O documento descreve a técnica do sociodrama, incluindo sua origem com Jacob Moreno, seus objetivos de abordar questões sociais através da dramatização, e como é aplicado em grupos para resolver conflitos levantados pelos participantes.
O documento descreve a técnica do sociodrama, incluindo sua origem com Jacob Moreno, seus objetivos de abordar questões sociais através da dramatização, e como é aplicado em grupos para resolver conflitos levantados pelos participantes.
O documento descreve a técnica do sociodrama, incluindo sua origem com Jacob Moreno, seus objetivos de abordar questões sociais através da dramatização, e como é aplicado em grupos para resolver conflitos levantados pelos participantes.
Alunos: Beatriz Oliveira dos Santos / Carlos Vinícius Corsi de Lima / Miriã Kathellen Gomes;
R.A: 916107990 / 916116375 / 916118076
A BASE DO SOCIODRAMA
O sociodrama é uma técnica psicológica de aplicação grupal que visa
abordar e tratar questões e fatos, permitindo a consciência social através da dramatização. Jacob Levy Moreno é o precursor deste trabalho, que associando as teorias de grupo e do psicodrama buscava, sobretudo, evidenciar a espontaneidade humana e aumento de repertórios.
Moreno formou-se em medicina e foi interno de Otto Potzl; e dentro de
seus estudos propôs a utilização do teatro espontâneo com pacientes psiquiátricos, através dessa aplicação ocorreu à possibilidade do surgimento primordial do psicodrama; ainda em atuação, Moreno conheceu Freud e absorveu influência de várias outras correntes da época, tais como a fenomenologia e existencialismo, sociologia, teatro e artes. Transformado assim a ferramenta do sociodrama como meio de expressão ativa dos pacientes, a tratativa de conflitos, sofrimentos, relações intergrupais.
Tendo em vista a técnica, o ser humano passa a ser enxergado como
um ser social, pois nasce em sociedade e adentra em um discurso já em andamento necessitando de outros para desenvolver-se enquanto pessoa e enquadrando-se as normas para se inserir culturalmente. O sociodrama como ferramenta não só permite a ponte entre questões que transformam realidade de um, em realidade de outrem, mas como também suporta a existência de uma postura reflexiva frente à questão do outro, por meio da troca de papeis, o protagonismo é assumido pelo grupo. Em síntese a aplicação do sociodrama pode ser refletida como uma intervenção em grupo que busca a resolução dos conflitos e temas apresentados pelos participantes, utilizando assim, a comunicação e dramatização.
O sociodrama foi impulsionado no Brasil após um encontro entre
psicodramistas para aplicar a técnica em indivíduos com propostas de resolução para conflitos. O resultado deste acontecimento fez com que a FEBRAP (Federação Brasileira de Psicodrama) fosse à busca de se credenciar a entidades governamentais para apresentar projetos voltados ao público mais carente, o que se aproxima a Psicologia Comunitária. Atualmente a intervenção do sociodrama é muito utilizada em terapias em grupo por sua eficiência, principalmente em áreas com menos valor socioeconômico, pois as terapias individuais são menos recorrentes. Dependendo do grupo e local da prática é levantado tipos de aplicações diferentes, tais como: multifamiliar, política e diversidade.
TÉCNICAS E APLICAÇÃO
Há dentro do sociodrama diversas técnicas possíveis para aplicação e
elas são adaptadas conforme a necessidade do grupo, visando proteger o público-alvo, levando em conta a vulnerabilidade dos participantes. Dentre as técnicas utilizadas temos: Átomo Social (método investigativo do contexto social); Jornal Vivo (dinâmica que visa à contextualização de um fato a partir da incorporação do grupo ao que está sendo noticiado); Máscara (procedimento que permite o contato com o eu, em que a máscara permite trabalhar as emoções a partir das interações com os outros eu’s; Soliloquio (a partir da fala o protagonista escuta a si mesmo, tendo uma maior dimensão interpessoal); Sociodrama Temático (a escolha de temas específicos para trabalhar conflitos nas representações sociais, tal aplicação permite atuar com pesquisa/ação).
