Unidade IV

EJA no Sistema Prisional

 Aula 1
★ O Contexto da leitura nos ambientes em privação de liberdade.

.
 O Contexto da leitura nos ambientes em privação
de liberdade.
Prezado(a) Cursista,

Estamos iniciando a Aula 01 da quarta unidade do nosso curso.

Ao final desta aula esperamos que você consiga entender sobre o processo de funcionamento
da EJA dentro de unidades prisionais, a importância da leitura para os sujeitos em situação de
privação de liberdade, como também observar dados relativos a população carcerária.

Boa aula!
Os indivíduos em situação de privação de liberdade têm
seus direitos garantidos e dentre eles, o direito à educação.
Conforme Onofre 2011, a educação faz parte do processo
de recuperação do sujeito que está privado de sua
liberdade. “[...] promover a integração social e a aquisição
de conhecimentos, o que pode assegurar-lhes um futuro
melhor quando recuperarem a liberdade.” (Onofre, 2011, p.
38).
Menos de 10% da população encarcerada encontra-se envolvida
com atividades educacionais formais.
A EJA é uma modalidade de educação que deve ser ofertada em
diversos espaços, inclusive nas unidades penais brasileiras, é um
direito que infelizmente esbarra na ausência de ambientes
adequados, como salas, bibliotecas, professores qualificados,
financiamento, de projetos culturais e artísticos.
 ASPECTOS IMPORTANTES PARA A ALFABETIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL

Unidades Prisionais Convencionais, de Custódias Alternativas, Médico Penais, Transitórias e

de demais classificações.

Introdução: Curiosidades sobre contexto geral da escolarização nas Unidades Prisionais.

 DA CELA À SALA

Professora comenta desafios de ensinar em presídios:

Assista ao
Sabemos que a sociedade avança constantemente e, com isso, vídeo da
Professora Ana
o educador também precisa avançar e se adaptar ao novo. Ao Célia,
relatando sua
pensarmos no Sistema Prisional Brasileiro tal dinâmica se torna experiência no
ainda mais desafiadora. Uma das metodologias discutidas por Sistema
Prisional.
Paulo Freire diz respeito a valorização das experiências e
necessidades do cotidiano dos estudantes.
 Mitos e verdades da Educação prisional
Assista ao depoimento de Jane
Santos da Silva sobre o trabalho
como professora em um presídio. O
Sabemos que a sociedade avança constantemente e, com isso, o vídeo faz parte da reportagem da
revista NOVA ESCOLA sobre o direito
educador também precisa avançar e se adaptar ao novo. Ao à Educação para adultos e
adolescentes em conflito com a lei.
pensarmos no Sistema Prisional Brasileiro, tal dinâmica se torna
ainda mais desafiadora. Uma das metodologias discutidas por
Paulo Freire diz respeito a valorização das experiências e
necessidades do cotidiano dos estudantes.
Agora cursista, para você se ambientar melhor
e ampliar um pouco mais suas percepções e
análise, conheça alguns elementos das
Unidades Prisionais referentes ao cenário
geral e o nível de escolaridade dessa
especificidade de atendimento no estado de
Minas Gerais.
Dados gerais das Unidades Prisionais e o nível de escolaridade em Minas
Gerais
 UNIDADES PRISIONAIS COM
ATENDIMENTO ESCOLAR NA REDE
PÚBLICA ESTADUAL SEE/MG

CONVENCIONAIS :
CUSTÓDIAS ALTERNATIVAS
PRESÍDIOS/PENITENCIÁRIAS
APAC

As pessoas em privação de liberdade

As pessoas em privação de liberdade
são denominadas recuperandos e
são denominadas presos e presas.
recuperandas.

Segurança estruturada pelos próprios

Segurança estruturada pelo quadro de
recuperandos .
agentes penitenciários.

Sistemas disciplinares que impedem a Sistema disciplinar não impede

movimentação dos estudantes. totalmente a movimentação dos
estudantes.
Dados de Escolaridade nas Unidades Prisionais da Rede
Pública Estadual em Minas Gerais

Fonte:: SIMADESEE/MG)
Dados de Escolaridade no Sistema Prisional da Rede
Pública Estadual em Minas Gerais

Fonte:: SIMADESEE/MG)
Dados de Estudantes Matriculados no Sistema Prisional da Rede
Pública Estadual em Minas Gerais em 2022.

