Você está na página 1de 11

OS ESTÍMULOS EXTERNOS E SUAS INFLUÊNCIAS NO COMPORTAMENTO

HUMANO, E A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL: UMA REVISÃO DE


LITERATURA.

Michel Alef Silva Rodrigues


Prof. Dra Patrícia Rossi Carraro

RESUMO
A partir da revisão de literatura, o objetivo desse estudo foi compreender como os estimulos
externos influencia o comportamento humano, a partir da terapia cognitivo comportamelntal.
Realizou-se um levantamento bibliográfico, através de livros e dos sistemas informatizados de
busca: SciELO, PePSIC, e no buscador Google Acadêmico, no período de 2004 a 2021, cujos
descritores foram: estímulos, comportamento humano, emoções e terapia cognitivo
comportamental. Foram utilizados 03 artigos e 08 livros. Os resultados revelaram que a
construção das crenças centrais de acordo com a terapia cognitiva comportamental, está
baseada a partir da aprendizagem do indivíduo, tais como: o ambiente em que vive, educação
familiar, cultura e o convívio social. Todos esses estímulos determinam como ira se
comportar diante de cada situação, no qual seu comportamento estará baseado de acordo com
suas experiências, ensinamentos e crenças. Conclui-se que desde a infância somos rodeados
pelos estímulos externos, que constroem as crenças centrais, e a forma do indivíduo pensar
sobre sua própria pessoa, sobre as outras pessoas / mundo, e sobre o futuro. Crenças essas que
quando errôneas ou disfuncionais, resultam em pensamentos e comportamentos disfuncionais,
cognições errôneas sobre a maneira do indivíduo interpretar determinada situação, onde a
TCC ajuda a identificar e trazer melhoras significativas sobre as cognições disfuncionais.

Palavras-chave: estímulos; comportamento humano; emoções; terapia cognitivo


comportamental.

ABSTRACT
From the literature review, the objective of this study was to understand how external stimuli
influence human behavior, from cognitive behavioral therapy. A bibliographic survey was
carried out, through books and computerized search systems: SciELO, PePSIC, and in the
Google Scholar search engine, from 2004 to 2021, whose descriptors were: stimuli, human
behavior, emotions and cognitive behavioral therapy. 03 articles and 08 books were used.
The results revealed that the construction of core beliefs according to cognitive behavioral
therapy is based on the individual's learning, such as: the environment in which they live,
family education, culture and social life. All these stimuli determine how you will behave in
each situation, on which your behavior will be based on your experiences, teachings and
beliefs. It is concluded that since childhood we are surrounded by external stimuli, which
build core beliefs, and the individual's way of thinking about his own person, about other
people / world, and about the future. These beliefs, when erroneous or dysfunctional, result
in dysfunctional thoughts and behaviors, erroneous cognitions about the individual's way of
interpreting a given situation, where CBT helps to identify and bring about significant
improvements over dysfunctional cognitions

Keywords: stimuli; human behavior; emotions; cognitive behavioral therapy.


