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PSICOTERAPIA CORPORAL NA ADOLESCÊNCIA:


CONTRIBUIÇÕES EM PESQUISA E INTERVENÇÃO

Flávia Juliana Dourado Paixão1

RESUMO: Este estudo se refere às contribuições das Psicoterapias Corporais às pesquisas


e intervenções com adolescentes. Objetivo geral: Compreender sobre a adolescência através
da Psicanálise e das Psicoterapias Corporais e suas contribuições teórico-técnicas no
manejo de intervenções psicoterapêuticas individuais e grupais com adolescentes, além de
descrever sobre o desenvolvimento biopsicossocial à luz de teorias da Psicanálise e das
Psicoterapias Corporais e, realizar uma análise acerca das iniciativas de pesquisa e
intervenção psicoterapêuticas em Psicoterapia Corporal com adolescentes. Metodologia:
Revisão bibliográfica. Resultados e discussão: elaborou-se um quadro de apresentação do
material encontrado e as discussões apresentam-se em dois eixos temáticos: Aspectos
teóricos da adolescência sob enfoque de teorias psicanalíticas e das Psicoterapias Corporais
e o outro eixo sobre pesquisas e intervenções em Psicoterapias Corporais com adolescentes.
Considera-se importante a continuidade de pesquisas e intervenções com adolescentes e, a
manutenção do interesse pela compreensão da adolescência e o auxílio na conquista de
adolescências mais saudáveis.

Palavras-chave: adolescência; psicanálise e adolescência; psicoterapias corporais com


adolescentes.

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência é uma fase do


desenvolvimento humano compreendida entre os 10 e os 19 anos (adolescents) e pela
Organização das Nações Unidas (ONU) entre os 15 e os 24 anos (youth), estas são referências
científicas para esta fase vivenciada de forma particular para cada sujeito.

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Psicóloga formada pela Faculdade Integral Diferencial – FACID. Especialista em Saúde Mental – Novafapi.
Especialista em Psicologia Clínica – FSA. Especializanda em Psicoterapia Corporal – CENSUPEG.
Especializanda em Psicanálise com crianças e adolescentes – IPOG. Mestra em Psicologia pela – UNIFOR.
Docente em Psicologia – UNINASSAU ALIANÇA (Campus Redenção/ Teresina - Pi). Psicoterapeuta corporal
de adolescentes.
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De modo geral, a adolescência trata-se de um período que ocorre entre a puberdade e a


adultez permeado de vivências únicas ligadas às mudanças biopsicossociais próprias dessa
fase, além da construção um projeto de vida adulta, onde o adolescente é convidado a pensar
sobre a seguinte questão: “Quem sou eu?”. Nesse contexto, ele fará movimentos de
reelaborações sobre sua história infantil, poderá escolher formas de vivenciar seu corpo e
formará uma identidade própria. Outra questão que atravessa a adolescência contemporânea
diz respeito à imposição de formas prontas de vivenciar sua sexualidade, sua escolha
profissional e os tabus sociais que engessam o olhar sobre os adolescentes com as
perspectivas de que eles são “rebeldes”, “transgressores”, “aborrecentes”, “imaturos” e
“sentimentais”. Ser adolescente na contemporaneidade é atravessar alguns desafios como
Vilhena; Prado (2015) revelam essa passagem:

O adolescente queixa-se de sobrecarga, de ser ultrapassado por modificações que o


afetam e também atingem o mundo externo, vivendo uma aceleração temporal
diante da qual se vê desarmado. Se todas as dores, indistintamente, expõem o sujeito
à vivência do desamparo, podemos dizer que o adolescente de nossos dias vive
dolorosamente numa sociedade conjunto de individualidades autônomas, num
mundo de liberdade cada vez mais total nos costumes e de exigências cada vez mais
severas nas competências. Tal filosofia do “tudo vale, tudo pode” vem crescendo e
desencadeando, nos jovens, raiva, ódio, agressão (VILHENA; PRADO, 2015, p.
95).

De acordo com Jerusalinsky (2004), a adolescência não é definida somente pela idade,
é um estado de espírito, o que ele descreve como um estado juvenil, indeciso, não pacífico,
que ocorre quando se está na beira de se decidir algo, de uma instabilidade perceptível.
Considera ainda, esta passagem como um estado turbulento pela angústia do adolescente
sentir que sua vida está se decidindo a todo momento, o que o aproxima da neurose de
angústia, de ordem inconsciente.
Dessa maneira, este estudo problematiza as principais contribuições das Psicoterapias
Corporais às pesquisas e intervenções psicoterapêuticas com adolescentes. Tem como
objetivo geral a compreensão sobre a adolescência através da Psicanálise e das Psicoterapias
Corporais e suas contribuições teórico-técnicas no manejo de intervenções psicoterapêuticas
individuais e grupais com adolescentes. Em termos específicos, intencionamos: descrever
sobre o desenvolvimento biopsicossocial à luz de teorias da Psicanálise e das Psicoterapias
Corporais e, realizar uma análise acerca das iniciativas de pesquisa e intervenção
psicoterapêuticas em Psicoterapia Corporal com adolescentes.
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O interesse por este estudo nasceu da experiência de atendimentos psicoterapêuticos