Fonte:: Assessoria de Inovação SEE/MG

 Algumas considerações… Essas questões
A população carcerária de aproximadamente apresentadas nos
70.000 pessoas no estado atualmente se últimos 7 slides são as
concentra em 229 unidades prisionais. mais relevantes a
serem consideradas
para se ter uma noção
Houve uma alteração na concentração da faixa do atendimento em
etária das pessoas presas de 2019 à 2021. Minas Gerais. Você
também teve essa
interpretação?
Houve uma diminuição no número de pessoas
presas em processo de alfabetização de 2019 à
2021.

Houve diminuição no número de matrículas e

aprovados na rede estadual de 2019 à 2021 no
cenário de pandemia.

Houve uma diminuição no número de pessoas

presas em processo de alfabetização de 2019 á
2021.
 Agora pare e apenas reflita um Caso já tenha atuado ou
atue em uma escola
pouco: inserida em unidade
prisional, o que vem a
sua mente neste
momento? Caso ainda
não atue, como você
imagina previamente
esse tipo de intervenção?

A partir do que você aprendeu nas

unidades ao longo desta formação,
além das informações que acabou de
acessar, como você visualiza
inicialmente a aplicação destes
conhecimentos para o processo de
alfabetização dos estudantes em
privação de liberdade considerando as
experiências prévias e diferentes
leituras de mundo dos estudantes?
 Sugerimos que você anote
suas impressões do que
mais te chamou a atenção
da forma que se sentir
mais confortavél. Pode ser
Fique a vontade um texto, quadro de
para consultar as comparação,mapa mental,
tabelas e os uma listagem de tópicos,
gráficos etc.
novamente.
 Aspectos importantes a serem pensados nas intervenções de práticas
de leitura e escrita, bem como alfabetização para pessoas em privação
de liberdade:

o contexto estrutural das unidades prisionais determina, em grande medida, o

direcionamento de todas as ações educacionais.

os dispositivos legais trazem a utilização da leitura e da escrita dentro e fora do ambiente

escolar, como elementos intrínsecos ao contexto de privação de liberdade, incorporados
no cotidiano dos alunos como:

❏elaboração de correspondências a familiares.

❏pedidos formalizados para o Juiz.
❏bilhetes para comunicação interna.
❏necessidade de espaços destinados a bibliotecas quando possível, etc.
 Aspectos importantes a serem pensados nas intervenções de práticas
de leitura e escrita, bem como alfabetização para pessoas em privação
de liberdade

A importância do papel do educador na condução do seu trabalho com práticas de leitura, escrita
e a alfabetização como um todo.

Vincular nas práticas pedagógicas, a trajetória de vida do educando para a construção de novas
perspectivas possibilitando uma nova leitura de mundo com o objetivo da reinserção social.

A escrita como instrumento fundamental e essencial para a motivação, autoconhecimento e

resgate da autoestima do educando.
Aspectos referentes à práticas associadas a alfabetização no
Sistema Prisional previstos em alguns Dispositivos Legais.

CORRESPONDÊNCIA

LEITURA E ESCRITA

BIBLIOTECA

ALFABETIZAÇÃO
 Pare
novamente e
registre suas
Agora como você percepções.
avalia suas
práticas e
estratégias de
alfabetização?
Levando em
consideração as
práticas
pedagógicas e a
docência.

Continuamos avançando…
 Aspectos importantes a serem considerados para práticas de leitura, escrita e
alfabetização para atuação nas escolas do Sistema Prisional:

❏ Atendimento predominante do ensino fundamental para Jovens e adultos acima de 18 anos;

❏ estrutura organizacional baseada na lógica de normas de segurança, devido a
desvinculação/distanciamento com o mundo exterior como consequência da quebra de regras do
convívio social;
❏ a perda da identidade e anseio dos alunos por liberdade;

❏ o desafio de compatibilizar a realidade do cárcere com a estrutura de ensino/aprendizagem

baseada na lógica de emancipação e do pensamento crítico;
❏ a importância do diálogo para o alcance da eficiência das ações educacionais em decorrência da
atuação conjunta entre os profissionais da Educação e da Segurança, pois ambas caminham em prol
de um objetivo: a ressocialização das pessoas que se encontram em privação de liberdade
Outros aspectos a serem considerados para práticas de leitura, escrita e
alfabetização para atuação nas escolas do Sistema Prisional
 Para refletir e tomar nota

A partir de todas as informações

Ouça o podcast sobre a
obtidas, como você articularia atuação do professor da EE.
práticas de leitura e escrita e Detetive Marco Antônio de
Souza.
alfabetização para os estudantes
em privação de liberdade? Quais
recursos você dispõe?
Então sugerimos…

Trabalhar com projetos de alfabetização que visem apenas a

disciplina e não a educação se mostra falho. A educação do
Sistema Prisional Brasileiro costuma ser baseada na disciplina,
esquecendo e apagando as experiências e conhecimentos dos
estudantes. Além disso, é preciso pensar na ressocialização desses
estudantes, mas algo que não seja mera utopia, é preciso
trabalhar com realidades possíveis e prepará-los de forma correta
e humanizada.
Artigo 37 da Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996

LDBE - Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996

Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao
longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos
na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si.