A administração entre conflitos vivenciada pelo grupo se torna uma
ferramenta importante ajudando singularmente seus participantes em experiências próprias. O sociodrama permite em sua aplicação a multidisciplina, termo que se encontra cada vez mais em evidencia no trato da saúde mental, e possibilita assim uma intervenção tanto em pesquisa – ação como grupo focal, a de depender das necessidades apresentadas pelos pacientes.
Há uma gama de informações levantas para análise, entre elas está o
modo em que grupos são constituídos, reação entre os participantes em relação à crise apresentada no grupo, variação da dramatização em relação aos conflitos e personagens e da participação dos membros do grupo no momento final de conclusão. Por se mostrar tão completo na captação e extração de conteúdo de seus participantes, o sociodrama tornou-se um dos recursos mais utilizados nas terapias em grupo.
A aplicação no geral segue o procedimento padrão, que será adaptado
aos possíveis cenários e ao andamento da dramatização, sendo constituído por:
- Aquecimentos inespecífico e específico: Iniciam as atividades e visam
dispersar a tensão grupal e balizar o que será trabalhado e os papeis. Neste ponto é informado aos participantes, o que consta na proposta inicial, quais são os objetivos e ações realizadas pelos aplicadores e o período de trabalho. Ocorrem também exercícios de relaxamento e o preparo do grupo para a pesquisa.
-Dramatização: momento de ação de acordo com o tema proposto em
que cada assume seu papel e conta a história. Neste aspecto podem ser utilizados recursos diversos, tais como: folhas sulfites e canetas para a elaboração de um enredo base, roupas e adornos; estes instrumentos auxiliam na construção do personagem, fomentando assim a saída do papel de pessoa privada (participante da pesquisa), para o papel psicodramático (personagens do enredo sejam familiares, símbolos ou figuras de papeis sociais). Por ser uma variação do teatro, existem aspectos essências que devem constar na dramatização, são eles: determinação do espaço, tempo, personagens e argumentos.
- Debate: Pós-dramatização discussão e compartilhamento de ideias e
mensagem transmitidas. Esta etapa varia de acordo com as técnicas utilizadas pelos aplicadores. O debate pode ocorrer em “congelamento de cena” (situação onde o aplicador como diretor da cena, solicita um congelamento das ações e propõe uma reflexão sobre algum fato especifico ou contexto geral); tal ação pode ocorrer através de “soliloquio”, no intuito de extrair conteúdos abertamente expressos, de cada participante em relação à cena dramatizada. Outra forma de propor o debate e a realização de entrevistas com cada um dos participantes, ainda em situação de personagem. -Inquérito e fechamento: Reflexão e questionamento, e conclusão e elaboração do ocorrido em nível grupal e significação individual. Neste quesito também entra a análise propriamente dita, já sem os participantes é necessário o conteúdo extraído da dramatização, tal análise implica na busca de prognóstico, seja grupal ou individual, esse ponto se apresenta com maior complexidade e deve-se ser pautado, e resguardado na teoria científica e abordagem teórica previa. Os grupos apresentam um número incontável de informações, e possibilidades de significações.
Durante a aplicação é observado o comportamento dos participantes,
expressões e suas possíveis resoluções para o conflito colocado em pauta, pois o objetivo é focar e enfatizar a vivencia dos participantes no sofrimento em questão para que a espontaneidade venha à tona buscando assim novas condutas.
REFERENCIAS
NERY, Maria da Penha; COSTA, Liana Fortunato; CONCEICAO, Maria Inês
Gandolfo. O Sociodrama como método de pesquisa qualitativa. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 16, n. 35, p. 305-313, Dec. 2006 . Available from<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 863X2006000300002&lng=en&nrm=iso>. access on 05 Mar. 2019
TOLOI, Maria Dolores Cunha; SOUZA, Rosane Mantilla de. Sociodrama
temático: um procedimento de pesquisa. Rev. bras. psicodrama, São Paulo , v. 23, n. 1, p. 14-22, 2015 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 53932015000100003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 mar. 2019.
GONÇALVES, Camila Salles; WOLFF, José Roberto; ALMEIDA, Wilson
Castello de. Lições de Psicodrama. São Paulo: Ágora, 1988.