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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
ESCOLA DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

THAMYRES BARRETO DE OLIVEIRA BARROCO

O LETRAMENTO EM LÍNGUA PORTUGUESA NO PRIMEIRO SEGMENTO DO


ENSINO FUNDAMENTAL (5º ANO)

Santa Maria Madalena/RJ


2022
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THAMYRES BARRETO DE OLIVEIRA BARROCO

O LETRAMENTO EM LÍNGUA PORTUGUESA NO PRIMEIRO SEGMENTO


DO ENSINO FUNDAMENTAL (5º ANO)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Licenciatura em Pedagogia do
Centro de Ciências Humanas da UNIRIO,
como requisito para obtenção do grau de
Pedagogo.

Orientador: Lenice Gomes Pereira

Santa Maria Madalena/RJ


2022
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RESUMO

Este estudo tem como objetivo investigar as práticas pedagógicas utilizadas no processo de
letramento de Língua portuguesa no ensino fundamental de primeiro segmento (5º ano) para
melhor entender o motivo dos alunos de ensino fundamental não completarem o letramento
esperado. Justifica-se por entender a necessidade de melhor compreensão acerca do
desenvolvimento do processo de letramento no ensino fundamental que deixam marcas na
habilidade linguística dos alunos. A metodologia encontra-se voltada para uma abordagem
qualitativa, levantamento bibliográfico, que compreendeu aspectos investigativos imprescindíveis para
a compreensão da temática estudada. Utilizou-se site de busca online e também livros de autores
renomados sobre o tema em estudo. Como resposta à pesquisa, conclui-se que o letramento é um
processo de aprendizagem que leva tempo na vida da criança, mas que precisa atingir níveis,
de acordo com fases do ensino aprendizagem, como no caso da alfabetização completa até o
final do primeiro segmento do ensino fundamental, mas nem sempre isso acontece, havendo
um número alto de alunos que ainda leem ou escrevem com dificuldades ao chegarem ao 5º
ano. Se faz necessário que o professor utilize estratégias criativas, que valorize o contexto
sociocultural de vida do aluno, motivando-o à descoberta do significado do que está lhe sendo
proposto a escrever e ler, bem como, utilizar a tecnologia, pois a mesma se faz presente na
vida do discente, levando-o a encontrar códigos durante a prática da leitura e escrita que
representem formas para sistematizar e assimilar o processo cognitivo.

Palavras-chave: Letramento. Língua Portuguesa. Ensino Fundamental. Quinto Ano.

1 INTRODUÇÃO

O objeto dessa pesquisa encontra-se voltado para o estudo sobre “O Letramento em


Língua Portuguesa no Primeiro Segmento do Ensino Fundamental (5º Ano) ”. Aprender a ler
e escrever é um processo que contêm fases. Estas fases podem ser divididas de acordo com o
nível alcançado e pode ser chamado de processo de letramento. Este processo se inicia na
alfabetização com o conhecimento das letras e vai até o nível de “letrado”, que entende-se ser
a classificação dada ao indivíduo que tem as habilidades possíveis para a leitura, a escrita e o
entendimento do texto, o qual chega ao letramento. Há o entendimento de que a aquisição das
habilidades para o letramento acontece por meio das aulas de Língua Portuguesa
desenvolvidas sob um planejamento específico, com atividades contextualizadas,
culturalmente diversificadas, com análises de linguagens e com o envolvimento do enfoque
crítico, ético, social e pós-moderno.
No entanto, o processo de letramento exige trabalho direcionado com textos
interdisciplinares, que versam sobre temas diversificados que se estende as disciplinas que
compõem o currículo da escola. Assim, percebe-se que o aluno que não lê, não escreve e não
compreende bem o seu idioma, não alcançará meios de compreensão de matemática, de
ciências ou de outras disciplinas. Cabe aqui registrar que nos últimos anos, a escola vem
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sofrendo avaliações diagnósticas em larga escala, desenvolvidas pelo Instituto Nacional de


Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) do Ministério da Educação e
Cultura (MEC), por meio da Prova Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica
(SAEB) para verificação do ensino que envolve o letramento, por meio de exames avaliativos
realizados pelos estudantes. Estes exames avaliativos analisam a qualidade do ensino
oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários
socioeconômicos. A partir dos resultados é produzido o Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB). O IDEB é calculado por meio das notas da Prova Brasil de
português e de matemática
Sendo assim, constata-se que a medição da qualidade do aprendizado nacional por
níveis é verificada por meio da Prova Brasil para as proficiências de português e de
matemática, sendo que neste estudo se mencionam as proficiências em português por
considerar o objeto da pesquisa.
Com base nessa idealização foram definidas metas para o sistema de ensino nacional
que estão sendo monitoradas pelo IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica no
Brasil), mas que configura um desafio a ser alcançado durante um ano letivo.
Entretanto, a meta para o ano de 2021 no Ensino Fundamental é de 6,0 para os anos
iniciais e 5,5 para anos finais. O ensino de língua portuguesa precisa alcançar os objetivos
desejados para o letramento. (BRASIL, 2016b). Pensa-se que para se alcançar esta meta
necessita-se de estratégias inovadoras para os processos de ensino e de aprendizagem para
ministrar aulas de Língua Portuguesa. Pois, o ensino mecanizado leva o estudante a se afastar
da leitura e da escrita, consequentemente do idioma brasileiro. O conhecimento gramatical é
fundamental para a escrita, no entanto fez o ensino da língua portuguesa perder o foco e
afastar-se da capacidade de letramento que é a desejada para o aluno pela escola.
O uso do idioma correto e dinâmico produz caminhos para outros saberes e conduz a
um elo de interligação sociocultural e comunicativo entre os falantes. Ensinar língua
portuguesa não é transmitir conhecimento sobre o idioma ao estudante e este ir à escola.
Ensinar é formar o estudante com o sentido de indivíduo, um leitor capaz de entender o que lê
de forma crítica; informar-se sobre o tema; debater em grupo baseado em conhecimentos
adquiridos com a leitura; ou seja, o indivíduo com competência linguística diante de uma
pessoa ou de uma plateia.
O desafio do ensino da Língua Portuguesa é fazer o letramento absoluto do indivíduo.
A palavra letramento é usada para definir o processo de alfabetização completa pela qual um
indivíduo passa desde a educação infantil até o último nível de ensino. Nesse contexto, o
ensino da Língua Portuguesa adquiriu visão ampla da formação, ao considerar o ensino
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constante, isto é sem fim, pois o indivíduo se mantém em aprendizagem enquanto leitor ativo,
durante ou depois da escola, com abandono das formas de aprendizagem mecanicistas, de
tradicionalista da leitura, da escrita e da abrangência de novas possibilidades de encontrar o
caminho para a percepção sensorial das estruturas linguísticas utilizadas na comunicação.
A mudança no procedimento dos processos ensino-aprendizagem vem ocorrendo no
ensino de Língua Portuguesa no Brasil. As escolhas de novos paradigmas com teóricos
instrucionais estão em transformação desde o século XX até agora, século XXI, em ritmo
constante de acordo com as próprias evoluções humanas. Os paradigmas com objetivos
passaram do simples ensino-aprendizagem para a importante compreensão cognitivista com
interação sociocultural e comunicativa entre o homem e a escrita, impulsionada pelas
inovações tecnológicas ao invés de ensinar os códigos alfabéticos.
Por isso, as funções da língua materna e o modo operacional de ensino-aprendizagem
de Língua Portuguesa num paradigma sociolinguístico e cultural, serão motivações para base
deste estudo, pois é nas práticas de sala de aula, nas aulas de Língua Portuguesa que se
encontra a estrutura do letramento, e esta pesquisa vai analisar esta estrutura no ensino
fundamental de primeiro segmento.
Diante da conjuntura exposta, a motivação deste estudo sobre o ensino de Língua
Portuguesa para o nível fundamental de primeiro segmento é relevante tendo em vista a
contribuição na construção de novos paradigmas didáticos voltados para as abordagens do
professor em sala de aula, com a enumeração das inovações dos últimos anos no processo de
letramento que importem para a aprendizagem de leitura, escrita e oralidade neste idioma
materno. Também a busca de respaldo teórico e as práticas pedagógicas utilizadas no
processo de letramento de Língua Portuguesa no ensino fundamental de primeiro segmento
para solucionar o problema apresentado nesse estudo.
Para completar o ensino fundamental no Brasil o aluno leva nove anos letivos, em
todos estes anos escolares são ministradas aulas de Língua portuguesa, seu idioma materno.
No entanto, ao final, quando passa ao ensino médio por quê ainda apresenta muita dificuldade
de leitura, compreensão e interpretação oral e escrita, composição textual, e até mesmo
dicção, pois lhe falta habilidade e capacidade linguística?
O objeto desta investigação está centrado no letramento em língua portuguesa. Para a
abordagem deste letramento no ensino fundamental buscou-se o entendimento sobre a
conquista do valor social e não apenas intelectual.
A presente pesquisa justifica-se por entender a necessidade de melhor compreensão
acerca do desenvolvimento do processo de letramento no ensino fundamental que deixam
marcas na habilidade linguística dos alunos. Através de referencial teórico pode-se, portanto
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entender o motivo dos alunos de ensino fundamental não completarem o letramento esperado,
bem como, ter acesso ao referencial teórico e as práticas pedagógicas utilizadas no processo
de letramento de Língua Portuguesa no ensino fundamental para solucionar o problema da
pesquisa.
Tem por objetivo geral investigar as práticas pedagógicas utilizadas no processo de
letramento de Língua portuguesa no ensino fundamental de primeiro segmento (5º ano) para
melhor entender o motivo dos alunos de ensino fundamental não completarem o letramento
esperado. E como objetivos específicos: Reconhecer que o letramento trabalha como uma
continuidade do alfabetismo, exigindo muito mais da educação linguística e comunicativa;
analisar a linguagem e o pensamento à luz de Lev Vigotsky e Jean Piaget, e a linguística
como forma que desenvolve com práticas de leitura e conversação; identificar as práticas
pedagógicas utilizadas no processo de letramento de Língua Portuguesa no ensino
fundamental do primeiro segmento (5º ano) através da escrita como resultado do letramento
efetivo e, estratégias tecnológicas e comunicação (TICs) no processo de letramento.
A metodologia encontra-se estruturada numa abordagem qualitativa, método
descritivo e tipo bibliográfico, que compreende aspectos investigativos imprescindíveis para a
compreensão da temática estudada.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O LETRAMENTO COMO UMA CONTINUIDADE DO ALFABETISMO, EXIGINDO