§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma
do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
 Saiba mais…

A educação de jovens e adultos no sistema

prisional brasileiro: o que dizem os planos
estaduais de educação em prisões?
A EJA é afirmada como uma educação reparadora sendo que no sistema
prisional, ela pode oportunizar às pessoas presas uma mudança qualitativa
em suas vidas desde que as políticas públicas promovam uma reinserção do
sujeito. A EJA é um direito humano que não pode ser negligenciado pelo
Estado para essa parcela da população que está privada da liberdade.
Para Maeyer (2006, p. 22), a EJA em prisões está firmada na concepção de educação como um direito
inalienável a todos os cidadão e esta não deve estar ligada somente ao ensino de conteúdos científicos e
culturais, mas também os auxilie no que se refere a sua autonomia e decodifiquem sua “[...] realidade e
entendam as causas e consequências dos atos que os levaram à prisão.” Maeyer (2013, p.39) ainda sustenta
que a “especificidade da educação em espaços prisionais será sem dúvida ajudar o detento a identificar e
hierarquizar as aprendizagens para lhes dar um sentido [...]”.
Para Julião (2011, p. 149) “possibilitar a reinserção social do apenado e, principalmente, garantir a sua
plena cidadania”.
 Saiba mais…

Leitura que liberta: como o hábito de ler impacta a vida das pessoas
privadas de liberdade no RS.
 Educação em Prisões

Grandes lições dentro da cela.

RickTV
Chegamos ao final de mais uma aula!
Conseguimos ver algumas características
da EJA dentro do sistema prisional e a
importância da leitura para os sujeitos
em privação de liberdade.
Na próxima aula abordaremos o tema:
Projeto de remição de pena pela leitura.
Vamos lá?
 Unidade IV
EJA no Sistema Prisional
 Aula 2
★ O Desenvolvimento da Competência Leitora e a Inclusão Social
1- O desenvolvimento da competência leitora para a participação plena na sociedade.
2- Desenvolvimento de habilidades de leitura dos estudantes dos CESEC e das escolas
inseridas no Sistema Prisional.
 O Desenvolvimento da Competência Leitora e a
Inclusão Social

Prezado(a) Cursista,

Estamos iniciando a Aula 02 da quarta unidade do nosso curso. Ao final desta Unidade esperamos
que você possa ampliar seu conhecimento sobre a importância da leitura para as relações sociais na
escola e na comunidade, bem como as possibilidades de intervenções pedagógicas para a formação
de leitores nos CESEC e nas escolas inseridas no Sistema Prisional.

Vamos começar! Bons estudos

 1- O desenvolvimento da competência leitora para a
participação plena na sociedade.

❏ Ler é mais do que simplesmente

decodificar.
❏ Ler é ressignificar sentidos.
❏ Ler é estabelecer um diálogo com a
escrita, dando a ela vida e significados
diversos.

O desenvolvimento das habilidades de

leitura e escrita é questão central para
se trabalhar com os estudantes,
principalmente, com aqueles que
tiveram o percurso escolar
interrompido ou ingressaram
tardiamente nos estudos.
 O contato com uma variedade de gêneros

