do sentido da dor, da morte, da vida, da
condição humana. E enquanto a ciência não puder explanar a origem das coisas e o seu
sentido, atua o pensamento mítico.

Em Gênesis, citada por Fiorin, temos a criação do céu, da terra, do mundo


por um ente divino e superior, Deus. Explica-se o nascimento do primo homem e de sua
costela, a mulher, eis que surgem Adão e Eva. Todos os seres vivos seriam feitos de
barro
da terra, seus corpos, e do sopro de Deus, suas almas. Depois dessas criações divinas, o
homem é colocado no paraíso terreal, onde não precisa trabalhar, não sente dores, não
morre, não sente frio, convive em harmonia com a natureza. Porém, após o homem

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provar o fruto proibido, transita da natureza para a cultura e a marca é o aparecimento
da vergonha, estado específico de alma do ser humano.
Quando em estado natural, Adão e Eva andavam nus e pós-fruto proibido, cobriram-se
envergonhados fazendo para si uma veste. A partir dessa transgressão da norma
celestial, a mulher foi condenada a dar à luz em meio às dores e a estar sujeita ao
homem. O homem, por sua vez, ficou submetido ao tempo, à morte; a natureza passou a
ser lhe hostil e foi obrigado a trabalhar para subsistência.
A partir da Gênese, muitas explicações da natureza e da vida humana passaram a ser
entendidas e seguidas. Foi a religião-mítica fazendo parte das sociedades para assim
poderem progredir no tempo.
Conclusão

Este texto procurou conceptualizar o otimismo, quer enquanto faceta da personalidade


quer enquanto estilo cognitivo explicativo, ligado às expectativas temporais,
evidenciando-se os seus efeitos positivos no decurso do processo educativo. Ser-se
otimista em períodos de crise e conflito pode afigurar-se uma patetice ou perda de
energia. Contudo, antecipar resultados e eventos positivos na própria vida ou ter
expectativas otimistas em relação ao futuro pode fazer com que as pessoas empreendam
esforços nesse sentido, assumindo a responsabilidade pelo próprio comportamento.
As pessoas sustentam evidentemente objetivos de natureza diversa relativamente ao seu
futuro pessoal, seja no domínio familiar, profissional, ou outros, e poder-se-ia pensar
que dificilmente se poderá ser otimista de forma generalizada. No entanto, de acordo
com a evidência empírica, as pessoas otimistas, ao contrário das pessimistas, investem
nos diferentes objetivos de vida de forma equilibrada e autorregulada, persistindo
naqueles que identificam ser-lhes mais favoráveis com as circunstâncias e modelando o
seu comportamento de forma a maximizar os ganhos (Pavlova & Silbereisen, 2013).

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Referências

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