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Curso: Letras Inglês licenciatura

RGM:27054616
Instituição: Cruzeiro do sul
Disciplina: Estágio curricular supervisionado em língua inglesa.
Nome: Maira Esteves Machado
Ano/Semestre: 2023.2
Horas realizadas: 200h
Caracterização da escola:
Nome da escola: EMEF Monteiro Lobato
Endereço: Av. Paula Ferreira, 2653 - Vila Pereira Barreto
Dependência Administrativa: Pública
Ano e nível escolar observado: 7° ano

Estrutura da escola: Escola opera em uma organização modular, cada disciplina tem
uma sala específica e os alunos estudam por 12 dias um módulo com apenas um professor do
módulo correspondente. salas são amplas equipadas com data show, dois ventiladores, uma
caixa de som e uma lousa negra de giz. Dentro da sala onde ocorrem as aulas de inglês há
muitos livros paradidáticos, dicionários e livros de atividades relacionados ao idioma. A
escola conta com um pátio onde também realizam as aulas educação física e uma ampla
cantina onde é fornecido o jantar para os alunos.
Espaços oferecidos pela escola: Cada sala é utilizada por uma disciplina diferente, e
cada uma delas é equipada com os instrumentos necessários para o desenvolvimento de cada
disciplina. Dispondo de bibliotecas no interior das salas, datashow em cada sala, sala de
computação onde os alunos aprendem os passos básicos da informática. No corredor
principal a escola dispõe de um piano que pode ser utilizado livremente pelos alunos.
Os relatos que serão descritos neste documento se deram com base em observações
diárias das atividades da professora responsável em ministrar aulas de língua inglesa para
alunos do 7º. Foram observadas 150h em sala, sendo 2 horas destinadas à plantão de dúvidas
e 4h de conteúdo teórico. A escola propõe um modelo diferenciado de disposição escolar. A
escola em questão estabelece ciclos de aprendizagem que duram 12 dias, se o aluno é
aprovado ele é encaminhado para um novo ciclo de aprendizagem, se o mesmo é retido volta
a realizar o mesmo ciclo com uma turma diferente. Cada ciclo ofertado corresponde a uma
matéria a ser realizada pelo aluno, as únicas disciplinas oferecidas que não são estabelecidas
em um período cíclico de 12 dias são, informática, educação física e produção textual, o
modelo descrito aparenta está bem consolidado sendo aceito tanto pelos professores quanto
pela comunidade discente. A estrutura de separação de matérias por ciclos corrobora
positivamente para o melhor desempenho do aluno, tendo em vista que boa parte do corpo
discente é composto por pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar na idade ideal e
voltam a ocupar as carteiras escolares em uma dupla jornada de trabalho e estudo. A
disposição cíclica possibilita que o aluno se concentre em um tópico por vez, se dedicando
por 12 dias á uma matéria específica e seus tópicos abordados, é possível salientar que tal
estrutura auxilia em um combate a evasão escolar, possibilitando que o aluno se prepare para
acompanhar um ciclo por vez.
Referente a coordenação e a gestão escolar, a instituição é bem aberta a estagiários e a
comunidade externa, muito receptiva à pesquisas e investidas da comunidade externa, que
oferecem workshops, palestras e acompanhamento no desenvolvimento de projetos pessoais
dos alunos. Mesmo sendo uma escola pública a gestão escolar como um todo se organiza com
o intuito de proporcionar para seu corpo discente constituídos por jovens e adultos,
festividades culturais que correspondem a experiência escolar como um todo, no período do
meu estágio pude observar organização para celebração da festa junina, halloween e a semana
da consciência negra. Tais organizações demonstram uma preocupação da gestão escolar não
apenas com o que é teórico mas também demonstra a valorização de um capital cultural.
