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Este material foi extraído e adaptado de: CAMPOS, Magna. Manual de gêneros
acadêmicos. [S.N]: Mariana, 2012.
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Podem ser resenhados filmes, peças teatrais, livros literários, livros acadêmico-científicos,
artigos etc...
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MACHADO, A. R; LOUSADA, E.; ABREU-TARDELLI, L. S. Resenha. São Paulo: Parábola
Editorial, 2004.
Tipos de resenha:
É comum o resenhista de iniciante confundir-se com as variedades de
estruturação desse gênero textual, encontradas nos mais diferentes suportes
textuais. Essa confusão, muitas vezes, ocorre por se tratarem de tipos
diferentes de resenhas.
FICHA TÉCNICA
Características: filme iraniano, colorido, legendado, com 86 minutos, produzido em
1998.
Direção: Samira Makhmalbaf
Gênero: drama
Distribuição em vídeo: Cult Filmes
Qualificação:
Fonte: portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/cat_res.pdf
Magna Campos
A resenha como gênero acadêmico
Resenha Temática:
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KÖCHE, Vanilda; BOFF, Odete; PAVANI, Cinara. Prática textual: atividades de leitura e
escrita. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 2009.
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Texto reescrito e melhor elaborado a partir do texto de Hilton Caio Vieira. Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/61000137/Resenha-Tematica-Hilton-Caio-Vieira. Acesso em: 11 nov./ 2011.
O pensamento mecanicista e pragmático de homem "máquina", dotado de estruturas
ou conjuntos orgânicos com uma funcionalidade previsível, não é uma corrente epistemológica
nova, mas, remete-nos a origem do pensamento racional e é anterior ao "positivismo"
Comtiano.
Descartes entendia o homem como semelhante aos animais na forma e estrutura
fisiológica. Assim, a mecânica hidráulica de seu tempo servia-lhe de inspiração, e se houve um
"erro" cometido por Descartes, segundo Damásio (1996), é o de não ter alocado no encéfalo do
homem o que ele chamava de "substância" ou mente. Damásio, como neurologista, entende a
tal "mente" intrínseca a processos neuronais.
Skinner, seguindo a influência do behaviorismo de Watson quanto a necessidade da
cientificidade e operacionalização da psicologia, cria o behaviorismo radical que não nega
sentimentos ou emoções humanas, mas, procura entende-los como uma forma de
comportamento possível de análise.
Assim, a filosofia do comportamento entende o homem como sendo determinado pelas
contingências ambientais. Skinner cria uma psicologia empirista e pragmatica, deixando para o
senso comum conceitos como alma, mente ou espírito. Para ele, o homem é influenciado pelo
ambiente e difere-se da marionete pensada por Descartes, por esse não ser um autômato.
Segundo Skinner, o homem modifica e interage com o meio, e por este é transformado. Ou
seja, não é passivo, atua e é modificado, transformado, vive uma relação dinâmica com o meio,
que modela seu comportamento cria novas contingências tornando-o mais adaptado à
sobrevivência no meio.
Dawkins, como cientista da biologia, influencia a discussão quanto ao comportamento,
pois parece concordar com a ideia de que processos neurais e comportamentais enquadram-se
em modelos computacionais. O homem seria uma “máquina”, um organismo dotado de
racionalidade, porém, puramente biológico, livre de influências externas de caráter divino como
mente ou espírito. Dawkins é mais radical que Skinner e propõe que os experimentos com
animais podem ser realizados de forma simulada em um ambiente totalmente controlado.
Pode-se depreender, portanto, que a ideia dos dois últimos autores difere bastante da
ideia de Descartes. Skinner e Dawkins, mesmo entendendo a singularidade do homem e
respeitando-a, apresenta fortes argumentos de que o "animal" homem é multideterminado em
seu comportamento, mas nao é superior, ou melhor, que um animal infra-humano (ratos e
pombos). Já Descartes, introduz a ideia de que o homem seria uma máquina que pensa, os
seus músculos são comandados pelo cérebro através do sistema nervoso, além de figurar um
dualismo: o corpo capaz de movimento resultante do engenho divino e um corpo autómato
capaz de movimento resultante do engenho humano.
Referências bibliográficas:
Resenha Crítica6:
6
A mais comum no início dos estudos na graduação.
