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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

ANÁLISE CRÍTICA DO PROGRAMA DE ENSINO DE PORTUGUÊS DA 10ª


CLASSE

Felizarda Moisés Nhantumbo: 41210754

Maxixe, Agosto, 2022


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

ANÁLISE CRÍTICA DO PROGRAMA DE ENSINO DE PORTUGUÊS DA 10ª


CLASSE

Trabalho de Campo a ser submetido


na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de Português do
ISCED.
Tutor: Nelson Ernesto

Felizarda Moisés Nhantumbo: 41210754

Maxixe, Agosto, 2022


Índice
Introdução....................................................................................................................................4
Objectivos:...................................................................................................................................4
Metodologias...............................................................................................................................4
Abordagem do programa de ensino de português da 10ª classe.................................................5
Atividades propostas....................................................................................................................5
Objetivos traçados no programa..................................................................................................6
Divisão das unidades....................................................................................................................7
Principais Alterações....................................................................................................................9
Temas transversais propostos no final de cada unidade temática...............................................9
Grau de prescrição do programa do ensino da LP........................................................................9
Conclusão...................................................................................................................................11
Preferências bibliográficas.........................................................................................................12
Introdução

O presente trabalho visa fazer uma análise crítica do Programa de Ensino de Português
da 10ª classe. Ele nasce como um tema de investigação na cadeira de Metodologia de
Ensino e Aprendizagem do Português I na sequência do ensino á distancia no ISCED.

. O trabalho, apresenta, sinteticamente, elementos centrais do pensamento de alguns


autores emblemáticos na área de língua portuguesa que versam sobre a temática e busca
articular tais ideias de modo a abordar sobre aspectos que tem a ver com o programa de
ensino de português da 10ª classe.

Inicialmente, para buscar os elementos centrais das teorias mencionadas, resumiu-se a


compreensão do campo de conhecimento circunscrito pelas referidas áreas de
pensamento e, dentro delas, identificou-se os autores que mais bem expressam o seu
posicionamento acerca da temática.

Ao final, buscou-se produzir uma síntese das ideias dos teóricos em questão, cotejando-
a a uma análise, a partir da literatura mais recente.

Objectivos:
 Geral: apresentar uma análise crítica do Programa de Ensino de Português da
10ª classe

Objectivos específicos:

 Fazer uma abordagem do Programa de Ensino de Português da 10ª classe


comparando com os outros programas do mesmo ciclo;
 Indicar a estrutura do Programa de Ensino de Português da 10ª classe;
 Descrever o Programa de Ensino de Português da 10ª classe.

Metodologias

Para abordar esta temática foi utilizada a pesquisa bibliográfica que é “desenvolvida
com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos” (GIL, 2002).

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Para Koche (1997), a finalidade da pesquisa bibliográfica é de ampliar o conhecimento
em uma determinada área, capacitando o investigador, a compreender ou delimitar
melhor um problema de pesquisa.

Abordagem do programa de ensino de português da 10ª classe

Analisados os conteúdos programáticos para a 10ª classe, comparando-os com os da 8ª e


9ª classes, do mesmo ciclo, pode-se dizer que os programas privilegiam a escrita em
relação à oralidade.

A escrita é vista, no entender dos programadores, como forma superior de expressão,


seja pelas suas características de conservação e fixação, seja pela sua produção
depender da aprendizagem de técnicas específicas, sem esquecer o facto de ser mais
estritamente codificada do que a linguagem oral, cujos “desvios” da norma gramatical
são mais facilmente admitidos.

A unidade de textos que abordam exercícios de expressão oral nos programas é a


seguinte:

 Textos Orais ou Escritos de Chamada de Atenção e Argumentativos, (anúncio


simples e publicitário, avisos) – 1º trimestre;
 Textos dramáticos Orais ou Escritos (1º trimestre);
 Textos, Orais ou Escritos, de natureza Didáctica ou Científica (Manuais
Escolares, Receitas de Cozinha, Instruções varias) – 2º trimestre;
 Textos Narrativos Orais ou Escritos (lenda, conto, fábula, novela, romance) – 3º
trimestre.

Atividades propostas
Tendo em conta estas tipologias textuais, o programa propõe as seguintes actividades:

 Resposta oral de perguntas de questionários orais, com vista a uma melhor


compreensão e análise de um texto narrativo (duas vezes);
 Realização ou simulação de uma entrevista a uma entidade social (2vezes);
 Reconto oral ou por escrito de textos narrativos em prosa ou em verso (uma
vez);
 Debate sobre temas actuais da sociedade (2 vezes);

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 Apresentação oral de um trabalho pesquisado na biblioteca (uma vez); Resumo
oral de textos narrativos do livro do aluno (uma vez);
 Exposição oral sobre uma pesquisa feita pelos alunos na comunidade onde estão
inseridos, sobre o modo de viver dessa comunidade (uma vez);
 Representação de um texto dramático, seleccionado no livro do aluno (uma vez).

