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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ENSINO E CURRÍCULO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PORTUGUÊS III

A cidade do Recife através do campo jornalístico-midiático: um trabalho com o gênero notícia no 6º ano do Ensino Fundamental

Projeto desenvolvido pela aluna Danielle Feliciano de Lima e Silva como avaliação da
disciplina de Estágio Supervisionado em Português III, ministrada pela Profa. Mayara
Aparecida Spindola Palacio

Recife
2023
1. Apresentação

Ao se pensar sobre a prática docente na educação básica, é indispensável a utilização de um planejamento para o ensino. Tendo em vista a
necessidade de desenvolver metodologias que se materializem de forma eficiente na sala de aula, de modo que os estudantes se sintam
integrados aos assuntos trabalhados, surge a elaboração de um Projeto Didático Temático (PDT). Este recurso foi desenvolvido dentro da
disciplina obrigatória de Estágio Curricular Supervisionado em Português III, no curso de Letras Português – Licenciatura da Universidade
Federal de Pernambuco.
A disciplina conta com a carga horária total de 155h, sendo 30h teóricas, destinadas às aulas discursivas com orientações da professora da
disciplina de estágio; 105h são destinadas à pratica na escola-campo, as quais se dividem em 20h de observação de aulas e 30h de regência em
sala. As outras 55h práticas referem-se às atividades complementares, que envolvem tanto a elaboração do PDT quanto à participação de
reuniões na escola-campo com a professora supervisora, dentre outras atividades vivenciadas na escola.
O estágio obrigatório em questão é restrito aos anos finais do Ensino Fundamental, que vão do 6º ao 9º ano. Conforme Suassuna (2006), é
através do estágio de regência que o docente em formação consegue adquirir a experiência necessária para a compreender a dinâmica real da sala
de aula. Nesse sentido, a vivência escolar, por meio do primeiro contato lecionando a uma turma, permite colocar em prática as discussões
teóricas desdobradas nos encontros de orientação do estágio, bem como no decorrer de toda a graduação de licenciatura em Letras Português.
A construção deste projeto se deu, portanto, a partir das observações realizadas em sala de aula, que serviram para nortear a temática e os
gêneros textuais que serão abordados no decorrer das aulas de regência. Em consonância a isso, utilizou-se também o Plano Político Pedagógico
(PPP) da escola como base, a fim de garantir que a metodologia utilizada estivesse de acordo com os pressupostos educacionais contidos no
documento. Além disso, as discussões metodológicas tratadas na universidade, e o diálogo conjunto tanto com a professora orientadora quanto
com a professora supervisora, serviram de apoio para escolha da temática e dos conteúdos presentes no encadeamento das aulas que serão
ministradas.
2. Caracterização do grupo-classe

O projeto foi desenvolvido para o 6º ano C da Escola de Referência em Ensino Fundamental (EREFEM) Professora Inalda Spinelli,
localizada no bairro de Boa Viagem, considerado um bairro nobre na zona sul do Recife. A escola atende majoritariamente o público das
comunidades do entorno, especialmente a comunidade Entra Apulso, vizinha à Boa Viagem. Sobre a equipe que integra a escola, num geral, foi
possível perceber que os funcionários da gestão e o corpo docente possuem uma relação íntima de muito entrosamento e conversam bastante
entre si. Essa relação se estende também no tato com os alunos, o que ficou claro por meio do diálogo entre a professora supervisora com os
estudantes, mostrando um olhar cuidadoso para o desenvolvimento deles.
A turma do 6º ano C é composta por 30 alunos, com a faixa etária média de 10 a 13 anos de idade. O perfil da turma é tranquilo, e os alunos
apresentam características próprias da idade, ficando mais agitados e dispersos em alguns momentos. No entanto, a maior problemática
percebida nesta turma foi a dificuldade de aprendizagem dos alunos. As aulas observadas eram, em sua maioria, expositivas, focadas em
anotações no quadro que os alunos deveriam copiar no caderno e realizar alguns exercícios do livro didático. Em um dos encontros observados, a
turma foi levada para a biblioteca para fazer a leitura de um texto literário e os alunos foram divididos em grupos, porém muitos acabavam
copiando anotações de outros colegas e não havia uma fruição na leitura de fato. Por meio das observações e de algumas conversas com a
professora supervisora, revelou-se que alguns tinham dificuldade com a leitura e/ou não sabiam ler e escrever o próprio nome. De acordo com a
professora, uma parcela dos alunos vive em condições socioeconômicas bem defasadas, o que muitas vezes os deixam desinteressados pelos
conteúdos e assuntos. Ocorre também uma frequência alta de faltas desses alunos, o que acaba fazendo com que a professora precise retomar do
zero os assuntos de aulas passadas.
Em contrapartida a essas questões, a escola revelou-se um espaço de acolhimento e de oportunidade de desenvolvimento para esses
estudantes. A instituição busca sempre realizar eventos culturais e levam os alunos a participar desses eventos com frequência, o que possibilitou
o trabalho com diversos gêneros na sequência desenvolvida para a regência em sala de aula.
3. Justificativa