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A resenha como gênero acadêmico
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LEAL, Elisabeth Junchem Machado; FEURSCHUTTE, Simone Ghisi. Elaboração de
trabalhos acadêmico-científicos. Itajaí, 2003. Material de aula.
2. Credenciais do autor e/ou da obra;
3. Resumo informativo;
4. Crítica à forma e ao conteúdo;
5. Indicação de leitura.
(pode conter ao final outras referências bibliográficas, caso sejam
usadas fontes extratextuais e assinatura do resenhista).
Cada uma dessas etapas será mais bem evidenciada mais à frente.
Dizer, falar, comentar, afirmar, propor, determinar, mencionar, discutir, afirmar, confirmar,
exemplificar, examinar, pretender, referir, reiterar, recomendar, argumentar, explicar, postular,
descrever, permitir...
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O resenhista poderá (ou não) dar um título a sua resenha; se optar por intitular, o título deverá
guardar estreita relação com algum atributo ou ideia mais destacada da obra, segundo a
percepção do resenhista.
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Adaptado a partir de: ALCOVERDE, Maria Divanira; ALCOVERDE, Rossana Delmar.
Produzindo gêneros textuais: a resenha. Natal: UEPB/UFRN, 2007
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A resenha como gênero acadêmico
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Baseia-se no modelo apresentado por Lakatos e Marconi (1995, p.245-246) e adaptado para
fins didáticos neste texto. MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Metodologia do trabalho científico.
4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.
aspas ou recuadas (citações formais), normalmente
acompanhada das páginas de onde elas foram extraídas.
O artigo de... ou O livro de../ No artigo “...” ou No livro de “...” (nome do autor)
O objetivo do autor...
Para isso,... / Na tentativa de.../ Seguindo essa perspectiva...
O artigo divide-se em... ou O livro está organizado em ...
Primeiro.../ Primeiramente.../ Na primeira parte... No primeiro capítulo...
O autor apresenta.../ o autor afirma.../ o autor propõe.../ O estudioso elenca.../ O teórico
trata da...
No item seguinte... / A seguir...
Podemos observar que... /
Finalmente...
Magna Campos
A resenha como gênero acadêmico
Quanto ao conteúdo:
qual a contribuição dada?
as ideias são originais, criativas?
a abordagem dos conhecimentos é inovadora?
a argumentação é clara e mostra ligação com a área?
5) Indicação de leitura
A quem se destina a obra: grande público, especialistas, estudantes? Quem
melhor pode aproveitar-se da leitura do texto.
Procedimento de leitura:
Magna Campos
A resenha como gênero acadêmico
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Resenha adaptada pela professora Magna Campos a partir do texto “O Método Científico”,
produzido por Joana Maria Rodrigues Di Santo.
Magna Campos
A resenha como gênero acadêmico
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BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001. 260p.
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A resenha como gênero acadêmico
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Exemplo 3 de resenha crítica com indicação dos movimentos tal qual o
quadro do esquema potencial do gênero:
Movimento
1: referência
bibliográfica SANTIN, Janaína Rigo. O Município no Constitucionalismo Brasileiro e o tratamento histórico
do texto do poder local. São Paulo, Revista Lex, n. 23, abr./ 2006.
resenhado.
Janaína Rigo Santin é Doutora em Direito das Relações Sociais, pela Universidade
Federal do Paraná, Mestre em Instituições Jurídico-políticas, pela Universidade de Santa
Catarina, professora do Curso de Direito e do Programa de Mestrado em Historia da
Universidade de Passo Fundo e Advogada.
O artigo apresentado por Santin, no II Congresso Sul-Americano de História, na cidade
Movimento
de Passo Fundo no ano de 2005, traz à memória a formação do poder local no Brasil,
2: perseguindo a influência e a condução de políticas públicas desse poder sobre a sociedade
credenciais civil. A autora ressalta os períodos dos governos nacionais e a projeção de limites dados aos
da autora e municípios a cada época, relacionando ainda em seu texto a participação civil e o conceito de
apresentação
democracia para os dias atuais. O objetivo dessa obra é fazer com que a sociedade organizada
da obra
reflita sobre as influências no processo de formação do Estado brasileiro.
Na primeira parte do artigo, a autora contextualiza a formação do município no Brasil,
estabelecendo uma ligação do modelo atual com as épocas da colônia, do império e das
constituições de 1824, 1891, 1934, 1946 e 1967, dada ao ordenamento jurídico português.
