Você está na página 1de 8

OTIMISMO

Conforme a OMS em 1948, saúde é definida como um estado de completo


bem-estar físico, psíquico e social, não apenas a ausência de doença. Em 1974, a
partir Relatório Lalonde, a saúde foi validada como um estado distinto da doença, que
viabilizou abordagens diferentes, onde as pessoas podiam se posicionar. A partir
desta nova relação, há a possibilidade de os indivíduos que não são doentes passam
a ter uma atenção especial.

Após alguns anos, novo conceito de desenvolvimento de saúde surge, que é a


Promoção da Saúde, onde se capacita as pessoas para aumentarem o controle sobre
a sua saúde, onde se pode desenvolver saúde ao longo do ciclo da vida.

No dia a dia, somos confrontados com situações problema que nos obrigam a
tomadas de posição e à realização de opções mais ou menos conscientes e que irão
determinar o rumo de nossas vidas e a construção do seu bem-estar e estudos
científicos demonstram que o otimismo está associado com a tomada de medidas
proativas, para proteger a saúde física e mental. Otimistas, estão em vantagem em
relação àqueles que tem uma visão negativa dos acontecimentos; os otimistas quando
confrontados com um desafio, tendem a agir com confiança e persistência, mesmo
que o progresso seja difícil.

Mas afinal o que é Otimismo?

A palavra otimismo tem origem no latim optimus que significa “o melhor”. O


popular, significa as coisas pelo lado bom, pensamento positivo, do contrário o
pensamento negativo que é pessimismo.

Na Filosofia, Leibniz entendia o otimismo como o “bem” sempre vence o “mal”


e afirmava que “este Mundo é o melhor dos Mundos possíveis”, ou seja, entre uma
infinidade de mundos possíveis, há o melhor de todos, caso contrário Deus não o teria
criado (Barbosa, 1997).

Schopenhauer, tinha uma doutrina de que a vontade era a fonte de todo o


sofrimento humano e que mesmo ela sendo a raiz metafísica do mundo e da conduta
humana, era algo sem nenhuma meta ou finalidade. A felicidade era a interrupção
temporária de um processo de infelicidade e somente a lembrança de um sofrimento
passado criaria a ilusão do bem-estar presente (Ross-MacDonald,1984).
Na literatura, personagens clássicos como Cândido, ou o otimista (Voltaire,
1759) e Pollyanna (Porter, 1913) aparecem como representantes de um otimismo
extremo. Cândido e Pollyanna são muito otimistas em face aos acontecimentos tristes
de suas vidas. O otimismo deles pode representar uma negação da realidade, mas
olhando por outro viés é a expectativa de eventos futuros positivos.

Seligman apresenta a teoria do Otimismo Aprendido e Michael Scheier e


Charles Carver do Otimismo Disposicional . Otimismo Aprendido ou Explicativo de
Seligman, diz que ser otimista não se reduz a ter pensamentos positivos, mas ao
modo como a pessoa pensa sobre as causas de eventos ruins.

Segundo Scheier e Carver (1985), otimistas são pessoas que esperam que
coisas boas aconteçam com elas, e pessimistas esperam que coisas ruins aconteçam.
Para medir o otimismo, Scheier e Carver apresentam o LOT (Life Orientation Test),
instrumento que tem expectativas positivas e negativas, com uma medida
unidimensional , onde o otimismo e pessimismo estão em polos opostos.

Críticas ocorreram em relação ao instrumento, quanto a sua


unidimensionalidade e indicaram coincidências com Neuroticismo, Ansiedade Traço,
Domínio de Si Próprio e Autoestima. Devido às críticas Scheier, Carver e Bridges
(1994), fizeram uma revisão do instrumento original por considerarem que esta não
satisfazia os pressupostos teóricos originais, retirando os itens que não focavam em
expectativas em relação ao futuro. A versão reformulada da escala foi denominada
como LOT-R (Revised Life Orientation Test), onde os itens que medem expectativas
positivas e negativas, estão relacionadas entre si. No Brasil, foi realizado estudo de
adaptação e validação do teste LOT-R (Bastianello, Pacico, & Hutz, 2014) a partir do
original americano.

A escala tem por objetivo avaliar as diferenças pessoais ao nível geral em


termos do otimismo e pessimismo .O LOT-R (Revised Life Orientation Test) é
constituído por 10 itens, dos quais 6 itens são indicadores de otimismo, sendo destes
três positivos (itens 1, 4 e 10), e três numa direção negativa (itens 3, 7 e 9) sendo
esses reversos e quatro itens (2, 5, 6 e 8) não são cotados na versão revista, são
itens-filtro ou distratores, que servem para desviar a atenção da pessoa acerca do
fator em análise. Ele é um autorrelato onde a pessoa indica o grau de concordância
com cada item, usando a escala Likert de 5 pontos (A = Discordo bastante; E =
Concordo bastante) e não há certo ou errado. O resultado é a partir do somatório dos
itens positivos e negativos, excluindo os itens-filtro.
Para a cotação dos valores finais, pode ser usada a seguinte escala:

Resposta A = 1 Resposta B = 2 Resposta C = 3 Resposta D = 4 Resposta E =


5

O cálculo do valor final é efetuado do seguinte modo: (a) considerar apenas os


seis itens correspondentes à escala (excluir itens 2, 5, 6 e 8); (b) inverter a pontuação
obtida nos itens formulados pela “negativa” (itens 3, 7 e 9); e (c) somar o valor total
obtido nos seis itens da escala, obtendo-se assim o resultado global final. Assim
sendo, valores mais elevados significam um maior otimismo por parte das pessoas.