INTRODUÇÃO
No início da década de 1960 o psicanalista Aaron Beck, com o objetivo de que a
psicanálise fosse aceita pela comunidade médica, teve início a uma serie de experimentos, ao
pesquisar pacientes deprimidos, tendo como referência o modelo psicanalítico da depressão,
concluiu que neste transtorno o paciente apresentava uma visão distorcida e negativa de si
mesmo, do mundo ao seu redor e de seu futuro. Formulou a hipótese de que tal tríade
cognitiva negativa seria decorrente de esquemas cognitivos disfuncionais negativos, rígidos e
não realísticos, ele identificou em pacientes cognições distorcidas e negativas (principalmente
pensamentos e crenças), e desenvolveu um tratamento de curta duração, no qual um dos
principais objetivos era o teste de realidade dos pensamentos do paciente, então Beck criou
uma forma de psicoterapia, onde teve início a TCC (Terapia Cognitivo Comportamental),
sendo uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para o presente, direcionada
para a solução de problemas atuais e modificação de pensamentos e comportamentos
disfuncionais. A Terapia cognitivo comportamental incorpora uma variedade de técnicas
dentro de uma estrutura cognitiva, tem sido adaptada a pacientes com diferentes níveis de
educação, renda, cultura e idade. É utilizada nos formatos de grupo, casal e família (BECK,
2013).
Durante os primeiros anos de vida, o ser humano, passa por diversas influências e
estímulos externos como; educação que recebe dos pais, educação escolar, convívio social, e
influências por parte da mídia, como o padrão de beleza e de vida “bem-sucedida”. Todos
esses estímulos influenciam diretamente na subjetividade do ser humano, onde ele desenvolve
crenças centrais que influenciam em seus pensamentos, emoções e comportamentos. Valores,
atitudes, aprendizagens e crenças que desenvolvem na infância, forma parte do modo
individual de pensar de cada pessoa, essa forma de pensar julga diretamente comportamentos
e realizações, e determina como o indivíduo irá se sentir, sua resposta comportamental ou
fisiológica, diante de cada situação. Boas estratégias de enfrentamento que TCC proporciona,
auxilia o indivíduo á pensamentos lógicos e realistas e a superar as dificuldades (TANNER;
BALL, 2004).
O modelo básico da TCC é um construto de conceitualização, onde primeiro ocorre o
evento, o paciente tem uma avaliação cognitiva sobre esse evento, conforme essa avalição ele
terá emoções e comportamentos coerentes com sua avaliação sobre o evento. Beck descreveu
uma conceitualização cognitiva na qual os sintomas estavam relacionados a um estilo
negativo de pensamento em três domínios: si mesmo, mundo e futuro. A proposta de Beck de
uma terapia cognitivamente orientada com o objetivo de reverter cognições disfuncionais e
comportamentos. No começo da infância, as crianças desenvolvem determinadas ideias sobre
si mesmas, sobre as outras pessoas e o seu mundo (tríade cognitiva). As suas crenças mais
centrais, ou crenças nucleares, são compreensões duradouras, fundamentais e profundas. A
pessoa considera essas ideias como verdades absolutas, é como as coisas “são” (WRIGHT et
al. 2019).
De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a
acontecimentos, pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base nisso
comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes hipóteses sobre o futuro e
sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas variadas a uma situação específica
podendo chegar a conclusões e comportamentos também variados. Em alguns momentos a
resposta habitual pode ser uma característica geral dos indivíduos dentro de determinada
cultura, em outros momentos estas respostas podem ser peculiares derivadas de experiências
particulares e peculiares a um indivíduo. Em qualquer situação estas respostas seriam
manifestações de organizações cognitivas ou estruturas (BECK, 2013).
A grande aceitação do modelo cognitivo e cognitivo-comportamental se deve a diversos
fatores: o papel dos pensamentos e crenças disfuncionais, além das aprendizagens errôneas; a
proposição de modelos e hipóteses testáveis por meio do desenvolvimento de intervenções
psicoterápicas geralmente breves, cuja eficácia pode ser facilmente aferida; a curta duração dos
tratamentos de transtornos de Eixo I, que proporciona uma melhor relação custo/benefício em relação
aos tratamentos tradicionais; o desenvolvimento de escalas e instrumentos para aferição de desfechos e
a curta duração dos tratamentos possibilitou um melhor controle de variáveis intervenientes, uma
melhor aferição dos resultados (CORDIOLI; KNAPP 2008).
Nesse sentido, este estudo teve como objetivo geral investigar as influências dos
estímulos externos nas emoções e no comportamento humano, a partir da Terapia Cognitivo
Comportamental. Como objetivos específicos, se propôs compreender a construção das
crenças centrais de acordo com a terapia cognitiva comportamental, a influência dos estímulos
externos no comportamento humano e como a TCC ajuda a identificar e solucionar as
cognições disfuncionais.
MÉTODO
Esta revisão de literatura refere-se a um levantamento bibliográfico nas principais
bases de dados disponíveis na literatura nacional. Com o propósito de investigar os estímulos
externos e suas influências nas emoções e no comportamento humano, a partir da terapia
cognitivo comportamental. Foram pesquisados livros e trabalhos científicos, nas bases de
dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online), PePSIC (Periódicos Eletrônicos e
Psicologia) e no buscador Google Acadêmico, no período de 2004 a 2021, cujos descritores
foram: Estímulos, Comportamento, emoções, terapia cognitivo comportamental. A primeira
etapa do levantamento consistiu na reunião de artigos que pudessem ser incluídos nos critérios
assumidos acima. Foram descartados textos legislativos, normas, instruções normativas,
regimentos específicos, orientações e demais documentos.
Nesta etapa foram encontrados 36 materiais. Contudo, consideram-se os critérios
citados, foram utilizados 03 artigos científicos e 08 livros.