MUITO MAIS DA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E COMUNICATIVA

Letramento é um termo ligado a alfabetização, mas ser alfabetizado como relata


Soares (1998, p. 9), é o que “nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e a escrever, não
aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e da escrita”.
Logo, entende-se que o letramento trabalha como uma continuidade do alfabetismo, pois
pretende o alcance de nível superior de conhecimento linguístico. O indivíduo detém
habilidade de leitura e compreensão, que pode interpretar e escrever sobre toda temática
proposta. E, o letramento tem tomado importante papel na alfabetização, ou seja:

(...) "da verificação de apenas a habilidade de codificar o próprio nome


passou-se à verificação da capacidade de usar a leitura e a escrita para uma
prática social (ler ou escrever um "bilhete simples"). Embora essa prática
seja ainda bastante limitada, já se evidencia a busca de um "estado ou
condição de quem sabe ler e escrever", mais que a verificação da simples
presença da habilidade de codificar em língua escrita, isto é, já se evidencia
a tentativa de avaliação do nível de letramento, e não apenas a avaliação da
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presença ou ausência da "tecnologia" do ler e escrever". (SOARES, 1998,


p.21)

Deste modo, haverá então uma nova perspectiva para o ensino linguístico para a faixa
etária juvenil, onde a preocupação está em trabalhar com as informações adquiridas e as
novas, visando a futura transmissão no processo de comunicação oral e escrita, que, com o
avanço tecnológico, transformou a relação do locutor e do interlocutor numa rede diretamente
interligada as habilidades e competências na construção da compreensão clara e objetiva,
exigindo muito mais da educação linguística e comunicativa, “En estas condiciones y para
decirlo rápidamente, la educación ya no podrá estar dirigida a la transmisión de
conocimientos y de informaciones sino a desarrollar la capacidad de producirlos y de
utilizarlos.”(TEDESCO, 2007, p.5). Ou seja, além de transmitir conhecimentos e
informações, se desenvolve agora a capacidade de produzi-los para usá-los em fins
específicos.
Durante as duas primeiras décadas do século XXI ficou evidente que a pós
modernidade com seus recursos comunicativos e informativos tecnológicos modificou todo o
pensamento dos indivíduos jovens neste tempo, inclusive do aluno na faixa etária do 5º ano,
fazendo com que a escola tradicional e seus métodos perdessem valor e precisassem também
se modernizar. As situações sociais vividas neste século deixaram marcas que chegaram ao
campo linguístico introduzindo não apenas palavras novas, mas expressões que fazem parte
de uma sociedade diversificada, e exigindo a consideração e valorização de novos sentimentos
relacionados ao humano que se traduzem em:
O fim do século XX foi marcado por crimes terríveis, e por reações das
grandes potências amplamente anunciadas como o início de uma notável
“nova era” nos assuntos humanos, caracterizada pela dedicação aos direitos
humanos e altos princípios que não tem precedentes em toda a história.
(CHOMSKY, 2008)

A aquisição de conhecimentos e assimilação, a acomodação e o desenvolvimento


cognitivo passaram a transcorrer num ritmo aceleradíssimo, que exige um grau de percepção
dinâmico no processo de aprendizagem que ainda não foi apreendido pelo professor
tradicional de língua portuguesa. Dentro deste processo está o letramento, processo de
aprendizagem que pode ser assimilado pelo indivíduo de forma natural, já que o aluno faz
parte de um mundo dinamizado pela informação digital, e com esta rapidez que a cada dia se
desenvolve, a compreensão pode não ser adquirida em sua totalidade, fazendo com que
muitos não cheguem a aprender o que lhes seria mais importante para a inserção na pós
modernidade cultural e intelectual. Por isso, as interpretações da realidade vivida e dos
sentimentos experimentados que construirão ideologias, farão parte dos procedimentos do
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letramento em língua portuguesa, no momento em que as estratégias metodológicas do ensino


considerem imprescindíveis orientar a aprendizagem pela educação pós-moderna, seguindo a
visão contemporânea de que

Em termos culturais, em síntese, vivemos um período complexo e


interessante. As tensões entre liberdade individual e compromisso social,
entre respeito e patrimônio cultural herdado e direito a definir um estilo de
vida próprio, entre dependência material e autonomia espiritual são, entre
outras, tensões que indicam que devemos aceitar que nossa sociedade é, cada
vez mais, uma sociedade multicultural. (TEDESCO, 2007, p. 26)

