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INCLUSIVA E O
AMBIENTE ESCOLAR
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
P644e
Pimenta, Ricardo de Almeida
Educação física inclusiva e o ambiente escolar. / Ricardo de
Almeida Pimenta – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
CDD 613.7
Ricardo de Almeida Pimenta
APRESENTAÇÃO...........................................................................07
CAPÍTULO 1
A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências.........................09
CAPÍTULO 2
A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos
na Educação Física.......................................................................45
CAPÍTULO 3
Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva.................87
APRESENTAÇÃO
A questão acerca da educação inclusiva tem se destacado nos últimos anos
e é de fundamental importância que os professores e professoras de educação
física participem desse debate e estejam preparados para o trabalho com as
diferentes pessoas e suas características em suas aulas. Neste livro, nós iremos
estudar as diferentes e mais evidenciadas deficiências encontradas em aulas de
educação física escolar. Para isso, vamos discutir as problemáticas envolvendo a
inclusão/exclusão nas aulas de educação física escolar, com foco nos desafios e
dificuldades, criatividade e possibilidades. Também iremos estudar o processo da
educação inclusiva como um todo e, posteriormente, a educação física inclusiva,
suas possibilidades metodológicas, de planejamento e avaliação.
Bons estudos!
C APÍTULO 1
A Pessoa e os Olhares Sobre as
Deficiências
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
1 Contextualização
As pessoas com deficiência, durante muito tempo, viveram sob a tutela de
instituições, especialistas e familiares que as tratavam como alvo de caridade.
Ainda nos dias atuais, quando se fala em pessoas com deficiência, muito se
associa à pessoa dependente, incapaz e isolada da sociedade. Situação essa
que se inicia decorrente do pós-guerra que, segundo Teixeira (2008), criou uma
situação de emergência no que se refere à construção de centros de reabilitação
e treinamento. Como complemento, a falta de informação e conhecimentos mais
precisos sobre as pessoas com deficiência acabou causando durante algum
tempo a perda das atividades sociais, recreativas, educacionais e de vida diária,
exclusão essa em muitos casos justificada pelas características específicas
apresentadas pelas pessoas com deficiência (ZUCHETTO, 2008).
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Artigo 1 - Propósito
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial,
os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades
de condições com as demais pessoas.
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
Martins (2008) afirma que esta concepção traduz a noção de que a pessoa,
antes de sua deficiência, é o principal foco a ser observado e valorizado, assim
como sua real capacidade de ser o agente ativo de suas escolhas, decisões e
determinações sobre sua própria vida. Além do mais, a pessoa com deficiência
está em interação constante com o meio sociocultural, atuando e interferindo como
sujeito ativo neste contexto, mas também em constante relação com o que o meio
oferece de favorável ou desfavorável ao seu desenvolvimento pessoal e social.
Essa concepção nos remete aos estudos apresentados por Vygotsky (1991;
1997). O autor trouxe um contraponto à concepção metodológica muito difundida
na época de que a evolução psicológica infantil se dava somente por trilhos
biológicos, o que fazia crer que o desenvolvimento já estaria dado desde o início
e não restaria, portanto, muito a ser feito. Vygotsky demonstra a função social
no desenvolvimento, além das dimensões biológicas já conhecidas. Dessa forma,
questionando a ideia do desenvolvimento regido unicamente por determinantes
biológicas, e que nas crianças com deficiência o desenvolvimento possuía
uma natureza completamente diferente daquele verificado nas crianças com
desenvolvimento típico.
Vygotsky (2011) buscou compreender o desenvolvimento da pessoa com
deficiência a partir dos pressupostos gerais que orientavam a sua concepção do
desenvolvimento de pessoas com desenvolvimento típico. Desses pressupostos
destacou os aspectos qualitativamente diversos desses indivíduos, em virtude,
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Importante destacar que Vygotsky (1991) entende que a mediação social age
de forma a promover modificações nos sistemas orgânicos, em um processo que
os eleva a patamares qualitativamente superiores, o que permite maior domínio e
autonomia do sujeito diante de sua realidade social. Contrariando a perspectiva
do desenvolvimento tomado como se fosse um conceito único e não como um
processo, e adotando um ponto de vista dialético, Vygotsky (1997, p. 133, tradução
nossa) vai dizer que: “precisamente no processo de desenvolvimento, o primário,
que aparece no estágio inicial de desenvolvimento, é superado repetidamente
pelas novas formações qualitativas que se originam”.
Gai e Naujorks (2006) citam ainda que o autor apresentou estudos referentes à
surdez e à deficiência visual, mais precisamente, a indicação de que estas deficiências
não são simplesmente caracterizadas pela ausência dos sentidos da audição e da
visão, respectivamente, por se tratar de sentidos considerados sociais, atuando como
mediadores entre indivíduo e as relações sociais estabelecidas, com importante função
na comunicação e na interação das pessoas. Faz-se relevante também desmistificar
a ideia de que as pessoas com deficiência têm outros sentidos “superdesenvolvidos”.
Isto porque as mediações sociais permitem adaptações e superações na busca por
vias alternativas de desenvolvimento em caminhos diferenciados de utilizações dos
órgãos que atuam como vias compensatórias. Simplificando, não podemos pensar
que a pessoa com deficiência visual, por exemplo, escuta melhor que as demais
somente pelo fato de ter deficiência visual. Essa pessoa apenas desenvolve caminhos
alternativos para compensar o desenvolvimento.