Nessa parte, a autora versa ainda sobre a autonomia municipalista mostrando que no período
colonial a autonomia foi mais abrangente que no período imperial.
Santin descreve que, ao longo do tempo, com sucessivas formas de governo e no
Movimento 3:
resumo constitucionalismo brasileiro, acontece novas restrições de autonomia municipalista. Mesmo
informativo do com a implantação de autonomia de direito, de fato acontece o contrário, pois os sucessivos
texto golpes militares restringiram o poder político administrativo e financeiro dos municípios,
impondo intervenções de governabilidade de todos eles.
Na segunda parte do artigo, menciona sobre as práticas influenciadoras que
caracterizaram a formação do poder local no Brasil, estendendo-as ao poder central e a
perpetuação ainda vista nos dias de hoje. A pesquisadora destaca o clientelismo e o
personalismo como sendo o principal comprometedor das políticas públicas em prol do
cidadão. Essas práticas herdadas do império português se alastraram como um câncer nas
relações políticas entre coronéis, poder central e cidadão. Os recursos liberados eram para
atender, como forma de agradecimento, aos favores dos coronéis que garantiam
governabilidade ao poder central com imposição por força e temor aos eleitores.
São destacadas nessa parte do texto as práticas coronelistas representados na pessoa
dos proprietários de terra e dos detentores do poder econômico local. Segundo a autora, esses
homens eram dominadores pelo carisma, pelo medo e pelo conhecimento técnico-intelectual,
além do econômico. Esse período que antecede a constituição cidadã de 1988, conforme
Continuação Santin, é marcado por uma forte atuação do fenômeno político social chamado de coronelismo.
do
Movimento 3
O poder é muito maior quando a localidade ou um município é mais distante dos centros
urbanos. O contato dos cidadãos com os políticos se dava em época de eleição, quando
ocorriam as trocas de favores “personalismo e clientelismo”.
Na última parte do texto, a doutora define poder local como paradigma de legitimação
do poder político e da nova democracia em que difere do “demos” do passado no qual o povo
exercia a soberania (Grécia antiga). Hoje justificada numa visão liberal e individualista de
representatividade. A autora encerra narrando o poder local como alternativa para criar novas
formas de representação tradicional, em que os cidadãos de forma organizada possam
participar do processo político ativamente na sua comunidade local.
O texto apresentado por Santin é conciso, possui uma linguagem de fácil
Movimento
4: crítica à
entendimento, pois adota o critério de divisão cronológica, o que facilita o acompanhamento da
parte formal perspectiva apresentada. Além disso, os fatos descritos no texto demonstram que ainda hoje
do texto se convive com as práticas de nepotismo, de personalismo e clientelismo embutidos nas
administrações locais.
A abordagem de Santin sobre o poder local serve ao debate sobre o nepotismo, não
somente na esfera do agora, mas, principalmente, na observação de ser este um traço
Movimento
4: crítica ao
conteúdo do
Magna Campos
texto
A resenha como gênero acadêmico
tristemente arraigado em nossa história política. Elemento que pode ser exemplificado,
segundo os casos mencionados pela autora e que encontram reverberação nos noticiários
atuais, como a manchete a seguir: “PF investigará denúncia por compra de votos na Bahia”
(FOLHA DE S. PAULO, p. 8, 15 jul. 2011) ou no site “terra.com.br” que trouxe em sua página,
na data de 13 de outubro de 2010, uma matéria em que o Deputado Federal Felix Junior (PDT)
estava supostamente envolvido na prática de crime por compra de votos de cidadãos na cidade
de Itajuípe(BA).
Dada a importante retomada histórica para evidenciar as raízes do “nepotismo” na
política brasileira, no âmbito do poder local, o texto pode ser muito útil aos leitores mais
Movimento preocupados com as questões políticas em geral, pois apadrinhamento é algo que se tornou
5:
Indicação
um “desvirtuoso” traço cultural em nossa sociedade e precisa ser entendido para que possa ser
de leitura e combatido.
referência
de outros Referência Bibliográfica:
textos
usados.
PF investigará denúncia por compra de votos na Bahia. Folha de São, p. 8, 15 jul. 2011.
Disponível em: www.terra.com.br . Acesso em: 18 nov. 2011.