Entende-se que dentro desta multiculturalidade, está a consideração do letramento


como um processo de formação inacabável no ser humano, que começa na infância e se
estende enquanto viva, que enfrenta transições temporais profundas, pois utiliza estas
mudanças como parte integrante da construção do saber no indivíduo, seja o científico ou
sociocultural, e o induz a participar dessas transformações integralmente, pois os métodos
pedagógicos pós-modernos são orientados pelo pensamento behaviorista, que se define por

(...) um determinismo filosófico, quer dizer, pela convicção da existência de


uma sequência ininterrupta e causas e efeitos. Nessa perspectiva, uma
conduta é elaborada, mantida e eliminada em função da natureza
recompensadora ou punitiva de suas consequências. (POURTOIS e
DESMET, 1999, p. 78)

Há a compreensão que este pensamento é o que embasa as transformações linguísticas


e as valorizações dos regionalismos e das linguagens especificadas a grupos sociais em
situações determinadas, fazendo parte de uma evolução dada por uma origem nascida de
meios comunicativos naturalmente desenvolvidos. Por isso, sua aceitação nos meios
científicos é de suma importância e os usos atuais da língua portuguesa estão bem
representados nas entrelinhas das variações comunicativas que serão apresentadas ao aluno
por estratégias pedagógicas diversificadas de escrita e oralidade, através de gêneros textuais
comumente utilizados pelos mesmos indivíduos, e principalmente por alunos do ano final do
ensino fundamental do primeiro segmento do ensino fundamental.

Não mudamos a história sem o conhecimento, mas temos que educar o


conhecimento e as pessoas para se tornarem sujeitos da sua história e
intervirem no mercado como sujeitos e não como povo sujeitado, massa de
manobra da lógica interna da razão econômica. (GADOTTI, 1995, p. 4)

Sendo assim, a leitura, que continua como a base comunicativa e o texto, como o
instrumento concreto desta comunicação, contêm sentidos relativos a temas cotidianos que se
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apresentam nos gêneros literários mais utilizados, por isso, a seguir são apresentadas teorias
sobre o sistema de aquisição linguística inserido no processo de aprendizagem e prática
leitora, no desenvolvimento que acontece depois do reconhecimento silábico e da efetiva
alfabetização, com foco em compreender a importância do letramento.

2.2 A LINGUAGEM E O PENSAMENTO Á LUZ DE LEV VIGOTSKY E JEAN PIAGET

O processo para alcançar o letramento segue a relação entre o pensamento e a


linguagem, há concordância com Vygotsky (2010, p. 80) quando ele afirma que "os conceitos
evoluem de forma diferente da elaboração deliberada e consciente da experiência em termos
de lógica”. Com isso, se vê que esta relação é parte de um sistema complexo de compreensão
e de aquisição, a qual se inicia pela oralidade e pela compreensão do meio. Afirma-se que o
pensamento e a linguagem durante o processo de alfabetização levam aos signos linguísticos.
Os signos são movimentados pelo entendimento com estímulo do processo contínuo de
reflexão e desenvolvimento cognitivo depois do período de alfabetização iniciado. Pois,
considera-se que a formação de um indivíduo hábil; eficiente na interpretação; competente na
contextualização; adequado às produções oral e escrita sobre temas comuns ao convívio social
e multicultural gera respostas e formulações de conceitos.

O significado das palavras só é um fenômeno de pensamento na medida em


que é encarnado pela fala e só é um fenômeno linguístico na medida em que
se encontra ligado com o pensamento e por este é iluminado. É um
fenômeno do pensamento verbal ou da fala significante - uma união do
pensamento e da linguagem. (VIGOTSKY, 2010, p.120)

Ao considerar a importância de compreender os fenômenos do processo de aquisição


da linguagem, as palavras são os elementos principais na semântica e, por isso interessa ao
professor observar como a criança, depois da alfabetização, continua sua aprendizagem das
palavras, seus significados e usos na escrita e na fala, além da compreensão na leitura,
principalmente para o aluno do 5º aluno que fará a transição para o segundo segmento do
ensino fundamental. Então, o estudo dos processos de aprendizagem da linguagem pela
criança revela que “O uso de signos conduz os seres humanos a uma estrutura específica de
comportamento que se destaca do desenvolvimento biológico e cria novas formas e processos
psicológicos enraizados na cultura. ” (VIGOTSKY, 2010, p.34)
Há a compreensão, que nesse sentido, com a união do pensamento e da linguagem, o
aluno constrói o entendimento dos métodos linguísticos. Estes métodos se desenvolvem de
acordo com as experiências vividas pelos discentes, pois a vivência no mundo sociocultural
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contribui para a construção do modo de linguagem próprio ou até mesmo modifica os modos
existentes a partir dos conhecimentos de vocabulários específicos utilizados pelos falantes
neste ambiente. Os sistemas de entendimento no meio em que se vive são afetados através da
mutação arbitrária de novos significados para os significantes existentes. Percebe-se que a
transformação da mutação arbitrária para a significante é realizada sempre com a preocupação
de respeitar os conceitos que se apresentam nos estudos da linguística com a compreensão do
sentido da linguagem. Ora, no que diz respeito à inteligência tanto na sua forma reflexiva
como na sua forma prática, voltamos a encontrar este fenómeno duplo da totalidade funcional
e da interdependência entre organização e adaptação.
No que se refere às relações entre as partes e o todo, que definem a organização,
sabemos bem que cada operação intelectual se refere sempre a todas as outras e que os seus
próprios elementos são sempre regidos pela mesma lei. Cada esquema é, deste modo,
coordenado com todos, e constitui uma totalidade de partes diferenciadas. “Todo o ato de
inteligência supõe um sistema de implicações mútuas e de significações solidárias”.
(PIAGET, 1971, p. 20). Assim, o ensino da língua portuguesa deve primar pelo letramento ao
considerar que estão envolvidas as necessidades do ser humano e a aprendizagem. Desse
modo, o contexto visual, a comunicação falada e escrita é importante para que o estudante
conheça os caminhos do saber. Este caminho se inicia na infância e prossegue com o aluno
nas diversas fases que vai vivenciando sua escolaridade, sendo possível a aprendizagem com
a dependência do desenvolvimento para o alcance do conhecimento e do saber. Segundo
Vygotsky (2001, p. 94) “a aprendizagem depende do desenvolvimento, mas o curso do
desenvolvimento não é afetado pela aprendizagem que se aprende”.
Esta ocorrência é explicada pelo fato do indivíduo estar dentro do mundo
biopsicossocial sofrendo influência dos aspectos que o envolvem durante o desenvolvimento
com a interação entre os fatos sociais e as educações informal, não formal e formal. Entende-
se que para se aprender de forma significativa necessita-se desse desenvolvimento, embora o
rumo do desenvolvimento se torna inabalável pela aprendizagem que se assimila, isto é, pode
haver o desenvolvimento sem o aprendizado. Isso implica dizer que o desenvolver intelectual
percorre caminhos que não podem ser previstos, pois serão mutáveis de acordo com sistemas
mentais próprios, favorecidos pelos prazeres e sentimentos individuais que se formarão ao
longo de escolhas que podem ou não ser estimuladas pela escola, pelo professor, pela família
ou outros elementos do meio em que esteja inserido o aluno. Nessa conjuntura, pensa-se que
às convenções sociais são definidas por uma comunidade, ela se torna fixa, mas o tempo e o
desenvolver, modificam as normas e aplicações, sem ignorar a etimologia, mas recebe novos
conceitos e definições conforme os padrões sociais da época e das abordagens linguísticas
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pelas quais tenha passado o falante. No entanto, como o letramento se constrói como o
desenvolvimento linguístico abrangente nas estratégias de leitura, de escrita e de
compreensão, é importante salientar que às vezes os procedimentos de desenvolvimento são
interrompidos por períodos de estagnação, com provocação da descontinuidade ao invés do
citado anteriormente avanço cognitivo, como Vygotsky (2010, p.127) expõe:

A história do desenvolvimento da linguagem escrita nas crianças é plena


dessas descontinuidades. Às vezes, a sua linha de desenvolvimento parece
desaparecer completamente, quando, subitamente, como que do nada, surge
uma nova linha; e a princípio parece não haver continuidade alguma entre a
velha e a nova.