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
É justamente por esse trânsito histórico e relação com o meio social vigente que
parece claro que jamais houve ou haverá um único termo correto ou definição para a
deficiência, válido definitivamente em todos os tempos e espaços, ou seja, latitudinal
e longitudinalmente. Sassaki (2003, p. 12) diz que “a razão disto é que a cada época
são utilizados termos cujo significado seja compatível com os valores vigentes em
cada sociedade enquanto esta evolui em seu relacionamento com as pessoas que
possuem este ou aquele tipo de deficiência”. Assim, o termo utilizado para designar
essa população vem sendo discutido e alterado ao longo dos anos, não simplesmente
pelo termo (palavras) em si, mas pelos significados que lhe são atribuídos.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
A partir dos anos 1980, surgiram dois termos que ainda hoje são utilizados:
“Pessoas portadoras de deficiência” e “Pessoas com necessidades especiais”. O
“portar uma deficiência” passou a ser um valor agregado à pessoa. A deficiência
passou a ser um detalhe da pessoa:
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
Atividades de Estudos:
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
( ) Portador de deficiência.
( ) Pessoas especiais.
( ) Pessoa com deficiência.
( ) Pessoa deficiente.
Vamos dividir essa parte em cinco itens: deficiência visual, auditiva, intelectual,
transtorno do espectro autista e deficiência física. Para cada uma dessas, vamos
conhecer os conceitos, possíveis causas, consequências e implicações para a
prática de educação física.
a) Deficiência visual
Para Sá, Campos e Silva (2007, p. 15), a deficiência visual é uma limitação
sensorial, assim definida:
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
Faz-se importante entender que a pessoa com deficiência visual Faz-se importante
não deve ser classificada como “aquele que não enxerga”. Devemos entender que
compreender que existem muitas formas na alteração da utilização do a pessoa com
recurso visual que podem e devem ser consideradas como deficiência deficiência visual
não deve ser
visual. Para facilitar o entendimento, devemos nos atentar aos Decretos
classificada como
nº 3.298/99 e nº 5.296/04 (BRASIL, 2013, p. 277), que conceituam “aquele que não
como deficiência visual: enxerga”. Devemos
compreender que
Cegueira – na qual a acuidade visual é igual ou existem muitas
menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor formas na alteração
correção óptica; da utilização do
Baixa Visão – significa acuidade visual entre 0,3 e recurso visual que
0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;
podem e devem ser
Casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que consideradas como
60°; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das deficiência visual.
condições anteriores.
As pessoas com baixa visão são aquelas que, mesmo
usando óculos comuns, lentes de contato, ou implantes de
lentes intraoculares, não conseguem ter uma visão nítida.
As pessoas com baixa visão podem ter sensibilidade ao
contraste, percepção das cores e intolerância à luminosidade,
dependendo da patologia causadora da perda visual.
Para superar a ideia da falta de visão como única causa da deficiência visual,
também é necessário que tenhamos um bom entendimento do que significa a
acuidade visual e quais são os elementos da função visual. Para isso, vamos
recorrer a definição de Munster e Almeida (2005, p. 587):
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
b) Deficiência auditiva
Condutiva – características:
Neurossensorial – características:
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
É essencial para a pessoa com deficiência auditiva que se use comandos visuais
e sensoriais específicos, como utilizar materiais impressos com as orientações e o
que se espera do sujeito (por exemplo, distribuir planos de aulas aos alunos). Esse
material deve conter explicações por escrito e, especialmente, ilustrações.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
c) Deficiência intelectual
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
população para a idade e grupo cultural da pessoa (QI abaixo de 70) representa
um indicativo de deficiência intelectual, porém, vale lembrar que esses déficits
devem prejudicar significativamente o funcionamento da pessoa e limitarem a par-
ticipação em um ou mais aspectos da vida diária, por exemplo, a comunicação,
participação social, desempenho na escola e independência pessoal.
Deficiência
Intelectual
Fonte: O autor.
O comportamento
O comportamento adaptativo refere-se ao modo como uma pessoa adaptativo refere-
lida com tarefas de vida diária e sociais cotidianas nos domínios: se ao modo como
uma pessoa lida
conceitual (são as habilidades referentes à linguagem, leitura, escrita,
com tarefas de
matemática, memória), social (são as habilidades que têm relação com vida diária e sociais
à consciência das experiências alheias, empatia, amizades, julgamento cotidianas nos
social e autorregulação), e prático (são as habilidades de adequação domínios: conceitual
e autogestão em situações da vida diária, tais como cuidados (são as habilidades
pessoais, responsabilidades, controle do dinheiro, controle do próprio referentes à
linguagem, leitura,
comportamento). Os prejuízos nessas habilidades devem ser severos
escrita, matemática,
o suficiente para serem identificados e perdurar antes dos 18 anos de memória), social
idade (AADI, 2011; APA, 2014). (são as habilidades
que têm relação com
O termo Deficiência Intelectual (DI) abrange a mesma população à consciência das
de indivíduos que foram anteriormente identificados como com experiências alheias,
empatia, amizades,
“deficiência mental” ou “retardo mental”. Esse entendimento
julgamento social
amplo da deficiência contribui para justificar a atual nomenclatura, e autorregulação),
considerando-a não mais como um traço absoluto da pessoa, mas sim e prático (são
como um atributo que interage nas mais diversas maneiras com seu as habilidades
meio social, provendo-lhe um ambiente mais ou menos acessível ou de adequação e
condições mais ou menos favoráveis para o seu desenvolvimento em autogestão em
situações da vida
diferentes áreas de habilidades adaptativas (SASSAKI, 2006).
diária, tais como
cuidados pessoais,
responsabilidades,
controle do dinheiro,
controle do próprio
comportamento).