aos adolescentes, dos estudos realizados na Especialização em Psicoterapias Corporais, além
do Curso de Capacitação em Bioenergética com Crianças e Adolescentes fizeram despertar a
necessidade de se aperfeiçoar o manejo clínico com adolescentes nessa abordagem.
Para o presente estudo adotou-se como estratégia metodológica a revisão bibliográfica.
Foram utilizados x livros, x artigos, 01 monografia e 01 dissertação. Para facilitar a
compreensão, elaborou-se uma tabela de apresentação do material encontrado. Fez-se um
caminho metodológico estruturando as discussões em dois eixos temáticos, um sobre os
aspectos teóricos da adolescência sob enfoque de teorias psicanalíticas e das Psicoterapias
Corporais e, o outro eixo sobre iniciativas de pesquisas e intervenções em Psicoterapias
Corporais com adolescentes. Estes estudos foram selecionados nas principais bases
indexadoras do Brasil. Após esta discussão, foi realizada uma análise dos principais temas e
subtemas recorrentes nas pesquisas e a sugestão da ampliação de compreensões nas
considerações finais.
Esta pesquisa poderá contribuir na compreensão da adolescência e ampliar trabalho
dos psicoterapeutas ou outros profissionais que lidam com adolescentes. Poderá oferecer
benefícios à sociedade como um todo, em especial às famílias com filhos adolescentes, e
favorecer a Psicoterapia Corporal, a Psicologia e outras áreas do conhecimento. Através desse
estudo bibliográfico, outras pesquisas poderão surgir tomando-o como base, principalmente
estudos de campo com adolescentes e suas famílias.

METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Este tipo de estudo é aplicado para
construir ou reconstruir teorias voltadas para a fundamentação de novos conceitos ideológicos
em busca de ideais, aprimoramento das novas bases de conhecimento e propondo condições
para que se criem intervenções (FANTINATO, 2015).
Os descritores utilizados para este estudo foram consultados nos vocabulários da
Ciências da Saúde (DeCS), são eles: “adolescência”, “psicanálise e adolescência”,
“psicoterapia corporal e adolescência”, “psicoterapia corporal com adolescentes”,
“vegetoterapia e adolescência”, “bioenergética e adolescência”, “biodinâmica e adolescência”,
“biossíntese e adolescência”.
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Para o levantamento de dados, iniciou-se uma busca nas seguintes bases indexadoras:
Centro Reichiano de Psicologia Corporal; Revista Latino-Americana de Psicologia Corporal;
SCIELO (Scientific Eletronic Library Online).
Os critérios de inclusão delimitados foram: estudos que apresentassem relações com o
tema proposto neste estudo, publicados no período de 2000 a 2020, na língua portuguesa
brasileira, além de estudos publicados na literatura psicológica e nas bases indexadoras já
citadas acima. Assim, foram excluídas as produções que não presentavam nenhuma relação
com a temática desenvolvida nesse estudo, artigos fora das bases indexadoras adotadas, sem a
datação já estabelecida, não pertencentes à língua já citada, e coerentes com outro tipo de
literatura, que não a fosse a literatura psicológica.
Após a coleta bibliográfica, seguindo os critérios já mencionados, o material passou
por uma seleção criteriosa com uma triagem primária da leitura de títulos e resumos e, em
seguida, os mesmos foram lidos na íntegra. A pesquisadora elaborou fichamentos para
facilitar a compreensão dos mesmos. Foram localizadas 30 produções através da realização
estratégia de busca nas bases de dados e elaborado um quadro (Quadro 01) contendo algumas
informações sobre os estudos analisados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para dar início aos resultados e discussões foi elaborada um quadro (Quadro 01) com
as informações sobre os artigos selecionados, como: os nomes dos autores, o título do estudo,
o ano da publicação, local do estudo, especificação e, a base nos indexadora. Depois desta
etapa, os artigos foram agrupados de acordo com os temas em comuns e também temáticas
diferenciadas ou incomuns formando dois eixos de discussão.
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Quadro 01 – Síntese geral dos estudos incluídos no estudo