Portanto, o indivíduo nasce e participa de um processo em que desenvolve os


aspectos biopsicossociais, que incluem a aquisição fonética na construção de conhecimentos
por estímulos provocados, os quais com incentivos geram experiências com objetivo de
alcançar a inteligência de cada ser, adaptando condutas percebidas na linguagem oral ou
corporal, considerando o valor das assimilações cognitivas, para logo o professor aplicar-lhes
atividades de compreensão e produção escrita, que são instrumentos pedagógicos que
relacionam os textos escritos e orais, equilibrando a fala e a letra, como na afirmativa que
ressalta que:

(...) La inteligencia constituye el estado de equilibrio hacia el cual tienden


todas las adaptaciones sucesivas del orden sensorio-motor y cognoscitivo,
así como todos los intercambios asimiladores y acomodadores entre el
organismo y el medio. (PIAGET, 2009, p. 21)

Ou seja, a inteligência constitui o estado de equilíbrio até o qual tendem todas as


adaptações sucessivas da ordem sensório motor e cognoscitivo, assim como todos os
intercâmbios assimiladores e acomodados entre o organismo e o meio. Isso indica que a
inteligência se desenvolve no indivíduo a partir de experiências que o relacionem consigo
mesmo, com outros indivíduos e com o meio onde está inserido, provocando a compreensão e
o saber.Com base nestes pensamentos, é observado que o processo para alcançar o letramento
no ensino fundamental do primeiro segmento determina que os professores de língua
portuguesa utilizem variadas atividades, relacionadas à realidade do contexto atualizado em
que está inserido o aluno.
No que tange ao seu meio sociocultural e os procedimentos linguísticos, desde os anos
iniciais da educação básica, o processo de aprendizagem parece sofrer danos ao longo dos
anos, pois ao chegar ao 5° ano o aluno ainda apresenta indícios de não haver completado
totalmente a alfabetização, ou não compreender na íntegra o que lê, parecendo não ter obtido
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inteligência para sistematizar e assimilar este processo cognitivo. No entanto, o aluno não
apresenta problemas de aprendizagem pois é capaz de comentar sobre seu meio sociocultural
oralmente, e ainda que pouco escreva, parece haver uma barreira de impedimento entre sua
visão oral e escrita, seja um falante compreendido pelos que o rodeiam e consiga participar
ativamente da comunicação, sendo receptor e emissor de informações. Mas, estas
constatações estarão firmadas no relato abaixo sobre a teoria construtivista de Piaget (1986, p
148, in CARRETERO, 1997, p.44):
La idea central de toda la teoría de Piaget es que el conocimiento no es
copia de la realidad, ni tampoco se encuentra totalmente determinado por
las restricciones impuestas por la mente del individuo; por el contrario, es
producto de una interacción entre estos dos elementos. Por tanto, el sujeto
construye su conocimiento a medida que interactúa con la realidad. Esta
construcción se realiza a través de procesos, entre los cuales destacan la
asimilación y acomodación. (CARRETERO, 1997, p.44)

Compreende-se então que, a ideia central de toda a teoria de Piaget (1986, p.148) é
que o conhecimento não é uma cópia da realidade, nem se encontra totalmente determinado
pelas restrições impostas pela mente do indivíduo; pelo contrário é produto de uma interação
entre estes dois elementos. Portanto, o sujeito constrói seu conhecimento à medida que
interage com a realidade. Esta construção se realiza através de processos, entre os quais
destacam a assimilação e acomodação. Além disso, este indivíduo, após cumprir este processo
de construção do conhecimento se torna também um transmissor ativo no meio cultural em
que está inserido, e compõe uma corrente infinita de ensino-aprendizagem construtivista,
relacionado com um desenvolvimento da inteligência do indivíduo e a formação do processo
de compreensão leitora, com o mesmo que relata Piaget (2009, p. 15),

Pero si toda conducta, sin excepción implica así una energética o una
“economía” que constituye su aspecto afectivo, los intercambios que
provoca con el medio comportan igualmente una forma o una estructura
determinante de los diversos circuitos que se establecen entre el sujeto y los
objetos. Es en esta estructuración de la conducta donde reside su aspecto
cognoscitivo.

Compreende-se que o aluno é um indivíduo ativo no processo linguístico desde bem


pequeno, quando inicia a alfabetização até a juventude, e isto acontece por todos os contatos
que tenha com a linguagem falada e escrita no ambiente em que está, por isso, o processo
cognitivo deste indivíduo se desenvolve através de uma conduta dinâmica de percepções
envolvidas com ações da realidade, que quando inter-relacionadas com objetivos planejados e
direcionados ao seu saber científico, com um sistema específico de aprendizagem pensado
para o aluno ou para o pré adolescente, forma um ser ativo em contextos de decisões, como
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explicado abaixo:
A relação entre fala e ação é dinâmica no decorrer do desenvolvimento das
crianças. A relação estrutural pode mudar mesmo durante um experimento.
A mudança crucial ocorre da seguinte maneira: num primeiro estágio, a fala
acompanha as ações da criança e reflete as vicissitudes do processo de
solução do problema de uma forma dispersa e caótica. Num estágio
posterior, a fala desloca-se cada vez mais em direção ao início desse
processo, de modo a, com o tempo, preceder a ação. Ela funciona, então,
como um auxiliar de um plano já concebido, mas não realizado, ainda, a
nível comportamental. (VYGOTSKY, 2001, p.22)

Ao considerar que nesta pesquisa a realidade observada é a de que o aluno do primeiro


segmento do ensino fundamental do 5º ano, no papel do indivíduo comentado, é ator principal
na escola, que neste tempo moderno vive dificuldades de transferir-lhe o saber instituído
sobre a leitura e a compreensão linguística, é necessário discutir a relação entre o processo de
aquisição de linguagem e a linguagem vigente no momento, a qual contém intrínsecas
vertentes sociolinguísticas nascidas no contexto da pré-juventude contemporânea. Apesar do
processo de aquisição de linguagem iniciar-se na infância durante a alfabetização, o que se
quer estudar é o desenvolvimento desta aquisição como uma constante, que é chamado de
letramento, e que contêm outros sistemas de aprendizagem intrínsecos. Por isso, analisando o
pensamento de Vygotsky sobre a história da linguagem, se descobre que:

A nova investigação mostra que a passagem se realiza por outra via: a


criança forma uma nova estrutura de generalização primeiro com uns poucos
conceitos, habitualmente readquiridos, por exemplo, no processo de
aprendizagem; quando já domina essa nova estrutura, por força disto
reconstrói e transforma a estrutura de todos os conceitos anteriores. Deste
modo, não se inviabiliza o trabalho anterior do pensamento, os conceitos não
são recriados em cada novo estágio, cada significado isolado não deve por si
mesmo executar todo o trabalho de reconstrução da estrutura. Isto se realiza
– como todas as operações estruturais do pensamento - por intermédio da
apreensão de um novo princípio em uns poucos conceitos, que
posteriormente já são disseminados e transferidos a todo o campo dos
conceitos por força das leis estruturais. (VYGOTSKY, 2001, p.374-375)

Ou seja, é preciso que o professor, em seu papel de orientador do conhecimento,


visando ser um instrutor dos caminhos para levar o aluno ao saber de um leitor hábil e
competente, considere os saberes anteriores no pensamento linguístico do aluno, criando um
continuísmo na estruturação oral e escrita que acumule a formação anterior. Por isso, as
tarefas de sala de aula seguirão um planejamento estratégico de encaminhamento do aluno a
se tornar um excelente leitor e falante do idioma estudado, havendo diferenças específicas na
escolha de atividades significativas para cada fase do contexto educacional em que esteja
inserido.
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Sendo esta pesquisa relacionada ao ensino fundamental de primeiro segmento,


especificamente o 5º ano, as atividades precisarão ser pensadas de acordo com esta faixa
etária, entre 9 a 10 anos, mas se deve considerar alunos em atraso escolar. Este contexto
escolar também influencia no comportamento psicossocial e linguístico do aluno, e sua
bagagem cultural, que em uma construção não linear, receberá os novos conhecimentos que
estarão diretamente interligados aos anteriores, mantendo-se uma referência para a produção
do contexto seguinte, em equilíbrio de ações criativas, desenvolvidas na sala de aula pelo
professor, havendo um avanço nas capacidades linguísticas como relatado abaixo:

A linguagem pode resultar tanto da própria atividade, quanto de um


significante que se destaque do modelo (entendendo-se que a fabricação dos
significantes decorre, também, da atividade do organismo), ou melhor: o
significante pode ser produto de uma fabricação (gestos, sons, desenhos,
ícones, etc. que, de uma forma ou de outra, imitam a realidade) ou provir dos
objetos, fenômenos ou formas, etc. que são captadas pelos órgãos dos
sentidos (percepção) funcionando como indicadores ou sinais que regulam a
ação. (LIMA, 1980, p. 164)

Assim, o ponto de vista citado acima entende-se que as tarefas de aula criadas pelo
professor irão motivar o aluno na descoberta do significado, levando-o a encontrar códigos
durante a prática da leitura, e acumular conhecimentos culturais na compreensão de
procedimentos humanos implícitos em textos expostos em livros, revistas, jornais e outros
materiais pedagógicos, assim, o professor que intenciona elevar o nível de letramento dos seus
alunos estará utilizando uma abundância de materiais de leitura na construção dos
planejamentos didáticos anuais. Ainda que, no decorrer de períodos de estudos tenham que ser
flexíveis estes planejamentos, e de acordo com uma análise dos conhecimentos adquiridos
pelo grupo de alunos em questão, observando-os de perto e reestruturando-os de acordo com
as necessidades apresentadas para alcançar um avanço desejado de letramento dos alunos da
fase em questão, que normalmente tem apresentado altos níveis de dificuldade de
compreensão leitora e escrita nas escolas brasileiras e se tornado um desafio a cumprir-se
nesta sociedade.
Quando o professor se encontra com um aluno que está em um nível de letramento
muito baixo, suas atitudes a seguir devem ser de analisar até que ponto este aluno tem
capacidades linguísticas ainda não alcançadas e decidir por ações que provoquem um
desenvolvimento imediato e outro mais distante, no entanto, estas ações requerem novos
materiais didáticos com objetivos específicos, mas abundantes em diversidade cultural, para
apreender a atenção do aluno, principalmente de ensino fundamental do primeiro segmento
em faixa etária de 9, 10 a 12 anos, como relata Vygotsky, “Um fato empiricamente
15

estabelecido e bem conhecido é que o aprendizado deve ser combinado de alguma maneira
com o nível de desenvolvimento da criança.” (VYGOTSKY, 2001, p. 57). O letramento pelas
atividades diversificadas e divertidas aproxima o aluno da leitura e do conhecimento criando
um foco no saber, ou seja, a leitura está objetivada no conhecer.
A criança de 9,10 a 12 anos escolhe bem as temáticas que lhe agradam, por isso
trabalhar qualquer assunto com apoio de jornais e revistas atualizados, páginas de internet e
vídeos, faz com que o professor esteja aproximando o aluno, a realidade cultural e o
entendimento temático ao mesmo tempo, permitindo uma visão ampla dos fatos, que leva o
indivíduo a um caminho pelos saberes. Portanto, na escolha de materiais didáticos nos últimos
tempos, os tecnológicos têm sido exigidos e considerados pelos próprios alunos em faixa
etária juvenil, fato que tem chamado a atenção do professor e da escola, e todo o esforço de
acompanhar a modernidade nos sistemas comunicação, possibilita um leitor mediado por
instrumentos que também aproximam o aluno das experiências reais de linguagem e o
internaliza em temáticas abrangentes, de acordo com o que foi dito:

A função do instrumento é servir como um condutor da influência humana


sobre o objeto da atividade; ele é orientado externamente; deve
necessariamente levar a mudanças nos objetos. Constitui um meio pelo qual
a atividade humana externa é dirigida para o controle e domínio da natureza.
(Vygotsky, 2001, p.39)

Por fim, a escola de ensino fundamental do primeiro segmento (5º ano) e o professor
de língua portuguesa, estando em sua função de orientador e mediador do conhecimento, em
momento de planejamento das aulas de língua materna, estarão considerando a importância de
novos materiais didáticos tecnológicos para criar aulas mais interessantes e interativas para
grupos de alunos do ensino fundamental, principalmente na faixa etária de 5º ano,
considerando as novidades vividas por estes alunos no âmbito escolar e social.

3. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS UTILIZADAS NO PROCESSO DE LETRAMENTO


DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL DO PRIMEIRO
SEGMENTO (5º ANO)

3.1 A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA ESCRITA COMO RESULTADO DO LETRAMENTO


EFETIVO

Como se vê, as competências de leituras e escritas são providas por reflexões da


relação significante e significado, porém não basta obter o conhecimento das letras e palavras,
16

mas saber utilizá-las no contexto oral e escrito, com a formulação de ideias e organização do
pensamento crítico que acrescente a sociedade valores que formem uma identidade cidadã.
Para isso, é preciso ser mais do que alfabetizado, ser letrado, e como relata kleiman (2008,
p.17) “ser letrado significa ter desenvolvido e usar uma capacidade metalinguística em relação
à própria linguagem”. O letrado não somente decodifica a escrita mas compreende os
significados explícitos e implícitos, que o levam a reações seguintes ao entendimento, o faz
compartilhar o saber indicado pelo relato escrito e lido.
O letramento permite ao aluno a conquista da cidadania, pois o letrado busca meios de
acesso aos conhecimentos através da leitura e seleciona as informações que mais lhe
interessam, se tornando um aprendiz autônomo e preparado para a vida acadêmica superior,
pois o aluno dá lugar a um cientista, e cumpre a tarefa pretendida pelo professor. Por isso, a
escrita é o instrumento de comprovação do alcance do letramento e também o que mais
evidencia o fracasso do ensino da língua materna nas escolas, quando se observa que:

Contagiada pela concepção de que o uso da escrita só é legítimo se atrelada


ao padrão elitista da “norma culta” e que esta, por sua vez, pressupõe a
compreensão de um inflexível funcionamento linguístico, a escola
tradicional sempre pautou o ensino pela progressão ordenada de
conhecimentos: aprender a falar a língua dominante, assimilar as normas
do sistema de escrita para, um dia (talvez nunca) fazer uso desse sistema
em formas de manifestação previsíveis e valorizadas pela sociedade. Em
síntese, uma prática reducionista pelo viés linguístico e autoritária pelo
significado político; uma metodologia etnocêntrica que, pela
desconsideração do aluno, mais se presta a alimentar o quadro do fracasso
escolar. (COLELLO,2004, p.5)

O ensino da norma culta somente recebe valor para o uso em situações específicas da
vida dos alunos quando traz significado para ele, pois em situações cotidianas se tem tornado
cada vez mais comuns e o estilo coloquial de linguagem ganha valor no trato pessoal
cotidiano, fazendo com que seja a escola o único caminho de aprendizagem das formalidades
linguísticas exigidas no futuro do indivíduo. Isto não retira valores da escola, mas agrega
cada vez mais, valorizando o letramento na escola, que já visto, se inicia no período pré-
escolar e não é findado na vida acadêmica, e é aí que se compreende a relação da língua
falada e a escrita, numa aquisição de uma consciência fonológica da linguagem, já que:

As leituras feitas até aqui ganham particular sentido se pensarmos que sendo
a nossa língua escrita de tipo alfabético, ou seja, adotando um sistema em
que os fonemas são representados através de grafemas e onde se estabelecem
regras de correspondência entre ambos, a criança deve perceber que a
ortografia não tem, obrigatoriamente, uma relação direta com a fonologia,
pois uma letra pode ter vários sons e um fonema pode ser representado por
diversos grafemas. (FRIAS, 2014, p.45)
17

Desse modo, é pela análise da escrita que se comprovam as habilidades e


competências adquiridas no decorrer da aprendizagem da língua estudada e, no caso da
materna, é preciso observar o desenvolver das capacidades de comunicação e informação
temática em diversas situações cotidianas. Para que uma criança assimile os processos de
escrita, goste de escrever, e se importe em conhecer e usar a linguagem na norma padrão
culta, são necessárias estratégias que incentivem a escrita, que orientem o uso da norma
padrão da língua e que demonstrem as diferenças entre a oralidade e a escrita. Os professores
de língua portuguesa normalmente recebem em sua formação acadêmica instruções da
didática do ensino através do uso de livros com atividades prontas para cada tema, mas estas
estratégias não são totalmente eficientes para todas os grupos de alunos ou para todos os
alunos de um mesmo grupo, pois se observa que aparecem situações relacionadas com as
diversidades culturais, regionais, e principalmente as diversidades de compreensão linguística,
ou seja, num mesmo grupo de 5º ano do ensino fundamental I em que se aplique estratégias de
leituras e compreensão de determinado texto do livro didático, há alguns alunos que ainda
apresentam dificuldades de codificação da escrita e/ou de compreensão temática.
As atividades de escrita sempre foram muito padronizadas, mas nas últimas décadas o
trabalho com gêneros textuais diversificou os planejamentos das aulas dos professores de
português, permitindo explorar atividades com alguma relação com trabalhos profissionais,
como o ensino da escrita de textos específicos da área de jornalismo como notícias de jornais,
reportagens de revistas, entrevistas escritas que se apresentam tanto em jornais e revistas,
cartas de leitores, críticas de cinema e arte, e a maioria destes textos tem relação com
imagens, permitindo também uma alusão aos fatos reais, ainda que se use linguagem literária
ou fantasiosa. Em aulas de português para o 5º ano do ensino fundamental do primeiro
segmento o currículo escolar do Governo do Estado do Rio de Janeiro propõe o trabalho com
gêneros textuais, que abaixo relacionamos, expondo as propostas temáticas e os objetivos:
● Narrativos: histórias em quadrinhos e tirinhas divertidas – relacionar imagens e textos,
falas de personagens em tipos de balões e utilizar senso de humor e críticas;
● Produção de textos (escrita compartilhada e autônoma);
● Narrativo-descritivo: contos de Fadas, Fábulas e Contos Maravilhosos – aprender a
contar histórias, a descrever detalhes visuais e a criar textos imaginários;
● Informativo: bilhetes, mensagens, e-mails – conhecer textos de uso tecnológico,
escrever textos curtos e enviar mensagens rápidas com aplicativos de Internet através de
computador ou celular;
18

● Lírico-poético: poesias e poemas – escrever e recitar poemas, definir a diferença entre


poesia e poema, conhecer autores brasileiros da poesia moderna e contemporânea;
● (EF35LP21) Ler e compreender, de forma autônoma, textos literários de diferentes
gêneros e extensões, inclusive aqueles sem ilustrações, estabelecendo preferências por
gêneros, temas, autores;
● (EF35LP22) Perceber diálogos em textos narrativos, observando o efeito de sentido de
verbos de enunciação e, se for o caso, o uso de variedades linguísticas no discurso direto;
● (EF05LP01) Grafar palavras utilizando regras de correspondência fonema grafema
regulares, contextuais e morfológicas e palavras de uso frequente com correspondências
irregulares (BRASIL, 2017), dentre outras habilidades.
Vê-se portanto, que o trabalho prático do professor é aplicar estes temas com
atividades dinâmicas e interessantes, que traz novidades e que pratica em projetos criativos
aproximados a realidade cultural dos alunos e da comunidade escolar, além de pensar no
desenvolvimento do aluno como leitor e escritor. Isto porque, deve considerar que o processo
de aprendizagem da escrita está diretamente ligado ao da leitura e deve iniciar-se na pré-
escola, respeitando um processo natural de formação intelectual e comportamental do aluno
como leitor, haja vista que:

O processo de emergência da leitura é um processo gradual e complexo,


envolvendo múltiplos aspectos e que se desenvolve em paralelo com o da
emergência das competências de escrita. À semelhança do que verificamos
para a escrita, também o conhecimento das ideias e concepções precoces que
as crianças desenvolvem sobre a leitura, as suas funções, comportamento e
estratégias de leitores, são de extrema importância. Este conhecimento
permite não só a compreensão deste complexo processo, como ajuda
também a proporcionar as melhores condições e apoios para o seu
desenvolvimento. (FRIAS, 2014, p.30)

Há a compreensão, de que a criança que não consegue atribuir uma relação entre o
signo linguístico e o significado, precisará receber estratégias de aprendizagem tardias melhor
elaboradas e relativas a uma prévia avaliação individual do que possa ter gerado esta
dificuldade, no entanto, o professor de língua portuguesa do 5º ano não poderá seguir
totalmente seu programa de ensino para esta série com todos os alunos do grupo escolar em
que trabalhe, precisará abster-se a um olhar diferenciado para aquele que não alcançou a
habilidade de escrita. Por isso, este professor, em seus planejamentos, fará uso de atividades
que retornem à motivação das análises de vocábulos e suas construções, fazendo uma
interação com os textos lidos, com foco individual nos vetores que podem provocar a
aquisição das competências de compreensão e interpretação dos signos e dos significados,
considerando aprendizagem da consciência fonológica e a correlação com os símbolos.
19