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
Alves et al. (2012) cita que as pessoas com deficiência intelectual apresentam
algumas características muito peculiares e distintas, que interferem diretamente na
sua aprendizagem e no seu desenvolvimento motor. De um modo geral, pessoas
com deficiência intelectual demonstram menores padrões de força, resistência,
agilidade, equilíbrio, velocidade, flexibilidade e tempo de reação. Dessa forma, os
professores e professoras devem descobrir as possibilidades da pessoa e, conforme
preconiza Moysés (2001), buscar na pessoa o que ela já sabe, e pela maneira como
sabe, o que ela tem, suas possibilidades. De maneira geral, a participação saudável
na educação física podem ter efeitos bastante positivos nas habilidades motoras e
em parâmetros fisiológicos, como já estabelecidos para as pessoas sem deficiência,
com o adicional de que as pessoas com deficiência intelectual terão um ganho
nas habilidades de desenvolvimento espaço-temporal, melhoramento
Dessa maneira,
das funções globais, de autogestão, planejamento e monitoramento
dentre os objetivos
das atividades e dos seus movimentos, o que pode influenciar seu das aulas de
desenvolvimento e gerar uma melhor qualidade de vida. educação física,
estas devem
Dessa maneira, dentre os objetivos das aulas de educação favorecer o
física, estas devem favorecer o desenvolvimento de habilidades desenvolvimento de
habilidades básicas
básicas de vida diária, cuidado pessoal e de comunicação. Assim,
de vida diária,
as atividades, os materiais, os métodos, entre outros, devem ser cuidado pessoal e
adaptados às características e habilidades dessas pessoas. Ao de comunicação.
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
O autismo foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo psiquiatra infantil Dr.
Leo Kanner (médico austríaco) em seu artigo Autistic disturbances of affective
contact (Distúrbios autísticos do contato afetivo, em tradução livre). O pesquisador
estudou e descreveu a condição de 11 crianças na época consideradas especiais,
que tinham em comum um isolamento extremo desde o início da vida e um
desejo obsessivo pela preservação da rotina. O mesmo autor também descreveu
pela primeira vez o problema com o nome de Early infantile autiem (Autismo
infantil precoce, em tradução livre). Kanner utilizou o termo “autismo”, pois as
crianças pareciam permanecer em um estágio voltadas para dentro de si e não
demonstrando muito interesse em outras pessoas e objetos (BOSA; CALLIAS,
2000; MELLO, 2007).
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
O TEA é uma síndrome definida por alterações presentes desde Existem assim
idades muito precoces e que se caracteriza sempre por desvios um marcado e
permanente prejuízo
qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.
na interação social,
As causas do TEA ainda são desconhecidas, porém, para fins alterações da
diagnósticos, o Transtorno do Espectro Autista é encontrado no Manual comunicação e
Diagnóstico DSM-V da Academia Americana de Psiquiatria (APA, 2014) padrões limitados ou
dentro da classificação dos Transtornos do Neurodesenvolvimento. O estereotipados de
diagnóstico inclui que a criança deve apresentar “déficits persistentes comportamentos e
interesses.
na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos”
(APA, 2014, p. 50) e “padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses
ou atividades” (APA, 2014, p. 50). Existem assim um marcado e permanente
prejuízo na interação social, alterações da comunicação e padrões limitados
ou estereotipados de comportamentos e interesses. As alterações devem estar
presentes até em torno dos três anos de idade (MELLO, 2007; KLIN, 2006).
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
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e) Deficiência física
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
Deve-se ter uma atenção especial à utilização de próteses. Essas têm o papel
de fazer a reposição funcional do fragmento do membro perdido e devem, além
de ter a estrutura mecânica satisfatória, realizar a reposição estética do segmento
do membro perdido. A prótese deve acompanhar o crescimento da criança.
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
Atividade de Estudos:
Deficiência Intelectual
Definição e Implicação para as aulas
Possíveis causas
características de educação física
- Normalmente apre-
sentam baixos níveis de
desenvolvimento motor.
- Necessitam adequa-
ção às regras e mate-
riais para a participação
de todos.
- O professor deve es-
tabelecer uma comuni-
cação direta e concreta.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Deficiência Visual
Definição e Implicação para as aulas
Possíveis causas
características de educação física
Alterações congênitas
– genéticas;
Fatores ambientais como
exposição a agentes quí-
micos ou infecciosos;
Doenças como são o
diabetes, o glaucoma e
a degeneração macular.
Deficiência Auditiva
Definição e Implicação para as aulas
Possíveis causas
características de educação física
Perda total ou parcial
na percepção auditiva.
Pode ser condutiva
(condução do som) ou
neurossensorial.
Deficiência Física
Definição e Implicação para as aulas
Possíveis causas
características de educação física
Deve-se tomar cuidado
em relação ao desen-
volvimento infantil es-
pecialmente em relação
ao desenvolvimento das
habilidades locomotoras
e estabilizadoras.
