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Centro de Educação

Departamento de Metodologia do Ensino


Curso de Letras
Estágio Supervisionado – Português/Literatura

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO


Ensino Médio

Andressa Luz da Silva


Lucas Sauzem Cruz

Santa Maria, 12 de janeiro de 2021.


Dados de identificação
a) do acadêmico
Nome do(a) estagiário(a): Lucas Sauzem Cruz
Endereço: Rua Maria Quitéria, 687 – Passo D’Areia - Santa Maria, RS -
97010330
Telefone: (55) 99705-2030
Endereço eletrônico: lucassauzem@hotmail.com

Nome do(a) estagiário(a): Andressa Luz da Silva


Endereço: Avenida Roraima, 1000 - Camobi - Santa Maria, RS - 97105-900
Telefone: (51) 9557-6191
Endereço eletrônico: andressa.als1@hotmail.com

Disciplina: MEN 1067 - Estágio Supervisionado no Ensino Médio II - Literaturas


Professores:
Aline Rubiane Arnemann
Vaima Regina Alves Motta

b) da escola-campo de estágio

Nome: Colégio Estadual Coronel Pilar


Endereço: R. Pinto Bandeira, 225 - Nossa Senhora Das Do, Santa Maria - RS,
97050- 610
Telefone: (55) 3221-2140
Endereço eletrônico: celpilarpedagogico2019@gmail.com

c) da Turma de estágio
Ano: 3º ano
Turma: 311 - 312
Turno: Manhã

Professor Regente: Elainy Ferreira da Silva


Telefone: (55) 9734-7212
Endereço eletrônico: elainy-fsilva@educar.rs.gov.br
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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................ 04


2 AVALIAÇÃO GERAL SOBRE A REGÊNCIA ............................................. 06
2.1 Relação entre projeto e regência....................................................... 06
2.2 Trabalho com linguagem ................................................................... 08
2.3 Planejamento e gerenciamento de turma .............................................. 10
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 13
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 14
5 APÊNDICES ................................................................................................. 15
APÊNDICE I: CRONOGRAMA
APÊNDICE II: SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS
APÊNDICE III: AUTOAVALIAÇÃO
APÊNDICE IV: ATIVIDADES AVALIATIVAS
APÊNDICE V: FOTO DE AULA POR VIDEOCONFERÊNCIA
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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este relatório tem como objetivo reunir as informações referentes ao


período de regência no Colégio Estadual Coronel Pilar, realizada em dupla nas
turmas 311 e 312 do terceiro ano do ensino médio na disciplina de Literatura, sob
a orientação da professora regente Elainy Ferreira da Silva, que teve o formato
remoto via plataforma Google Classroom e com o auxílio de outras ferramentas e
recursos digitais (WhatsApp, e-mail, YouTube).

Também serão apresentadas as reflexões, conclusões e atividades


realizadas durante o período, organizando-se como um estudo sobre o trabalho
docente e suas possibilidades de abordagem em um ensino remoto, além da
oportunidade de realizá-lo em dupla e isso favorecer a troca de conhecimentos
em busca de uma prática mais interessante e efetiva.

Devido às circunstâncias de isolamento social ocasionadas pela pandemia


Covid-19, a reflexão inclui os primeiros contatos com a escola e a necessidade de
criar um vínculo solidário e atencioso para tornar o trabalho de todas as partes o
mais simples e organizado possível, além de uma atmosfera positiva na parceria
estagiário – escola para entusiasmar o espaço de ensino e não deixar que esse
momento atípico crie uma lacuna existencial. Por outro lado, diante das incertezas
sobre a efetividade do estágio, as partes interessadas sofreram exaustivamente
com a demanda burocrática das instituições, um esforço que poderia ser melhor
empregado na prática docente.

Felizmente, a atenção e o carinho da professora regente foram


fundamentais para o sucesso do estágio, mostrando-se receptiva e preparada
para orientar e dar suporte durante a regência. Das duas turmas disponibilizadas,
percebeu-se duas realidades distintas, pois embora compostas por alunos na
mesma faixa etária e situação social, o número de alunos que interagiram na
turma 311 foi superior ao da turma 312. A interação, por sua vez, ocorreu em
interlocuções assíncronas com postagens de conteúdo, materiais
complementares e atividades postadas no mural e em duas aulas síncronas por
videoconferência com a plataforma Google Meet quando se discutiu alguns textos
literários e suas características temáticas, discursivas, culturais.
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Por fim, este relatório desenvolve esses aspectos em reflexões sobre o


ensino de literatura, sua aplicabilidade em modo remoto e as possibilidades em
um trabalho colaborativo em dupla. O relatório inicia com a reflexão sobre a
relação do projeto desenvolvido para a regência e a sua efetivação, seguido de
reflexões sobre o trabalho com a linguagem e o planejamento e gerenciamento da
turma, as considerações finais e a apresentação do material desenvolvido no
período.
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2 AVALIAÇÃO GERAL SOBRE A REGÊNCIA

2.1 Relação entre projeto e regência

O estágio supervisionado, como bem sabemos, não segue um roteiro


exato, por mais organizado que seja o estudante de licenciatura e seu projeto.
Neste caso específico, contamos ainda com um novo e inesperado obstáculo: o
ensino à distância na educação básica, até então inédito. As dificuldades que
antes conhecíamos tomaram outra proporção, obrigando-nos a uma adaptação
imediata. Se antes as sequências didáticas contavam com a imprevisibilidade do
contexto escolar, agora passaram a exigir um cuidado redobrado, principalmente
por estarmos tão longe das salas de aula, dos alunos, da dinâmica docente.

Pensando nessa dificuldade, a proposta de projeto que criamos visava


atender à demanda da turma, considerando a probabilidade de adesão dos
alunos. Para tanto, conversamos com a professora regente e, a partir do conteúdo
que estava sendo trabalhado com o terceiro ano do Ensino Médio, na disciplina
de Literatura, organizamos nossa proposta de estágio. A pedido da regente,
partimos da Geração de 45 na Literatura Brasileira, seguindo a linha modernista
anteriormente apresentada às turmas.