Quadro 1: Caracterização do levantamento bibliográfico


Titulo Ano Autores Periódico/ Livro Vol.
Num.
Pag.
1. Abaixo a depressão. 2004 TANNER, Susan; Livro 163 p.
BALL Jillian
2. Terapia cognitiva para desafios 2007 BECK, Judith S. Livro 328 p.
clínicos: o que fazer quando o básico
não funciona.

3. A terapia cognitivo-comportamental 2008 CORDIOLI, Aristides Brazilian Journal v. 30, n. 2,


no tratamento dos transtornos mentais. Volpato; KNAPP, of Psychiatry p. 51-53
Paulo

4. Terapia cognitivo-comportamental da 2008 POWELL, Vania Brazilian Journal v.30, n.2,


depressão. Bitencourt; ABREU, of Psychiatry p.73-80
Neander; OLIVEIRA
Irismar Reis; SUDAK,
Donna

5. Fundamentos, modelos conceituais, 2008 KNAPP, Paulo; Brazilian Journal v. 30, p.


aplicações e pesquisa da terapia BECK, Aaron of Psychiatry 54-64
cognitiva.

6. A terapia cognitivo-comportamental 2011 DOBSON, Deborah; Livro 263 p.


baseada em evidências. KEITH S. Dobson

7. Terapia cognitivo-comportamental: 2013 BECK, Judith S. Livro 413 p.


teoria e prática
8. Terapia cognitiva dos transtornos da 2017 BECK, Aaron T.; Livro 635 p.
personalidade DENISE D. Davis;
ARTHUR Freeman

9. Terapia cognitivo-comportamental em 2017 NEUFELD, C. Livro 596 p.


grupos: das evidências à prática. Beatriz; BERNARD P.
Rangé

10. Aprendendo a terapia cognitivo- 2019 WRIGHT, Jesse H; Livro 224 p.


comportamental: um guia ilustrado. MONICA R. Basco;
MICHAEL E. Thase;
GREGORY K. Brown

11. terapia cognitivo-comportamental: 2021 GILLIHAN, Seth J. Livro 161 p.


estratégias para lidar com a ansiedade,
depressão, raiva, pânico e preocupação.

A segunda etapa consiste na leitura e análise dos materiais selecionados com a


finalidade de reunir informações relevantes para o presente estudo, a fim de compreendê-las e
categorizá-las, da forma que serão apresentadas neste artigo.

RESULTADOS/DISCUSSÃO
A seguir serão apresentadas as principais ideias sobre a construção das crenças
centrais de acordo com a Terapia Cognitiva Comportamental, a influência dos estímulos
externos no comportamento humano e como a TCC ajuda a identificar e solucionar as
cognições disfuncionais.