O tema abordado no projeto surgiu a partir das observações constatadas na escola e na turma escolhida. Considerou-se, então, o fato de que
grande parte dos alunos são das comunidades do entorno do bairro de Boa Viagem, que, assim como a maior parte dos bairros do Recife, sofre
com os alagamentos nos períodos das chuvas, causando o cancelamento das atividades escolares. Desse modo, buscou-se, através da escolha da
temática, refletir sobre as características da cidade do Recife, considerando seus pontos positivos e negativos.
Além disso, a turma, por possuir uma grande dificuldade de aprendizagem, não consegue ir além com textos mais complexos e isso acaba
restringindo o trabalho docente na tentativa de atrelar os conteúdos da BNCC e do Currículo de Pernambuco na sala de aula. Por outro lado,
visualizou-se que a turma é bastante adepta às atividades culturais desenvolvidas pela escola, e é uma turma tranquila para conduzir a aula.
Assim, ao perceber que a escola fomenta bastante os eventos culturais e que há uma adesão e engajamento por parte dos alunos em
apresentações musicais e/ou de dança, por exemplo. Um desses eventos, inclusive, foi a feira literária, que teve como tema nordestinices, e que a
professora apontou que a temática do projeto didático faria muito sentido, uma vez que os alunos teriam um contato com um tema parecido no
período do evento, e que a ideia da temática com foco na cidade seria interessante para ampliar ainda mais o olhar das crianças. Com isso, surgiu
a vontade de atrelar a realidade climática e cultural vivenciada por todos os recifenses com a aprendizagem, na tentativa de fazê-los refletir sobre
o contexto sociocultural, bem como as características físicas que permeiam a região.
Ademais, considerando a imaturidade de compreensão, junto à grande dificuldade de aprendizagem da turma em questão, cabe pensar acerca
da noção dos multiletramentos, cujo trabalho pedagógico permite a fragmentação na perspectiva de ensino. Diante disso, Rojo e Moura (2012)
revelam as diversas semioses como aliadas do ensino, considerando uma prática docente atrelada a multiculturalidade dada junto as várias
modalidades (visuais, escritas, gestuais, orais etc.) de se abordar conteúdos propostos para a sala de aula.
Portanto, a escolha de trabalhar com o gênero notícia como produção final também partiu da quebra de expectativas do que a turma já está
acostumada no cotidiano das aulas. Como a produção escrita dos alunos era restrita a cópias de conteúdos escritos no quadro e a resolução de
exercícios descontextualizados, seria interessante trabalhar com a elaboração de um cartaz por ser um gênero mais livre e simples. No decorrer
das aulas de observação, foi dado aos alunos um questionário contendo perguntas de caráter pessoal, a fim de conhece-los mais a fundo e
entender seus gostos. Uma das perguntas contidas no questionário era em relação a produção textual, em que a maioria optou por produzir um
post para redes sociais. Além disso, os alunos indicaram o Instagram como a rede social que eles mais utilizavam, então, levando isso em
consideração, a ideia de se trabalhar com a notícia seria feita de forma adaptada para o formato do Instagram através de um template* que deverá
ser utilizado como modelo. Devido à falta de recursos para se trabalhar com o post digital, a elaboração da notícia no formato analógico e
manuscrito torna-se possível por ser um material facilmente presente e que pode ser exposto de maneira prática no ambiente físico escolar.
Ademais, a abordagem da temática utilizará os gêneros propaganda e poema como suporte para aprofundar os eixos de leitura e análise
linguística, buscando levar para a turma formas diversas de perceber o Recife, além da utilização de produções musicais e de fatores culturais e
regionais próprios da cidade servirão de apoio para a discussão do tema.

4. Fundamentação teórica

*
Este e os demais materiais utilizados para o Projeto Didático Temático encontram-se nos “anexos” deste documento.
Tendo em vista a concepção de língua como interação, Mendonça (2003) entende a aprendizagem como um “processo global”, que vai além
dos assuntos dos componentes curriculares, “em outras palavras: faz-se a crítica à fragmentação do conhecimento na escola e sugere-se a
interdisciplinaridade como princípio básico do processo de ensino–aprendizagem” (MENDONÇA, 2003, s/p). Desse modo, cabe conceber que
as etapas de aprendizagem se desenvolvam a partir de um contexto. No caso do 6º ano do ensino fundamental, considerou-se as habilidades da
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como parâmetro curricular que norteia o trabalho docente. O documento estabelece, para esses anos
finais do ensino fundamental, como uma das competências:

Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e
valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
(BRASIL, 2018, p. 65)

Além disso, o uso do Currículo de Pernambuco, que também se baseia na BNCC, propõe uma maior complexidade no tratamento de práticas
comunicativas, para que estas sejam ampliadas

em direção a novas experiências com a linguagem, sem desconsiderar, especialmente, no 6º ano, os conhecimentos já
constituídos, a ludicidade e o aspecto pragmático dado ao ensino da língua nos anos iniciais, visando, ao mesmo tempo,
fortalecer a autonomia e o protagonismo dos estudantes nas práticas de linguagem, assim como atenuar o impacto exercido
nos estudantes pela transição entre uma etapa e outra do ensino fundamental. (PERNAMBUCO, 2019, p. 93)

A partir disso, o foco do projeto encontra-se na habilidade (EF67LP27PE) do Currículo de Pernambuco, a qual se refere a importância de
trabalhar características da região e localidade, valorizando aspectos culturais do lugar de origem. É adotada, portanto, a perspectiva dialógica de
ensino – tal como indica Caretta (2016), baseando-se em Bakhtin (2005) – responsável por alicerçar as práticas de ensino-aprendizagem na
escola. Segundo Caretta (2016), é indispensável o trabalho com os diversos gêneros, apreciando a relevância da multimodalidade nos eixos:
leitura; oralidade; produção textual; e análise linguística – dentro dessa concepção de ensino, a qual se ancora na interação social. Dito isso,
Mendonça (2003) reflete, acerca da implantação do PDT como

estratégia didática que integre as demandas do letramento escolar e não-escolar, a necessária abordagem interdisciplinar de
temas importantes para a formação de cidadãos éticos e responsáveis e a produção de organizações didáticas cujas seqüências
de aulas ultrapassem o tempo de uma semana, permitindo um trabalho de médio e longo prazos. (MENDONÇA, 2003, s/p)

Portanto, o projeto busca tentar romper com os traços do ensino tradicional e partir do contexto que envolve a turma para, assim, garantir o
sentido do que está sendo visto em sala.

5. Projeto Didático Temático

5.1. Habilidades Curriculares

Habilidades – BNCC

Analisar, entre os textos literários e entre estes e outras manifestações artísticas (como cinema, teatro, música,
(EF67LP27) artes visuais e midiáticas), referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas, personagens
e recursos literários e semióticos.
(EF06LP06) Empregar, adequadamente, as regras de concordância nominal (relações entre os substantivos e seus
determinantes) e as regras de concordância verbal (relações entre o verbo e o sujeito simples e composto).

Habilidades – Currículo de Pernambuco

Analisar e comparar peças publicitárias variadas (cartazes, folhetos, outdoor, anúncios e propagandas em
diferentes mídias, spots, jingle, vídeos etc.), de forma a perceber, nas suas interrelações, em campanhas, as
(EF69LP02PE) especificidades das várias semioses e mídias, a adequação dessas peças ao público-alvo, aos objetivos do
anunciante e/ou da campanha e à construção composicional e estilo dos gêneros em questão, como forma de
ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção) de textos pertencentes a esses gêneros.