Com base nos textos literários de alguns autores essenciais deste período
– como João Cabral de Melo Neto, Mário Quintana, João Guimarães Rosa, Ariano
Suassuna e Clarice Lispector – planejamos uma dinâmica estruturada da seguinte
forma: para as aulas síncronas, autores principais, aqueles que não poderiam de
forma alguma ficar de fora, dada a influência que somaram à Geração de 45; e,
para as aulas assíncronas, postagens no mural apresentando autores
complementares – igualmente importantes, mas que, em função do tempo de aula
e das possibilidades limitadas de ensino, poderiam ser apenas citados.

A princípio, havia tempo para cumprir o planejamento, mas devido à


demora no recolhimento da documentação necessária para iniciarmos o processo
de estágio, uma adaptação teve de ser feita. A partir desse momento, passamos a
apresentar apenas o primeiro grupo, com os autores essenciais. A qualidade do
material disponibilizado não alterou em nada, apenas passamos para a oralidade
o que – no planejamento – estava previsto para ser entregue de forma escrita.
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Algo que nunca planejamos foi a produção de um produto final, já que, em


função do momento atípico, consideramos que seria injusto com a turma exigir um
trabalho elaborado em meio à adaptação didática pela qual estavam passando.
Tememos pela idealização de um projeto que não contemplasse a real
necessidade desses alunos, sem contar no possível abandono da disciplina pelas
turmas. Dessa forma, pareceu-nos ideal organizar um conteúdo prático, conciso,
que atendesse à demanda apresentada pela professora regente e ampliasse o
conhecimento de cada uma das turmas na disciplina de Literatura. Hoje sabemos
que foi a melhor escolha, sem dúvida, pois mesmo com o baixo índice de
participação – especialmente da turma 312 – conseguimos alcançar uma boa
parcela de alunos, que levarão algum conhecimento concreto para o futuro.

Apesar de todos os imprevistos, especialmente a separação de turmas e,


consequentemente, a divisão de trabalho para nossa dupla, conseguimos manter
a mesma linha de ensino que propomos no projeto inicial, bem como a
organização e apresentação do material disponibilizado para as turmas, o que nos
manteve próximos e aprendendo, diariamente, um com o outro. Ponto positivo!
Nas aulas síncronas, organizamos nossos roteiros para que um complementasse
a fala do outro, tornando a separação de turmas apenas um detalhe. Para as
atividades assíncronas, mantivemos sempre o mesmo modelo de apresentação,
com padrões bem similares, exatamente para manter o caráter conjunto de
trabalho. E, na divisão de tarefas, nos auxiliamos e fomos auxiliados pela
professora regente, outro belíssimo ponto positivo.

Importante salientar a participação da professora Elainy Ferreira da Silva


em nosso processo de estágio, sempre disposta a nos ajudar com as turmas, o
Classroom, informando sobre tudo o que acontecia na escola e, principalmente,
apoiando nossas ideias/sugestões para a turma. Sua cordialidade foi essencial
para nossa experiência na escola, somos muito gratos a ela, tanto quanto às
professoras orientadoras do estágio, igualmente essenciais em nosso
desenvolvimento. A escola também desempenhou um papel importante nesse
processo – mesmo com alguns empecilhos iniciais, que entendemos fazerem
parte de uma burocracia complicada. Levaremos este e os demais aprendizados
absorvidos nesse período para nossa carreira docente, com certeza.
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2.2 Trabalho com linguagem (a partir dos ROTEIROS)

Em nosso trabalho como professores em formação, compreendemos que


as necessidades de uma turma nem sempre cabem em nossos projetos, e vice-
versa. Para a elaboração desse projeto de estágio não poderíamos pensar de
outra maneira. Precisávamos nos adaptar ao pedido da professora Elainy, que
visava trabalhar com a Geração Pós-Modernista (ou Terceira Geração
Modernista), a Geração de 45 na Literatura Brasileira, mas havia um empecilho, o
tempo. Na adaptação do projeto, como mencionado anteriormente, optamos por
não cobrar uma produção textual. Em lugar disso, acompanharíamos a turma na
leitura de textos literários que, de certa forma, contemplassem toda a Geração de
45, dando um panorama acerca dos principais conceitos, ideias e estilos
apresentados por esses autores. A avaliação, por falta de opção, deveria ser mais
próxima do modelo tradicional – que adaptaríamos da melhor forma possível,
elaborando questões de interpretação e análise linguística para as turmas.
Pareceu um projeto adequado para o momento (e foi).

Enquanto não nos permitiam acessar a plataforma Classroom,


organizamos o material que seria postado no mural das turmas da forma mais
explícita possível, sempre alternando entre duas ou mais formas de explicar um
mesmo conceito e/ou atividade proposta. Os objetivos de trabalho, durante o
período de estágio, foram expostos de maneira simples e clara, e todas as
postagens seguiam o mesmo padrão de formatação: conteúdo, explicação,
pedido de leitura e/ou atividade e contato para que os alunos pudessem tirar suas
dúvidas. Tentamos não deixar lacunas nesse sentido.

A partir do momento em que tivemos acesso à plataforma Classroom,


iniciamos nossas aulas síncronas, infelizmente divididas em apenas dois
momentos. Mesmo assim, foi possível acompanhar a conclusão do conteúdo que
propomos, realizando boa parte das leituras com a turma, enquanto guiávamos a
análise linguística e interpretação de texto. Para cada texto apresentado,
provocávamos à ideia central com alguma conversa descontraída, um exemplo
similar ao texto que trabalharíamos, fazendo com que alguns até comentassem
sobre o tema (uma raridade, especialmente nas aulas à distância).

Visando não pesar a leitura, a aula de forma geral, sempre


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disponibilizávamos links para que a turma pudesse ter acesso a outras mídias
digitais, como vídeos no YouTube, por exemplo. Levávamos, também,
informações adicionais sobre os autores, como o contexto de publicação de suas
obras, uma pequena biografia, curiosidades sobre entrevistas, sobre a região
onde moravam, seus interesses, etc. A turma parecia mais confortável com essa
dinâmica, exatamente como gostaríamos que fosse.