Autor(es) do estudo Título do estudo Ano de Local do Especificação Base Indexadora/
publicaçã estudo Fonte
o
AGUIAR, F. H. R.; Orientação vocacional: 2008 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
CONCEIÇÃO, M. I. G. caminhando com as Congresso Psicologia Corporal
próprias pernas e
escolhendo com o coração.
ALVES, J. P. O poder transformador do 2014 Recife Artigo Revista Latino-
som na Análise Americana de
Bioenergética. Psicologia Corporal
BARON, A. K. R. V.; Resgatando o que é seu. 2014 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
STORCK, E. S.; Congresso Psicologia Corporal
GRANATO, L. R.;
MUNARETTI, M. R.
CALLIGARIS, C. A adolescência. 2011 São Paulo Livro Editora Publifolha
CHAVES, E. I.; BROK, Automutilação e relações 2019 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
K. F.; VOLPI, S. M. D. subjetivas em adolescentes: Congresso Psicologia Corporal
contribuições da Psicologia
Corporal.
COBRA, G. de O. Corpo, identidade e 2007 São Paulo Livro Annablume
adolescência.
CUOCOLO, P. Adolescência: um desafio 2012 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
de todos nós. Congresso Psicologia Corporal
CUOCOLO, P. Contribuições para a prática 2012 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
clínica com adolescentes. Congresso Psicologia Corporal
FRANÇA, E. G. de. Aplicação da Análise 2004 Foz do Anais de Centro Reichiano de
Bioenergética para grupos Iguaçu Congresso Psicologia Corporal
de adolescentes.
LIMA, E. C. L.; O desenvolvimento da 2016 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
VOLPI, S. M. D. inteligência Congresso Psicologia Corporal
intrapessoal e interpessoal
em adolescentes através de
exercícios da
Vegetoterapia e da
Bioenergética.
MARGHETI, S. da S. Transformações 2010 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
biopsicossociais na Congresso Psicologia Corporal
adolescência: grupo
terapêutico de deficientes
visuais.
MARMOR, C., Hora do Blá: dois anos de 2011 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
bioenergética com Congresso Psicologia Corporal
adolescentes da rede pública
municipal São Paulo.
MARTIN, D. de.; Contribuições da psicologia 2017 Curitiba Anais de Centro Reichiano de
KERCKHOFF, J. P. biodinâmica no atendimento Congresso Psicologia Corporal
com crianças e
adolescentes.
MATHEUS, T. C. Adolescência: história e 2010 São Paulo Livro Editora Casa do
política do conceito na Psicólogo
psicanálise.
MOREIRA, J. de O.; Juventude e adolescência: 2011 Porto Artigo Revistas Eletrônicas -
ROSÁRIO, Â. B. do.; considerações preliminares. Alegre PUCRS.
SANTOS, A. P. dos.
MOTTA, P. M. R.; Sementes de um novo 2018 Campinas Anais de Centro Reichiano de
DELLAZZANA- tempo – relato de Congresso Psicologia Corporal
ZANON, L. L. experiência em uma escola
do Ensino Fundamental de
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Campinas.
P. D; LEITE, T. S. Casa da estudante: 2004 Foz do Anais de Centro Reichiano de
GALVÃO, K. M; psicologia corporal em uma Iguaçu Congresso Psicologia Corporal
MACIEL, F. M. F. F. residência para estudantes
de ensino médio.
OLIVEIRA, L. G. de. Pós-modernidade e 2010 Curitiba Monografia do Centro Reichiano de
adolescência: uma reflexão Curso de Psicologia Corporal
acerca das relações do Especialização em
adolescente sob o enfoque Psicologia
da Psicologia Corporal. Corporal
REICH, W. Análise do Caráter. 2020 São Paulo Livro Editora Martins Fontes

REICH, W. Crianças do futuro: sobre a 2013 Curitiba Livro Editora São Paulo
prevenção da patologia
sexual.
ROCHA, B. Psicoterapia corporal com 2008a Curitiba Anais de Centro Reichiano em
crianças e adolescentes. Congresso Psicologia Corporal
ROCHA, B. O brinkar como 2008b Curitiba Anais de Centro Reichiano em
transformador da energia. Congresso Psicologia Corporal
ROCHA, B. Brinkando com o Corpo: 2014 São Paulo Livro Editora Arte & Ciência
técnicas de psicoterapia
corporal com crianças e
adolescentes.
PIZZI, L. M. A. O corpo adolescente na 2014 São Paulo Dissertação de Universidade Lusófona
educação: percepções Mestrado em de Humanidades e
relatadas por adolescentes a Ciências da Tecnologias - Instituto
respeito da interferência da Educação de Educação
aplicação de exercícios de
bioenergética na
aprendizagem escolar.
SACHET, A. L. D. A exigência cultural da 2004 Foz do Anais de Centro Reichiano em
sociedade aos jovens de se Iguaçu Congresso Psicologia Corporal
absterem do sexo.
SANTANA, M.; Perspectivas de atuação 2004 Foz do Anais de Centro Reichiano em
NASCIMENTO, P. D. psicossocial em psicoterapia Iguaçu Congresso Psicologia Corporal
corporal: relato de
experiência com crianças e
adolescentes.
SILVA, R. C. A. da.; Adolescência – Quando 2017 Recife Artigo Revista Latino-
LIRA, D. M. de B. surgiu e para onde vai? Um Americana de
recorte histórico e Psicologia Corporal
psicossocial.
SILVEIRA, C.C.; Somatopsicodinâmica da 2017 Curitiba Anais de Centro Reichiano em
SEVERIANO, M. I. R. ansiedade Congresso Psicologia Corporal
S. patológica: um estudo de
série de casos sobre as
contribuições da técnica
massoterápica Yoga Thay
com adolescentes
identificados com
transtorno de
ansiedade generalizada em
comorbidade com
transtorno do pânico.
VOLPI, S. M. A sexualidade e sua função 2008 Curitiba Anais de Centro Reichiano em
integradora do self: uma Congresso Psicologia Corporal
visão da análise
bioenergética.
VOLPI, S. M.; A vida sexual nos anos da 2009 Curitiba Anais de Centro Reichiano em
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LESZCZYNSKI, S. A. juventude: da análise Congresso Psicologia Corporal