Há o entendimento também, que todo este processo de compreensão se intensificou


com o avanço das tecnologias de comunicação, principalmente as que usam a escrita, como os
programas de computador mais conhecidos – word, power point- e os sites de comunicação
via Internet, seja por computador ou por celular – WhatsApp, Facebook , Messenger,
Instagram, que exigem uma leitura mais dinâmica e rápida, uma escrita mais objetiva e
universalizada, com vocabulários novos, mas com alcance de toda a nova geração da
juventude do século XXI, ainda que os mais velhos precisem de adaptações, que seja simples
e de fácil aprendizagem. O uso de ambientes de comunicação escrita em celulares e
computadores, como WhatsApp e Facebook, Instagram, jogos, trouxeram uma valorização ao
letramento muito maior do que se imaginava, observado no relato abaixo:
Com o crescente avanço tecnológico, o final do século XX impôs a
praticamente todos os povos a exigência da língua escrita não mais como
meta de conhecimento desejável, mas como verdadeira condição para a
sobrevivência e a conquista da cidadania. (BLUM, 2015, p.3)

As estratégias podem envolver qualquer gênero de escrita com estes materiais


tecnológicos, mas o professor faz um trabalho de observação do desenvolvimento do aluno,
avaliando os casos de dificuldade de aprendizagem e tendo uma maior atenção a estes, além
disso, os atendimentos individuais são importantes, mesmo que durante o andamento das
aplicações de tarefas, buscando explicações em diversas formas até alcançar a aprendizagem
completa do aluno. Por este motivo, a próxima sessão explora as TICs no processo de
letramento explicando o valor das tarefas com uso de tecnologias de comunicação e
informação para o processo de ensino aprendizagem da escrita e a leitura formando um
indivíduo letrado e seguindo os objetivos deste estudo.
3.2 ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS E COMUNICAÇÃO (TICs) NO PROCESSO DE
LETRAMENTO

Para abordar as estratégias tecnológicas e comunicação observa-se que as diferenças


sociais não podem ser responsáveis por todo o fracasso escolar, já que se supõe que a
educação seja a mesma, ou senão pode-se considerar que há diferenças também na
escolarização de nível básico, por isso as estratégias precisam ser ainda mais criativas,
principalmente nos casos de escolas com falta de equipamentos tecnológicos, recorrendo
inclusive a material próprio do professor. Sabendo que, no letramento em língua portuguesa
se encontrarão desafios como o de descobrir os modos de pensar de cada aluno, as reflexões
críticas associadas à sociocultural em que esteja inserido e as observações do novo
conhecimento que deverá alcançá-lo, a implementação de laboratórios de informática nas
escolas é um instrumento de primeira necessidade para o professor conseguir desenvolver
20

atividades tecnológicas. Além de ser importante que haja um acompanhamento de um


professor especialista na área de informática ou de instrutores técnicos, para apoiar tanto o
professor de língua portuguesa como o aluno num comportamento mais estreito e unido,
como dito abaixo:

A função desta professora é auxiliar o professor na adaptação dos conteúdos


a serem trabalhados com as tecnologias disponíveis, e também de qualificar
os alunos no uso dessas tecnologias. A interação entre o profissional do
laboratório deve ser estreita com o professor, pois é de suma importância o
saber não só sobre os conteúdos, mas em relação ao desenvolvimento da
turma como um todo. (SILVA; COBERLLINI, 2015, p.4)

Com este apoio, a modificação no planejamento das aulas passa a efetivamente se


concentrar na intensa produção de atividades tecnológicas, que pertencem ao sistema
linguístico comunicativo pós-moderno, considerando que a aprendizagem de leitura e escrita
recebe agora na escola concepções voltadas à interação com a comunicação digitalizada e
uma habilidade inovadora, com possibilidades de construir um sistema cognitivo no ser
humano com potencial inusitado, como no relato abaixo:

Desenrolar um pergaminho é significativamente diferente de folhear um


livro, da mesma forma que passar de uma tela a outra do computador.
Entram em jogo novas habilidades cognitivas e físicas, assim como se
modificam os antigos conjuntos de referências a partir de novas
possibilidades. Este processo de constituição da figura do “leitor” – esse
híbrido complexo constituído de um ser humano, uma linguagem, um
suporte material e, em muitos casos, uma memória coletiva em processo de
negociação com o presente – é fruto de um processo de mudanças culturais
eu ainda não cessou. (CASTRO, 2010, p.47)

A inovação comunicativa deste século fez com que o ensino de linguagem ganhasse
novas ideias e na escola se cria uma representação específica nas aulas de língua portuguesa
inserindo todas as novidades ao conteúdo já existente, explanando através do uso de aulas
com tecnologias. As dificuldades nos planejamentos destas aulas aparecerão e precisarão ser
superadas pelos professores, que buscando capacitação e também participar desta realidade
linguística podem alcançar o domínio e a destreza no pensar e agir oralmente e verbalmente,
na escrita e na fala.
O processo desafiador da aprendizagem de uso das tecnologias nos coloca
agora diante de novos questionamentos. O conhecimento da manipulação
das máquinas e dos equipamentos eletrônicos é apenas um primeiro passo,
muito pequeno, em relação a todos os demais desafios, que nos circundam e
os que se aproximam. Não há tempo a perder. O futuro é hoje. Constrói-se
com as decisões que tomamos baseados nos desafios que se apresentam no
cotidiano. Ou com o que compreendemos por meio das nossas próprias
vivências e das pesquisas e reflexões sobre os impactos das novas
21

tecnologias em nossas vidas, no processo educacional e profissional, e na


sociedade de modo geral. (KENSKI, 2007, p.72)

Tem-se o conhecimento que a geração do século XXI utiliza um vocabulário com


poucas palavras e muitos símbolos, principalmente na comunicação através de mensagens de
celular, que utiliza o sistema android e permite enviar mensagens com fotos, imagens, vídeos
e os inovadores ‘emoticons’, desenhos animados que representam sentimentos e emoções
diversas. Estes recursos se associam a necessidade de expressões de valores psicossociais e
resume sentidos figurados, expressões irônicas e a cada dia aparecem mais modelos e uma
variedade de opções que até podem representar personagens preferidos do interlocutor. Para
acompanhar a rápida evolução das tecnologias a escola mudou seu espaço físico e os
laboratórios de prática ganhou mais valor e mantendo uma movimentação no ambiente
escolar a ser implantadas no contexto escolar e se fixaram como base didática para prender a
atenção do aluno por mais tempo ao conteúdo, já que esta tecnologia faz parte da realidade
vivida pelo mesmo no cotidiano, como no relato abaixo indicado:

A escola precisa assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade do


mundo e dos desafios que ele propõe. Preparar cidadãos conscientes, para
analisar criticamente o excesso de informações e a mudança, a fim de lidar
com as inovações e as transformações sucessivas dos conhecimentos em
todas as áreas. (KENSKI, 2007, p.64)

A aula não é mais somente na sala, mas em vários ambientes da escola, mas material
tecnológico precisa ser fixado também nas salas pois os professores de todas as disciplinas
também estão utilizando TICs modernas em suas aulas, tem sido um recurso didático de
imprescindível importância para a escola, o uso de televisores, aparelhos de DVD, aparelhos
de áudio e vídeo, caixas de som acústico, projetores acoplados a computadores portáteis ou
notebooks, e agora até mesmo à celulares móveis que tem recursos cada vez mais modernos,
não podem mais faltar à escola.