Especial atenção às habi-
lidades motoras básicas:
manipulativas, locomoto-
ras e estabilizadoras.
As crianças com DF
podem necessitar de
maior estímulo no con-
trole motor e na ima-
gem corporal.
TEA
Definição e Implicação para as aulas
Possíveis causas
características de educação física
- Não comprovado
cientificamente
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
4 Algumas Considerações
Neste capítulo, procuramos abordar as questões históricas e conceituais
sobre as pessoas com deficiência e os tipos de deficiências. Foram apresentados
conceitos importantes e necessários para os demais capítulos. Lembre-se de que
o entendimento desses é relevante para que também possamos mudar nossas
atitudes perante a pessoa com deficiência.
Referências
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crianças com deficiência intelectual. Conexões: revista da Faculdade de
Educação Física da UNICAMP, v. 10, n. 3. 2012.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
BRYSON, Susan E.; CLARK, Barbara S.; SMITH, Isabel M. First report of
a Canadian epidemiological study of autistic syndromes. Journal of Child
Psychology and Psychiatry, v. 29, n. 4, p. 433-445, 1988.
40
Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
KIM, Young Shin et al. Prevalence of autism spectrum disorders in a total population
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
NAVARRO, Andréa Sanchez et al. Balance and motor coordination are not fully
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Capítulo 1 A Pessoa e os Olhares Sobre as Deficiências
SCHULTHEIS, Susan F.; BOSWELL, Boni B.; DECKER, Jim. Successful physical
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WINNICK, Joseph. Adapted physical education and sport. 5th Edition. Human
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
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C APÍTULO 2
A Educação Inclusiva e os Processos
Inclusivos na Educação Física
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
1 Contextualização
No capítulo anterior, discutimos as questões sobre as pessoas com deficiência,
conceitos, terminologias e características específicas. Isto é importante para que
possamos superar barreiras atitudinais ainda existentes na escola e favorecer e
desenvolver a educação inclusiva. Os conceitos apresentados no capítulo anterior
dão suporte para os processos inclusivos que discutiremos nesse capítulo.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
2 A Educação Inclusiva
Nos dias atuais, sempre que falamos em educação escolar, é
Nos dias atuais,
sempre que necessário que se fale em educação inclusiva. As leis e normativas
falamos em nacionais e internacionais já abordam a educação com a premissa
educação escolar, é implícita da inclusão, dessa forma, não havendo mais espaço para
necessário que se questionar a inclusão no ensino regular (PIMENTA; PIRES, 2016). Nesse
fale em educação sentido, a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da
inclusiva.
Educação Inclusiva (BRASIL, 2007), assim como os outros documentos
orientadores, aponta para a necessidade do entendimento e concretização das
ações para que os estudantes com deficiência ou transtornos do desenvolvimento
tenham o direito à participação no seu processo de construção do conhecimento
respeitado (SILVA; SOUZA; BECHE, 2016).
EDUCAÇÃO SUPERIOR
O ESPECI
ENSINO MÉDIO
EDUCAÇÃO
BÁSICA
EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
AÇÃ
EDUCAÇÃO INFANTIL
UC
ED
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Numa escola inclusiva, o aluno é sujeito de direito e foco central Numa escola
de toda ação educacional (SILVA; REIS, 2011). A partir dessa afirmação inclusiva, o aluno é
podemos ter a dimensão da amplitude do conceito de inclusão e sujeito de direito e
de educação inclusiva, evidenciando a necessidade para além da foco central de toda
ação educacional
igualdade de acesso, com uma atenção direcionada a toda diversidade
de pessoas que, por diversos motivos, poderiam se encontrar excluídas da escola,
como apontado por Martins (2006, p. 18), pessoas “do sexo feminino, pobres,
negras, com deficiências ou altas habilidades, entre outros”.
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Segundo Amorim (s.d.), além do trabalho com os alunos, para que esses O processo de
percebam o diferente e aceitem de forma positiva a diversidade, é importante educação deve
lembrar que os professores também têm seus medos, convicções e atitudes estar permeado
pela afetividade nas
perante as crianças com deficiência e que isso é exemplo para os alunos. É
suas dimensões de
necessário discutir o respeito ao outro e a identificação afetiva ao outro, despertando cuidado, do interesse,
os valores positivos na relação. A autora ainda faz um questionamento: como da empatia, da
falar de valores e atitudes positivas se os próprios professores têm receio e amorosidade, da
proteção, do vínculo,
preconceito no modo de lidar com as crianças com deficiência? A resposta vai
entre outros, e isso
ao encontro da afetividade que criamos e estabelecemos com as crianças, tendo implica em todo
essas deficiências ou não (AMORIM, s.d.). o desdobramento
ético e de valores
decorrente da
Vale lembrar que a criança com deficiência nos faz retomar um
experiência
olhar afetivo às potencialidades das crianças em geral. O processo de interpessoal entre
educação deve estar permeado pela afetividade nas suas dimensões os envolvidos no
de cuidado, do interesse, da empatia, da amorosidade, da proteção, do processo educativo
e na promoção do
vínculo, entre outros, e isso implica em todo o desdobramento ético e de potencial humano,
valores decorrente da experiência interpessoal entre os envolvidos no crítico, político e
processo educativo e na promoção do potencial humano, crítico, político criativo existencial do
e criativo existencial do educando (FREIRE, 1999; VECCHIA, 2006). educando (FREIRE,
1999; VECCHIA,
2006).