Quanto à língua, oferecemos todo o suporte que pudemos em relação aos


textos, explorando o estilo dos autores, regionalismos, explicando algumas figuras
de linguagem (na medida do possível), para que conseguissem compreender as
diferenças entre uma escrita e outra. Tentamos explorar, em todas as atividades,
um pouco de cada característica presente no movimento modernista, como o
regionalismo de Guimarães Rosa, n’O Burrinho Pedrês, enfatizando a linguagem
utilizada pelo autor. Alguns alunos fizeram perguntas quanto ao vocabulário, já
que pedimos uma atividade contemplando esse tópico, e tentamos respondê-los
da forma mais nítida possível, síncrona e assincronamente.

Para que o ensino não ficasse tão defasado, em virtude do pouco tempo
que tínhamos para explorar o conteúdo, optamos por selecionar autores que
trabalhassem com gêneros variados, tais como conto, crônica, romance e até
mesmo teatro – no caso de Suassuna. E, sobre todos, houve reflexões acerca
das temáticas utilizadas em cada texto, sua visão de mundo, escolhas
linguísticas, influências no modernismo e após, com espaço para que os próprios
alunos pudessem dialogar conosco. Não podemos dizer que foi fácil ouvi-los, mas
houveram algumas interações satisfatórias, sim.

O ensino de Literatura, como bem sabemos, perde cada vez mais espaço
nas escolas e, em função dessa falta, somos direcionados a repensar a maneira
de adequar o essencial, o que é possível trabalhar dentro dos limites impostos
pelo governo. Em nossas aulas, tentamos estimular o gosto dos alunos pela
leitura, mas sem deixar de lado a exploração de conhecimentos mais específicos
de linguagem. Na medida do possível, tentamos oferecer ambas as bases. As
atividades de leitura que propomos tinham como principal meta o aproveitamento
de conteúdo pela turma, desejo de todo professor, imaginamos. Mas, a pedido da
professora regente e, também, por sabermos que o estímulo para leitura muitas
vezes vem de uma finalidade avaliativa, organizamos uma avaliação parcial e
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outra final para esse período de estágio (propostas que todos conheciam desde o
princípio). Não houve tanta resposta por parte da turma 312, como esperávamos,
mas de forma geral os alunos aderiram à proposta.

Em relação às duas avaliações, sempre retomamos o que havia sido


pedido, acompanhando as turmas de forma síncrona e assíncrona, tirando
dúvidas, dando feedback e auxiliando na escrita. Tentamos avaliar da forma mais
justa possível, considerando o desenvolvimento do aluno em sala de aula, sua
participação, interesse, contatos via e-mail e WhatsApp, além da evolução entre
uma atividade e outra. Nossa participação nesse momento avaliativo foi um tanto
quanto simbólica, como sabíamos que seria, mas ainda assim não deixamos de
avaliar com seriedade e suporte aos alunos até o último dia de regência. O
resultado disso foi uma surpreendente participação de ambas as turmas (312 em
menor quantidade, como sempre, mas ainda assim participando).

Não podemos afirmar como foi o resultado final da turma, já que essa
função não mais nos cabia, mas esperamos que, de alguma forma, todos tenham
levado um pouquinho do aprendizado que tentamos compartilhar. Não é fácil a
tarefa de relacionar todos os eixos de ensino, especialmente quando há um
distanciamento da turma – seja por falta de tempo, interesse, disposição – mas
sabemos que é necessário, afinal, como trabalhar com leitura se ignorarmos o
uso da língua? Ou ainda, de que maneira separar escrita de oralidade? Por essas
e outras questões é que, com este trabalho, tentamos oferecer uma boa
experiência de ensino às turmas com as quais tivemos contato.

2.3 Planejamento e gerenciamento de turma

Como professores, estamos certos da necessidade de planejamento de


uma aula, de atividades e de avaliações construídas para determinada turma, a
fim de construir um acesso ao conhecimento que faça sentido para o contexto
dos alunos, além de objetivos que efetivem a importância do seu ensino. Com o
isolamento social e a regulamentação do ensino remoto, a necessidade de um
planejamento prévio é ainda maior, pois com a falta de uma interação direta
com a turma, temos que preparar materiais que deem conta de uma
aprendizagem guiada somente pelo que está posto e através de ferramentas
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que ajudem no processo.


Para isso, organizar uma aula dentro do conteúdo planejado é uma tarefa
de explorar possibilidades no espaço digital que contribuam de alguma forma
para o ensino, pois este é um ganho do ensino remoto: a imensa possibilidade
de materiais, ferramentas e interações. Assumir a responsabilidade no ensino
remoto, portanto, é de assumir uma postura de buscar sempre potencializar a
prática, adaptando o espaço e a maneira de dialogar com a turma. Se tratando
de literatura, é incrível a variedade de textos que estão à disposição com
apenas um click e trabalhos realizados com e sobre literatura.

Com as atividades e avaliações foi necessário primeiro observar como os


alunos estavam encarando a leitura dos textos literários na plataforma digital, e
pautamos a construção de exercícios que instigassem a leitura ou que
exigissem deles uma leitura mais exploratória, interpretativa, atenta aos
recursos discursivos e linguísticos. Nos ajustamos na priorização do texto
literário, e por isso as atividades que propomos se preocupavam com o material
literário, não com seu pertencimento na história da literatura brasileira e
implicações no contexto sociocultural da época.

Não tivemos dificuldades em aplicar o conteúdo planejado para a turma,


pois os alunos não revelaram dificuldades para além daquelas esperadas, e não
foi preciso adequar o conteúdo durante o processo. Do contexto, nos
planejamos para tornar as aulas o mais interativas possíveis, mantendo um
contato frequente com a turma e disponibilizando materiais complementares
durante as semanas. Sabíamos que a adesão à leitura não seria fácil, mas nos
surpreendemos com a quantidade de alunos que realizaram a leitura dos textos
literários e participaram da turma, embora a grande maioria seja apenas da
turma 311. Quanto à 312, já tínhamos a informação que mais da metade da
turma não participava do ensino remoto, e que a frequência nas plataformas
institucionais era muito baixa. Entretanto, dos poucos alunos que participaram,
esses se mostraram bastante interessados.