Ainda é possível obter a medida separada de otimismo e “recusa” do


pessimismo, efetuam-se os cálculos separadamente: otimismo (itens 1, 4, 10) e recusa
de pessimismo (3, 7, 9). Neste último caso, para se obter uma medida contrária ao
pessimismo, mantém-se a inversão sugerida para calcular o otimismo geral, de modo
a que valores superiores signifiquem menor tendência para o pessimismo. Dimensão
geral 1. Otimismo: expectativa generalizada de obter bons resultados na vida,
marcada pela convicção de poderem ocorrer mais coisas boas do que más, em
situações atuais ou futuras. Dimensões específicas 1. Tendência para o otimismo:
expectativa generalizada de obter bons resultados na vida. 2. Recusa do pessimismo:
recusa da expectativa generalizada de obter maus resultados na vida.

Para a aplicação da escala é importante observar alguns itens como:

 Explicar aos participantes o objetivo da escala, o caráter confidencial


dos dados;

 Tempo de aplicação de 5 a 10 minutos;

 Organizar um espaço tranquilo, sem intervenções durante o tempo de


aplicação.

Observa-se que as duas teorias sobre otimismo apresentadas, existem


diferenças no conceito e na abordagem do construto. Entender o otimismo como
disposicional ou como um modo explicativo sobre os eventos futuros demanda na
criação de outros instrumentos de avaliação e em intervenções. Estudos do otimismo
na Psicologia Positiva iniciaram há pouco tempo, ainda não tendo concretizado uma
teoria com base em evidências científicas. Ainda há a necessidade de mais pesquisas
serem desenvolvidas sobre otimismo. Mas alguns estudos já indicam que otimismo
não deve ser considerado uma variável isolada, mas relacionando com fatores de
personalidade, indicadores positivos do desenvolvimento e autoestima.

Outros estudos estão sendo realizados sobre o otimismo, relacionando os


fatores de personalidades, evidenciando que o pessimismo está associado com
Neuroticismo e afetos negativos, enquanto que o otimismo relaciona-se com
Extroversão e afetos positivos, mas ainda precisam avançar no entendimento das
relações entre personalidade e otimismo. Mas fica claro que otimismo e personalidade
possuem forte conexão.

Sabemos que o balanço entre sentimentos positivos e negativos está ligado às


diferenças entre as orientações otimista e pessimista que temos em nossas vidas. E já
observam-se benefícios como melhores resultados em recuperações em diversas
áreas da saúde física para os que são otimistas e estudos indicam que os mais
pessimistas apresentavam maior risco para elevados graus de ansiedade e
depressão, apresentando baixa qualidade de vida.

Nas relações interpessoais a vantagem de uma orientação otimista para a vida


está presente, mantendo os relacionamentos mais vivos, uma vez que percebem os
eventos da vida da melhor forma possível. Nas questões de metas, os otimistas
empreendem esforços, mesmo com as dificuldades, enquanto pessimistas fogem das
dificuldades.

Existem diversas evidências empíricas comprovando que uma orientação


otimista para vida está fortemente relacionada a maior bem-estar subjetivo, estratégias
de enfrentamentos eficazes e maiores cuidados com a saúde, trabalho e
relacionamentos. Ser otimista é preditor de melhor saúde física e mental, e de
recursos mais adaptativos diante das adversidades nos diferentes âmbitos da vida
(Scheier & Carver, 1992).

Relacionando o tema otimismo com o filme o Psicólogo – o doutor está fora,


analisando o personagem Patrick, que é um produtor obsessivo compulsivo, ele é
bem-sucedido em seu meio profissional e pessoal. Pode-se observar que na vida
profissional ele sempre acredita que seus filmes serão os melhores, que é o melhor
produtor. Mas em sua vida pessoal observamos que o pessimismo o domina,
apresenta uma série de situações ao seu psicólogo, que não consegue dominar,
melhorar seu pensamento e comportamento. Apresenta características de transtorno
obsessivo compulsivo, citando em terapia que não consegue dormir, não consegue
parar de lavar as mãos, tem pensamento de que alguém irá lhe matar, de que
contrairá doenças diversas, medo de destruição, não gosta de ser tocado, de tocar em
objetos. E ao mesmo tempo se diz um gênio, deixando claro que isso não é um rótulo,
que tem uma memória prodigiosa, mesmo quando não busca ter.
Ao longo do filme observamos, que o doutor Henry Carter 0 o psicólogo,
não se aprofunda nos casos de seus pacientes, nos seus dramas. Vamos
vendo que os pacientes têm suas neuroses, seus dramas e infortúnios, seus
tédios, angústias, vícios. Na lista de pacientes cada um apresenta uma
característica, um problema.

O personagem que vou falar é Patrick, um produtor, empresário bem


sucedido, que sofre de transtorno obsessivo compulsivo, pessoa que tem medo
de contaminação e que não demonstra empatia pelas pessoas ao seu redor,
arrogante e pretensioso, ao ponto de, parar seu carro em um evento, jogar as
chaves em cima do manobrista e dizer: “Cuidado com meu carro, ele vale mais
do que você.” Patrick esbanja um ar de superioridade onde passa, mas é
extremamente dependente dos outros, pois não abre uma porta sozinho, nem
chama o elevador, por medo de se contaminar, e ainda sua vida é solitária e
deprimente.

Você também pode gostar