Durante minhas observações acompanhei a aula de uma única professora, a qual era
responsável por lecionar o ciclo de língua inglesa, os tópicos abordados se repetiam pelo
modelo institucionalizado pela escola, então no início do ciclo os alunos aprendiam o
presente do verbo to be, pronomes,dias da semana, meses do ano e alguns vocábulos simples
para a formação de frases. Ao fim do ciclo os Alunos revisaram rapidamente o verbo to be,
dias da semana e os meses e adentraram no passado do verbo to be. A professora titular em
questão era uma senhora e aparentava já ter idade suficiente para se aposentar, se apresentava
em sala com uma postura séria e até mesmo ríspida para com os alunos, durante minhas
observações em sala presenciei a mesma se exaltar com alguns alunos por motivos de faltas
ou por terem dúvidas que “já haviam sido explicadas”. No texto o papel da língua estrangeira
da professora e mestra Sandra Moreira, é citado uma contradição intrínseca no aprendizado
da língua um questionamento de como aprender Inglês se muitas vezes o aluno mal sabe o
protuguês sua língua nativa, além de questionamentos sobre a utilidade desse aprendizado,
tópicos que de acordo com a autora devem ser sublimados pelo professor, quem deveria
defender sua escolha profissional assim como deixar claro para os alunos de que não há
apenas um Inglês falado no mundo e sim uma variedade de possibilidades não só de fala,
como de escrita e leitura. Entretanto tal postura não era apresentada em sala pela professora
regente, a mesma constantemente reforçava que não era possível aprender a língua inglesa
com defasagem em tópicos cruciais da língua portuguesa, dúvidas que a mesma não se
dispunha em sanar por não tratar de um tópico de sua disciplina. Seus exercícios e atividades
propostas eram bastante arcaicos e todos pautados na tradução, neste contexto das aulas as
atividades descritas por Sandra Moreira como habilidades comunicativas não eram
trabalhadas de nenhuma forma, as aulas eram todas expositivas e após o ensino teórico os
alunos realizavam atividades sobre o conteúdo e eram orientados a traduzir cada frase. As
habilidades como writing, reading e speaking não foram ofertadas em nenhum momento
durante a minha presença em sala, a mesma dispunha de tecnologias em sala que viabilizaram
o desenvolvimento das tais capacidades, porém o datashow era utilizado para exibir vídeos do
tópico já abordado pela mesma em suas aulas expositivas.
No texto o papel da língua estrangeira, Moreira ao estabelecer os preceitos do
documento das OCEMs diz que não basta fazer uso das ferramentas tecnológicas de ponta
mas que o acesso a esses equipamentos precisam ser acompanhados de estratégias que
possibilitem o surgimento de sujeitos-produtores deste novo contexto comunicativo. Ou seja,
quando a professora regente faz uso de tal tecnologia descrita acima não há nenhuma
proposta que de fato inclua o aluno como um outro produtor mas sim um outro espectador,
sendo exposto pela segunda vez a um tópico que muitas vezes sequer compreende de fato.
O planejamento para as aulas consistem no tópico a ser abordado, podendo variar
entre “present simple” “days of the week”, “months of the year” “ numbers: cardinal and
ordinal”, o tópico é sempre explicado de maneira expositiva e não estabelece uma relação
direta com o aluno. Ao discorrer sobre planejamento Moreira cita sua importância para além
do organizacionais, nos esclarece que planejar também é um ato político-ideológico que
traduz como vemos o mundo ao nosso redor e como nos posicionamos diante dele. De acordo
com este eixo os planos de aula da disciplina descrita acima não parecem contemplar a
potencialidade que um plano de aula pode ter, porém a escola em si com seu projeto político
pedagógico busca por o aluno no centro, chegando até mesmo a propor uma nova lógica de
disposição de disciplinas visando o melhor manejo do aluno, podemos compreender esta
tomada de decisão como um ato político que visa proporcionar que este discente possa vir a
concluir seus estudos.