Uma das surpresas durante o estágio foram as duas aulas síncronas, via
Google Meet, em que se pensou em aproveitar esses breves encontros mais
como uma roda de conversa sobre literatura que uma aula expositiva de
conteúdo programático. Esse formato mais informal deu mais liberdade para os
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alunos participarem e apresentarem suas experiências literárias e com os textos


trabalhados na disciplina. O retorno da turma foi visível e o interesse por repetir
a experiência nos incentivou a preparar um segundo encontro no mesmo
formato para apresentar outros autores e textos que não puderam ser
trabalhados no período de regência, mas que no final deixamos um convite
aberto para aqueles que se interessarem e quiserem conhece-los.

Da rotina de classe, decidimos por manter a dinâmica de trabalho que a


professora regente organizou com a turma, que consiste em um planejamento
de conteúdo quinzenal, com interlocuções e atividades assíncronas a serem
postadas no mural da turma na plataforma Google Classroom, e de pelo menos
um encontro por videoconferência através do Google Meet no horário de
plantão da turma. Achamos a dinâmica bastante satisfatório e nos pareceu que
os alunos estavam bem adequados a ela, inclusive com acessos regulares à
plataforma digital.

Por fim, destacamos que a principal satisfação com o nosso estágio está
na participação ativa e atenciosa da professora regente, nos orientando sobre
questões relacionadas ao ensino, burocracias institucionais e dificuldades que
surgiram no decorrer do período. Além disso, os alunos que participaram se
mostraram receptivos desde o início, mantendo uma relação aluno-professor
bastante cordial. Estar envolvido em um projeto em que os participantes se
revelam interessados e gentis é fundamental para o sucesso, e não podíamos
estar mais felizes com essa experiência que embora socialmente distante, nos
aproximou como indivíduos.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este ano trouxe dificuldades e problematizações que não estavam em


nosso horizonte de expectativas, mas isso também significou como um período
de muitas aprendizagens, nos tirando da zona de conforto de uma dinâmica de
ensino que estávamos familiarizados e fomos desafios a desbravar um novo
sistema cujo funcionamento não estava regulamentado, organizado ou
sugerido. Felizmente, com uma consciência coletiva interessada em manter o
movimento do ensino em pleno funcionamento, foi possível explorar outros
universos e compartilhar experiências enriquecedoras. Por mais trabalhoso e
atípico que este momento esteja sendo, foi importante nos deslocar da
realidade que conhecíamos para uma realidade cheia de potencial. Somos
gratos por termos participado dessa experiência, e nos sentimos muito mais
preparados para lidar com as imprevisibilidades que a profissão de professor
nos reserva.
Com o relatório, queríamos ter deixado claro nosso contentamento a
partir da reflexão de um ensino remoto que se tornou possível graças a
colaboração dos envolvidos no processo. E vemos agora a necessidade de
constante atualização do professor em explorar ferramentas, dispositivos e
abordagens que estão ao nosso redor e podemos nos servir muito bem em uma
prática de ensino. Não necessariamente no ensino remoto, mas ficou claro que
uma docência é muito mais enriquecedora quando expandimos o nosso
horizonte para outras possibilidades que interessem mais ao aluno, ao
professor e ao próprio ensino
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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino


Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017. BRASIL.

BEZERRA, M. A.; REINALDO, M. A.: Análise linguística como eixo de ensino de


Língua Portuguesa. IN: ______ Análise linguística: afinal, a que se refere? São Paulo:
Cortez, 2013.

COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. 2. ed., 4ª reimpressão. São


Paulo: Contexto, 2014.

HOFFMANN, J.: Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola à


universidade. Porto Alegre: Mediação, 2009.

MENDONÇA, M.: Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro


objeto. IN: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (Org.): Português no ensino médio e
formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006.

Ministério da Educação. Orientações Curriculares para o Ensino Médio –


Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília, 2006. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/ pdf/book_volume_01_internet.

PROENÇA, D. F.: Estilos de época na literatura: através de textos comentados. São


Paulo: Prumo, 2012.

MOTTA, V.R.A.M; ARNEMANN, A.R; VEÇOSSI, C.E.; SANTOS, P. PROCESS


WRITING: interface leitura-escrita na sala de aula da educação básica in SOUSA, I. V.
(org.). Leitura na Escola Básica.Vol.36. São Paulo: Paco Editorial, 2017.
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5 APÊNDICES
APÊNDICE I: Cronograma

CRONOGRAMA – ANDRESSA LUZ DA SILVA


OUTUBRO
23/10 – Orientação c/ professora regente (Google Meeting);
28/10 – Orientação c/ professora regente (Google Meeting);
NOVEMBRO
03/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
06/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
10/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
17/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
18/11 – Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
23/11 – Planejamento material semanal (2h);
– Orientação c/ professora regente (Google Meeting);
24/11 – Apresentação do estágio no mural da turma (Google Sala de
Aula);
26/11 – Material e atividade 1 (Google Sala de Aula);
– Orientação Estágio (Google Meeting);
27/11 – Orientações individuais Atividade 1 (1h) – (WhatsApp);
30/11 – Planejamento material semanal (2h);
– Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
DEZEMBRO
– Aula assíncrona – João Cabral de Melo Neto (Google Sala de
01/12 Aula);
– Orientação Estágio (Google Meeting);
03/12 – Aula assíncrona – Mario Quintana (Google Sala de Aula);
04/12 – Orientações Individuais Atividade 1 (1h) – (WhatsApp)
05/12 – Orientações Individuais Atividade 1 (2h) – (WhatsApp)
– Planejamento material semanal (2h);
07/12 – Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
– Orientação Estágio (Google Meeting);
09/12 – Aula assíncrona – João Guimarães Rosa (Google Sala de Aula);
16

11/12 – Aula assíncrona – Análise conto O burrinho pedrês (Google Sala


de Aula);
14/12 – Planejamento material semanal (3h);
– Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
– Aula assíncrona – Clarice Lispector;
15/12 – Aula síncrona (1h) sobre textos trabalhados até então (Google
Meeting);
– Atividade 2 (Google Sala de Aula);
17/12 – Aula assíncrona – Análise conto Uma galinha (Google Sala de
Aula);
21/12 – Planejamento material semanal (2h);
– Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
22/12 – Aula síncrona (1h) sobre autores Geração de 45 (Google
Meeting);
– Feedback Atividades 1 e 2, e fechamento das notas da turma (1h).