C. reichiana sobre a moral
patriarcal à atual proposta
de orientação da
sexualidade.
VOLPI, J, H; VOLPI, Vivenciando as etapas do 2007 Curitiba Anais de Centro Reichiano em
S. M. desenvolvimento emocional Congresso Psicologia Corporal
e mapeando as emoções no
corpo humano.
VOLPI, J, H; VOLPI, Etapas do Desenvolvimento 2006 Curitiba Anais de Centro Reichiano em
S. M. Emocional. Congresso Psicologia Corporal
WEIGAND, O. Grounding e autonomia: a 2006 São Paulo Livro Editora Person
terapia corporal
bioenergética revisitada.
WOSIACK, R. M. R. et A terapia corporal e a 2009 Curitiba Anais de Centro Reichiano em
al. resiliência: um estudo com Congresso Psicologia Corporal
adolescentes em situação de
risco.
WOSIACK, R. M. R.; Fatores de risco e de 2008 Curitiba Anais de Centro Reichiano em
BECKER JUNIOR, B. proteção evidenciados em Congresso Psicologia Corporal
adolescentes em situação de
risco e suas possíveis
relações com as couraças
musculares.

Segue-se agora para a discussão dos resultados encontrados nesta pesquisa após a
seleção dos dados que o compõe, tem-se, portanto, dois eixos temáticos encontrados:
“Aspectos teóricos sobre adolescência – da Psicanálise à Psicoterapia Corporal” e “Da teoria
ao campo – iniciativas de pesquisa e intervenção em psicoterapia corporal com adolescentes”.

Aspectos teóricos sobre adolescência – da psicanálise à psicoterapia corporal

Iniciar-se-á, nesse momento, a discussão desse eixo temático apresentando os


principais aspectos teóricos sobre a adolescência construídos a partir da Psicanálise à
Psicoterapia Corporal, aborda-se temas como a puberdade, a singularidade do fenômeno
adolescência para cada adolescente, os processos identificatórios, a constituição psíquica do
sujeito nessa fase, as questões ligadas às mudanças biológicas, imagem corporal, ao corpo e à
sexualidade, relações com a família e outros grupos sociais.
Sob a perspectiva psicanalítica, Freud (1905/ 1973) não trata da adolescência, e sim,
explicita a puberdade descrevendo-a como como um segundo momento de aparecimento da
sexualidade que ocorre após um período de latência na infância. Nesse período, a criança
ressignifica sua sexualidade infantil e seus objetos primordiais, unindo estes e formando o
objeto sexual que organizará suas pulsões, unificando as mesmas. Assim, o sujeito tem
condições de passar pelo processo de destituição dos pais como objetos sexuais devido à
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proibição cultural do incesto, isto ocorre sem uma definição cronológica para a ocorrência
dessa manifestação.
Diversas teorias psicanalíticas, porém, especialmente a psicanálise freudiana,
entendem que a subjetividade seja constituída através de identificações, como operações
dinâmicas e imprevisíveis às quais passam por processos de construção e reconstrução
constantes. Pensar na construção da identidade na adolescência é pensar em uma identidade
não estática, pois se refere a um processo psicológico que opera em termos da constituição do
eu, porém o sujeito vivencia a ilusão identitária de possuir uma identidade integrada e estável,
ou seja, não se trabalha aqui com a ideia de manifestações naturais na adolescência,
encaixando-a nos padrões de normalidade ou patologia.
Recorrendo a essa abordagem, Matheus (2008) afirma que o olhar do outro se insere
no psiquismo do adolescente e no seu processo de encontro consigo mesmo, no seu processo
de construção identitária, pois o outro faz parte do seu campo social, assim ele destaca:
Esse olhar e essa imagem não estão presos à concretude da realidade, uma vez que
esta é sustentada pelo campo simbólico que a fundamenta e acompanha. Da
realidade, busca-se ao menos um grão que sirva de suporte para o real a ser
confrontado, disparado pela estranheza do olhar do outro. São as imagens de um
corpo transformado, produzidas em meio a esse ou a tantos outros, que instigam o
retorno do recalcado, inaugurando o segundo momento da sexualidade. É por esse
motivo que o momento adolescente independe imediatamente da puberdade, pois
está atrelado aos sentidos que aquele corpo conquista nos laços nos quais se inscreve
(MATHEUS, 2008, p. 622).