Comparando estas actividades com actividades de produção escrita, nota-se que as


actividades programadas para o exercício da expressão oral são muito poucas, tendo em
conta os objectivos gerais do programa que se anuncia para a 10ª classe.

Objetivos traçados no programa


Alguns dos objectivos traçados pelo programa são:

 Utilizar a língua para “descrever” a própria cultura e as alheias como parte de


uma sociedade universal;
 Dominar a expressão oral e escrita em situações diversificadas da vida política e
social; usar no seu quotidiano tipos diversificados de textos orais e escritos;
 Intervir pessoalmente em momentos diversificados de comunicação.

Pelas actividades de expressão oral presentes no programa da 10ª classe, quando se faz
alusão à língua falada, depreendemos que esta é ensinada e julgada na sua adequação ao
enunciado escrito, o que nos permite presumir que o ensino da Língua Portuguesa, para
os programadores, visa o desenvolvimento da capacidade comunicativa do aluno nos
domínios oral e escrito.

No entanto, as intenções anunciadas nos programas parecem não corresponder à


realidade dos factos, contrariando, deste modo, os objectivos preconizados no programa.

Deteta-se portanto aqui um erro metodológico, porque, como se sabe, a oralidade difere
da escrita em vários aspectos.

Ao indicar a leitura de textos como meio para desenvolver no aluno a capacidade de


expressão oral, o programa deixa clara a opção por uma abordagem da oralidade a partir
da escrita que, por sua vez, deixa entrever a convicção, generalizada no contexto
escolar, de que o discurso oral possui as mesmas regras que o discurso escrito.

Assim, para aprender a falar correctamente, bastaria aprender a ler e a escrever.

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Outra constatação significativa, a observar, é o facto de que as estratégias das
actividades, supostamente programadas para o desenvolvimento da expressão oral, se
restrinjam a “leitura expressiva do texto” e à “exposição oral”.

O programa recomenda de entre outros aspectos, o trabalho em grupo, seguido de


debate na sala de aula, como forma de desenvolver habilidades tais como, saber ler,
saber falar e saber ouvir, competências importantes não só para a vida escolar, como
também para a vida social.

A investigação individual em bibliotecas é também uma recomendação do programa,


apesar desta actividade, não poder ser feita pela maioria dos alunos que estão em
escolas sem bibliotecas ou distantes das bibliotecas municipais.

Divisão das unidades


Na divisão das unidades programáticas dos três trimestres, de um ano lectivo, estão
contempladas 15 horas para trabalhar textos, orais ou escritos, de chamada de atenção e
argumentativos (1º trimestre); 10 horas para textos dramáticos orais ou escritos; 10
horas para textos orais ou escritos, de natureza didáctica ou científica (2º trimestre); e 15
horas para textos narrativos orais ou escritos (3º trimestre), privilegiando-se os textos
narrativos escritos.

Aos textos poéticos escritos atribuem-se mais horas lectivas, justificando-se a pouca
importância que se dá aos textos orais, com vista a exercitação da expressão oral dos
alunos.

Os exercícios programados para os textos narrativos, orais ou escritos, estão mais


virados para perguntas de interpretação textual, para a estrutura formal dos textos, do
que propriamente o desenvolvimento da expressão oral dos alunos, apesar de se
aconselharem textos como: o conto, a fábula, a lenda, a novela, o romance, o aviso, o
anúncio simples e publicitário, os manuais escolares, as receitas de cozinha, as
instruções várias e guias turísticos.

Fazendo uma leitura atenta dos objectivos específicos das unidades programadas,
referentes aos textos orais ou escritos, acima descritos, observa-se que, em 15 horas
lectivas, somente estão previstas uma ou duas actividades de reconto oral, debate,
entrevista, exposição oral, de textos ou temas sociais.

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Os restantes objectivos específicos visam perguntas relacionadas com a identificação
das personagens, com o tipo de narrador, com a identificação das figuras de estilo no
texto e exercícios gramaticais e outros itens de ordem gramatical.

Nas actividades da aula, privilegiam-se a leitura oral de textos, a apresentação e


organização de textos, a análise de tipos de linguagem, e a produção escrita de alguns
tipos de textos.