Reconhecer e avaliar os efeitos de sentido devido à escolha de imagens estáticas, sequenciação ou


sobreposição de imagens, definição de figura/fundo, ângulo, profundidade e foco, cores/tonalidades, relação
(EF67LP08PE) com o escrito (relações de reiteração, complementação ou oposição) etc. em cartazes, notícias, reportagens,
fotorreportagens, foto-denúncias, memes, gifs, anúncios publicitários e propagandas publicados em jornais,
revistas, sites na internet, redes sociais etc.

Analisar, entre os textos literários, referências explícitas ou implícitas a outros textos, quanto aos temas,
(EF67LP27PE) personagens e recursos literários e semióticos, priorizando a cultura local/regional de modo a valorizar a
cultura/ o patrimônio do lugar de origem.

5.2. Sequência das aulas


TABELA 1

Unidade de Metas de Materiais/Recursos Avaliação


Conteúdos Procedimentos metodológicos CH
ensino aprendizagem didáticos Instrumentos Critérios
Leitura / - Fotografia - Ampliar o 1º momento: - Projetor - Engajamento na - Verificar se 8h
Análise conhecimento - Se apresentar como leitura houve
Linguística - Músicas acerca da cidade do estagiária e apresentar de - Piloto compreensão
Recife em seus forma geral o projeto com - Participação oral acerca de
- Notícia aspectos históricos temática da cidade do Recife. - Ficha impressa aspectos
e geográficos. - Participação na históricos,
- Poesia X Poema - Questionar se todos são - Quadro atividade dos geográficos e
- Identificar as nascidos em Recife e em qual bairros sociais do
- Tipos de problemáticas bairro nasceram, e o que - Caixa de som Recife.
substantivos sociais da cidade sabem sobre a cidade.
por meio de - Perceber se os
- Concordância notícias. - Realizar, com o uso do alunos
nominal projetor, leitura de slides com identificaram as
- Perceber a imagens de pontos da cidade, problemáticas
intertextualidade na para que percebam a sociais da cidade
música de Alceu localização geográfica e por meio de
Valença e na poesia demais aspectos. Perguntar se notícias.
de Odailta Alves. há mudanças entre as
imagens e o momento atual. - Observar se os
- Perceber a relação alunos
de concordância - Apresentar o contexto compreenderam
verbal e nominal histórico da cidade: distribuir a relação de
nos textos e os para os alunos ficha impressa intertextualidade
tipos de com informações e entre a poesia e
substantivos. características sobre Recife, as músicas.
disponível no site da
prefeitura (população, área, - Observar se a
bairros, zonas). turma apreendeu
a noção de
- Perguntar o que eles sabem concordância
sobre o bairro de Boa verbal e nominal
Viagem. Depois disso, e os tipos de
mostrar notícia do site do substantivos
Jornal do Comércio sobre a
formação da área urbana do
bairro de Boa Viagem,
juntamente com o vídeo de 2
minutos disponível no site.
(Perguntas norteadoras: 1.
Vocês sabiam de alguma
dessas informações? 2. Que
informação vocês consideram
mais interessantes?)

- Levar notícia impressa


sobre as chuvas de 1975 e
sobre as chuvas de 2022
(Perguntas norteadoras: De
que forma as chuvas afetam
nossa vida?

2º momento:
- Analisar a música “Pelas
Ruas que Andei”, de Alceu
Valença e a música “Leão do
norte”, de Lenine. Depois,
questionar se eles conhecem
as ruas e bairros citados nas
canções e o que sabem sobre
eles. Em seguida, realizar
leitura da poesia “Evocação
do Recife nº 2”, de Odailta
Alves, a fim de relacionar os
textos para que percebam a
repetição dos bairros citados
nos diferentes textos.
Questionar: 1. Quais bairros e
ruas citados nas músicas você
conhece? E na poesia? 2. O
que mais te chamou atenção
na poesia? 3. Você sabe a
diferença de poesia e poema?

- A partir disso, apresentar as


características do gênero
poema (relembrar os aspectos
formais do gênero, o ritmo,
definição de estrofes, versos,
eu-lírico); diferenciar poema
de poesia; e perceber relações
de aproximação e
divergências da obra de
Odailta Alves com as músicas
de Alceu Valença (Perguntas
norteadoras: A música de
Alceu Valença e a poesia de
Odailta tratam de que? Há
ritmo nessa poesia? Qual a
relação com a música de
Lenine?

3º momento:
- Propor dinâmica sobre os
bairros da cidade: (1. Colocar
no quadro nome de alguns
bairros de diferentes zonas da
cidade. 2. Pedir que os alunos
escolham um nome e tentem
pensar em qual zona da
cidade está localizado o
bairro. 3. A partir da
socialização, revelar as
características dos bairros, e
em seguida eles deverão
indicar as diferenças do
bairro escolhido para o bairro
de origem. 4. Levar post do
Instagram do “Recife
Ordinário” que caracteriza os
moradores de diferentes
bairros do Recife).

- Indicar, após isso, a


necessidade do uso de letras
maiúsculas em substantivos
próprios (Nome de cidades,
bairros, ruas, avenidas, assim
como os nomes próprios).

- Apresentar regras de
concordância nominal e
verbal a partir de trechos da
poesia e das músicas.

TABELA 2

Unidade de Metas de Materiais/Recursos Avaliação


Conteúdos Procedimentos metodológicos CH
ensino aprendizagem didáticos Instrumentos Critérios
Leitura/ - Propaganda - Identificar 1º momento: - Projetor - Participação oral - Verificar se os 8h
Análise características do - Levar imagens impressas de alunos
Linguística - Modo gênero propaganda duas propagandas que - Piloto compreenderam
imperativo e seus elementos de abordam o turismo na cidade as características
persuasão. do Recife. (Perguntas - Ficha impressa do gênero
- Lambe-lambe norteadoras: 1. Qual a função propaganda.
- Perceber o modo que essas imagens têm? 2. De - Quadro
- Reportagem imperativo nas que forma o texto imagético e - Analisar a
propagandas. escrito contribuem para a compreensão
finalidade destes cartazes? 3. dos alunos
- Compreender os O que compõe uma referente ao
aspectos gerais do propaganda?) modo
gênero reportagem. imperativo e os
- Expor as características do demais recursos
gênero propaganda linguísticos dos
(persuasão, verbos no gêneros.
imperativo, público-alvo,
contexto de produção). Em
seguida, questionar os alunos: - Observar se os
Quais elementos existem nas alunos
imagens mostradas que compreenderam
revelam que se tratam de aspectos gerais
propagandas? De que formas do gênero
podemos encontrar reportagem.
propagandas no nosso dia a
dia? (possíveis respostas: na
televisão, na internet,
panfletos, cartazes)
Você já viu pelas ruas
imagens coladas em paredes,
postes ou ônibus?