CRONOGRAMA – LUCAS SAUZEM CRUZ


OUTUBRO
23/10 – Orientação c/ professora regente (Google Meeting);
28/10 – Orientação c/ professora regente (Google Meeting);
NOVEMBRO
03/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
06/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
10/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
17/11 – Orientação Estágio (Google Meeting);
18/11 – Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
23/11 – Planejamento material semanal (2h);
– Orientação c/ professora regente (Google Meeting);
24/11 – Apresentação do estágio no mural da turma (Google Sala de
Aula);
26/11 – Material e atividade 1 (Google Sala de Aula);
– Orientação Estágio (Google Meeting);
17

30/11 – Planejamento material semanal (2h);


– Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
DEZEMBRO
– Aula assíncrona – João Cabral de Melo Neto (Google Sala de
01/12 Aula);
– Orientações individuais Atividade 1 (2h) – (WhatsApp);
– Orientação Estágio (Google Meeting);
03/12 – Aula assíncrona – Mario Quintana (Google Sala de Aula);
– Planejamento material semanal (2h);
07/12 – Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
– Orientação Estágio (Google Meeting);
08/12 – Feedback Atividade 1 (2h) - (E-mail);
09/12 – Aula assíncrona – João Guimarães Rosa (Google Sala de Aula);
11/12 – Aula assíncrona – Análise conto O burrinho pedrês (Google Sala
de Aula);
14/12 – Planejamento material semanal (3h);
– Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
– Aula assíncrona – Clarice Lispector;
15/12 – Aula síncrona (1h) sobre textos trabalhados até então (Google
Meeting);
– Atividade 2 (Google Sala de Aula);
17/12 – Aula assíncrona – Análise conto Uma galinha (Google Sala de
Aula);
21/12 – Planejamento material semanal (2h);
– Orientação c/ professora regente (WhatsApp);
22/12 – Aula síncrona (1h) sobre autores Geração de 45 (Google
Meeting);
– Feedback Atividade 2 e fechamento das notas da turma (1h).
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APÊNDICE II: Sequências Didáticas

SEQUÊNCIA DIDÁTICA Nº 1

1. Tópico: Geração de 45 - Poesia


2. Objetivos:
AS ATIVIDADES PROPOSTAS, NA SEQUÊNCIA, TÊM O
OBJETIVO DE CONTRIBUIR PARA QUE O ESTUDANTE
APRENDA A:
a) Atitudinais:
• respeitar o ambiente digital, percebendo que a organização é mais do
que imprescindível para manter a aula viável;
• refletir sobre os conteúdos apresentados em aula e suas temáticas;
• ouvir os colegas com atenção;
• preparar-se previamente para as aulas, com material em dia e
dispositivos digitas preparados.
b) Factuais / Conceituais:
• reconhecer as tendências da poesia da geração de 45;
• descobrir e entender o funcionamento do texto/vídeos trabalhados em
aula;
• entender questões temáticas envolvendo os vídeos;
• reconhecer os procedimentos líricos aplicados nos poemas;
• entender a interpretação como uma leitura compartilhada entre o leitor
e o texto e entre os leitores.
• c) Procedimentais:
• registrar no caderno/computador informações que acharem relevantes
durante as discussões;
• pontuar problemas e questões durante as leituras individuais;
• verbalizar suas leituras, interpretações e opiniões com respeito e
adequação;
• participar efetivamente da aula.

3. Conteúdos: Apresentação do projeto de estágio; poesia da Geração de


45; interlocução entre textos.

4. Justificativa: Como primeiro contato com os alunos via google meet


sobre a regência, é imprescindível esclarecer e apresentar as atividades que
serão realizadas durante o período de estágio. A partir desse contato, os
19

alunos receberão textos que são fundamentais para a compreensão da


Geração de 45 na poesia, que serão comentados e discutidos durante a
sequência via portal google class room.

5. Tempo estimado: 2 semanas


6. Recursos: Dispositivo digital com acesso à internet; office word.

7. Avaliação:
7.1. Critérios: Participação nas atividades, envolvimento com as leituras,
respeito e atenção durante a discussões com os colegas.
7.2. Instrumentos: Observação direta.
8. Desenvolvimento* Tempo

1ª SEMANA X’
1.1 – APRESENTAÇÃO

Olá, turma 311!

Me chamo Lucas Sauzem Cruz e serei o professor em estágio na disciplina de


literatura. Infelizmente, não poderemos realizar esse primeiro contato por
videoconferência, que nos permitiria dialogar sobre o planejamento das atividades
propostas e sobre como daremos continuidade ao conteúdo que vocês estão
trabalhando. Mas logo, provavelmente na próxima semana, teremos essa
oportunidade. Por ora, gostaria apenas de propor uma dinâmica de apresentação e
introduzir o assunto que iremos abordar nas próximas semanas, a geração de 45 na
literatura.

A dinâmica é simples, gostaria que cada um de vocês me adicionassem no


WhatsApp – (55) 997052030 - e se apresentassem. Depois de um “Oi”, que me
contassem sobre a experiência literária de vocês: gostam de ler? Quais livros já
leram? Quais livros gostariam de ler? Ou, se não gostam, o que não lhes agrada na
literatura? Quais livros tentaram ler e não gostaram? Sintam-se à vontade para
compartilharem comigo!
Depois, irei adicioná-los em um grupo da turma 331 da Disciplina de Literatura, que
poderá servir como espaço de interlocução durante o estágio.

Caso precisem, este é meu e-mail de contato: lucassauzem@hotmail.com

Sobre o conteúdo:

Sei que vocês têm trabalhado com o período do Modernismo, e que já


20

avançaram nas duas primeiras gerações fundamentais; portanto, durante o estágio,


iremos trabalhar com a terceira geração modernista, que inicia-se por volta de 1945,
e que por isso também é conhecida como Geração de 45. Se pensarmos em datas, a
primeira geração iniciou em 1922 com a Semana da Arte Moderna, e rompia com a
estética literária parnasiana; a segunda geração, por sua vez, não rompeu com
nenhuma estética, mas consolidou os preceitos da primeira geração, sendo
considerada a partir de 1930. Entretanto, a terceira geração moderna vai na
contramão das duas primeiras fases, subvertendo e rompendo com os valores
anteriores. Por causa desse rompimento, essa geração também pode ser encontrada
sobre o título de Pós-Modernista, mas é um conceito um pouco complicado de
compreender. Portanto, a chamaremos de Geração de 45.