Dessa maneira, a adolescência é o prisma pelo qual os adultos olham os adolescentes e


pelo qual os próprios adolescentes se contemplam internamente. Ela pode ser considerada
objeto de inveja e de medo, pois dá realidade aos sonhos de liberdade ou de fuga dos adultos
e, ao mesmo tempo, a seus pesadelos de violência e desordem (CALLIGARIS, 2011).
Além destes processos de encontro com uma subjetividade marcada por processos
identificatórios, a adolescência também é acompanhada de mudanças biológicas devido ao processo de
maturação do corpo humano, as primeiras experimentações a diferentes caminhos com a sexualidade e
os processos subjetivos que delas decorrem. Salienta-se ainda, as transformações que acontecem
no corpo durante a puberdade impõem ao sujeito a construção de uma nova imagem corporal,
isto leva a um trabalho psíquico de significação dessa nova condição na vida do sujeito que se
encaminha para a adolescência (MOREIRA, ROSÁRIO e SANTOS, 2011).
Nesse período, ocorre a passagem de eventos críticos na constituição subjetiva do
adolescente na visão psicanalítica, como a mudança da condição de possuidor de corpo
infantil, ligado inicialmente na problemática de ser o falo da mãe para o estatuto de corpo
sexuado, com características mais adultas. Isto abre espaço para a elevação da libido e a
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possibilidade da escolha de um novo objeto sexual, não incestuoso, concomitantemente ao


afrouxamento da identificação com os pais da infância (MOREIRA, ROSÁRIO e SANTOS,
2011). Este movimento de emancipação emocional realizado na adolescência nem sempre
pode ser considerado tranquilo ou confortável, pois os adolescentes podem lidar com olhares
segregadores e não libertadores da sua individualidade.
O sujeito experimenta um pouco mais de independência, diferentemente da
dependência dos pais de sua infância, passa a questionar os esses modelos identificatórios,
vislumbrando suas fragilidades e falhas dos pais, e a identificação com os pais idealizados da
infância começa a se modificar. A tarefa de tornar-se emancipado e realizar um processo de
diferenciação dos seus pais começa a aparecer como possibilidade, ele se conecta
gradativamente com seu próprio jeito de ser (MOREIRA, ROSÁRIO e SANTOS, 2011).
Seguindo a lógica da constituição psíquica e dos desafios adolescentes, a etapa de
estruturação e formação do caráter gira em torno de 06 anos até a adolescência, em que ocorre
o estabelecimento definitivo do caráter, que diz respeito à forma do sujeito agir e reagir às
situações que o mundo o apresenta (VOLPI; VOLPI, 2006; REICH, 2020).
A formação de uma defesa de caráter (neurótica) no corpo e no psiquismo ocorrem na
infância a partir do nascimento, quando os pais e cuidadores frustram ou reprimem de forma
severa e repetitiva a criança. Tais defesas funcionam como uma forma estratégica de
sobrevivência e ocultam um falso self (eu), ameaçado na infância, onde acontecem bloqueios
energéticos e musculares e uma fixação da energia estagnada na fase do desenvolvimento em
que a criança se encontra, paralelamente, a constituição de marcas psíquicas serão
incorporados ao caráter da criança (REICH, 2020). Dessa maneira, entende-se que os
adolescentes carregam consigo registros internos vivenciados desde o nascimento até o
momento atual contribuem na formação das suas defesas de caráter intrinsecamente ligadas à
formação de couraças musculares.
As repressões vivenciadas na infância e adolescência geram bloqueios psíquicos e
energéticos no corpo criando também as chamadas as couraças musculares e psíquicas. A
couraça muscular corresponde à soma total dos espasmos musculares crônicos de contração
que o indivíduo desenvolve como defesa contra o medo, angústia, raiva e excitação sexual.
Este tipo de couraça está relacionada diretamente com à couraça caracterológica, que compõe
o modo de atuar na vida, o comportamento, podendo vir acompanhada de medo,
congelamento, contração, distanciamento, frieza (REICH, 2020). O que acontece com os
adolescentes contemporâneos e suas famílias acerca da discussão acima é o que Reich (2013)
aponta na passagem a seguir:
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Muitos jovens, por terem tido um sustento artificial, são forçados a desenvolver um
movimento moralmente defensivo contra o desejo inconsciente de sua sexualidade, e
também contra o saber que lhe é bombardeado pelo externo. Não arriscam
compreender a sua sexualidade e permanecem de olhos fechados àquilo que lhe
tortura, ao seu mau-humor, à excitação e a outras preocupações. Arriscam sim a
raciocinar sob a pressão de uma vontade estranha que lhe veta de alcançar a
consciência sexual. Esta vontade estranha surge da educação e é tornada parte
integrante de seu caráter que entra em contradição com suas necessidades físicas
naturais. Devemos interpretar muito claramente o quanto o problema sexual do
jovem não só é difícil, mas em muitos casos, realmente explosivo. A decisão da
direção sexual do jovem deveria ser tomada por ele próprio, segundo Reich (2013).

