INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Análise crítica literária dos textos

Felizarda Moisés Nhantumbo: 41210754

Maxixe, Outubro, 2021

 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Análise crítica literária dos textos

Trabalho de Campo a ser submetido

na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de Português do
ISCED.
Tutor: Cristóvão Seneta

Felizarda Moisés Nhantumbo: 41210754

Maxixe, Outubro, 2021

Índice
Introdução..........................................................................................................................................4
Objectivos...........................................................................................................................................4
Metodologias.....................................................................................................................................4
Géneros literários...............................................................................................................................5
Teoria do romantismo........................................................................................................................5
Estrutura da narrativa........................................................................................................................6
Características do romantismo...........................................................................................................6
Análise do texto de GARRETT, Almeida..............................................................................................7
Conclusão...........................................................................................................................................9
Referências bibliográficas.................................................................................................................10
Introduçã o

O presente trabalho visa apresentar uma análise crítica literário de alguns textos propostos
pelo ISCED, na cadeira de LPB, como um trabalho de campo.
Segundo Daniele Cristina Agostinho Silva, Mestra em Literatura e Crítica Literária (PUC-SP,
2012), o termo crítica deriva do verbo grego Krinéin que remete à ação de julgar algo.

Em literatura, a crítica literária é análise avaliativa das produções artísticas. A partir do estudo
das características de cada texto, o crítico literário é o responsável por apontar os acertos e as
falhas de determinada produção em termos estéticos, linguísticos e retóricos.

O objectivo principal do presente texto é apresentar a análise crítica literária. Inicialmente,

para a efectivação do trabalho, resumiu-se a compreensão do campo de conhecimento
circunscrito da área de análise crítica literária e, dentro dela, identificou-se os autores que
mais bem expressam o seu posicionamento acerca da temática.

Ao final, buscou-se produzir uma síntese das ideias dos teóricos em questão, cotejando-a a
uma análise crítica literária dos textos, a partir da literatura mais recente.
Objectivos:
 Geral: fazer análise crítica literária dos textos ao nível das suas estruturas
externas e internas.
 Específicos:
 Identificar as correntes literárias patentes nos textos (tipologia textual);
 Ler e apresentar a teoria sobre a estrutura interna e externa de um texto literário;
 Aplicar as teorias de literatura e escrever análise crítica dos textos.

Metodologias

Para abordar esta temática foi utilizada a pesquisa bibliográfica que é “desenvolvida com base
em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL,
2002).

Além disso, a pesquisa bibliográfica “oferece meios para definir, resolver, não somente
problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas [...].” (Manzo, 1971 apud
Lakatos. Marconi, 1992), permitindo assim uma maior compreensão do tema pesquisado.

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Géneros literários
No website E-Dicionário dos Termos Literários, Carlos Ceia (2009), afirma que “géneros
literários são formas de classificação dos textos literários, agrupados por qualidades formais e
concetuais em categorias fixadas e descritas por códigos estéticos”. 

Os textos literários estão divididos, consensualmente, em Modos (classes de texto) que, por
sua vez, dividem-se em géneros e seguidamente em subgéneros.

 Modo Narrativo: Texto que apresenta uma sequência de factos – fictícios ou verídicos
- narrados ao leitor e vividos por personagens; 

Géneros Literários: Romance, epopeia, fábula, novela, crónica, conto.

 Modo Lírico: é um modo textual composto por poesia e caracteriza-se pela

subjetividade, sentimentalidade e musicalidade. 

Géneros Literários: Ode, hino, soneto, elegia, canção;

 Modo Dramático: Texto literário que tem como objetivo a encenação ou a

dramatização.

 Géneros Literários: Sátira, farsa, comédia, tragédia, auto.

Para os textos em análise, enquadram-se no modo Narrativo (Texto que apresenta uma
sequência de factos – fictícios ou verídicos, narrados ao leitor e vividos por personagens).
Eles pertencem ao género de romance e com efeito, será apresentado a seguir, algumas
características deste género textual para posteriormente analisá-los.

Teoria do romantismo

O Romantismo, de acordo com os estudos de Carpeaux (2012), foi um movimento artístico

que, convindo de elementos historicistas, místicos, sentimentais e revolucionários do Pré-
Romantismo, reagiu contra a Revolução e ao Classicismo, por meio da defesa contra a
objetividade racionalista da burguesia, o qual pregou como única fonte de inspiração o
subjetivismo emocional.
Romance é um gênero textual que consiste em uma narrativa longa, escrita em prosa. Seu
surgimento e popularidade remete ao século XVIII, quando ele tomou o lugar das epopeias 
(longas narrativas em verso).

Por tratar-se de uma narrativa, o romance possui uma ação, lugar onde ela ocorre, tempo em

que ela acontece, personagens que a realizam, uma trama e um ponto de vista, isto é, a
perspectiva do narrador.

5
Estrutura da narrativa
O estudo de uma obra literária obedece, em primeira instância, à observação da estrutura

externa e interna.

Ao falar da estrutura externa, refere-se à divisão por capítulos, actos enquanto ao nível da
estrutura interna, pensa-se no desenvolvimento da acção e de todos os aspectos com
ela relacionados.
A estrutura é formada por quatro elementos:

 Narrador: pessoa que conta a história e que pode ser um personagem, narrador em
primeira pessoa, ou apenas um observador;
 Personagens: são as pessoas envolvidas na história.
 Enredo: é a sequência de fatos que serão contados na história. O enredo desenvolve a
trama e é construído para que um tema central seja atingido;
 Tempo: é quando os fatos aconteceram, podendo ser cronológico ou psicológico.