Iniciaremos nossos estudos por alguns poetas da geração, trabalhando poemas


representativos das tendências da época. Nos próximos dias já postarei a primeira
atividade que deverão realizar, mas não se preocupem, pois terão bastante tempo para
fazê-la e durante esse período teremos interlocuções sobre o conteúdo, e
principalmente, nossa primeira videoconferência, quando explicarei melhor como irá
funcionar o encaminhamento da disciplina e as atividades.

Espero que todos fiquem bem, e um abraço!

Aguardo vocês no whatsapp!

1.2 ATIVIDADE

COLÉGIO ESTADUAL CORONEL PILAR


DISCIPLINA DE LITERATURA
PROFESSOR: LUCAS SAUZEM CRUZ.
(01) ATIVIDADE DA SEMANA DATA 07/12/2020
GERAÇÃO DE 45 - POESIA

Na poesia, entre os principais aspectos de rompimento com a primeira


geração está o retorno ao “rigor formal”, do verso metrificado e fixo, diferente dos
21

versos livres e brancos. Além disso, a língua padrão é priorizada em detrimento de


uma linguagem coloquial, denominada “língua brasileira” dos primeiros modernistas.
Há também uma recusa da espontaneidade do verso, uma vez que a forma
fixa exige rigidez e controle na linguagem, como um trabalho intelectual com a
poesia. A poesia produzida é menos subjetiva e mais racional e pensada, como um
neoparnasianíssimo (o novo parnasiano).
O poeta de maior destaque dessa geração é o “engenheiro” João Cabral de
Melo Neto. Engenheiro porque ele estrutura a sua poesia como quem ergue uma casa
pedra por pedra. Leia a seguir o poema “A educação pela pedra”, publicado em 1965.
A educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;


Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
A de economia, seu adensar-se compacta:
Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem soletrá-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão


(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.

Note, primeiramente, a rigidez do poema, com uma linguagem seca, precisa e


concisa, tal qual uma pedra. A pedra nos faz lembrar a crueza humana, assim como
também o ambiente árido e seco do sertão nordestino. Na primeira estrofe, a pedra
ensina através da metáfora as formas humanas de ser, de ser como pedra. Entretanto,
na segunda estrofe, não é pela metáfora, mas pela existência dela (e unicamente dela)
que o ser humano se desenvolve. É o ambiente seco de sertão, alegorizado em pedra,
que faz parte da existência do homem.
Além disso, o poema apresenta uma ideia metapoética, ou seja, seu sentido
recai sobre si mesmo. Falar sobre a educação da pedra é o próprio exercício de
utilizar essa figura para dissecá-la semanticamente, recuperando todos os sentidos de
22

um mesmo campo semântico sobre o que significa ser uma pedra. Esse trabalho
demonstra a construção da linguagem na poesia, e não uma mera inspiração subjetiva
do sujeito lírico.
Agora, leia um trecho do poema O relógio, publicado em 1945:

O relógio

Ao redor da vida do homem


há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;


mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas


vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola


será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade.

Desta vez, o objeto concreto do poema é um relógio, mas ele não irá aparecer
como figura dentro do poema, apenas no título. Note que há comparações para sua
representação, a fim de qualificar o sentido desse objeto.
Exercício:
Faça uma paráfrase do poema, ou seja, reescreva-o em mais ou menos um ou
dois parágrafos com uma linguagem mais simples e acessível sobre o que se trata o
poema.
Um exemplo de paráfrase da primeira estrofe do poema O cão sem plumas:
“A cidade é passada pelo rio
23

como uma rua


é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.”

→ O verso apresenta uma cidade que é atravessada por um rio, assim como
uma rua é atravessada por um cachorro, ou uma espada que atravessa uma fruta em
seu corte.

Escreva sua paráfrase em um documento word com fonte Arial tamanho 12, e
envie por e-mail para: lucassauzem@hotmail.com até o dia 07/12 com as seguintes
identificações:
Assunto: Atividade 1 – Turma 311 Literatura
Se identificar com nome completo e anexar o documento.
2ª SEMANA X’
2.1 INTERLOCUÇÃO

João Cabral de Melo Neto

Olá, turma. Como estão?

Semana passada, postei uma atividade sobre a poesia do autor João Cabral de
Melo Neto, em que vocês terão que fazer uma paráfrase do poema O Relógio. Alguns
já me enviaram a atividade, outros ainda estão com dúvida; portanto, aqui vai um
reforço para aqueles que ainda não realizaram a atividade:

Definição de paráfrase: Paráfrase criativa é uma reescrita que mantém o


sentido do texto original, mas se distancia da sua forma, estrutura, função e estilo de
linguagem ou até mesmo do tipo de texto ou gênero discursivo. Ou seja, parafrasear é
explicar, tornar claro aquilo que foi dito no texto original; é reescrever esse texto
com suas próprias palavras, mas sempre mantendo a ideia original do autor. Para
isso, devemos seguir alguns passos básicos, como:
24

a. Entender e organizar as ideias tal qual aparecem no texto, para que a


sequência de informações não fique fora de ordem;
b. Incluir as informações essenciais presentes no texto, isto é, manter na
paráfrase tudo aquilo que for importante, relevante no texto original;
c. Não colocar na paráfrase ideias pessoais, opiniões.

Assim, a atividade solicita que vocês reescrevam o poema com suas palavras,
transmitindo as mesmas informações (tema / sentido) contidas nele. Leiam com
cuidado cada uma das estrofes do poema. Em seguida, reescrevam-nas, em uma ou
duas frases, a partir de sua própria interpretação. Para cada estrofe, uma
interpretação/explicação com suas próprias palavras, certo? E, ao chegarem na
última, reúnam essas ideias/frases em um único parágrafo, obedecendo a ordem do
poema, das estrofes.

O trabalho pode ser enviado até o dia 07/12 para o e-mail:


lucassauzem@hotmail.com

Para saberem mais do autor, envio um link com a sua biografia e um link para
a animação de uma de suas mais significativas obras, Morte e Vida Severina, com
leitura simultânea do poema narrativo.