Dito de outra forma, a maneira de o sujeito pensar e agir é semelhante à forma que
ocorre a formação de couraças musculares. A rigidez e as tensões no corpo estão concernentes
ao jeito de ser rígido, inflexível, mais automático, o contrário também ocorre, espontaneidade,
liberdade, graciosidade, harmonia, leveza e prazer no corpo estão coerentes com flexibilidade
e criatividade na vida. Quanto mais energia bloqueada no corpo, maior a chance de se
construir doenças (PIZZI, 2018).
Uma possível organização e resolução mais saudável podem advir ao final da
adolescência mediante elaborações psíquicas e corporais das experiências anteriores e o
investimento de energia voltadas para interesses do adolescente como estudos, esporte, lazer,
pares afetivos, sexualidade, grupos, em atividades positivas, além de encontrar um projeto de
vida adulta coerente com sua identidade podemos falar em superação ou resolução não
conflituosa. O que se entende por reorganização positiva das travessias relacionadas à
adolescência vão se estruturar entre 18 e 21 anos, quando a estrutura do caráter se torna mais
estável, mais próxima da estrutura de caráter adulto (REICH, 2020).
O desafio contemporâneo é o de oferecer tempos e espaços para que os adolescentes se
sintam seguros e expressem sua sexualidade, sua espontaneidade, da forma que lhes cabe e no
seu ritmo (VOLPI, 2008). Complementando essa ideia, que sejam possíveis momentos aos
adolescentes que facilitem a elaboração da sua história de vida, o acolhimento de suas
angústias e de suas emoções (das mais primitivas e difíceis até as emoções mais potentes e
vibrantes) e a possibilidade de reparação de marcas psíquicas e corporais pela expressão livre
desses afetos. Pensa-se que, existem possibilidades de trabalho a partir de seus recursos
internos, de poder integrar seu passado com seu futuro e amplie as chances da vivência de
uma adultez mais saudável. Como cita Reich (2013):
A juventude não só tem todo o direito de ser “iluminada”, mas também o direito à
saúde psíquica e a uma saudável vida sexual. Este direito é devido a todos os jovens.
Inúmeros jovens têm perdido a consciência de sua própria sexualidade, pagando
com graves distúrbios do equilíbrio psíquico na adolescência. Por isto, não
queremos dar conselhos “do alto”, não queremos “iluminar”, mas queremos
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apresentar a realidade como é, ensinar ao jovem a compreender a situação na qual


buscamos encontrar e demonstrar-lhes que devemos apreender pessoalmente nosso
próprio destino e ter uma verdadeira vontade de cessar esta miséria (REICH, 2013).

No livro Crianças do futuro: sobre a prevenção da patologia sexual, Reich (2013)


ainda aborda o tema da Tensão e Gratificação Sexual, Maturação Sexual, A masturbação do
jovem, O ato sexual, O distúrbio durante o ato sexual como Ereção insuficiente ou
incompleta, Ejaculação precoce, Distúrbio da capacidade de alcançar a gratificação, Doenças
sexualmente transmissíveis e suas prevenções, Auto regulação da vida sexual através da
gratificação, Abstinência e produtividade de trabalho. Além de temas como a questão da
homossexualidade, a amizade e, a repressão da vida sexual.

Da teoria ao campo – iniciativas de pesquisa e intervenção em psicoterapia corporal com


adolescentes

Nesta seção, trabalharemos as pesquisas que apontam a psicoterapia corporal com


adolescentes e seus pais na clínica e, em seguida, trataremos das contribuições de
intervenções com grupos de adolescentes.
O processo psicoterapêutico adolescentes na abordagem corporal se dá tanto no campo
simbólico, quanto corporal, ou seja, o psicoterapeuta trabalha a análise verbal diante do
discurso do sujeito e a análise verbal, sendo que em algum momento do processo
psicoterapêutico este pode ser convidado pelo psicoterapeuta a experimentar um exercício
corporal, caso seja necessário.
Segundo Rocha (2008) o objetivo da psicoterapia com adolescentes é refazer a sua
matriz de identidade, o que denominamos de rematrização de identidade, em que o
adolescente através da sua relação com o psicoterapeuta, terá uma nova oportunidade de
reedição ou nova edição de questões que já aconteceram na sua vida e formaram marcas
psíquicas significativas, rupturas emocionais geradoras de bloqueios emocionais, que
impediram o amadurecimento e a constituição do verdadeiro self, que o impediram de seguir
plenamente na vida, podemos dizer que, é uma nova oportunidade de reparar situações
traumáticas de experiências emocionais, portanto, reconstruir o fluxo libidinal e o sentimento
profundo de ser amado.
Na psicoterapia corporal com adolescentes, os brinquedos, as brincadeiras e os jogos
estão relacionadas com as fases do desenvolvimento psicossexual da criança descritas por
Freud e complementadas por Reich, estes recursos passam a ocupar um lugar fundamental no
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processo de intervenção e interpretação, como a possibilidade realizar uma correspondência


