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=CAÁLA=
Huambo, 2023
Huambo, 2023
PRINCIPAIS CAUSAS
Não se pode aprioristicamente dizer quais circunstâncias encontram-se na base do fraco
domínio da leitura da Língua Portuguesa a nível do Colégio Público do Hengue, do Bailundo, já
que as especificidades da região exigem um aprofundamento casuístico e particular sobre tais
circunstâncias. Para se chegar a uma conclusão consistente sobre quais são as principais razões
subjacentes ao fenómeno, o presente trabalho propõe-se, preliminarmente, realizar uma pesquisa
empírico-prática, de modo a fazer indagações concretas essencialmente coerentes com a realidade
específica dos estudantes do Colégio Público do Hengue, no Município Bailundo, porquanto não
se podem generalizar as causas do mesmo factor partindo de realidades estranhas à do Colégio.
CONSEQUÊNCIAS
POSSÍVEIS SOLUÇÕES
Os alunos devem adquirir, desde as primeiras idades, um verdadeiro gosto, prazer e amor
pela escrita, hábitos estes que se pretendem duradoiros e, quem sabe, permanentes. A escrita e a
leitura devem converter-se em uma prática e uma experiência gratificantes e gostosas para eles,
estudantes, e é essencial para isso o trabalho dos professores, que se devem mostrar como
autênticos escritores e leitores, como exemplos a seguir e incentivando cada vez mais o amor pela
escrita e pela leitura.
Desta forma, cabe aos sistemas de ensino, especialmente à escola, a função de estimular o
desenvolvimento da criatividade, de modo a que a mesma (criatividade) se constitua em um dos
pilares curriculares que estruturam o processo formal de educação do País.
Victor (1995), citado por Azevedo (2010, p. 6), diz-nos que a didáctica trabalha com
saberes ligados a um duplo sistema de referências: as ordens epistemológicas e as ordens
psicológicas. São aspectos a aprofundar mais adiante no presente estudo.
1.1 – PROBLEMA CIENTÍFICO
A falta de uma biblioteca propicia o fraco domínio da Língua Portuguesa dos alunos da
9.ª classe, Colégio Hengue – Bailundo?
1.2 – OBJECTIVOS
1.2.1 – GERAL
Selecionar as estratégias metodológicas de ensino da Língua Portuguesa para
melhorar e facilitar a sua aprendizagem.
1.2.2 – Específicos
Indicar as melhores estratégias para a criação de uma Biblioteca escolar a fim de
mitigar os problemas de aprendizagem da disciplina de Língua Portuguesa;
Estudar as causas do fraco desempenho dos estudantes do Colégio Público Hengue
na disciplina de Língua Portuguesa.
Identificar as principais consequências do fraco domínio da leitura em Língua
Portuguesa dos estudantes da escola referida.
Propor vias metodológicas para a solução do problema de fraco domínio da leitura
em Língua Portuguesa dos estudantes da referida escola.
1.4 – Justificativa
A aprendizagem da Língua Portuguesa é essencial ao aproveitamento satisfatório de
qualquer estudante inserido no sistema educacional angolano. Dificuldades no aprendizado geral
da Língua é susceptível de comprometer o desempenho global do aluno em todas as disciplinas.
É por esta razão que entendemos oportuno realizar este estudo, com vista a minimizar
vícios metodológicos ínsitos no processo de ensino da Língua Portuguesa e garantir um
acompanhamento constante deste processo.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
As metodologias de ensino, tanto das línguas quanto de outros domínios do saber, têm
sofrido uma vasta gama de modificações nas últimas décadas, sobretudo com o advento da actual
sociedade da informação, com o surgimento de novas tecnologias que, no geral, relegaram para o
terceiro plano os tradicionais sistemas educativos, hoje taxados de ineficientes.
O ensino das línguas levanta, porém, entre nós, problemas adicionais, que urge analisar.
Comece-se por dizer que “Angola é um país multilingue, onde além das línguas
vernáculas (línguas africanas locais) e suas variedades, a maior parte delas de origem Bantu, mas
algumas não Bantu, pertencentes à família das línguas «khoisan» e disseminadas na região sul do
país, surge o português como língua ofcial”1 (…), o que tem efeitos prejudiciais na assimilação
da Língua Portuguesa no contexto das crianças residentes sobretudo no interior do País.
Constitui situação normal que “quando uma criança entra na escola, já tenha aprendido,
de forma espontânea e por mera imersão num determinado meio lingüístico, a língua da sua
comunidade (…). A responsável por esta aquisição espontânea e natural é a famosa competência
lingüística inata (…)”3. Ao menos esta é a situação ideal, e ela pouco se verifica a nível do
interior do País.