A prática educativa inclusiva demanda o empoderamento das
capacidades das crianças com necessidades educacionais especiais.
O respeito é um
Cabe ao professor e professora conhecer e proporcionar o desenvolvimento gesto afetivo que
das capacidades, e dessa forma, assumir verdadeiramente que as corresponde ao
crianças têm capacidades e potencialidades, independentemente de suas cuidado, ao permitir,
ao reconhecer.
limitações e transmitir esse sentimento de empoderamento para que as
crianças também acreditem nas suas potencialidades e poder de desenvolvimento
humano criativo e ativo enquanto cidadão participante na sociedade.
Ao finalizar essa parte, nos cabe perguntar: “afinal, o que é uma escola
inclusiva?” A resposta: é aquela que garante a qualidade de ensino a cada um
de seus alunos, independentemente das possíveis diferenças, reconhecendo
e respeitando a diversidade e atendendo a cada um de acordo com suas
potencialidades e necessidades. Assim, uma escola somente poderá ser
considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer o desenvolvimento
de todos os alunos, independentemente de suas características pessoais ou
sociais, garantindo a esses um ensino significativo (BRASIL, 2004).
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Atividades de Estudos:
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Como estudado no capítulo anterior, o olhar para a deficiência nos dias atuais
tem mudado de um “modelo biomédico” para um modelo educacional inclusivo.
Esse olhar social da deficiência implica olhar diferenciado para o movimento
humano, objeto de estudo da educação física. Nesse sentido, essa mudança de
paradigma é acompanhada por um movimento estabelecido pela própria área da
educação física, iniciado com a publicação de estudos desde a década de 1980,
quando surgem alternativas ao movimento tecnicista e se assume um caráter crítico
e emancipado para o movimento (KUNZ, 1991; COLETIVO DE AUTORES, 2009).
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
O termo “Educação física adaptada” foi muito utilizado nos anos de 1990
a 2000. As universidades de maneira geral adotaram o termo e passaram a
oferecer essa disciplina na grade curricular. Todavia, Fiorini e Manzini (2014), ao
entrevistarem professores das escolas públicas, alertam que eles reclamaram que a
ainda é disciplina “presa” à teoria, desconectada da realidade prática da escola, com
situações hipotéticas sobre as deficiências e com foco na saúde. Essa problemática
faz com que o professor recém-formado se depare com a realidade da inclusão
na escola e somente a partir desse momento, busque cursos de capacitação e
formação continuada para que possa apresentar alternativas à realidade escolar.
A partir dos anos 1930, até meados dos anos 1960, após a 1ª e 2ª
guerras mundiais, muitos soldados considerados referências físicas
de corpo útil retornaram da guerra com deficiências importantes
que os impossibilitavam de participar das atividades anteriormente
realizadas. Surgem então dois termos: “incapacitados” e “incapazes”.
Essas pessoas, ao buscarem reencontrar suas capacidades,
encontram no esporte uma saída para o desenvolvimento.
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Atividade física
e esporte terapêutico
Educação física
Esporte adaptado
adaptada
Fonte: O autor.
Ao assumir a
Ao assumir a “adaptada” nos currículos, a educação física passou
“adaptada” nos
a se preocupar em adaptar as atividades para que a pessoa com currículos, a educação
deficiência participasse das aulas. Isso foi importante especialmente física passou a
em dois aspectos: primeiro, chamou a atenção para todas as outras se preocupar em
adaptar as atividades
crianças que, por qualquer motivo, ficavam de fora e não participavam para que a pessoa
das aulas; e, em segundo, despertou a educação física para um com deficiência
repensar de suas aulas e metodologias. participasse
das aulas. Isso
foi importante
Contudo, a denominação “adaptação” vem como herança dos especialmente
esportes que, acompanhando o movimento iniciado especialmente em dois aspectos:
em função das paraolimpíadas, literalmente, buscavam adaptar primeiro, chamou a
atenção para todas as
os esportes tradicionais às limitações impostas por determinada
outras crianças que,
deficiência. Porém, na escola, isto reduz as possibilidades didático- por qualquer motivo,
metodológicas propostas por bases teóricas renovadoras da educação ficavam de fora e
física. Como afirma Pimenta e Pires (2016, p. 33), não participavam
das aulas; e, em
segundo, despertou a
O passo a ser dado pela educação física no sentido
educação física para
de um modelo de inclusão diz respeito a reconhecer
um repensar de suas
e identificar as diversidades e possibilidades,
aulas e metodologias.
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Atividades de Estudos:
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
3) Relacione as colunas:
( ) Foco na deficiência.
( ) Atividade pensada na participação de todos.
( ) Forte presença dos esportes tradicionais.
( ) Está mais distante da atividade
(a) Adaptação física e do esporte terapêutico.
(b) Inclusão ( ) Está mais próximo da atividade
física e do esporte terapêutico.
( ) Foco na diversidade.
( ) Olhar para as possibilidades corporais.
( ) Atividade pensada para a pessoa.
