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Resumo
Este trabalho com o título: Sequência didáctica com o género textual fábula como proposta
metodológica para desenvolver a competência comunicativa, relata o estudo desenvolvido
com os alunos da 8.ª classe do Complexo Escolar do Ensino Primário e I,º ciclo do Ensino
Secundário n.º 3095-“Bispo Maiala David”- Luanda-Cazenga, em contexto de diversidade
linguística. Por via da Sequência didáctica desencadeada pelo género textual Fábula, sob olhar
no Ensino da Língua Portuguesa em Angola, fundamentado no Enfoque Interactivo Textual e
na Abordagem Comunicativa com Enfoque Integrador. Com uso de diferentes métodos e
técnicas como indutivo, dedutivo, análise bibliográfica, análise documental, análise linguística
e inquérito por questionário, os resultados da pesquisa apontam para Sequência Didáctica com
género textual fábula como proposta metodológica para desenvolver a competência
comunicativa dos alunos da 8.ª classe.
Abstract
This work with the title: Didactic sequence with the textual gender fable as propos
methodological alternative to develop of the communicative competence is returned to the
study of the students' of the 8th class of the School Complex “Bispo Maiala David” n. º 3095,
Luanda-Cazenga, for road of the didactic Sequence unchained by the textual gender fable. An
innovative approach on strategy of teaching of the Portuguese language. Like this to be, the
general objective of this work is to develop the communicative competence of the student’s
affections to the project. For such end, it was fallen back upon the foundations of the
Communicative Approach with focus Integrator and of the Textual Interactive Focus. With
use of different methods and techniques as inductive, deductive, bibliographical analysis,
documental analysis and inquiry for questionnaire, and, still, a combined approach
(qualitative and quantitative), the results of the research appear for Didactic Sequence with
1
Feliciano Chingui Veríssimo - Faculdade de Humanidade da Universidade Agostinho Neto. ANGOLA.
E-mail - brasy49@gmail.com
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gender textual fable as workaround to develop the students' of the 8th class communicative
competence, and, still, they demonstrate the satisfaction of the involved in the research.
Introdução
Em Angola, segundo se pode ler no artigo 16.º da Lei de Bases do Sistema de Educação e
Ensino n.º 17/16 de 7 de Outubro, o ensino deve ser ministrado em português.
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Português na Escola Solução Alternativa
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Sequência de actividades que visam desenvolver à competência comunicativa. Justifica-se o uso da presente
proposta, pois as actividades nelas desenvolvidas, para além de desenvolverem às competências comunicativas,
também leva o aluno a ser sujeito activo na construção do seu próprio conhecimento para desenvolver papéis
sociais de referências.
2
A partir deste postulado, pode-se inferir a adopção de um modelo de ensino monolingue; a
exclusividade do português como meio pelo qual os conteúdos curriculares devem ser
transmitidos. E, por consequência disto, todos os documentos reitores do Sistema Educativo e
Ensino angolano seguem esta orientação. Assim a ser, a Língua Portuguesa é um factor
determinante para o sucesso escolar neste território.
Nessa linha de raciocínio, se se analisar com muita atenção o referido documento (Lei de
Bases do Sistema de Educação e Ensino), quer o Currículo do I.º Ciclo do Ensino Secundário,
assim como o Programa de Língua Portuguesa da 7.ª, 8.ª e 9.ª classe (2019, p.8), e se
confrontar com a realidade objectiva poder-se-á perceber a existência de um grande
paradoxo. Pois, aquilo que é teorizado nos referidos documentos (ponto de vista ideal), na
prática (ponto de vista real) não se observa. Por exemplo, nesses documentos, o aluno é visto
como um sujeito activo, perspectivando, segundo se pode ler num dos objectivos gerais da
Língua Portuguesa no I.º Ciclo do Ensino Secundário: “Desenvolver no aluno a capacidade de
comunicação [...]”, o desenvolvimento da competência comunicativa. Mas, o que se observa é
um ensino da LP metalinguístico.
Para Jubran (2006, p.32), a adopção do Enfoque Interactivo Textual apoia-se na concepção de
linguagem como uma forma de acção, uma actividade verbal exercida entre pelo menos dois
interlocutores, dentro de uma localização contextual, em que um se situa reciprocamente em
relação ao outro.