entre os brinquedos e jogos e o tipo de energia bloqueada durante o desenvolvimento psíquico
e corporal, identificando-os com a fase do desenvolvimento psicossexual energética vivida
anteriormente pelo adolescente, segundo Rocha (2014).
O atendimento na clínica com adolescentes é realizado primeiro com os pais e/ou
principais cuidadores, no qual se realiza a escuta da queixa e aplica-se a entrevista de
anamnese, esta objetiva a obtenção de informações da história de vida como: a concepção,
gestação, parto, desenvolvimento, rotina, bem como, as características do ambiente familiar.
Este primeiro momento poderá indicar de possíveis bloqueios psicoemocionais geradores de
sintomas, dores psíquicas, marcas que aconteceram até o momento do desenvolvimento. Após
esse primeiro contato, o psicoterapeuta trabalhará algumas hipóteses sobre a vida psíquica do
adolescente, posteriormente fará o psicodiagnóstico, um instrumento de avaliação e coleta de
dados clínicos que visa identificar sofrimento, analisar quais figuras familiares estão
relacionadas ao sofrimento, avaliar seu papel na organização psíquica e n o sistema familiar.
O psicoterapeuta pode realizar visitas à escola do adolescente, conversar com equipe
pedagógica no sentido de observar o seu desempenho pedagógico e psicossocial, caso seja
necessário. Portanto, o resultado obtido no psicodiagnóstico possibilitará optar por
intervenções psicoterapêuticas com saídas possíveis e mais saudáveis para o desenvolvimento
do adolescente (ROCHA, 2008, 2014).
O autor Marmor (2011) relata a experiência na clínica social do Instituto de
Bioenergética de São Paulo - SAPS com adolescentes da escola da Rede de ensino Pública
Fundamental 2 em SP durante dois anos e meio de 2009 a 2011. O estudo teve como objetivo
e de conscientizar e possibilitar uma experiência de pertencimento a um grupo de jovens entre
12 e 16 anos. Percebeu-se que a agressividade, o vandalismo e a atuação da sexualidade
estavam como manifestação de defesa de necessidades mais profundas no seio familiar e
social. Entre os principais recursos utilizados nessa experiência estão trabalhos corporais com
dinâmicas de grupos, dramatização de cenas, jogos elaborativos, desenhos como o
Somagrama, sendo este um tipo de desenho do próprio corpo em que pode-se localizar zonas
de tensões e outras sensações corporais.
Em seu estudo acerca das Contribuições da psicologia biodinâmica no atendimento
com crianças e adolescentes Martin; Kerckhoff (2017) ressaltam o manejo clínico; o método
da parteira; circulação libidinal e o toque da massagem biodinâmica. No manejo clínico, o
psicoterapeuta é convidado a oferece um cuidado terapêutico próximo do cuidado materno
que permitirá que aconteça um espaço potencial, seguro, com a realização de intervenções não
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invasivas, resgatando sua força vital do adolescente. O método da parteira diz respeito à
sensibilidade do psicoterapeuta de permitir que o paciente passe a conduzir a análise no
momento do atendimento, o adolescente experimenta autonomia em seu processo
psicoterapêutico. A circulação libidinal visa trabalhar com o toque com intenção em
psicoterapia, este manejo pode contribuir para a liberação das emoções recalcadas ao longo da
vida do adolescente, viabilizando a autorregulação no ciclo de carga-descarga. E, por último,
o toque da massagem biodinâmica levará o adolescente a conhecer seu corpo, passando a
adquirir consciência corporal.
Para França (2004), os trabalhos corporais e as vivências em workshops com
adolescentes podem ser de grande auxílio na expressão emocional e no trabalho de questões
internas ou conflitos ligados à esta fase. As atividades precisam ser construídas de forma
dinâmica e ativa, não monótona ou repetitiva, visto que a adolescência é uma fase de muita
excitação podendo perder a concentração na atividade. Segundo Silva e Lira (2017), os grupos
de movimento em Bioenergética são, também, recomendáveis para os pais de adolescentes,
pois estes podem aprender a lidar com as dificuldades com temas da adolescência ou
enfrentamentos de conflitos na relação com os filhos.
No trabalho grupal com adolescentes na Análise Bioenergética é fundamental que o
psicoterapeuta ofereça contenção ou canalização da emoção por meio das intervenções
psicocorporais, ou seja, é necessário oferecer apoio para que os adolescentes se percebam
enquanto seres sexuados, apropriados de seus corpos e de sua subjetividade. A intenção do
trabalho seria dar a eles a oportunidade do autoconhecimento e da possibilidade de
desbloqueio de energias retidas no corpo para que eles tenham chance de tornarem-se adultos
mais saudáveis emocionalmente como acreditam Silva e Lira (2017). Segundo Weigand
(2006), o trabalho com grupo de adolescentes pode funcionar como suporte social, alívio de
estresse, solidariedade, espontaneidade na comunicação, trocas afetivas, cuidados uns com os
outros, o que contribui para um sentimento de coesão e apoio para o enfrentamento da
realidade.
Toma-se como exemplo o workshop com um grupo de adolescentes relatado por
França (2004) angústia com a escolha profissional e das possibilidades de realização e prazer
através da profissão. O autor descreve o trabalho com o grupo da seguinte forma: no primeiro
momento, se propõe a aula do “Professor Prometeu” onde eles deverão ter atenção e fazer
silêncio, em um segundo momento, vão para o salão de atividades e encontram o lugar escuro
e silencioso e, em seguida, acendem-se luzes de discoteca com muito som para que possam
dançar e soltar o corpo, em um terceiro momento, com as luzes acesas, o grupo tirar os
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sapatos e experimentam grounding, respiração e uma aula sobre a lenda de Prometeu para o
trabalho com o tema da escolha profissional ligada ao prazer e à satisfação pessoal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final dessa revisão bibliográfica pode-se acentuar o importante trabalho teórico de