- Introduzir o gênero lambe-


lambe, a partir de imagens de
propagandas encontradas em
muros. Indicar que isso se
trata de um lambe-lambe.
Depois, levar notícia do
Jornal do Comércio falando
sobre a proibição e possível
multa aplicada aos
responsáveis pela colagem
dos lambe-lambe. (Perguntas:
você acha que é errado
espalhar lambe-lambe pela
cidade? E as propagandas?
Existe alguma lei que
regulamente isso?

2º momento:
- Levar reportagem impressa
sobre os lambe-lambe do
movimento “lambes brasil”,
para que os alunos percebam
a diferença entre reportagem
e notícia. Acrescentar notícia
impressa sobre show de Mc
Cabelinho, artista favorito da
turma, na cidade do Recife,
para ampliar a visualização
de uma notícia. (Perguntas
norteadoras: Esse texto se
trata de uma notícia ou
reportagem? Por que?

- Definir de forma geral o


gênero reportagem,
mostrando os elementos
próprios do gênero (título,
entrevista, opinião,
informação, descrição), de
forma que os alunos
identifiquem esses aspectos
na reportagem dos lambe-
lambe. Depois, apontar as
características do gênero
notícia de forma mais
aprofundada. (uso de título,
descrição, uso da 3ª pessoa e
da impessoalidade). Ao final
da definição dos gêneros,
perguntar: Comparando a
reportagem e as notícias,
quais aspectos são comuns e
diferentes entre eles?

- Mostrar um roteiro de
reportagem e indicar que a
produção textual deles será
uma notícia em formato de
post para o Instagram.

TABELA 3

Unidade de Metas de Materiais/Recursos Avaliação


Conteúdos Procedimentos metodológicos CH
ensino aprendizagem didáticos Instrumentos Critérios
- Variedade - Perceber a 1º momento: - Projetor - Participação de - Verificar se os 2h
Oralidade / linguística variedade - Iniciar perguntando: Que trabalho em grupo alunos
Análise linguística própria outros aspectos regionais nós - Piloto apreenderam
linguística - Regionalidade da cidade. temos em recife? (danças, - Participação oral aspectos
ritmos, culinária, clima) E a - Ficha impressa referente a
- Expressões - Identificar o uso língua é um deles? Que variedade
culturais expressões e características referentes ao - Quadro linguística
jargões. falar recifense é possível própria da
- Uso de perceber? cidade.
pontuação
- Compreender - Levar expressões próprias - Perceber se os
- Jargões variações próprias do estado de Pernambuco, em alunos
da fala e a comparação com outros apreenderam o
- Fala X escrita diferenciação em estados. (Por que vocês uso de
relação à escrita. acham que nós falamos e nos expressões e
expressamos dessa forma?) jargões.
- Atentar para o uso
de pontuação. - Escrever no quadro a - Verificar se
evolução do termo “Vossa houve
Mercê” até o atual “vc” ou compreensão em
“cê”. (Por que essa mudança relação a
ocorre?) diferenciação da
Explicar que o diagrama fala e escrita.
mostra as mudanças que a
forma de tratamento “você” - Observar se
vem passando ao longo dos houve
séculos. “Vossa Mercê” era compreensão
como as pessoas se tratavam acerca do
lá em Portugal, no século XV, recurso de
de onde vem nossa Língua pontuação.
Portuguesa.

- Perguntar aos alunos se eles


conhecem alguém de outra
região do Estado ou mesmo
do país. (Existe diferença na
fala? Quais?)
- Pedir que a turma se divida
em duplas ou trios para
realizar a leitura silenciosa de
“Auto da Compadecida” e “O
Pagador de Promessas”.

- Solicitar que prestem


atenção nos personagens e em
suas formas de falar e que
tentem perceber, no texto
escrito, diferenças no jeito de
falar entre os personagens e
na forma como se tratam.
Após isso, pedir que dois ou
três alunos interpretem de
forma oral as falas dos
personagens.

- Indicar a diferença entre fala


e escrita, demonstrando o uso
de pontuações como
exclamações, reticências, e
como isso e dá na fala
(entonação, gesticulação).

- Mostrar a cena em vídeo


dos respectivos textos lidos
de forma impressa e solicitar
que os alunos anotem as
expressões e falas dos
personagens: João Grilo, Zé e
o Padre. (Perguntas
norteadoras: 1. Que
personagens você acha que
fala corretamente? 2. Existe
falar certo ou errado? 3. Em
nossa sociedade quem fala
mais certo e errado?”

- Indicar a definição de
variedade linguística e o
preconceito linguístico.

- Propor reflexão final


(Perguntas norteadoras: 1.
Você já reparou que nos
telejornais a variação
linguística da região nordeste
não é falada? 2. Por que você
acha que a nossa forma de
falar não chega nos veículos
de comunicação em massa?

TABELA 4

Unidade de Metas de Materiais/Recursos Avaliação


Conteúdos Procedimentos metodológicos CH
ensino aprendizagem didáticos Instrumentos Critérios
Produção - Roteiro de - Utilizar a norma - Levar exemplos de posts de - Projetor - Participação em - Verificar se 2h
textual notícia padrão da língua notícias no Instagram de grupo houve o uso
portuguesa. contas voltadas à cidade do - Ficha impressa correto da
- Publicação em Recife. - Participação oral norma padrão
rede social - Atentar para a no texto da
impessoalidade do - Levar um roteiro impresso notícia.
gênero notícia. como modelo para a
produção da notícia. Pedir - Identificar se
- Compreender que eles sigam o roteiro na houve
aspectos do roteiro. hora da construção do texto. impessoalidade
no texto.
- Produzir notícia - Distribuir imagens diversas
para rede social. e dividir a turma em 5 grupos - Analisar se os
de 6 alunos. Cada grupo alunos
receberá uma imagem respeitaram os
diferente e deverá criar uma critérios do
notícia utilizando a imagem roteiro para a
como base e com o auxílio do produção da
roteiro parta montar a notícia.
estrutura do gênero. Os
grupos também receberão
uma folha final que será o
template do layout do
Instagram, que terá um
espaço em linhas para a
escrita da notícia.