Deste modo, é notável nas escolas o ensino da língua a partir da visão estruturalista: estuda-se
a língua a partir de frases isoladas, sem se fazer recurso ao uso do texto, facto que leva à fraca
adesão dos alunos nas aulas de Língua Portuguesa, como diz Rodrigues e Cerutti-Rizzatti
(2011:45): (...) a forma como é encaminhada as relações interpessoais é por meio da leitura e
da escrita, que têm lugar na aula de Língua Portuguesa, não conquistam a adesão dos alunos.
Os mesmos apresentam uma explicação para esse caso, dizendo que a fraca adesão verifica-
se, possivelmente, porque as práticas de escrita ficam muito distantes. E sob víeis do enfoque
interactivo-textual, está a impossibilidade de formação de bons leitores e produtores de textos.
Pois, na escola, deve aprender-se a escrever escrevendo e falar falando.
No quotidiano, sempre estamos interagindo com os outros, seja para pedir informações,
responder algo, explicar, ensinar. Por isso, faz parte da condição humana o uso da linguagem
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para poder viver em sociedade. Contudo, esta interacção não acontece de maneira isolada e
aleatória, produz-se textos o tempo todo para nos comunicarmos, e estes textos constituem-se
em uma unidade comunicativa que funciona dentro de um contexto com no mínimo duas
pessoas (interlocutores).
A tipologia textual se constitui de forma mais restrita e mais estável que os géneros, e
classifica-se em: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo e expositivo. Por exemplo,
dentro de um texto que classifico como narrativo, posso encontrar vários géneros como: carta
pessoal, conto, fábula, romance, novela... Ou seja, a tipologia textual não dá conta da
quantidade de textos existentes dentro das nossas actividades comunicativas, mas no guia para
um tipo de sequência de base, e assim nos ajuda para a produção textual coerente e coesa.
(Marchuschi, 2002, p.27)
Fábula (dolatim fari= falar e grego phaó= dizer, contar algo). É mesmo que narrar ou fabular
contos e lendas.
O género Fábula é construído por histórias ágeis, curtas, bastante simbólicas, falando
das/criticando as atitudes humanas ou aconselhando as pessoas. Pode ser escrito em prosa ou
em versos. Suas personagens [...] são típicas, isto é, representam alguma atitude/característica
humana – virtudes e defeitos. Textos deste género exibem/mostram, quase sempre, após a
conclusão ou desfecho, uma moral da história.” (PERFEITO; NANTES; & FERRAGINI.
2014, p.3)
A moral por sua vez, é normalmente explicitada no fim da narrativa, seguindo os moldes de
Esopo e Fedro; La Fontaine, por outro lado, priorizava por deixar a moral da história segundo
a interpretação do leitor. É interessante perguntar-se, ao trabalhar a Fábula, o que ela
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acrescenta aos alunos nos seus estudos sobre a realidade social e futura? Ela oferece ao aluno
um modelo de raciocínio, que reduz uma satisfação a uma clara relação de fundamento da
vida, cujos níveis de resultados são alcançados em poucas e famosas formas, a partir dos
animais: animais falam e transitam como seres humanos. Uma vez que o aluno compreende e
reconhece a fábula, isso lhe possibilita uma orientação para a vida em dois aspectos; um, em
que concluem o entendimento de situações humanas fundamentais, e o outro em que a
verdade abre seus olhos para o real, desconfortável lado da vida.
Geralmente, tem sido muito negligenciada nas aulas de língua portuguesa. É uma habilidade
que precisa de ser treinada desde cedo. Está ligada a capacidade que o aluno tem para
expressar-se mediante género oral.
À semelhança da expressão oral, essa habilidade também tem sido pouco explorada no
contexto de sala de aula.A mesma reflecte a capacidade que o aluno tem para compreender
discursos orais.
2.3.3 Leitura
A leitura é tida como meio de desenvolvimento cultural para maior integração social. Para tal,
essa prática deve permitir que o aluno seja construtor do seu próprio saber e transformador da
sociedade. Contudo, a escola e professores precisam ensinar aos alunos como desenvolver o
prazer, o gosto pelo acto de ler e realizar um trabalho pedagógico que contribua para a
formação de um leitor competente, tanto nas salas e no espaço escolar, quanto fora desses dois
ambientes.
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2.3.5 Análise Linguística
Conjunto de actividades que tornam uma das características da linguagem como seu único objecto: o facto
de a poder remeter a si próprio, ou seja, com a linguagem não só falamos sobre o mundo ou nossa reacção
com as coisas, mas também falamos sobre como falamos.
O enfoque integrador permite um olhar ao aluno como um ser integrado numa sociedade. O
aluno é colocado em situações de desempenhar papéis sociais de referência.