A construção das crenças centrais de acordo com a terapia cognitiva comportamental


Nenhum tratamento psicológico ocorre do vácuo, porém está inextricavelmente ligado
a crenças, práticas sociais e aos estímulos externos. A terapia cognitivo-comportamental
desenvolveu-se no âmbito do contexto de uma série de diferentes tendências sociais e
culturais. Estamos vivendo em um contexto que a sociedade da ênfase ao individualismo,
valoriza a independência, escolha pessoal e a capacidade de determinar a escolha sobre o
futuro, por esses fatores e estímulos, muitas das vezes a pessoas que sofrem se isolam de uma
sociedade que dá ênfase ao individualismo. Vivemos em mundo onde dês a infância somos
sempre influenciando pelo ambiente, com diversificados tipos de estímulos externos, como
cultura, sociedade, aprendizado por parte de quem nos educa, com acesso fácil as informações
onde tudo contribui para a criação da subjetividade e crenças do ser (DOBSON; KEITH
DOBSON, 2011).
Quando crianças procuramos entender a si próprios, os outros e o ambiente em que
está em nosso convívio, desenvolvemos conceitos organizadores em nossa mente, que
desenvolvem determinadas ideias sobre nós memos, sobre as outras pessoas e o mundo.
Desde os primeiros estágios do desenvolvimento, o ser humano, tende a entender seu
ambiente, a interação com o mundo e outras pessoas, influenciadas pela sua predisposição
genética, conduzem suas crenças das quais podem variar. As crenças nucleares, ou centrais,
são crenças ou suposições absolutas e inflexíveis que as pessoas têm sobre si mesmas, sobre o
mundo e sobre o futuro (tríade cognitiva), as quais se desenvolvem ao longo da história de
vida e a partir das experiências conduzidas e pelos estímulos externos. Elas são responsáveis
por influenciar as cognições, emoções e comportamentos do indivíduo (BECK, 2013).
Os indivíduos com crenças negativas sobre o si mesmo podem ser conceituados de
forma geral dentro de uma das três categorias: desamparo, desamor e desvalorização. Essas
crenças se desenvolvem quando interpretamos de maneira inadequada as experiências e aos
estímulos externos em que vivenciamos. O indivíduo considera essas crenças como
verdadeiras e absolutas, porém as crenças disfuncionais podem ser desaprendidas e novas
crenças baseadas na realidade, mais funcionais, podem ser desenvolvidas e fortalecidas. Além
das crenças centrais existem as crenças intermediarias essas crenças influenciam a sua visão
da situação, que, por sua vez, influência como pensa, sente e se comporta (BECK, 2007).
A TCC (Terapia Cognitivo Comportamental) trabalha no sujeito suas crenças
nucleares e intermediarias, que agem como matrizes ou regras subjacentes para o
processamento de informações, tem uma função crucial que lhes permite selecionar, filtrar,
codificar e atribuir significado às informações vindas do meio ambiente ou alguma situação
específica. É a interação de crenças e gatilhos do ambiente que faz com que surjam os
pensamentos específicos da situação, que, por sua vez, leva a consequências emocionais e
comportamentais adaptativas ou desadaptativas (WRIGHT et al. 2019).
O modo com o sujeito processa os dados sobre si mesmo, sobre os outros e o futuro é
influenciado por suas crenças e outros componentes da sua organização cognitiva, as crenças,
em suas diversas formas, representam o conteúdo dos esquemas cognitivos. Quando esse
esquema é ativado por alguma situação ou estímulo, a crença vem a consciência do sujeito,
onde influencia diretamente o processamento de informações, tirando conclusões por base
dessas essas crenças (BECK; DAVIS; FREEMAN, 2017).
Com a diversidade de técnicas a terapia cognitivo comportamental de forma
psicoeducativa ajuda o indivíduo a identificar essas crenças, uma vez que identificadas o
sujeito pode ter uma interpretação mais realista e adaptativa de sua realidade, evitando as
cognições disfuncionais, dando o suporte para obter os objetivos desejados (NEUFELD;
RANGÉ, 2017).
A partir das colocações dos autores citados anteriormente, nota-se que as crenças
centrais do indivíduo é um fator essencial para suas funções cognitivas, através das crenças
que vai determinar a forma de pensar sobre ele, as pessoas/ mundo e o futuro, por isso é de
extrema importância ter uma consciência e respostas adaptativas e realista sobre essas crenças
para que não possa ter alguma emoção ou comportamento disfuncional, ou desenvolver
alguma doença psicossomática.