Proporcione aos textuais: livros, revistas, jornais, notícias,

estudantes... cartazes, áudios e vídeos; a leitura de obras
de diferentes autores; espaços e
momentos de leituras; momentos de
visitar e consultar as bibliotecas;
oportunidades e contextos para ler e
produzir textos; ocasiões de escolha de
obras, respeitando a diversidade de
trajetórias, hábitos e gostos.
 A participação em seminários e concursos que
incentivem a produção literária, para apresentação
nos momentos presenciais; a leitura de livros que
Proporcione aos
estudantes... proporcione diversão e conhecimento; a
comparação entre as diferentes fontes de
informação e diferentes autores; a seleção de
textos e livros para as diferentes faixas etárias, que
informem, divirtam e entusiasmam; o contato com
sites para leituras de livros on-line e gratuitos; das
escolas do Sistema Prisional, o acesso a obras
literárias contextualizadas com a realidade dos
educandos, caso sua escola disponha de biblioteca,
e seja possível articular essa ação.
Para desenvolver a competência leitora no estudante, algumas
estratégias podem ser trabalhadas por você professor.
➢ Levantamento do conhecimento
prévio do estudante sobre o
assunto.
➢ Antecipação da ideia principal do
texto a partir do título, subtítulo,
imagens dentre outros.
➢ Expectativas do estudante em
relação ao gênero e suporte
textual.
➢ Confirmar ou não as hipóteses levantadas
antes da leitura do texto.
➢ Localizar a informação principal do texto.
➢ Fazer inferências.
➢ Identificar palavras-chave.
➢ Construir o sentido global do texto.
➢ Identificar pistas textuais que marcam qual
a opinião do autor.
➢ Fazer relação de novas informações
contidas no texto ao conhecimento prévio.
➢ Fazer a síntese do texto lido.
➢ Discutir as impressões sobre o
texto.
➢ Relacionar as informações do
texto para fazer suas próprias
conclusões.
➢ Avaliar criticamente o texto.
“A compreensão crítica do ato de ler, que não se
esgota na decodificação pura da palavra escrita ou
da linguagem escrita, mas que se antecipa e se
alonga na inteligência do mundo”. Paulo Freire.

Nas palavras de Paulo Freire a leitura proporciona ao

estudante a possibilidade de refletir sobre o mundo a
sua volta com um olhar diferenciado. A leitura, além
de decodificar a palavra escrita possibilita ao
estudante descobrir coisas novas, permitindo-lhe
melhor compreensão do mundo e da sociedade,
ajudando-o a refletir.
 Para ampliar os conhecimentos do que foi tratado até o
momento acesse o link e leia o Parecer:

PARECER CNE/CEB Nº: 4/2010 - Diretrizes Nacionais para a oferta de educação para
jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais
 Você sabia?
Que a oferta de EJA da rede
pública estadual no Sistema
Prisional em Minas Gerais
atualmente é distribuída em
escolas, inseridas em Unidades
Prisionais e APAC (Associação de
Proteção e Assistência aos
Condenados)?
Que a estrutura disciplinar em
torno das questões de segurança
se diferenciam entre as Unidades
Prisionais e as APAC, pois nesta
última, trata-se de uma medida
alternativa de cumprimento da
pena e que possui organização
própria?
 Agora analise…

A partir das informações obtidas até o momento, qual a sua percepção em relação aos
aspectos que influenciam o trabalho de alfabetização e demais práticas de leitura e escrita
para estudantes em privação de liberdade?
Sistema Prisional: Aúdio Diretora
Cida - EE. Detetive Marco
Antônio de Souza.
 “A leitura de mundo precede a leitura da palavra. ”
Paulo Freire

Em consonância com as palavras do autor,

entendemos que as práticas de leitura e escrita,
bem como as intervenções de alfabetização para as
pessoas em privação de liberdade, devem por meio
do trabalho docente, ter como ponto de partida, a
trajetória de vida e leitura de mundo do estudante a
partir das inúmeras experiências vividas.
Para reconstrução de outras histórias que
virão, a partir do que eles não aprenderam
e/ou não sabem e desejam saber, movidos
pelo desejo de liberdade e de resgate da
sua humanidade e cidadania que os
conectam com o mundo exterior.

É necessário ressignificar a história dos

sujeitos no período em que se encontram
em privação de liberdade.
 Para aprofundar sobre as
informações leia o artigo
abaixo:

Escrito por Jane Cleide Alves Hir. No artigo

a autora busca refletir sobre o ensino da
escrita na Educação de Jovens e Adultos
(EJA) no espaço prisional visando identificar
em que medida este ensino pode contribuir
para a ressocialização do apenado. A escrita no cárcere:
uma possibilidade de
autoria para além do
delito.
 Portanto, as intervenções de práticas de alfabetização e de leitura e
escrita, são ações fundamentais para que o estudante tenha condições
de se comunicar com o mundo exterior durante a privação de liberdade
e após esse processo como requisito de seu protagonismo para o
retorno do convívio social.