compreensão da adolescência e a contribuição teórica, técnica e interventiva das Psicoterapias
Corporais no trabalho individual e grupal com os adolescentes realizado ao longo de 20 anos.
Dentro dessa gama de possibilidades de intervenção, reluz a possibilidade da aplicação de
atividades e técnicas corporais, bem como o uso de jogos, brincadeiras e sons. Talvez fosse
interessante criar-se possibilidades de intervenção com o uso de brinquedos elaborados nas
sessões individuais ou em grupo com a utilização de materiais de reuso, conhecidos como
materiais reciclados, ou até mesmo, a utilização de materiais provindos da própria natureza
(barro, areia, folhas, galhos secos, flores e sementes). Outro tipo de recurso seria a criação de
oficinas com a fabricação de instrumentos e brinquedos musicais elaborados a partir desses
materiais.
Destacam-se ao longo deste trabalho, as intervenções com a abordagem Biodinâmica,
além de trabalhos com adolescentes que possuem deficiências e, que participam de programas
de Orientação Profissional, além de temas contemporâneos como a automutilação, são
exemplos de trabalhos interventivos interessantes e que poderiam ser melhor explorados pela
comunidade acadêmica. Pode-se apontar como uma construção valiosa na compreensão sobre
o desenvolvimento da sexualidade na adolescência, os escritos de Reich em Crianças do
futuro: sobre a prevenção da patologia sexual, leitura que se enquadra perfeitamente nas
discussões atuais sobre a construção de adolescências emocionalmente mais saudáveis.
As pesquisas e intervenções com adolescentes precisam ter um melhor alcance aos
adolescentes e suas famílias pertencentes às camadas populares, inclusive aqueles que
participam de programas nas clínicas sociais ou são atendidos de forma gratuita. Observa-se a
necessidade de construção de estudos mais sistematizados, especialmente as pesquisas
publicadas em anais de congresso, faltaram alguns elementos essenciais dos métodos
utilizados nas descrições de alguns estudos de campo e estudos de caso, como por exemplo, o
tipo de estudo, número de participantes ou amostra, instrumentos de coleta de dados, análise e
organização dos dados, dados considerados importantes para a compreensão dos mesmos.
A construção de estudos que trabalhem o tema do suicídio, depressão e ansiedade na
adolescência forma outro conjunto de sugestões a partir dessa análise. Aponta-se ainda a
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publicação de estudos que levem em consideração o trabalho com os pais e cuidadores na


psicoterapia com adolescentes, evidenciando a importância da escuta do inconsciente dos
pais, a história da sua própria adolescência, o lugar dos filhos adolescentes no inconsciente
dos pais, o engajamento destes no cuidado psicoterapêutico dos filhos, o trabalho com o tema
da sexualidade dos pais e a ressonância na sexualidade dos filhos, o tema das lealdades
invisíveis e da transgeracionalidade.
O trabalho com adolescentes pode ser fonte de grande auxílio tanto para aqueles que
se dedicam às pesquisas e elaboração de intervenções novas como para as famílias e seus
adolescentes, pois como bem cita Silva e Lira (2017) a maior beleza da adolescência se
encontra na sua força criativa, energia mobilizadora, renovadora e vibrante que a Psicoterapia
Corporal tanto prima.

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