Características do romantismo

O Romantismo, em cada país, tem suas particularidades. Entretanto, é possível perceber

alguns valores comuns em várias nações que desenvolveram essa estética, a saber:

1. Egocentrismo  (o indivíduo é encarado como o centro do mundo);

2. Sentimentalismo exacerbado;

3. Nacionalismo;

4. Idealização do amor e da mulher;

6
 5. Tom depressivo  (típico de diversos autores românticos, sendo facilmente encontrável,
entre eles, um discurso que exalta a fuga da realidade, seja pela morte, seja
pelo sonho ou ainda pela própria arte).

A seguir faz-se análise crítica literária de dois textos aplicando as teorias do romantismo e
suas características, com base no pressuposto acima

Análise do texto de GARRETT, Almeida

Análise crítica literária

Este texto, é sem dúvida um romance. Fazendo uma

analise da estrutura externa pode-se dizer que o texto não
esta dividido em capítulos nem estrofes, o que num texto
deste género é pertinente.

Já na estrutura interna, o poema demonstra bem o papel da

mulher na vida do sujeito poético; 

A afirmação inicial do eu não

“Anjo és. Mas que anjo és tu”?
põe em causa se o tu é um anjo mas questiona-se sobre
que espécie de anjo será esta mulher; inicia-se um
conjunto de hesitações que revelam o espírito inquieto do
sujeito poético pois o que ele vê não são características de
um anjo mas sim, outras.

A partir daqui, o diálogo torna-se mais aberto e dinâmico

pois o tu revela-se em atitudes que pouco têm de anjo mas
muito mais de mulher e de mulher apaixonada.

“Que este ardor que me devora É já fogo de precito, Fogo eterno, que
= Inferno; o sujeito
em má hora Trouxeste de lá... De donde”?
poético questiona-se sobre a proveniência e os mistérios
em que ela se esconde, ser fatal e estranho; anjo do mal /
demoníaco = mulher fatal;

Existe um romantismo: tom confessional; teatralidade;

tema da mulher fatal; o exagero do sentimentalismo,
havendo bastante descrição.

Egocentrismo: neste texto, o único tema a ser tratado é a

figura feminina (anjo ou mulher?) e sua reflexão sobre
ela. Isso mostra um individualismo muito grande, uma vez
que só fala sobre o que ele acredita e nada além.

Existe uma intensidade emotiva - gradação - que põe um

fim às hesitações do sujeito poético; este toma uma 7
decisão, entrega-se definitivamente embora reconheça que
este fogo o arrasta para a perdição, porém, é desta forma
que o tu põe fim às indecisões.
Anjo és tu, que esse poder
Jamais o teve a mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo és, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razão insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo és tu, não és mulher.
Anjo és. Mas que anjo és tu?
Em tua fronte anuviada
Não vejo a c'roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sôfrego pudor
Vela os mistérios d'amor.
Teus olhos têm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama é vivaz e é bela,
Mas luz não tem. – Que anjo és tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzebu?
Não respondes – e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!...
Isto que me cai no peito
Que foi?... Lágrima? – Escaldou-me...
Queima, abrasa, ulcera... Dou-me,
Dou-me a ti, anjo maldito,
Que este ardor que me devora
É já fogo de precito,
Fogo eterno, que em má hora
Trouxeste de lá... De donde?
Em que mistérios se esconde
Teu fatal, estranho ser!
Anjo és tu ou és mulher?

GARRETT, Almeida

Análise crítica literária do texto de Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras Analise crítica literária do texto

Onde canta o Sabiá,
A “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, é um dos mais8
emblemáticos poemas da fase inicial do romantismo.

Estrutura externa
 O poema é Composto por cinco estrofes, sendo três quartetos

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Gonçalves Dias

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Conclusão

Os estudos realizados neste artigo conduziram a três reflexões, sendo elas acerca das origens
do Romantismo, das características das obras desse período literário que aparecem em obras
contemporâneas que receberam uma nova roupagem, mas mantiveram as características
românticas de mais de um século atrás.
As origens do Romance e o surgimento do período literário do Romantismo, juntamente com
o aparecimento de uma nova classe social, a burguesia, demonstram que os folhetins não eram
direcionados aos leitores instruídos, mas a um novo público leitor que buscava distração.

O Romantismo, em cada país, tem suas particularidades. Entretanto, é possível perceber

alguns valores comuns em várias nações que desenvolveram essa estética.
Fazer uma análise textual dos textos literários não é tarefa fácil, requere muita investigação e
leitura cuidadosa do texto e em geral, identificando as características do texto literário, suas
fases, facilita a sal analise.

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Referências bibliográficas

 BORNHEIM, G. (1985). Filosofia do Romantismo. In: GUINSBURG, J. (Org.). O

Romantismo. São Paulo: Perspectiva;
 CARPEAUX, O. M. (2012). O Romantismo por Carpeaux. São Paulo: Leya;
 GIL, António Carlos (2002). Como elaborar projectos de pesquisa (4 ed.). São Paulo:
ATLAS;

 HUGO, V. (2010). Do grotesco e do sublime. Trad. C. Barretini. São Paulo:

Perspectiva;
 LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade (1992). Metodologia do
trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica ( 4 Ed.) São Paulo:
ATLAS.
 JUNQUEIRA, Leandro Gama. Origem e permanência da crítica. Revista Arte &
Ensaios. UFRJ, Rio de Janeiro, n.20, p.124-139, 2010. Disponível em:
<https://www.ppgav.eba.ufrj.br/wpcontent/uploads/2012/01/ae21_Leandro_Junqueira.
pdf>. Acesso em: 28 fev. 2019.
 Ceia, Carlos (2009), Géneros
Literários em https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/generos-literarios/

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