A influência dos estímulos externos no comportamento humano.


De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a
acontecimentos, pessoas, sentimentos, aos estímulos externos e demais aspectos de sua vida,
com base nisso comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes hipóteses sobre
o futuro e sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas variadas a uma situação
específica podendo chegar a conclusões e comportamentos também variados. Em alguns
momentos a resposta habitual pode ser uma característica geral dos indivíduos dentro de
determinada cultura, em outros momentos estas respostas podem ser peculiares derivadas de
experiências particulares e peculiares a um indivíduo. Em qualquer situação estas respostas
seriam manifestações de organizações cognitivas ou estruturas. Uma estrutura cognitiva é um
componente da organização cognitiva em contraste com os processos cognitivos que são
passageiros (BECK, 2013).
Pesquisa nas últimas décadas nos ajudaram a compreender o papel do cérebro ao
produzir nossas emoções e comportamentos. Cientistas identificaram um grupo chave de
estruturas cerebrais chamado sistema límbico que está por trás da experiencia emocional. O
sistema límbico inclui áreas do hipocampo, a amigdala, o giro do cíngulo, o bulbo olfatório, o
tálamo, e hipotálamo. O sistema límbico tem um papel chave em ativar a reação do corpo, por
meio do hipotálamo, que controla nosso sistema hormonal, onde podemos sentir fortes
emoções, evitar o perigo, formar novas memorias, experimentar prazer e muitas outras
funções essenciais. Acredita-se que o sistema límbico e partes do córtex pré-frontal têm
papeis complementares, com regiões límbicas gerando emoções e o córtex pré-frontal
regulando essas emoções. Não podemos nos culpar por problemas emocionais, pois muitos
fatores fora do nosso controle, como os estímulos externos que recebemos dês da nossa
infância, podem afetar nosso cérebro e nossas emoções. Porém assim como as experiências
fora do nosso controle podem moldar nosso cérebro, nós também podemos remodelá-los com
base em como escolhemos pensar e agir (GILLIHAN, 2021).
Beck (2013) considera que a terapia cognitivo-comportamental está baseada no
modelo cognitivo, o qual parte da hipótese de que as emoções, os comportamentos e a
fisiologia de uma pessoa são influenciados pelas percepções que ela tem dos eventos. Não é a
situação em si que determina o que a pessoa sente, mas como ela interpreta uma situação, ou
seja, em um dia de chuva o indivíduo pode reclamar por estar se molhando, e outro
agradecendo por estar se refrescando com a água da chuva, o comportamento obtido depende
da maneira que é interpretada a situação.
Powell, Vania Bitencourt et al. (2008), observaram que o paciente deprimido elabora
sua experiência de maneira negativa e antecipa resultados desfavoráveis para seus problemas.
Esta forma de interpretar os eventos, os estímulos externos e as expectativas funcionam como
uma espécie de propulsor de comportamentos depressivos que, por sua vez, ratificam, após
nova interpretação, os sentimentos pessoais de inadequação, baixa autoestima e desesperança.
O modelo cognitivo comportamental segue o seguinte esquema; em uma situação, o
indivíduo a interpreta, por pensamentos baseados em suas crenças e experiências, e através
dessa interpretação ele terá uma reação, emocional ou comportamental. O processamento
cognitivo recebe um papel central nesse modelo, porque o ser humano continuamente avalia a
relevância dos acontecimentos internamente e no ambiente que o circunda (WRIGHT et al.
2019).
A partir das colocações acima, considera-se que, desde a infância o ser humano é
influenciado pelo seu ambiente externo, como; pela cultura, família e o convívio social, do
qual todas as informações e estímulos contribuem para a construção do seu self, da sua
personalidade e crenças centrais. Todos esses estímulos determinam como ira se comportar
diante de cada situação, no qual seu comportamento estará baseado de acordo com suas
experiências, ensinamentos e crenças. Comportamentos disfuncionais podem estar ligados a
crenças errôneas. Crenças disfuncionais nos levam a comportamentos disfuncionais.