E veja como você, que atua nas E você cursista que não atua nas
escolas do sistema prisional, pode escolas do sistema prisional, veja
adaptar ou elaborar outras como pode desenvolver as
intervenções de leitura e escrita intervenções de leitura e escrita
pensando na realidade de seus propostas considerando a
alunos. realidade de sua turma.
 E como elaborar estratégias de
intervenções de leitura e escrita
integrantes em todas as Áreas do
Conhecimento no Sistema Prisional?
“Os alfabetizandos necessitam
perceber a necessidade de outro
aprendizado, o de escrever a sua
vida, o de ler a sua realidade, o que
não será possível se não tomam a
história nas mãos para, fazendo-a,
por ela serem feitos e refeitos.”
Paulo Freire
Os processos de leitura e escrita,
principalmente na EJA, não devem ser
vistos como uma tarefa de um único
professor, mas deve ser um
compromisso
assumido por todos. Todas as Áreas do
Conhecimento devem estar envolvidos
na ação de tornar o estudante um leitor
competente.
Apresentaremos a seguir algumas
possibilidades de trabalho das Áreas do
Conhecimento para a alfabetização.
 As Áreas do Conhecimento no Sistema Prisional

Ciências (Ensino
Geografia.
Arte. Fundamental)
História.
Educação Física. Biologia (Ensino Médio)
Matemática. Filosofia (Ensino Médio)
Língua Inglesa. Física (Ensino Médio)
Sociologia (Ensino Médio)
Língua Portuguesa. Química (Ensino Médio)
 Área das Linguagens

❏ Favorecer o desenvolvimento de habilidades relacionadas à linguagem verbal e não verbal.

❏ Favorecer a capacidade de comunicação na forma oral, para o aluno entender e ser

entendido em situações coloquiais. O aluno em privação de liberdade tem muito a dizer.

❏ Ampliar o letramento por meio de estratégias de leitura em textos de nível de

complexidade crescente e de produção de textos de distintos gêneros textuais.

❏ Criar oportunidades e contextos para ler e produzir textos com foco nas diferentes práticas
que estimule o autoconhecimento, a motivação e resgate da autoestima do educando.
 Área de Matemática

❏ Trabalhar a leitura, em contextos significativos, com o uso de gêneros

textuais e suportes usados no cotidiano, como por exemplo, a leitura de
mapas, de Tabelas de Classificação de Jogos e/ou de Grupos Prioritários
para Vacinação etc.

❏ Desenvolver as habilidades de leitura e comunicação oral, presentes

em um contexto de aplicação de cálculo mental no cotidiano.

Esses elementos podem ser essenciais

para gerar sentido de conexão da
linguagem com a matemática.
 Área de Ciências Humanas

❏ Desenvolver a capacidade de leitura por

meio de fotos, desenhos, plantas, maquetes,
O trabalho mediador do
dentre outras representações, atribuindo
docente, de resgatar a linha do
sentidos às dinâmicas das suas relações entre
tempo da história de vida do
as pessoas e grupos sociais, e desses com a
educando antes, durante e após
natureza, nas atividades de trabalho e lazer.
o confinamento, poderá utilizar
dinâmicas com vínculos
❏ Explorar as diferentes linguagens com as
inerentes ao seu contexto
quais os seres humanos se comunicam,
relacional.
dentro de uma perspectiva histórico-cultural.
 Área de Ciências da Natureza

❏ Favorecer oportunidades para que os estudantes se envolvam em

processos de aprendizagem que possibilitem momentos de investigação,
tendo como base a linguagem própria das Ciências da Natureza.
 Projeto de Vida
Identificar nos três eixos temáticos do projeto, os princípios norteadores em cada um
deles, como sendo etapas de um trabalho de formação humana integral que se
complementam e possuem grande impacto no processo de ressocialização do estudante
a partir:

❏do autoconhecimento de suas habilidades, limitações e da sua jornada;

❏do seu pertencimento como membro da sociedade e como ela se configura em
suas tendências sociais e profissionais;
❏do seu protagonismo e responsabilidade socia.

Estabelecer um canal de comunicação entre os profissionais da educação envolvidos no

projeto sobre a discussão das estratégias interdisciplinares e estruturais para sua
execução, principalmente nas escolas de segundo endereço.
 Para refletir e tomar
nota!

A partir de todas as informações

obtidas, como você articularia
práticas de leitura e escrita e
alfabetização para os estudantes
em privação de liberdade? Quais
recursos você dispõe?
 Sugestão de leitura:

SILVA,Roberto da. Didática no Cárcere II. Entender a

natureza para entender o ser humano e o seu Mundo.
1 Ed. Editora Giostri.São Paulo. 2018.