Panzo (2013, p.20) defende que o desenvolvimento desta competência passa pelo
desenvolvimento das suas subcategorias, nomeadamente: a competência linguística
/gramatical; a competência discursiva; a competência sociolinguística e a competência
estratégica que permitem que o aprendente desenvolva competência comunicativa de modo
eficaz dentro e fora da sala de aula.
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Comunicativas como elemento central na planificação subentende a organização do processo
de ensino-aprendizagem de línguas a partir de uma perspectiva da acção. (Panzo, 2013, p.134)
4 Sequência Didáctica
Sustentada pela Abordagem Comunicativa com Enfoque Integrador, essa técnica foi usada
essencialmente para, de forma sistemática, abordar à Competência Comunicativa por meio do
género textual Fábula aos alunos da 8.ª Classe no Complexo Escolar do Ensino Primário e I.º
Ciclo do Ensino Secundário N.º 3095 “Bispo Maiala David” – Luanda – Cazenga-Distrito
Urbano 11 de Novembro.
A sequência usada neste trabalho, baseia-se na estrutura apresentada por Schneuwly e Dolz
apud Costa e Sousa e Adriano (2011) cujos elementos considerados são: Apresentação da
situação, Produção Inicial, etapas ou ateliês (no nosso caso, designamos por Módulos),
Produção Final (Avaliação).
- Apresentação do
- Produção escrita, Aplicação - Produção textual
projecto, dos
espontânea, de uma sistemática e final (Rescrita das
desafios e do género
fábula feito pelos aprofundada dos fábulas) 7
textual fábula.
alunos da 8.ª Classe módulos 1,2,3 a 13. -Avaliação da fábula
Apresentação do g
5 Propostas de actividades
Para maior compreensão, apresenta-se às seguintes propostas de actividades que podem ser
realizadas para o desenvolvimento de competências comunicativas nos alunos.
Módulo 1
Situação/ Projecto: Construção de um Livro de fábulas - Descobrindo pequenos
escritores – O Meu livro de Fábulas.
Então, hoje, queremos que se tornem pequenos escritores. Usem a vossa imaginação e
criatividade para construírem uma boa estória. Vão todos escrever uma fábula. E, no final,
juntaremos e teremos o nosso pequeno livro de fábulas que terá como título: O Meu Livro de
Fábulas. E vamos oferecer um exemplar à tua escola.
Todos os dias, somos contados e contamos algo a alguém. Uma Fábula é uma narrativa em
que as personagens são, geralmente, animais; forças da natureza ou objectos que representam
características humanas (na fala, os costumes…) e que apresentam sempre lições morais
consideradas importantes para todos.
A fábula tem elementos como narrador, personagem, tempo e espaço. Deve ter início,
desenrolar e fim.
Portanto, usem a vossa imaginação e criatividade para efectuarem algo único, bonito e
original.
Antes de escreverem, vamos ler uma fábula de Osopo adaptação de La Fontaine com
ilustrações do autor e de Carlos Pinheiro do livro: Fábulas de Osopo.
Antes da leitura
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O professor fez a distribuição dos textos, e preparou os alunos para a escuta atenta:
Para ser um bom escritor deve-se ler muito, vocês vão ouvir ler um texto de La Fontaine cujo
título é “A FORMIGA E A POMBA”. Devem, por isso, prestar muita atenção.
Durante a Leitura
Depois da leitura
Para uma boa interacção, o professor orientou a leitura dramatizada, por meio da qual os
professores se passavam por personagens.
Produção inicial
No entanto, os alunos, sob orientação do professor, fizeram a Produção Inicial (uma fábula
pessoal).
Escrita fantástica
Vão, então, usar a vossa imaginação e criatividade para fazerem um texto único, bonito; da
vossa autoria; que fará parte do vosso livro de fábulas.
Objectivos específicos
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- Fazer inferências;
Módulo 4.2
Conteúdo: Caligrafia
Especificação: Escrever correctamente as letras e de forma desenhada
Observe o texto
A gralha e os pavões
Estando na muda os pavões, uma gralha. Seduzida pelo brilho das penas que deles Caíam,
apanhou‐as e com elas se enfeitou. Desdenhando das irmãs, foi então meter‐se em um bando
de pavões. Estes, porém, logo a reconheceram, e às bicadas lhe arrancaram as penas que lhe
não pertenciam; e com elas, pele e carne. Ensanguentada, voltou a coitada para suas irmãs,
que só depois de muito a terem, chasqueado, perdoaram ao seu arrependimento.