A terapia cognitivo comportamental: identificando e solucionando as cognições


disfuncionais.
A terapia cognitivo comportamental dispõe de amplas evidências como intervenção
poderosa para os problemas de saúde mental, os tratamentos cognitivo comportamentais têm
uma série de elementos comuns que são adaptados para o uso em diferentes problemas. O
modelo cognitivo-comportamental considera a utilidade dos pensamentos diferentes, além da
precisão de pensamentos relativos a situações específicas. Reconhecemos que os padrões de
pensamento, incluindo as ideias gerais, hipóteses e esquemas derivam, ao longo do tempo, de
nossas experiências com o ambiente social (DOBSON; KEITH DOBSON, 2011).
Na TCC, uma série de técnicas diferentes podem ser utilizadas, dependendo do perfil
cognitivo do transtorno. Técnicas comportamentais poderiam ser mais usadas em casos de
depressão grave nos quais há uma necessidade de promover a ativação comportamental do
paciente, porém quando o paciente não necessita primariamente de ativação comportamental,
procedimentos mais puramente orientados à cognição podem ser aplicados. Para pacientes
com transtornos de ansiedade, é necessário a psicoeducação para entendimento dos princípios
fundamentais do modelo cognitivo, antes da introdução de qualquer experimento
comportamental. Uma série de técnicas cognitivas é usada, como identificação,
questionamento e correção de pensamentos automáticos, reatribuição e reestruturação
cognitiva, ensaio cognitivo e outros procedimentos terapêuticos de imagens mentais. Entre as
técnicas comportamentais estão, por exemplo, agendamento de atividades, avaliações de
prazer e habilidade, prescrições comportamentais de tarefas graduais, experimentos de teste
da realidade, role-plays, treinamento de habilidades sociais e técnicas de solução de
problemas (KNAPP; BECK 2008).
Um aspecto importante de quase todas as sessões terapêuticas é ajudar o paciente a
responder às suas ideias inexatas ou inúteis: seus pensamentos automáticos, imagens (quadros
mentais as crenças subjacentes. Embora a terapia deva se adequar a cada indivíduo, existem
determinados princípios que estão presentes na terapia cognitivo-comportamental para todos
os pacientes; a terapia cognitivo-comportamental está baseada em uma formulação em
desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de
cada paciente em termos cognitivos, requer uma aliança terapêutica sólida, enfatiza a
colaboração e a participação ativa, é orientada para os objetivos e focada nos problemas,
enfatiza inicialmente o presente, é educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu
próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída, visa ser limitada no tempo, as sessões de
terapia cognitivo-comportamental são estruturadas, ensina os pacientes a identificar, avaliar e
responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais e usa uma variedade de técnicas para
mudar o pensamento, o humor e o comportamento (BECK 2013).
A TCC utiliza métodos de estruturação, como o estabelecimento de agenda e
feedback, para maximizar a eficiência das sessões de tratamento, ajudar os pacientes a
organizar seus esforços em direção à recuperação e intensificar o aprendizado. Uma grande
parte da TCC é dedicada a ajudar o paciente a reconhecer e modificar esquemas e
pensamentos automáticos desadaptativos. O modelo de TCC enfatiza que a relação entre
cognição e comportamento é uma via de duas mãos. As intervenções cognitivas, se
implementadas com sucesso, têm probabilidade de ter efeitos positivos no comportamento. Da
mesma forma, mudanças positivas no comportamento normalmente estão associadas a uma
melhor perspectiva cognitiva, como; romper padrões de evitação ou desesperança, enfrentar
gradativamente situações temidas, desenvolver habilidades de enfrentamento, reduzir
emoções dolorosas. (WRIGHT et al. 2019).
Dadas as informações citadas anteriormente, verifica-se que a terapia cognitivo
comportamental, é uma abordagem estruturada e objetiva, que visa identificar, solucionar e
educar o paciente sobre as cognições disfuncionais, com uma variedade de técnicas
estruturadas para ajudar na demanda do paciente, para uma melhor perspectiva de humor e
cognição comportamental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos objetivos deste estudo, constata-se que, com relação as influências dos
estímulos externos no comportamento humano, pode-se ressaltar que todo comportamento
estará baseado de acordo com suas experiências, ensinamentos, estímulos externos estes, que
contribuem para as crenças do indivíduo e sua forma de pensar, sobre ele o mundo/outras
pessoas e o futuro, esses fatores determinam sua reação comportamental diante de cada
situação.
Perante cada estímulo e situação o indivíduo terá uma reação comportamental ou
fisiológica de acordo com aquilo em que ele foi ensinado, acredita e pensa, oque muda de fato
não é a situação em si, mas a forma que é interpretada a situação, onde pode ter respostas e
comportamentos variados, uma interpretação inadequada sobre a realidade ou determinada
situação, resulta em reações disfuncionais, como as fisiológicas e as comportamentais.
Outro aspecto importe á a forma de atuação da terapia cognitivo comportamental,
onde é ajudar a identificar e solucionar as cognições disfuncionais, de uma forma estruturada
e objetiva, com uma variedade de técnicas, que visa identificar e educar o paciente sobre as
cognições e interpretações errôneas, sobre sua realidade.
Por fim, considera-se que todos os artigos encontrados tiveram uma grande
contribuição nos estudos, e nos ajudaram a compreender a influência dos estímulos externos
no comportamento humano e a importância da terapia cognitivo comportamental, uma área de
estudo ampla, de grande contribuição para a psicologia.