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Dessa forma, pode-se pensar uma prática que estimule para além
Dessa forma,
do desenvolvimento de habilidades motoras como simples forma de
pode-se pensar uma
prática que estimule repetição de movimentos padronizados para práticas contextualizadas,
para além do interagindo com o meio e com os outros, como linguagem expressiva
desenvolvimento de corporal, podendo transformar os sentidos e significados sociais e a
habilidades motoras sociedade. Para Kunz (2000), o “se-movimentar” estabelece a estreita
como simples relação entre o saber fazer, o saber ser e o saber pensar. O aluno
forma de repetição
passa a compreender seu movimento, autônomo e em sintonia com os
de movimentos
padronizados conteúdos previamente estabelecidos, quando estabelece sentido para
para práticas a aprendizagem e incorpora novos significados à prática.
contextualizadas,
interagindo Vamos a outro exemplo: podemos trabalhar os conteúdos da
com o meio e ginástica e vamos fazer com os alunos a parada de mão. Em uma
com os outros,
perspectiva tecnicista, o movimento deve ser realizado como no
como linguagem
expressiva corporal, esporte oficial. Porém, a execução de uma parada de mão constitui-
podendo transformar se no entendimento da necessidade da força do braço e equilíbrio
os sentidos e corporal (conceitos que devem ser trabalhados com os alunos), sendo
significados sociais essencialmente construídos nas diferentes experiências realizadas.
e a sociedade. Dessa forma, podemos pensar quantas possibilidades até chegarmos
à parada de mão com os alunos? O conceito de experiência é ampliado para o
fazer, o observar, o construir e reconstruir, o pensar e falar sobre o sentir na ajuda
e na exploração de formas, nas reelaborações de técnicas, entre outros. É nesse
movimento que, independentemente das características corporais dos alunos,
esses se tornam ativos e participativos da aula, pois não é sua deficiência ou
limitação que define sua participação, mas sim a exploração de suas capacidades
e possibilidades (PIMENTA; PIRES, 2016).
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Entende-se o fato de que não era previsto que os alunos com qualquer
necessidade educacional especial, originada, por exemplo, por uma deficiência,
participassem de maneira igualitária do ambiente escolar até determinada época
passada, dado que a escola procurava a homogeneidade nos conteúdos e
também nos alunos (RODRIGUES, 2003). Porém, vale lembrar que a escola não
é um sistema estático, pelo contrário, é local de discussão e desenvolvimento
de políticas públicas e educacionais. Assim, cabe ao sistema escolar (e seus
professores envolvidos) apresentar propostas que reflitam as necessidades
reais da prática escolar. Com isso, conclui-se que é essencial manter o discurso
da flexibilização do currículo, como também estimular novas metodologias e
estratégias de intervenção com os alunos nas aulas de educação física.
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Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Atividades de Estudos:
4 Algumas Considerações
Neste capítulo, procuramos compreender a educação inclusiva e os
processos envolvendo a educação física na perspectiva inclusiva. O que deve
ficar claro ao final desse capítulo é que, nos dias atuais, sempre que falamos em
educação escolar, é necessário que se fale em educação inclusiva. Não se pode
pensar em escola sem pensar ao mesmo tempo na educação inclusiva.
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
Referências
AGUIAR, João Serapião de; DUARTE, Édison. Educação inclusiva: um estudo
na área da educação física. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 11, n.
2, p. 223-240, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-65382005000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 2 jul.
2018.
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 32. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2002.
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Capítulo 2 A educação Inclusiva e os Processos Inclusivos na Educação Física
______. Dez Ideias (mal) feitas sobre a educação inclusiva. In: RODRIGUES,
David. (Org.). In: Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação
inclusiva. São Paulo: Summus, 2006.
SILVA, Solange Cristina da; SOUZA, Marcio Vieira de; BECHE, Rose
Clér Estivalete. Formação de Professores: perspectivas e desafios na
contemporaneidade. In: SILVA, Solange Cristina da (Org.). Inclusão em foco:
reflexões e ações no contexto das diferenças. Florianópolis: UDESC, 2016.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
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C APÍTULO 3
Implicações Práticas da Educação
Física Inclusiva
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
1 Contextualização
No capítulo anterior, nós abordamos as questões referentes aos processos
inclusivos no campo específico da educação física, procuramos compreender
a educação inclusiva e os processos que a envolvem na perspectiva inclusiva.
A partir disso, devemos ter claro que nos dias atuais sempre que falamos
em educação escolar é necessário que se fale em educação inclusiva e o
entendimento da educação especial na perspectiva inclusiva implica entender
que essa permeia todos os níveis do ensino regular e recebe os alunos com
necessidades educacionais especiais e toda sua diversidade.
Ainda neste terceiro capítulo, vamos reforçar a ideia de não pensarmos mais
em adaptações, e sim em um planejamento inclusivo em educação física. Não
nos cabe mais pegar atividades e planos antigos e adaptar para a integração da
pessoa com deficiência. A palavra “inclusiva” deve substituir a palavra “adaptada”
em todas as instâncias. Como veremos neste capítulo, isso vai gerar uma tensão
entre os conceitos e verdades assumidos pela educação física durante seu
processo histórico e as novidades inerentes ao processo inclusivo. Vamos discutir
essas tensões iminentes e as possíveis formas de superá-las.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Os assuntos estudados até agora nos Capítulos 1 e 2 nos dão suporte para, no
Capítulo 3, pensarmos mais diretamente em aspectos práticos da educação física.
Deve ficar claro que é somente com a interiorização dos conceitos anteriores que
iremos mudar nossas atitudes perante os alunos com necessidades educativas
especiais e aceitar as devidas mudanças inerentes à perspectiva inclusiva,
em especial, para que isso se concretize, nas escolas inclusivas, o aluno deve
sempre ser sujeito de direito e foco central de toda ação educacional, respeitando
os princípios da educação inclusiva: igualdade, equidade e diversidade.