- Ao final, será feita a


exposição em sala de aula e
um momento de culminância
e feedbacks sobre as aulas da
regência.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
CARETTA, A. A. Projetos temáticos no ensino dialógico-discursivo da língua portuguesa. Linha D'Água (Online), São Paulo, v. 29, n. 1, p.
103-118, jun. 2016. Disponível em: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2236-4242.v29i1p103-118. Acesso em: 18 de agosto de 2023.
ROJO, R; ALMEIDA, E. M. Multiletramentos na Escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
MENDONÇA, M. Integrando leitura, produção de texto e análise linguística na formação para a cidadania. Disponível em:
http://www.construirnoticias.com.br/projetos-tematicos/. Acesso em: 18 de agosto de 2023.

PERNAMBUCO. Secretaria de Educação e Esportes. Currículo de Pernambuco: ensino médio. Área de Linguagens. Recife: A Secretaria,
2019. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/novo-ensino-medio/pdfs/copy_of_RCSEEPE.pdf . Acesso em: 09 de agosto de 2023.

SUASSUNA, L. O projeto didático: forma de articulação entre leitura, literatura, produção de texto e análise linguística. In: BUNZEN, C;
MENDONÇA, M. (org.). Português no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 227-244.
Anexo 1 (slides)
Anexo 2 (Ficha 1)

Contexto histórico e formação da cidade do Recife

História
A origem do Recife remonta à terceira década do Século XVI, quando era uma estreita
faixa de areia protegida por uma linha de arrecifes que formava um ancoradouro. Devido as
suas características físicas favoráveis, o local passou a abrigar um porto. E no entorno dele,
que servia a Vila de Olinda, formou-se um povoado com cerca de 200 habitantes, em sua
maioria, marinheiros, carregadores e pescadores. O assentamento ocupava a península
correspondente ao que é hoje o Bairro do Recife.
Por se tratar de região portuária, a atividade comercial desenvolveu-se rapidamente
impulsionando o crescimento do povoado. E em 1537, a constituição da Vila do Recife é
registrada. No século XVII, com o desenvolvimento econômico da colônia, o porto prosperou
favorecendo a expansão da vila que toma forma de cidade. A atividade açucareira também
cresceu e as margens dos cursos d’água passaram a serem ocupadas por engenhos e
casebres, enquanto os rios tornaram-se caminhos navegáveis para transporte dos produtos.
Em 1630, Olinda, então centro da capitania, é invadida e incendiada por holandeses.
Contudo, os invasores se estabeleceram nas terras baixas do Recife, seja porque o sítio de
Olinda não favorecia aos seus interesses militares e comerciais, seja pela semelhança do
Recife com a Holanda. Desse modo, colonos, soldados, habitantes de Olinda e imigrantes
judeus iniciaram a ocupação da Vila do Recife.
A partir do Século XVIII, o desenvolvimento da cidade se apóia no comércio externo e a
urbanização portuguesa incide predominantemente sobre o antigo território holandês, de forma
espontânea, caracterizada por ruas estreitas, que se abrem em pátios onde se destaca a
construção religiosa.No Século XIX, a cidade já apresenta um tecido densamente urbanizado
que corresponde ao atual centro histórico surgido dos aterros das áreas alagadas e mangues,
a partir da ocupação holandesa.

Formação Administrativa
A povoação do Recife surgiu em 1561 passando, no ano de 1637, sob domínio
holandês a denominar-se Maritzstad (Mauricéia), em homenagem a Maurício de Nassau.
Elevada à categoria de vila com a denominação de Recife, por Carta Régia de 1911-1709.
Instalada em novembro de 1771. Pela Resolução de 31-07-1817, e Lei Municipal n.º 1, de 06-
04-1892, é criado o distrito de Poço de Panela e anexado a vila de Recife. Por Alvará de 25-
08-1789, é criado o distrito de Santo Antônio e anexado à vila de Recife. Pela Lei Provincial n.º
173, de 20-11-1846, é criado o distrito de Várzea e anexado a Vila de Recife. Distrito criado
com a denominação de Recife, por Alvará de 20-03-1772, e Lei Municipal n.º 1, de 06-04-1892.
Elevado à condição de cidade e sede municipal, por Carta Imperial, de 05-12-1823.
Elevado à Capital do Estado, por Portaria, de 29-12-1825, confirmado pela Resolução
de 15-02-1827. Pela Lei Municipal n.º 1, de 06-04-1892, foram criados os seguintes distritos:
Afogados, Boa Vista, Encruzilhada, Graças, Poço da Panela, Santo Amaro, São Frei Pedro
Gonçalves e São José e anexados ao município de Recife.
Pela Lei n.º 8, de 28-06-1893, é criado o distrito de Peres e anexado ao município de Recife.
Pela Lei n.º 95, de 27-04-1896, foram criados os distritos de Madalena e Torre e anexados ao
município de Recife. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é
constituído de 14 distritos: Recife, Santo Antônio, 1º e 2º distritos de São José, 1º e 2º distritos
de Boa Vista, 1º e 2º distritos da Graças, 1º, 2º e 3º distritos Afogados, Torre, Poço da Panela e
Várzea. Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 1-IX-1920, o município
aparece constituído de 18 distritos: Recife, Afogados, Boa Vista, Caxangá, Graças, Ilha
Fernando de Noronha, Ilhas do Pina, Madalena, Areias, Nogueira, Peres, Poço da Panela,
Pombal, Santo Amaro, Santo Antônio, São José, Torres e Várzeas. Pela Lei Estadual n.º
1.931, de 11-09-1928, Recife adquiriu os distritos de Tigipió e Beberibe, respectivamente, dos
municípios de Jaboatão e Olinda.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído por 10
distritos: Recife, Afogados, Beberibe, Boa Vista, Graças, Poço (ex-Poço da Panela), Santo
Antônio, São José, Tigipio e Várzea. Em divisão territorial datada de 31-XII-1936, o município é
constituído de 4 distritos: Recife, Boa Vista, Afogados e Graças. Em divisão territorial datada
de 31-XII-1937, o município é constituído de 5 distritos: Recife, Fernando de Noronha, Boa
Vista, Afogados e Graças. Pelo Decreto-lei Estadual n.º 92, 1938, o município de Recife figura
unicamente do distrito sede, entretanto, abrange 10 zonas: Recife, Santo Antônio, São José,
Afogados, Boa Vista, Graças, Poço, Várzea, Tejipió e Beberibe. Pelo Decreto-lei Federal nº
1.402, de 09-02-1942, desmembra do município de Recife o distrito de Fernando de Noronha.
Elevado à categoria de Território Federal.
Pelo Decreto-lei n.º 324, de 31-07-1942, o município de Recife ficou dividido em 4 sub-
distritos: 1º Recife, Santo Antônio e São José; 2º Boa Vista, Santo Amaro, Graças e
Encruzilhada; 3º Afogados, Madalena, Tejipió e Boa Viagem; 4º Poço, Casa Amarela, Várzea e
Beberibe. Em divisão territorial datada de I-VII-1960, o município é constituído do distrito sede
e se compõem de 15 zonas administrativas: Recife, Boa Vista, Santo Amaro, Graças,
Encruzilhada, Afogados, Madalena, Tejipió, Boa Viagem, Poço, Casa Amarela, Várzea,
Beberibe, Santo Antônio e São José. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-1-
1979. Pela Constituição Federal de 1988, o território de Fernando de Noronha foi extinto e sua
área reincorporada ao Estado de Pernambuco.
Em divisão territorial datada de 1988, o município é constituído do distrito sede e se
compõem de 15 zonas administrativas: Recife, Boa Vista, Santo Amaro, Graças, Encruzilhada,
Afogados, Madalena, Tejipió, Boa Viagem, Poço, Casa Amarela, Várzea, Beberibe, Santo
Antônio e São José.