O domínio de outros usos e funções da escrita significa, efetivamente, o


acesso a outros mundos, públicos e institucionais, como o da mídia, da
burocracia, da tecnologia, e por meio deles, a possibilidade de acesso ao
poder. Daí os estudos sobre o letramento hoje em dia, seguindo o caminho
traçado por Paulo Freire há mais de trinta anos, enfatizarem o efeito
potencializador, ou conferidor de poder, do letramento. (KLEIMAN, 2008,
p.5)

No entanto, estes procedimentos precisam considerar a importância do letramento


digital que se cumprirá na aplicação de tarefas pelo professor que contenham temáticas que
precisem do uso destas tecnologias, e o professor deve estar capacitado para estas habilidades
22

tecnológicas, evitando constrangimentos que afetem a exposição linguísticos no decorrer de


aulas de língua portuguesa. Para apresentar atividades com música é necessário saber
manusear equipamentos audiovisuais como projetores acoplados a computadores e caixas
acústicas, em caso de problemas em algum desses aparelhos, o desenvolvimento da aula fica
comprometido e o professor precisa ter destreza para mudar as estratégias de forma que o
aluno não deixe de receber o conhecimento planejado. As tarefas escolhidas pelo professor
para ensino de leitura e escritura nem sempre são cópias de livros ou de outros professores,
mas o professor pode ser o autor de suas próprias atividades, neste caso o apoio tecnológico é
muito bem visto e faz toda a diferença, tanto na produção escrita como nas escolhas de
imagens que representem hipertextos, com significações específicas que podem ser usadas
como incentivo para estas produções, e isto ocorre por que:

A escrita tem o poder de suscitar certas ações e reações emocionais, que


mesmo incompreensíveis, contribuem para constituir, desde o início, uma
consciência confusa sobre a ambivalência do uso social dos escritos. A
escrita tem um duplo valor social, por um lado, como meio para o exercício
da autoridade, do poder; por outro, como jogo de linguagem, a ficção
literária ou a poesia. (FERREIRO, 2013, p.35)

A diversidade de informações que o texto visual pode proporcionar ao indivíduo faz


com que as imagens sejam valorizadas como conhecimento empírico e, por conseguinte
pedagógicos, pois o processo de aprendizagem é feito nas interpretações de múltiplos
sentidos, concebidos pelo pensamento crítico do sujeito que tenta aprofundar-se na história
das imagens visualizadas. O modelo pedagógico tecnológico dependerá das escolhas, mas
sempre trará novas experiências e estimulará o aluno, pois os antigos já não agradam tanto,
apesar de não terem perdido seu valor, mas necessitam de apoio de modernização para
incentivar a aprendizagem e dinamizar o processo neste mundo tão rápido e cheio de
informações. Como exemplo, já não é possível proibir o uso de celular pelos alunos em sala,
ou deixar de usá-lo como apoio pedagógico tecnológico, pois é nele que o aluno tem o maior
tempo de experiências de comunicação e informação, com diversos aplicativos e funções
dinâmicas.
Como transformação de cultura, a divulgação de imagens em redes sociais tornou-se
uma maneira de propagação do conhecimento, produção de linguagens, incentivo as
habilidades sensoriais e confirmação do valor humanitário. No entanto, ainda que a história da
valorização da imagem tenha crescido nestes tempos contemporâneos, a cada época houve um
nível de importância, mas esta diversidade tecnológica apenas integrou a imagem no sistema
de aprendizagem sem retirar o valor de outros sistemas, mas apenas congregando-os para
23

interagir como instrumentos pedagógicos. A relação entre linguagem visual não verbal e a
linguagem verbal escrita é o principal instrumento do sistema comunicativo da Internet, e de
uso consagrado nas principais redes sociais, por isso, a mostra de mensagens com imagens é
um material diversificado e interessante na produção de tarefas relacionadas ou não a estes
gêneros textuais, até mesmo para falar de poemas é possível planejar uma atividade com estes
materiais. Observando sempre que estes materiais tenham temáticas atualizadas e orientadas
aos grupos aos quais serão aplicadas pois:

É preciso adentrar no campo de utilização da língua, no qual se produz o


enunciado e no qual se produzem também os quadros axiológicos, a partir
dos quais os sujeitos agem no mundo e a ele respondem a partir desses
enunciados. A implicação mais direta desse princípio para as práticas
escolares com a linguagem é a de que essas práticas devem considerar os
sujeitos praticantes, suas crenças, expectativas e experiências, sob pena de
que a língua lhes seja apresentada como algo que se impõe ou se sobrepõe a
essas experiências. (MICARELLO; MAGALHÃES, 2014, p.153.)

O uso da língua como um objeto de identidade de um grupo social também não pode
ser esquecido e será importante na construção dos objetivos do ensino na escola básica do
primeiro segmento, assim, as discussões sobre as reformulações dos currículos de ensino
passam pela importância de manter uma atualização das temáticas nas principais relações
sociais pós-modernas e, as formulações de estratégias estarão livres aos professores com
oferecimento de suportes tecnológicos para as produções linguísticas orais e escritas mais
aproximadas as necessidades deste novo mercado de trabalho, cada vez mais atrelado aos
instrumentos digitais e virtuais, que se expressarão na exposição da Base Nacional Curricular
já apresentada para ensino fundamental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao achados na pesquisa bibliográfica apontam que o letramento é um processo de


aprendizagem que leva tempo na vida da criança, mas que precisa atingir níveis, de acordo
com fases do ensino aprendizagem, como no caso da alfabetização completa até o final do
primeiro segmento do ensino fundamental, mas nem sempre isso se cumpre, havendo um
número alto de alunos que ainda leem ou escrevem com dificuldades, mesmo estando no 5º
ano do primeiro segmento, o que tem impulsionado os professores de língua portuguesa a
estudarem formas de solucionar este problema.
24

Verifica-se, que o professor, com sua formação específica em letrar, precisa


encontrar estratégias para conseguir superar obstáculos como a falta de oportunidade e de
materiais pedagógicos, usando sua mente criativa na construção de um indivíduo conhecedor
não apenas de letras, mas de valores e fatores sociais e comunicativos contemporâneos,
possibilitando que este ser seja inserido na sociedade moderna com habilidades, competências
e desenvolvimento de atividades corriqueiras manuais, mas também com o uso tecnológico da
linguagem pós moderna para a compreensão dos eventos futuros no âmbito sociocultural em
que o aluno encontra-se inserido.
Os materiais didáticos manuais ou tecnológicos são apoio para estas produções mas
não são base do ensino, pois sejam as produções idealizadas ou utilizadas com a criatividade
própria de cada professor, de acordo com as situações vivenciadas e as necessidades,
cumprirão o papel de alcançar ou desenvolver o nível de letramento pretendido ao indivíduo
em formação.
Enfim, ainda ficou claro a relevância dos campos de atuação de estratégias para o
desenvolvimento da escrita e leitura propostos pela BNCC que é algo de extrema seriedade e
necessária para que o aluno possa desenvolver ideias, conhecimentos, autonomia, formação
cidadã, participativa, pois o processo ensino-aprendizagem e o letramento, se constitui dentro
das interações que vão se dando nos diversos contextos sociais, e a escola representa o
principal contexto de interação na evolução do ser-sujeito.
O professor deve estar capacitado para as habilidades tecnológicas, evitando
constrangimentos que afetem a exposição linguística no decorrer de aulas de língua
portuguesa, bem como, valorizar o contexto sociocultural de vida do discente, motivando o
aluno à descoberta do significado do que está lhe sendo proposto a escrever e ler, levando-o a
encontrar códigos durante a prática da leitura e escrita que representem formas para
sistematizar e assimilar o processo cognitivo.

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