2 Planejamento e Avaliação em
Educação Física Inclusiva
Falar em planejamento em educação física ainda desperta sentimentos diversos
nos professores e nas professoras. Aguiar e Marçal (2010, p. 2), ao publicarem o
artigo intitulado “Planejamento em educação física: ocorre de fato?”, apresentam uma
questão inquietante para a prática docente relativa ao efetivo planejamento nas aulas
de educação física. O questionamento é pertinente em função de que,
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Apesar de os textos de Paulo Freire terem sido escritos nos anos 1980 e
1990, são tão contemporâneos quanto a educação inclusiva. Quando o autor
afirma a necessidade do planejamento focado na realidade do aluno e fazer
desse planejamento fonte de mudança da realidade vivida, vai de acordo com
os princípios da educação inclusiva e nos faz pensar em estratégias condizentes
com a inclusão não só do aluno com deficiência como se esse estivesse fora de
todo um contexto educacional e social, mas sim, de estabelecer o planejamento
estratégico para a realização de atividades inclusivas para todos os alunos.
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
modifica os modifica os
recursos mas recursos e
não as regras as regras
baixa alta
flexibilização de regras
Fonte: Moraes et al. (2015, s.p.).
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
aos conteúdos referentes à cultura corporal, ou seja, entendemos que existe uma
série de atividades que surgem da utilização das diversas formas de expressão
corporal como linguagem que foram historicamente produzidas e contextualizadas
nos ambientes sociais, como a escola. Assim, a educação física deve
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
De maneira geral, podem ser feitas avaliações tanto de maneira subjetiva (com
relação ao processo) quanto de maneira objetiva (com relação ao produto)
(KREBS, 2011b).
100
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Atividade de Estudos:
Prever
necessidades:
Conhecer a
realidade:
Estabelecer os
objetivos:
Estabelecer
os recursos e
métodos:
Prever etapas:
Avaliação:
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
Dos itens apresentados por Aguiar e Duarte (2005) e por Gorgatti e É bom lembrar
De Rose (2009), nesse momento, vamos focar na parte das estratégias que, culturalmente,
metodológicas, entendendo que, a partir dessas, podemos envolver a a formação inicial
resolução também de outros problemas. É bom lembrar que, culturalmente, na educação física
vem privilegiando
a formação inicial na educação física vem privilegiando os conteúdos das
os conteúdos das
disciplinas de cunho técnico, desportivo, corporal e biológico, e deixando em disciplinas de cunho
segundo plano as disciplinas de cunho pedagógico. Assim, nossa área da técnico, desportivo,
educação física vem privilegiando o estudo de capacidades e habilidades corporal e biológico,
técnicas e físicas, que têm por prioridade o desempenho físico, técnico e e deixando em
o corpo esportivizado e, com base nessa visão, a cultura desportiva e segundo plano as
disciplinas de cunho
competitiva tem sido a base do ensino da educação física escolar.
pedagógico.
com deficiência são vistos como incapazes de aprender e lá estão apenas para
conviver com o outro grupo, não recebendo da escola e de suas professoras
tratamento educacional adequado e apoio técnico para se desenvolver”.
Cabe-nos perguntar: será que esta cultura desportiva constitui uma fonte de
exclusão? Será que a prática desportiva não constitui um ambiente de exclusão na
escola? Será que a estratégia de utilizarmos o esporte não está desfavorecendo
a cooperação e a diversidade, constituindo assim uma fonte de exclusão e uma
barreira para a educação inclusiva?
104
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Promover
aprendizagem
contextualizada
Formar pessoas
desportivamente
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Inclusão de
Todos
Respeito a Construção
diversidade Princípios coletiva
do Esporte
Educacional
Educação
Autonomia
Integral
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Destaca-se que cada tutorado pode possuir mais do que um colega tutor,
pois a proporção de um para um pode apresentar problema de realização efetiva,
caso o tutor falte por qualquer motivo, e, também, para não sobrecarregar um
único estudante. É sugerido por Souza et al. (2017, p. 15) que, “a depender do
número de tutores disponíveis, a responsabilidade perante o tutorado pode ser
compartilhada, dividindo-se entre as tarefas de uma mesma aula ou durante a
programação da semana”.
110
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Capellini e Mendes (2007) citam que todo professor, para desenvolver sua
prática no atendimento aos princípios da educação inclusiva, precisa refletir sobre
o processo de inclusão escolar e as modificações que este necessariamente
acarreta no ambiente escolar. Os autores ainda afirmam que é preciso superar
o individualismo, através da cooperação, das soluções coletivas, da liberdade
de pensamento e da construção da cidadania, e, nesse sentido, o método
colaborativo se faz positivo por possibilitar as melhoras nas habilidades de
comunicação, na expressão de opiniões e pensamentos, e no desenvolvimento
da relação de confiança, de maneira que o apoio ao professor na sala de aula
possibilita maior segurança nas escolhas de meios mais adequados para o ensino
e aprendizagem, e fornece possibilidade para que os professores reflitam sobre
as razões e as consequências das suas escolhas pedagógicas.