NEVES, Iara Conceição Bittencourt. SOUZA, Jusamara

Vieira. SCHÃFFER, Neiva Otero. GUEDES, Paulo
Coimbra. KLUSENER, Renita. Ler e escrever -
Compromisso de todas as áreas. Ed.
UFRGS.
 Sugestão de
vídeos.

SENTIDO DE ESCREVER- https://youtu.be/6fEMzT3Hg8E

SENTIDO E ACOLHIDA - https://youtu.be/JukhfaifJTg

ESTABELECENDO VÍNCULOS NOS PROCESSOS DE ESCRITA -

https://youtu.be/rhUVnt7emgw
 Considerações finais:

Esperamos que o estudo desta unidade possa ter ampliado o seu conhecimento sobre a
importância da leitura na EJA, principalmente, na oferta feita nos CESEC e nas escolas
inseridas nas Unidades Prisionais e APAC.
Para consolidar o seu aprendizado leia o Texto-base desta unidade e faça as atividades
propostas:

Leitura do Caderno Pedagógico EJA

❏ Tópico 5 - As Aprendizagens nos Centros Estaduais de Educação
Continuada - CESEC.
❏ Tópico 6 – Alfabetização nas escolas inseridas no Sistema
Prisional e a contribuição de todos os componentes curriculares.
 Referências Bibliográficas

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental - Proposta Curricular para a educação de
jovens e adultos : segundo segmento do ensino fundamental: 5a a 8a série : introdução / Secretaria de Educação
Fundamental, 2002.
Dilcéia Custódio da Fonseca Dalmutt e Sonia Merith-Claras. Construindo a competência leitora na EJA. OS
DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE. Disponível
em:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_unicentr
o_port_artigo_dilceia_custodio_da_fonseca.pdf. Acesso em: 08 mar. 2021.
Legislações:
Resolução SEE/MG no. 2943, de 18 de março de 2016. Dispõe sobre a organização e o funcionamento do Ensino
no Centros Estaduais de Educação Continuada - CESEC. disponível em:
https://www2.educacao.mg.gov.br/component/search/?all=res+2943&exact=&any=&none=&created=&modified
=&area=documents .Acesso em: 12 mar. 2021.
BRASIL. Lei n.o 7.210, de 11 de julho de 1984.Institui a Lei de Execução Penal. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm acesso em 12/03/2021.
BRASIL. Resolução No 14, de 11 Novembro de 1994. Resolve fixar as Regras Mínimas para o Tratamento do Preso
no Brasil Disponível em
https://www.gov.br/depen/pt-br/composicao/cnpcp/resolucoes/1994/resolucaono14de11denovembrode1994.p
df acesso em 12/03/2021.
BRASIL. Resolução No 2, DE 19 de Maio de 2010 .Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais para a oferta de educação
para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais. Disponível
emhttp://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5142-rceb002-10&Itemid=3
0192 acesso em 12/03/2021.
BRASIL. Recomendação 44, de 26 de Novembro de 2013. Dispõe sobre atividades complementares para remição
por leitura. Disponível em https://www.conjur.com.br/dl/portaria-44-cnj.pdf acesso em 12/03/2021.
HIR, Jane Cleide Alves. Escrita no Cárcere: Uma possibilidade de autoria para além do delito. Reunião Científica
Regional da ANPED.Educação, movimentos sociais e políticas governamentais. Curitiba - Paraná, Julho de 2016.
UFPR.
Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, Junho de 2017. Ministério da Justiça e Segurança Pública
Departamento Penitenciário Nacional.Disponível em
http://antigo.depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen/relatorios-sinteticos/infopen-jun-2017-rev-1207201
9-0721.pdf acesso em 12/03/2021.

Resolução conjunta SEDS/TJMG N° 204/2016. Institui o Projeto “Remição pela Leitura” direcionado aos
custodiados nas Unidades Prisionais do Estado de Minas Gerais e regulamenta o seu funcionamento. Disponível
em
https://www.tjmg.jus.br/data/files/5B/30/9E/42/D443B510F6A902B5480808A8/RESOLUCAO-SEDS-TJMG-204-20
16%20_1_.pdf acesso em 12/03/2021.

NEVES, Iara Conceição Bittencourt. SOUZA, Jusamara Vieira. SCHÃFFER, Neiva Otero. GUEDES, Paulo Coimbra.
KLUSENER, Renita. Ler e escrever - Compromisso de todas as áreas. Ed. UFRGS.

SILVA, Roberto da. Didática no Cárcere II. Entender a natureza para entender o ser humano e o seu Mundo. 1 Ed.
Editora Giostri. São Paulo. 2018.