1
COSTA, Ana et al. Manual de Língua Portuguesa para Professores do Ensino Primário. Luanda: Ministério da
Educação, 2019. (Projecto Aprendizagem para Todos), p. 7.
2
Língua Materna, num contexto plurilingue como o angolano, é a língua ou as línguas do habitat em que a criança
vive e que utiliza nas suas interacções quotidianas. Ibidem, p. 7.
3
DUARTE, Isabel Margarida. Ensino da Língua Portuguesa em Portugal: O Texto, no Cruzamento dos Estudos
Linguísticos Literários… p. 2
Nestas regiões é muito comum que adolescentes – não se fale das crianças – façam um
uso deficiente da Língua Portuguesa, quando algum uso dela façam, sendo mais comum mesmo
serem estes essencialmente incapazes de se comunicarem por meio da Língua de Camões. E isso
parece explicar-se: os jovens estudantes não têm, naquelas localidades, o contacto directo e
contínuo com a Língua Portuguesa necessário para se atingir um nível minimamente aceitável de
domínio da língua, pois seus pais e superiores em geral preferem comunicar-se – no âmbito
familiar – por intermédio da Línguas nativas, sendo normal que eles próprios não sejam capazes
de falar o Português.
Parece que, nestas regiões, a forma mais fácil de propiciar um conhecimento aceitável da
Língua Portuguesa seria através do fomento do hábito pela leitura de livros escritos em
Português, o que propiciará uma relação direta entre os meninos e a Língua.
São louváveis as seguintes palavras: “A leitura deve ser considerada pelo leitor como um
importante recurso para o acréscimo de novas informações e experiências, que possibilitam a
reformulação de ideias já existentes e estimulam o contínuo processo de aprender e re-aprender”4.
Num sistema educativo moderno é correcto dizer, sem reservas, que “o professor não é
mais a fonte principal do saber, mas sim aquele que harmoniza o conhecimento, que auxilia o
jovem na procura de uma visão do mundo” (UNESCO,1975)
Uma dificuldade, porém, coloca-se imediatamente: se é exigível ler, para se alcançar o
necessário domínio da Língua, que livros ler? Por conta de quem?
O mesmo é dizer, quem disponibilizará os referidos textos a serem lidos? Está fora de
questão ponderar que as famílias locais se encarreguem por este encargo, porquanto é bem
conhecida a situação económica média da família rural, que absolutamente não possibilita mais
do que a garantia do sustento do agregado, quando para tal é bastante.
Pode-se dizer que a biblioteca é “um portal para o saber”, e que “ela representa uma fonte
de variedade, geradora de inovação e mudança que facilita e favorece o
4
SOARES, Sônia Ribeiro de Moura. A Importância da Biblioteca Escolar como um Espaço de Formação de Leitores
Letrados. Paraná: Governo do Estado, 2014. (Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor
PDE). p. 4.
surgimento de novas modalidades de acção educativa Intervenção da Biblioteca Escolar no
processo de ensino-aprendizagem”5.
Diga-se, enfim, que “as bibliotecas apresentam um importante papel na nossa sociedade,
tanto no que diz respeito à conservação de acervos quanto na possibilidade de apropriação de
conhecimentos através dos livros lá existentes”.
É, em parte, com fundamento nesta base teórica que o presente estudo será estruturado.
5
ALVES, Marta Paula Fernandes Mota. Intervenção da Biblioteca no Processo Ensino-Aprendizagem. Lisboa: 2000,
p. 1.
FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA
3.1 Metodologia
3.1.1 Método de abordagem
Atendendo às especificidades do presente estudo, afigura-se-nos adequado adoptar o
método hipotético-dedutivo de acordo com o esquema de Popper 6. Partimos, pois, do seguinte:
expectativa ou conhecimento prévio, problema, conjectura ou hipótese a defender e tentativa de
corroboração da hipótese defendida, o que resultou na seguinte esquematização.
Quanto aos procedimentos técnicos, este trabalho comporta simultaneamente uma parte
bibliográfica, outra documental e uma última relativa à pesquisa de campo.
8
Fernando CANASTRA, Frans HAANSTRA e Martins VILANCULOS, Manual de Investigação Científica da
Universidade Católica de Moçambique, Beira - Janeiro de 2015, p. 19.
9
Eva Maria LAKATOS, Ob. Cit., p. 224.
3.6 Critério de inclusão
Para selecionarmos a população mostrada acima servimo-nos de um critério único, que é
pertencer ao Colégio Público Hengue – Bailundo, sem mais requisitos.
3.7 Conjectura
Entende-se que a inexistência de uma biblioteca escolar no referido Colégio frustra as
tendências investigativas dos estudantes, o que os leva à ociosidade mental, o que concretiza em
graves deficiências em Língua Portuguesa.