Uma outra Por fim, uma outra possibilidade que deve ser aproveitada ne
possibilidade escola é a “consultoria”. Esse método requer a participação das pessoas
que deve ser mais próximas à criança com necessidades educacionais especiais,
aproveitada ne especialmente a família. Segundo Bianconi e Munster (2009, p. 6017),
escola é a
“consultoria”. Esse A consultoria caracteriza-se pelo apoio e envolvimento da
método requer a família na escola, pelo contato com outras instituições e
participação das entidades, além de profissionais que não unicamente os da área
pessoas mais de Pedagogia, e dos pais, formando uma equipe de apoio, que
próximas à criança tem por finalidade debater, resolver problemas, trocar idéias,
com necessidades métodos, técnicas e atividades para ajudar os professores e/
educacionais ou os alunos a conseguirem o apoio de que necessitam para
serem bem-sucedidos em seus papéis. Os pais, que são quem
especiais,
melhor conhecem as dificuldades, facilidades e habilidades de
especialmente a seus filhos, devem ser convidados a participar das discussões
família. sobre as adaptações curriculares, escolhendo, sempre que
possível, a resposta educativa em relação aos seus filhos.
Por meio de uma estratégia baseada principalmente na troca
de experiência entre os diversos indivíduos que compõem a
equipe multiprofissional, a consultoria se destaca por facilitar a
busca pela solução de problemas com o intuito de possibilitar
aprendizagem a todos.
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
Atividade de Estudos:
a) Tutorial: _____________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
b) Colaborativo: ________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
c) Consultoria: _________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Vale lembrar que, como apresentado por Mantoan (2006, p. 47), “a inclusão
não prevê a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou
aquela deficiência e/ou dificuldade de aprender”. A educação inclusiva deve ser
adequada para que todos os alunos possam ser capazes de participar do processo
ensino-aprendizagem dentro de um planejamento que leve em conta os
Não devemos nem
propor atividades limites apresentados pelos alunos e que, ao mesmo tempo, vai explorar
exclusivas para as possibilidades de cada um deles (BREVILHERI; STEINLE, 2008).
os alunos com
deficiência ou Nesse sentido, não devemos nem propor atividades exclusivas para
dificuldade de os alunos com deficiência ou dificuldade de aprendizagem e, também,
aprendizagem
não devemos repetir práticas antigas comumente excludentes. As
e, também, não
devemos repetir práticas alternativas na educação física surgem como um contraponto
práticas antigas às práticas tradicionais e podem despertar um olhar diferenciado para
comumente as práticas corporais a fim de torná-las inclusivas, considerando as
excludentes. diferentes possibilidades de exploração do movimento humano.
114
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
Com base nisso, podemos citar um exemplo de como essas práticas podem
ser trabalhadas na escola. Impolcetto et al. (2013) propuseram uma série de temas
relacionados às práticas corporais alternativas já adequadas a cada ano escolar.
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
5 Algumas Considerações
O planejamento é o processo de prever necessidades, estabelecendo uma
sequência de etapas que devem ser condizentes com os prazos estabelecidos. Para
que se efetue o planejado, é necessário pensar nos recursos e materiais. Ao final
do processo de planejamento, devemos prever as avaliações dos processos e do
desenvolvimento. Devemos lembrar que não existe a avaliação sem um planejamento
prévio e que não existe o plano que não tenha atrelado a si uma avaliação do
planejado. Entendemos também que o norte para o plano e seu desenvolvimento são
os objetivos. Esses devem ser claros e condizentes com a realidade encontrada.
122
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
Ainda sobre o esporte, como não pretendemos negar essa prática, propomos
nessa etapa alguns modelos educacionais possíveis e condizentes com a
educação inclusiva. Em complemento a isso, algumas estratégias metodológicas
gerais que podem ser usadas no planejamento para o desenvolvimento da criança
com necessidades educativas especiais foram apresentadas e discutidas, dentre
as quais destacamos os métodos de ensino colaborativos.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
Referências
AGUIAR, Elton José da Silva; MARÇAL, Izabela Lobato. Planejamento em
educação física: ocorre de fato? III conceno – o norte da educação física e
ciências do esporte, 2010, Belém. Anais... Belém: CBCE, 2010. Disponível
em: <http://congressos.cbce.org.br/index.php/3conceno/3conceno/paper/
viewFile/4667/2263>. Acesso em: 12 jul. 2018.
124
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
125
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
KREBS, Ruy Jornada. Planejamento para aulas de educação física. In: KREBS,
Ruy Jornada; RAMALHO, Maria Helena da Silva. Planejamento curricular para a
educação básica: Educação Física: Caderno Pedagógico. Florianópolis: IOESC, 2011.
126
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar. O que é? Por quê? Como
fazer? – Cotidiano Escolar. – 2. ed. São Paulo: Moderna, 2006.
MORAES, Juliana et al. Como a educação física pode se tornar mais inclusiva:
lições aprendidas no curso Portas abertas para a inclusão. Diversa. Educação
Inclusiva na prática. 2015. Disponível em: <http://diversa.org.br/artigos/como-a-
educacao-fisica-pode-se-tornar-mais-inclusiva-licoes-aprendidas-no-curso-portas-
abertas-para-a-inclusao/>. Acesso em: 15 jul. 2018.
127
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA E O AMBIENTE ESCOLAR
SASSAKI, Romeu. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 5. ed. Rio
de Janeiro: WVA, 2003.
128
Capítulo 3 Implicações Práticas da Educação Física Inclusiva
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