Link para biografia do autor:


www.gestaoeducacional.com.br/joao-cabral-de-melo-neto-biografia-vida-e-
obra/

Animação:
https://youtu.be/clKnAG2Ygyw

Quaisquer dúvidas, fico à disposição pelo WhatsApp ou e-mail.


Boa semana!

Lucas Sauzem Cruz.


25

2.2 CONTEÚDO COMPLEMENTAR

Olá, turma. Como estão?

Outro poeta da Geração de 45 é o gaúcho Mario Quintana, que nasceu em


uma cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul, denominada Alegrete.
Entretanto, viveu grande parte da sua vida na capital Porto Alegre, onde desenvolveu
atividades como jornalista, tradutor e é claro, poeta. Na capital gaúcha, o poeta é
lembrado não somente como um ícone da literatura, mas também como uma figura
ácida e descontraída nos meios sociais em que conviveu. O lugar onde viveu os
últimos anos da sua vida, o Hotel Magestic, acabou se tornando a Casa de Cultura
Mário Quintana, um espaço de memória e visitação na cidade de Porto Alegre,
mantendo viva a arte do poeta e de outros artistas de sua época.

De sua contribuição literária sabe-se que ele começou publicando poemas em


uma revista literária estudantil enquanto frequentava o colégio militar de Porto
Alegre. Mas a sua primeira publicação editorial foi em 1940 com o livro de poemas
A Rua dos Cataventos, que já marcava seu gosto por uma linguagem prosaica e um
tom um tanto quanto irônico e/ou cômico

Conheça um dos seus mais célebres poemas:

Poeminha do Contra

Todos esses que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão...

Eu passarinho!

Caderno H, 1973.

Ao utilizar a terceira pessoa do plural (Eles) no futuro do indicativo


26

(passarão) para criar a expectativa de que, no próximo verso, a primeira pessoa (Eu)
será “passarei”, o poema surpreende ao jogar com o sentido de passarão como
aumentativo de pássaro, contrapondo com o diminutivo “passarinho”. Nesses versos,
o poeta brinca com a estrutura de palavras do português para criar sentidos. Quais
sentidos, portanto, podemos atribuir à palavra passarão e passarinho?

Outros dois poemas de Mario Quintana,

Pedra Rolada:

Esta pedra que apanhaste acaso à beira do caminho


– tão lisa de tanto rolar –
é macia como um animal que se finge de morto.

Apalpa-a… E sentirás, miraculosamente,


a suave serenidade com que os mortos recordam.

Mortos?! Basta-lhes ter vivido


um pouco
para jamais poderem estar mortos

– e esta pedra pertence ao universo deles,

Deposita-a
no chão,
cuidadosamente…

Esta pedra está viva!

Elegia Ecológica

As grandes damas usavam grandes chapéus, cheios de flores e de


passarinhos.

As flores feneceram, porque até as flores artificiais fenecem.

Os passarinhos voaram e foram pousar nos últimos parques, onde iludem


agora os seus últimos freqüentadores.

Sim! As grandes damas usavam grandes chapéus...


27

Eram cheios de flores e de passarinhos!

Deixo para vocês também um link para um vídeo em que o próprio Mario
Quintana declama esses três poemas:

https://www.youtube.com/watch?v=aGe1iuvxuE8

Ressalto que a entrega da primeira atividade avaliativa é até dia 07/12.

Abraço, fiquem bem!

Lucas Cruz.

9. Referências: http://www.releituras.com/joaocabral_bio.asp;
https://www.youtube.com/watch?v=clKnAG2Ygyw&t=2718s;
https://www.youtube.com/watch?v=aGe1iuvxuE8.

10. Bibliografia:
11. Consideração Extra:

SEQUÊNCIA DIDÁTICA Nº 2

1. Tópico: PROSA DE 45
2. Objetivos:
AS ATIVIDADES PROPOSTAS, NA SEQUÊNCIA, TÊM O OBJETIVO
DE CONTRIBUIR PARA QUE O ESTUDANTE APRENDA A:
a) Atitudinais:
• respeitar o ambiente digital, percebendo que a organização é mais do
que imprescindível para manter a aula viável;
• refletir sobre os conteúdos apresentados em aula e suas temáticas;
• ouvir os colegas com atenção;
• preparar-se previamente para as aulas, com material em dia e
dispositivos digitas preparados.
b) Factuais / Conceituais:
28

• reconhecer as tendências da prosa da geração de 45;


• descobrir e entender o funcionamento do texto/vídeos trabalhados em
aula;
• entender questões temáticas envolvendo os vídeos;
• reconhecer os procedimentos de linguagem aplicados nos textos;
• entender a interpretação como uma leitura compartilhada entre o leitor
e o texto e entre os leitores.
• c) Procedimentais:
• registrar no caderno/computador informações que acharem relevantes
durante as discussões;
• pontuar problemas e questões durante as leituras individuais;
• verbalizar suas leituras, interpretações e opiniões com respeito e
adequação;
• participar efetivamente da aula.

3. Conteúdos: Prosa da Geração de 45; João Guimarães Rosa; Clarice


Lispector.

4. Justificativa: Os alunos receberão textos que são fundamentais para a


compreensão da Geração de 45 na prosa, que serão comentados e
discutidos durante a sequência via portal google classroom.

5. Tempo estimado: 2 semanas


6. Recursos: Dispositivo digital com acesso à internet; office word.

7. Avaliação:
7.1. Critérios: Participação nas atividades, envolvimento com as leituras,
respeito e atenção durante a discussões com os colegas.
7.2. Instrumentos: Observação direta; Google Forms.
10. Desenvolvimento* Tempo

1ª SEMANA X’
1.3 – Prosa 45 – João Guimarães Rosa

Olá, turma. Como estão?

Nas duas semanas passadas, vocês trabalharam com os poetas João Cabral de
Melo Neto e Mario Quintana, dois poetas representativos da Geração de 45 e que
29

figuram hoje como clássicos da literatura brasileira. Nos poemas, foi possível
verificar uma diferença quanto à depuração do verso, com uma linguagem objetiva e
sem excessos para embelezar, dando importância acentuada à palavra e ao ritmo.