Fonte
Recife (PE). Prefeitura. 2014. Disponível em: http://www2.recife.pe.gov.br. (adaptado)

Anexo 3 (Notícia 1)

Fonte: https://especiais.jconline.ne10.uol.com.br/recifeemtransformacao/boa-viagem-de-area-rural-ao-
bairro-mais-verticalizado-do-recife/
Anexo 4 (Notícia 2)

Chuvas intensas, falta de infraestrutura e de controle urbano foram o combo que levou
Pernambuco a registrar, nesta semana, o maior desastre natural em número de mortos em
toda a sua história. Com 106 vítimas confirmadas e ainda 10 desaparecidos, até a tarde desta
terça-feira (31) - a maioria soterrada por deslizamentos de terra -, o Estado ultrapassou o
número de 104 pessoas que morreram nas cheias de 1975, quando a cidade do Recife ficou
submersa. O número foi atualizado às 15h45 desta terça, a partir da localização de corpos de
mais seis vítimas por volta das 14h pelo Corpo de Bombeiros de Pernambuco. Três pessoas
foram encontradas na Vila dos Milagres e outras três em Jardim Monteverde – nessa
localidade, os trabalhos de buscas se encerram, uma vez que todos os desaparecidos foram
encontrados. Ainda há 10 pessoas desaparecidas no Estado.

A Defesa Civil do Estado (Codecipe) também contabilizou, até a manhã de hoje, 6.198 pessoas
desabrigadas pelas chuvas. Ao todo, 24 municípios decretaram situação de emergência. O
alerta segue ligado para novos deslizamentos, já que solos ainda estão encharcados nas áreas
afetadas.

Cheia de 1975

Em 1975, mais precisamente entre a madrugada do dia 17 e o início da tarde do dia 18 de


julho, há quase 48 anos, a capital pernambucana sofreu, até então, a maior catástrofe natural
de sua história, quando houve uma devastação causada pelo transbordamento do Rio
Capibaribe. A enchente provocou a morte de mais de 100 pessoas e deixou cerca de 350 mil
desalojados, cobrindo 80% do território da cidade. Segundo laudos do Instituto de Medicina
Legal (IML), a temível cheia matou as centenas de vítimas de várias formas.

Recife ficou de joelhos perante a força da natureza. Foram 31 bairros e 370 ruas atingidas pelo
transbordamento do Rio Capibaribe, por conta das fortes chuvas. Não à toa, os bairros que
ficam na bacia do curso-d’água – Caxangá, Iputinga, Cordeiro, Casa Forte, Afogados,
Madalena entre outros – foram os mais atingidos. Ruas inteiras ficaram embaixo d’água, houve
desabamentos, milhares de flagelados, e o pior: vidas, de todas as classes sociais, foram
interrompidas.

Fonte: https://jc.ne10.uol.com.br/pernambuco/2022/05/15017762-chuvas-em-pernambuco-tragedia-em-
2022-supera-cheia-de-1975-em-numero-de-mortos.html
Anexo 5 (Poesia)

EVOCAÇÃO DO RECIFE nº 2 – Odailda Alves

(Que Manuel Bandeira me perdoe...)


Sou filha do Recife
Não da União, Aurora, Soledade...
Essas vieram-me bem depois
Nasci dos seus becos sórdidos
E escapei entre as papoulas
Que enfeitavam meus cabelos

O Recife da Violência, das Drogas


De alma desasfaltada
E coração movido à lama
Que pulsa por trás do Shopping Center

Recife sem igrejas barrocas


Teatros nem praças floridas
Recife que nem o frevo é capaz de alegrar
Dos barracos de tábuas
Onde desde cedo
Aprende-se, na marra,
A suportar a frieza do chão
E não gritar com a dor das feridas
Que santo nenhum ousa sarar

Recife dos riscos, dos restos,


Dos ratos que me atormentavam
Lugar onde baratas não assustam
O corpo só treme diante do gatilho

Recife de estômago vazio


Sem luas cheias
Sem estrelas, sem poesias
Sem canto dos pássaros
Nem árvores para brincar

Recife sem primavera


Com um mau hálito
Que violentava meus sonhos de criança
Recife que vi bem de perto
Que nunca me plantou esperanças
Um Recife que também era Antigo
Mas não aparecia na televisão
Recife desértico, árido, seco
Que mata mais que o Sertão

Recife do Coque, Ibura, Curado


De Brasília Teimosa, Guabiraba,
Linha do Tiro, Morro da Conceição
Recife de tantas Águas, Altos, Encruzilhadas
Do meu Santo Amaro das Salinas
Que nunca me abandonou
Ainda lembro-me menina
De anjo, acompanhando o seu andor:
“Ó piedoso Santo Amaro
Entoamos com fervor
Bendizemos vosso nome
Esse hino de louvor...”