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O professor orientou os alunos que observassem, com muita atenção, em cada linha do texto
acima, com realce as letras; para depois dizerem o que viram acerca da estrutura das mesmas.
Interacção
- O professor respondeu: existem vários defeitos de caligrafia que podem tornar difícil a
leitura e a compreensão de textos. Por isso, a atenção é indispensável para superarem os
defeitos de caligrafia.
Já ouviram falar de caligrafia? Onde? O que é a caligrafia? Em que momento utilizam? Qual é
a sua importância?
Identifique
O professor pediu aos alunos que identificassem os defeitos de caligrafia no texto acima.
O professor distribuiu o material de apoio (folhas de treino de caligrafia) aos alunos para
sustentação da aula. Em seguida, o mesmo desenhou cuidadosamente às letras no quadro,
verbalizando os movimentos que se realiza; mostrando a estrutura de cada letra aos alunos
para que depois os mesmos praticassem na folha de treino de caligrafia.
1. Peguem no lápis;
2. Posicionem bem o caderno e a mão; para os alunos destros devem ter o caderno um
pouco inclinado a esquerda para terem a iluminação do lado esquerdo;
3. Peguem o lápis quase entre a ponta do polegar e do indicador e apoiado no dedo
médio;
4. A mão, o braço até ao antebraço, devem estar apoiadas sobre a carteira ou mesa.
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O professor chamou atenção no seguinte:
Os esquerdinos devem ter procedimentos inversos.
Aplique (Actividade de reescrita)
Na sequência, o professor orientou à seguinte tarefa:
Repasse com lápis por cima de cada letra para se familiarizar com os movimentos que se
fazem para desenhar correctamente as letras.
Reescreve o texto acima desenhando as letras cuidadosamente para torná-lo legível e
agradável à vista.
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Pratique
Módulo 12
Conteúdo: Estrutura, elementos e técnicas de construção de fábulas.
Especificação: Conhecer a estrutura, os elementos, as técnicas de construção de uma fábula e redigi-las.
Lê o texto
Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa perseguição,
ele parou a caçada. Um pastor de cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:
- Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo apenas por um jantar, mas ela por sua
vida.
Moral: O motivo pelo qual realizamos uma tarefa é que vai determinar sua qualidade final.
Lembre
O professor lembrou os alunos do desafio do primeiro dia, segundo o qual, eles tornar-se-iam
pequenos escritores.
O professor activou os conhecimentos prévios dos alunos por meio de algumas perguntas:
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Vamos recordar o que é uma fábula.
Quais são os elementos de uma fábula?
Como se estrutura uma fábula?
Quem escreve uma fábula?
Agora, já conhecem muitas fábulas, pois não?
Alguém quer contar uma? Mas, deverá dizer o nome do autor/a.
Até aqui já mantivemos contactos com muitas fábulas. Como sabemos, Fábula é um género
textual narrativo curto que, na Antiguidade, era utilizado para se opor à opressão reinante,
para criticar usos e costumes e mesmo as pessoas. Para não ser atingidos por quem eles
criticavam, os autores usavam aves e animais, como personagens de suas histórias. Apesar de
tão antigas, seus temas são actuais, pois a maioria delas retrata atitudes humanas como: a
disputa entre fortes e fracos, a esperteza de alguns, a gratidão, a bondade, o não ser tolo, etc.
Os animais, na maioria das vezes, satiriza o comportamento humano mostrando seus defeitos.
1.Como está estruturada uma fábula? 3.Define a ilação moral de uma fábula.
2.Quais são os seus elementos? 4.Qual é o objectivo de uma fábula?
O trabalho com a Sequência Didáctica mediado pelos géneros textuais, neste particular a
Fábula, com enfoque interactivo textual e abordagem comunicativa com enfoque integrador
desenvolvido com materiais autênticos permite desenvolver competência comunicativa dos
alunos da 8.ª classe do Complexo Escolar do Ensino Primário e I.º ciclo do Ensino Secundário
n.º 3095-“Bispo Maiala David”- Luanda-Cazenga, através de um conjunto de actividades
sistemáticas de leitura, interpretação, produção textual, análise linguística e observação,
práticas linguísticas decorrentes de trabalhos com tarefas comunicativas.
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PESA, com objectivo de contribuir, com a metodologia apresentada, mudança na prática e
sistema de ensino da Língua Portuguesa em Angola.
7 Referências Bibliográficas
GIL, António Carlos (2008) Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª Ed. Editora Atlas
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