REFERÊNCIAS
BECK, Aaron T.; DENISE D. Davis; ARTHUR Freeman. Terapia cognitiva dos
transtornos da personalidade; tradução: Daniel Bueno. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. tradução: Sandra


Mallmann da Rosa. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

BECK, Judith S. Terapia cognitiva para desafios clínicos: o que fazer quando o básico não
funciona. Tradução: Sandra Moreira de Carvalho. Porto Alegre: Artmed, 2007.

CORDIOLI, Aristides Volpato; KNAPP, Paulo. A terapia cognitivo-comportamental no


tratamento dos transtornos mentais. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 30, n. 2, p.51-53,
2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462008000600001. Acesso em: 15
Ago. 2022.

DOBSON, Deborah; KEITH S. Dobson. A terapia cognitivo-comportamental baseada em


evidências. tradução: Vinícius Duarte Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2011.

GILLIHAN, Seth J. terapia cognitivo-comportamental: estratégias para lidar com a


ansiedade, depressão, raiva, pânico e preocupação. Tradução: Laura Fogueira. Barueri SP:
Manole, 2021.

KNAPP, Paulo; BECK, Aaron. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da


terapia cognitiva. Brazilian Journal of Psychiatry, v. 30, p. 54-64. 2008 Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1516-44462008000600002. Acesso em: 03 Out. 2022.

NEUFELD, C. Beatriz; BERNARD P. Rangé. Terapia cognitivo-comportamental em


grupos: das evidências à prática. – Porto Alegre: Artmed, 2017.

POWELL, Vania Bitencourt; ABREU, Neander; OLIVEIRA Irismar Reis; SUDAK, Donna.
Terapia cognitivo-comportamental da depressão. Brazilian Journal of Psychiatry, v.30, n.2,
p.73-80, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462008000600004 . Acesso
em: 03. out. 2022.

TANNER, Susan; BALL Jillian. Abaixo a depressão. tradução: Edite Siegert Sciulli; Nancy
Campi. – São Paulo: Fundamento Educacional, 2004.

WRIGHT, Jesse H; MONICA R. Basco; MICHAEL E. Thase; GREGORY K. Brown.


Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental: um guia ilustrado. tradução: Mônica
Giglio Armando. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

Você também pode gostar