O Recife que só colocava-me no colo


Quando eu corria pelos seus manguezais
Amarrava caranguejos
Para libertar minhas fantasias
E iluminava o Rio Capibaribe
E todas as suas pontes
Com gotas daquela alegria

Um Recife que está morrendo


E velo o seu corpo à distância
Ansiosa pela última pá de areia
Recife dos becos sem saídas
Sem ruas nem avenidas
Que mesmo com tanto esforço
Não me prendeu em sua teia

Um Recife que tentou


Mas não matou esse amor
Em meu peito despertado,
Recife dos meus monstros, mitos, lendas,
Tantos anos adormecido,
Acorda
Nesses versos soluçados
Teu crime não foi prescrito
Recife da minha infância
O mesmo dos meus pesadelos
Recife que aqui eu vomito!

Anexo 6 (Post de Instagram)


Anexo 7 (Propagandas)
Anexo 8 (Lambe-lambes)
Anexo 9 (Notícia 3)

Os donos de casas de shows e produtores de festas que usarem os cartazes fixados em


muros conhecidos como lambe-lambe, para divulgar seus eventos, serão multados em R$ 5,4
mil a partir do dia 1º de junho. O valor será aplicado a cada cartaz encontrado. Quem
descumprir, poderá ter o show interditado pela prefeitura. A Secretaria de Mobilidade e
Controle Urbano do Recife se reuniu, na tarde de ontem, com 29 empresários de eventos da
cidade para discutir o assunto.

No encontro, que ocorreu na Prefeitura do Recife, foi apresentada a Lei Municipal 17.521/08,
que proíbe a instalação de anúncios em vias, parques, praças, logradouros públicos, postes,
pontes, passarelas, viadutos, túneis, árvores, imóveis e passeios públicos. A prefeitura fez um
diagnóstico onde constatou que cerca de 50 casas e produtoras usam a propaganda para
divulgar seus eventos. Todos foram convidados para a reunião e receberão um documento da
prefeitura informando as decisões tomadas.

“O lambe-lambe será extinto no Recife. A lei já existe, estamos apenas fazendo a sua
aplicação”, disse o secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga. A forma como a
fiscalização será feita ainda está sendo discutida. “Fizemos reuniões com as Secretarias de
Assuntos Jurídicos e Finanças para ver a aplicação da lei”, acrescentou.
Fonte: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2013/04/30/lambe-lambes-no-recife-estao-
proibidos-a-partir-de-junho-81541.php

Anexo 10 (Roteiro de notícia)

Características e estrutura de uma notícia

A notícia é um gênero textual que pertence ao domínio jornalístico e tem como finalidade o
relato de fatos e acontecimentos tendo como referencial a realidade. Ela tem como suporte os
veículos de comunicação impresso (jornais e revistas) e as mídias digitais (redes sociais,
websites e blogs).

Assim, pelo caráter dinâmico alinhado aos acontecimentos cotidianos, podemos destacar as
seguintes características acerca do gênero notícia:

 Texto informativo com a presença de tipologias como a descrição e a narração.


 Textos curtos dadas a dinamicidade e a velocidade dos meios de comunicação na
atualidade.

 Uso da função referencial ou denotativa, isto é, predomínio do significado


entendido como original (presente nos dicionários), sem possibilidade de
plurissignificações, e texto voltado para a informação.

 A notícia é marcada pela impessoalidade (uso de 3ª pessoa), prevalecendo o


efeito de sentido de objetividade no texto (opondo-se aos efeitos de subjetividade).

 Conteúdo direcionado para fatos e acontecimentos do cotidiano, sem espaço para


ficções.

 Predominância do discurso indireto.

Do ponto de vista estrutural, a notícia organiza-se da seguinte forma:

 Título: chamada ou manchete para o conteúdo; precisa ser objetivo e trazer uma
noção do conteúdo ao leitor.

 Subtítulo: em poucos caracteres, acrescenta informações complementares ao


título.

 Lide (lead): o lide ou lead (em inglês), em termos jornalísticos, é a introdução e


apresentação do conteúdo.

 Corpo do texto: é a parte em que o jornalista detalha as informações


apresentadas ao início do texto. Ele descreve e narra com objetividade os fatos
apresentados. Nesse momento, o autor ainda pode apresentar conteúdos visuais,
como gráficos ou imagens, para trazer veracidade ao texto e mostrar
confiabilidade na informação apresentada

Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/redacao/noticia.htm

Anexo 11 (Trecho de “Auto da Compadecida”)

JOÃO GRILO - Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em


verso. Garanto que ela vem, querem ver? (Recitando).
Valha-me Nossa Senhora,
Mãe de Deus de Nazaré!
A vaca mansa dá leite,
A braba dá quando quer.
A mansa dá sossegada,
A braba levanta o pé.
Já fui barco, fui navio,
Mas hoje sou escaler.
Já fui menino, fui homem,
Só me falta ser mulher.
ENCOURADO - Vá vendo a falta de respeito, viu?
JOÃO GRILO - Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de
Canário Pardo que minha mãe cantava para eu dormir. Isso tem
nada de falta de respeito!
Já fui barco, fui navio,
Mas hoje sou escaler.
Já fui menino, fui homem,
Só me falta ser mulher.
Valha-me Nossa Senhora,
Mãe de Deus de Nazaré.
(Cena igual à da aparição de Nosso Senhor, e Nossa Senhora, a
Compadecida, entra).
ENCOURADO [com raiva surda] - Lá vem a compadecida! Mulher em
tudo se mete!
JOÃO GRILO - Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se
zangou com o verso que eu recitei?
A COMPADECIDA - Não, João, por que eu iria me zangar? Aquele é o
versinho que Canário Pardo escreveu para mim e que eu agradeço.
Não deixa de ser uma oração, uma invocação. Tem umas graças,
mas isso até a torna alegre e foi coisa de que eu sempre gostei.
Quem gosta de tristeza é o diabo.
JOÃO GRILO - É porque esse camarada aí, tudo o que se diz ele
enrasca a gente, dizendo que é falta de respeito.
A COMPADECIDA - É máscara dele, João. Como todo fariseu, o diabo
é muito apegado às formas exteriores. É um fariseu consumado.
ENCOURADO - Protesto.
MANUEL - Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer,
meu velho. Discordar de minha mãe é que não vou.
ENCOURADO - Grande coisa esse chamego que ela faz para salvar
todo mundo! Termina desmoralizando tudo.
SEVERINO - Você só fala assim porque nunca teve mãe.
JOÃO GRILO - É mesmo, um sujeito ruim desse, só sendo filho de
chocadeira!
A COMPADECIDA - E para que foi que você me chamou, João?
JOÃO GRILO - É que esse filho de chocadeira quer levar a gente para
o inferno. Eu só podia me pegar com a senhora mesmo.
ENCOURADO - As acusações são graves. Seu filho mesmo disse que
há tempo não via tanta coisa ruim junta!.
A COMPADECIDA - Ouvi as acusações.
ENCOURADO - E então?
JOÃO GRILO - E então? Você ainda pergunta? Maria vai nos
defender. Padre João, puxe aí uma Ave-Maria!
PADRE (ajoelhando-se - Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é
convosco, bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto de
vosso ventre, Jesus.
JOÃO GRILO - Um momento, um momento. Antes de respondermos,
lembrem-se de dizer, em vez de “agora e na hora de nossa morte”,
“agora na hora de nossa morte”, porque do jeito que nós estamos,
está tudo misturado.
TODOS - Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora
na hora de nossa morte. Amém.