Transcrevemos de seguida as sugestões de estratégias recomendadas aos professores, no


programa de português da 10ª classe, na unidade didáctica – O texto Narrativo, em 15
horas lectivas:

- Análise de textos narrativos nos seguintes aspectos:

a) Pesquisa de elementos referentes ao tempo;

b) Análise do tempo da história a partir desses elementos;

c) Levantamento de elementos para a caracterização psicológica das personagens;

d) Distinção entre personagens planas e redondas; e) Identificação do tipo a que a


narrativa pertence; f) Identificação de alguns recursos de estilo.

- Exercícios de leitura clara, correcta e obedecendo à expressividade da pontuação:

- Exercícios de vocabulário; - Elaboração de fichas de leitura;

- Realização de diversos exercícios sempre com base num texto (oral ou Escrito)
para:

a) Conjugar formas verbais;

b) Conjugar a mesma forma em diferentes conjugações.

- Resumo oral de textos narrativos (oralização de textos) - Produção escrita de um


texto narrativo real (escrita)

- Materiais

Estes materiais são textos retirados do livro do aluno da 10ª classe, para análise na sala
de aula.

“ A minha avó”;

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“ Das tribulações que Lisboa padecia por míngua de mantimentos”; “ O trapiche”.

Apesar de um dos objectivos específicos ser resumir oralmente textos narrativos, o


professor limita-se a mandar os alunos fazerem recontos orais de histórias lidas nos
textos por ele seleccionados, no livro do aluno, e não de histórias e outros
acontecimentos vividos pelos alunos noutros contextos e que sirvam de motivação para
o exercício da expressão oral dos alunos.

Principais Alterações
O programa apresenta algumas inovações: a abordagem cíclica dos conteúdos, os
indicadores de desempenho, uma proposta de obras literárias a serem lidas na 10ª classe
e um glossário.

A abordagem cíclica dos conteúdos visam a abordagem dos conteúdos mais simples
para os mais complexos o que leva ao aluno a apropriar-se dos conteúdos e assimilá-los
com êxito.

Com base nos indicadores de desempenho o professor poderá avaliar o nível de


percepção dos conteúdos abordados ao longo de uma unidade temática e, a leitura de
diversas obras literárias vai permitir o conhecimento de diversos valores morais ou
culturais de uma determinada sociedade abordados por meio da literatura.

Temas transversais propostos no final de cada unidade temática

Os temas transversais propostos para o final de cada unidade temática não têm relação
com a mesma, nem com a tipologia textual e nem mesmo com o texto específico. Este
constrangimento leva com que os alunos para além de ampliarem seus conhecimentos
sobre as diversas tipologias textuais ou regras do funcionamento da língua, só poderão
adquirir conhecimentos diversos sobre os actuais factos que afectam a sociedade vistos
como de interesse de todo ser humano, seu impacto no meu social e medidas de
prevenção (caso haja necessidade).

Grau de prescrição do programa do ensino da LP


No diz respeito ao grau de cumprimento do programa da Língua Portuguesa –10ª classe,
verificase sempre a impossibilidade de cumprimento deste instrumento de ensino-
aprendizagem. Esta impossibilidade é justificada pela insuficiência do tempo necessário
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para a abordagem proficiente dos conteúdos plasmados no programa do ensino, visto
que o professor opta pela alteração do tempo e anulação de outros conteúdos que os
julgar menos importantes no ensino-aprendizagem, tudo isto devido a complexidade de
alguns conteúdos programados.

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Conclusão

Ao longo da exposição teórica, no que refere a pesquisa feita sobre a análise crítica do
programa de ensino de português da 10ª classe constata-se que o programa apresenta
algumas inovações: a abordagem cíclica dos conteúdos, os indicadores de desempenho,
uma proposta de obras literárias a serem lidas na 10ª classe e um glossário.

A abordagem cíclica dos conteúdos visam a abordagem dos conteúdos mais simples
para os mais complexos o que leva ao aluno a apropriar-se dos conteúdos e assimilá-los
com êxito.

Mais especificamente, algumas constatações importantes a que foi possível chegar,


foram: os conteúdos programáticos para a 10ª classe, comparando-os com os da 8ª e 9ª
classes, do mesmo ciclo, pode-se dizer que os programas privilegiam a escrita em
relação à oralidade.

A escrita é vista, no entender dos programadores, como forma superior de expressão,


seja pelas suas características de conservação e fixação, seja pela sua produção
depender da aprendizagem de técnicas específicas, sem esquecer o facto de ser mais
estritamente codificada do que a linguagem oral, cujos “desvios” da norma gramatical
são mais facilmente admitidos.

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Preferências bibliográficas

 GIL, António Carlos (2002). Como elaborar projectos de pesquisa (4 ed.). São
Paulo: ATLAS;
 Rocha, L. C. (2003). Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte,
MG: Editora UFMG;

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