Em momentos muito específicos a professora titular faz uso da língua inglesa, só é
utilizada em apresentação de verbos, introdução aos meses, dias da semana e numerais. As
atividades são lidas em inglês porém apenas uma vez presenciei a professora pedindo para
que os alunos repetissem algum tipo de vocabulário para treinar a pronúncia, muitos ficavam
envergonhados e resistentes aos pedidos de reprodução de vocábulos. Em alguns momentos a
professora utiliza de ironia ao corrigir um aluno e não demonstra muita paciência nas
variações sonoras que algumas pessoas apresentam ao reproduzir uma palavra, o que pode
levar a um ciclo sem fim de inibição e vergonha.
Durante a preparação do material didático utilizado em determinadas aulas pelo
professor, não há nenhum sinal de ligação com um aspecto cultural ligado a língua inglesa ou
até mesmo algo que se utilize do conhecimento de mundo do aluno, quando algo do universo
discente é retratado na aula ironicamente, corriqueiramente para “corrigir” uma palavra
estrangeira que o docente em questão toma como “errada”. No que tange aos aspectos
culturais, a gestão pedagógica trata de celebrar e decorar as salas e a escola para as
festividades, raramente presenciei explicações sobre o que tais festividades simbolizam, sua
história e consolidação.
Se faz também importante salientar que o material oferecido para os alunos, têm como
base estimular a tradução dos alunos. Os recursos oferecidos são muito tradicionais e seu
acesso se dá pela cópia de slides exibidos pela professora. Ao citar LEFFA,2007, Moreira
afirma que os objetivos de aprendizagem devem ser pautados no que o aluno deve alcançar
sobre sua própria perspectiva e não do material desenvolvido, afirmativa que não parece se
relacionar com a prática observada os interesses dos alunos não são postos em consideração
para a construção de um material relevante.
As avaliações se dão com base na correção de cadernos, para averiguar se o aluno
copiou todos os tópicos seguidos de uma prova com consulta, composta por questões já
exemplificadas no caderno, o que não possibilita ao aluno aprendizado algum, tudo parece ser
um copia e cola para justificar uma nota ao final de um ciclo.
Em suma alguns eixos teóricos foram utilizados para compreender e contrastar teoria
e prática, e talvez um dos apontamentos que se fez mais relevantes foi na importância de
encarar algo como um ato político-ideológico, no texto em questão o tema estava relacionado
a construção do planejamento, mas proponho aqui uma extensão desse fazer
político-ideológico para o ato de lecionar, muitos docentes acreditam que seu tempo de
carreira ou de casa constituem uma boa prática, mas se faz necessário a atualização não
apenas atualização tecnológica de determinado profissional, mas de seus valores o os porquês
de se manter onde está, acredito que como professores podemos ter influência direta em
como os alunos olharam com interesse para um tópico abordado e até mesmo como eles se
relacionam com a disciplina ofertada. É necessário um comprometimento naquilo que nos
propomos a fazer, assim como acreditar que nossa prática tem influência direta no corpo
discente.

Bibliografia:
O papel da lingua estrangeira : Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
LIMA, Diógenes C. (org.). Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: conversas com
especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Estratégias de Ensino, volume 11)
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Planejamento de Atividades em Língua Inglesa:Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Richards, J. C. Planejamento de Metas e Objetivos em Programas de Idiomas. Trad. Rosana
Sakugawa Ramos Cruz Gouveia. São Paulo: Special Book Services Livraria, 2003. (Portfólio
SBS: reflexões sobre o ensino de idiomas, 1).
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
Princípios para Seleção e Análise de Materiais Didáticos:Profa. Ms. Sandra Regina F.
Moreira
LEFFA, Vilson (org.). Produção de materiais de ensino: teoria e prática. 2 ed. rev. Pelotas:
Educat, 2007. (E-book). Disponível em:
http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/Producao_materiais_2ed_completo.pdf Acesso:
24/06/2015.
FERRO, Jeferson (org.). Produção e avaliação de materiais didáticos em língua materna
e estrangeira. Curitiba: Intersaberes, 2013. (Coleção Metodologia de Ensino de Língua
Portuguesa e Estrangeira; v.4) (E-book). Disponível em:
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582125151/pages/-2
Acesso: 24/06/2015.

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