Anexo 12 (Trecho de “O Pagador de Promessas”)


(...)
SACRISTÃO
Não sei. Um deles quer falar com o senhor.

(Adianta-se)
Sou eu, Padre.
(Inclina-se, respeitoso e beija-lhe a mão)
PADRE
Agora está na hora da missa. Mais tarde, se quiser...

É que eu vim de muito longe, Padre. Andei sete léguas...
PADRE
Sete léguas? Para falar comigo.

Não, pra trazer esta cruz.
PADRE
(Olha a cruz, detidamente)
E como a trouxe... num caminhão?

Não, Padre, nas costas.
SACRISTÃO
(Expandindo infantilmente a sua admiração) Menino!
PADRE
(Lança-lhe um olhar enérgico) Psiu!
Cale a boca!
(Seu interesse por Zé-do-Burro cresce)
Sete léguas com essa cruz nas costas. Deixe ver seu ombro. Zé -
do Burro despe um lado do paletó, abre a camisa e mostra o ombro.
Sacristão espicha-se todo para ver e não esconde a sua impressão
SACRISTÃO
Está em carne viva!
PADRE
(Parece satisfeito com o exame) Promessa?

(Balança afirmativamente a cabeça)
Pra Santa Bárbara. Estava esperando abrir a igreja...
SACRISTÃO
Deve ter recebido dela uma graça muito grande! Padre faz um gesto
nervoso para que o Sacristão se cale.

Graças a Santa Bárbara, a morte não levou o meu melhor amigo.
PADRE
(Padre parece meditar profundamente sobre a questão)
Mesmo assim, não lhe parece um tanto exagerada a promessa? E
um tanto pretensiosa também?

Nada disso, seu Padre. Promessa é promessa. É como um negócio.
Se a gente oferece um preço, recebe a mercadoria, tem que pagar.
Eu sei que tem muito caloteiro por aí. Mas comigo, não. É toma lá,
dá cá. Quando Nicolau adoeceu, o senhor não calcula como eu
fiquei.
PADRE
Foi por causa desse... Nicolau, que você fez a promessa?

Foi. Nicolau foi ferido, seu Padre, por uma árvore que caiu, num dia
de tempestade.
SACRISTÃO
Santa Bárbara! A árvore caiu em cima dele?!

Só um galho, que bateu de raspão na cabeça. Ele chegou em casa,
escorrendo sangue de meter medo! Eu e minha mulher tratamos
dele, mas o sangue não havia meio de estancar.
PADRE
Uma hemorragia.

Só estancou quando eu fui no curral, peguei um bocado de bosta
de vaca e taquei em cima do ferimento.
PADRE
(Enojado)
Mas meu filho, isso é atraso! Uma porcaria!

Foi o que o doutor disse quando chegou. Mandou que tirasse aquela
porcaria de cima da ferida, que senão Nicolau ia morrer.
PADRE
Sem dúvida.

Eu tirei. Ele limpou bem a ferida e o sangue voltou que parecia uma
cachoeira. E que de que o doutor fazia o sangue parar? Ensopava
algodão e mais algodão e nada. Era uma sangueira que não acaba
mais. Lá pelas tantas, o homenzinho virou pra mim e gritou: corre,
homem de Deus, vai buscar mais bosta de vaca, senão ele morre!
PADRE
E... o sangue estancou?

Na hora. Pois é um santo remédio. Seu vigário sabia? Não sendo de
vaca, de cavalo castrado também serve. Mas há quem prefira teia
de aranha.
PADRE
Adiante, adiante. Não estou interessado nessa medicina.

Bem, o sangue estancou. Mas Nicolau começou a tremer de febre e
no dia seguinte aconteceu uma coisa que nunca tinha acontecido:
eu saí de casa e Nicolau ficou. Não pôde se levantar. Foi a primeira
vez que isso aconteceu, em seis anos: eu saí, fui fazer compras na
cidade, entrei no Bar do Jacob pra tomar uma cachacinha, passei
na farmácia de “seu” Zequinha pra saber das novidades - tudo isso
sem Nicolau. Todo mundo reparou, porque quem quisesse saber
onde eu estava, era só procurar Nicolau. Se eu ia na missa, ele
ficava esperando na porta da igreja…
PADRE
Na porta? Por que ele não entrava? Não é católico?

Tendo uma alma tão boa, Nicolau não pode deixar de ser católico.
Mas não é por isso que ele não entra na igreja. É porque o vigário
não deixa.
(Com grande tristeza)
Nicolau teve o azar de nascer burro... de quatro patas.
PADRE
Burro?! Então esse... que você chama de Nicolau, é um burro?! Um
animal?!

Meu burro... sim senhor.
PADRE
E foi por ele, por um burro, que fez essa promessa?

Foi... é bem verdade que eu não sabia que era tão difícil achar uma
igreja de Santa Bárbara, que ia precisar andar sete léguas pra
encontrar uma, aqui na Bahia...
BONITÃO
(Que assistiu a toda a cena, um pouco afastado, solta uma
gargalhada grosseira) Ele se estrepou.
Padre Olavo olha-o, surpreso, como se só agora tivesse
notada a sua presença. Bonitão pára de rir quase de súbito,
desarmado pelo olhar enérgico do padre.

Mas mesmo que soubesse, eu não deixava de fazer a promessa.
Porque quando vi que nem as rezas do preto Zeferino davam jeito...
Anexo 13 (Posts de Notícia)
Anexo 14 (Template do Instagram)

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