Agora, na prosa, vamos trabalhar com dois autores fundamentais dessa


geração: Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. Dessa literatura, iremos perceber
uma tendência para o intelectualismo, uma preocupação existencial e uma
universalidade temática, embora manejada dentro de um regionalismo. Veremos em
Clarice Lispector um cuidado rebuscado com a linguagem e da perspectiva mais
profunda do Eu; por outro lado, veremos em João Guimarães Rosa um painel do
regionalismo mineiro através de temáticas universais, exercitando uma forma de
linguagem única que costura a expressividade do mineiro interiorano com o português
formal.

Para hoje, deixo o fragmento inicial do conto O burrinho Pedrês, de


Guimarães Rosa, publicado em 1946 no livro de contos Sagarana. Nesse conto, vocês
irão encontrar a história de um burrinho que foi parar na fazendo do Major Saulo, um
criador de gado em grande escala. Notem no trecho a peculiaridade da linguagem e a
construção do personagem do burrinho.

Deixo, ao fim, um link de acesso ao livro Sagarana, onde poderão encontrar o


conto completo de O burrinho Pedrês.

OBSERVAÇÃO: A leitura do trecho é essencial, pois na próxima semana


liberarei um link para uma atividade avaliativa no Google Forms.

O Burrinho Pedrês

“E, ao meu macho rosado,


carregado de algodão,
preguntei: p'ra donde ia?
P'ra rodar no mutirão.”
(VELHA CANTIGA, SOLENE, DA ROÇA.)
30

Era um Burrinho Pedrês, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição


do Serro, ou não sei onde no sertão. Chamava-se Sete-de-Ouros, e já fora tão bom,
como outro não existiu e nem pode haver igual.
Agora, porém, estava idoso, muito idoso. Tanto, que nem seria preciso abaixar-
lhe a maxila teimosa, para espiar os cantos dos dentes. Era decrépito mesmo a
distância: no algodão bruto do pêlo - sementinhas escuras em rama rala e encardida;
nos olhos remelentos, cor de bismuto, com pálpebras rosadas, quase sempre oclusas,
em constante semi-sono; e na linha, fatigada e respeitável - uma horizontal perfeita,
do começo da testa à raiz da cauda em pêndulo amplo, para cá, para lá, tangendo as
moscas.
Na mocidade, muitas coisas lhe haviam acontecido. Fora comprado, dado,
trocado e revendido, vezes, por bons e maus preços. Em cima dele morrera um
tropeiro do Indaiá, baleado pelas costas. Trouxera, um dia, do pasto - coisa muito rara
para essa raça de cobras - uma jararacussu, pendurada do focinho, como linda tromba
negra com diagonais amarelas, da qual não morreu porque a lua era boa e o benzedor
acudiu pronto. Vinha-lhe de padrinho jogador de truque a última intitulação, de
baralho, de manilha; mas, vida a fora, por anos e anos, outras tivera, sempre
involuntariamente: Brinquinho, primeiro, ao ser brinquedo de meninos; Rolete, em
seguida, pois fora gordo, na adolescência; mais tarde, Chico-Chato, porque o sétimo
dono, que tinha essa alcunha, se esquecera, ao negociá-lo, de ensinar ao novo
comprador o nome do animal, e, na região, em tais casos, assim sucedia; e, ainda,
Capricho, visto que o novo proprietário pensava que Chico-Chato não fosse apelido
decente.
A marca-de-ferro - um coração no quarto esquerdo dianteiro - estava meio
apagada: lembrança dos ciganos, que o tinham raptado e disfarçado, ovantes, para a
primeira baldroca de estrada. Mas o roubo só rendera cadeia e pancadas aos pândegos
dos ciganos, enquanto Sete-de-Ouros voltara para a Fazenda da Tampa, onde tudo era
enorme e despropositado: três mil alqueires de terra, toda em pastos; e o dono, o
Major Saulo, de botas e esporas, corpulento, quase um obeso, de olhos verdes,
misterioso, que só com o olhar mandava um boi bravo se ir de castigo, e que ria,
sempre ria - riso grosso, quando irado; riso fino, quando alegre; e riso mudo, de
normal.
Mas nada disso vale fala, porque a estória de um burrinho, como a história de
um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida. E a existência de
Sete-de-Ouros cresceu toda em algumas horas - seis da manhã à meia-noite - nos
meados do mês de janeiro de um ano de grandes chuvas, no vale do Rio das Velhas,
no centro de Minas Gerais.
O burrinho permanecia na coberta, teso, sonolento e perpendicular ao cocho,
31

apesar de estar o cocho de-todo vazio. Apenas, quando ele cabeceava, soprava no ar
um resto de poeira de- farelo. Então, dilatava ainda mais as crateras das ventas, e
projetava o beiço de cima, como um focinho de anta, e depois o de baixo, muito
flácido, com finas falripas, deixadas na pele barbeada de fresco. E, como os dois
cavos sobre as órbitas eram bem um par de óculos puxado para a testa, Sete-de-Ouros
parecia ainda mais velho. Velho e sábio: não mostrava sequer sinais de bicheiras; que
ele preferia evitar inúteis riscos e o dano de pastar na orilha dos capões, onde vegeta o
cafezinho; com outras ervas venenosas, e onde fazem vôo, zumbidoras e mui
comadres, a mosca do berne, a lucília verde, a varejeira rajada, e mais aquela que usa
barriga azul.
De que fosse bem tratado, discordar não havia, pois lhe faltavam carrapichos ou
carrapatos, na crina - reta, curta e levantada, como uma escova de dentes. Agora, para
sempre aposentado, sim, que ele não estava, não. Tanto, que uma trinca de pisaduras
lhe enfeitava o lombo, e que João Manico teve ordem expressa de montá-lo, naquela
manhã. Mas, disto último, o burrinho não recebera ainda aviso nenhum.
Para ser um dia de chuva, só faltava mesmo que caísse água. Manhã noiteira,
sem sol, com uma umidade de melar por dentro as roupas da gente. A serra neblinava,
açucarada, e lá pelas cabeceiras o tempo ainda devia de estar pior.
Sete-de-Ouros, uma das patas meio flectida, riscava o chão com o rebordo do
casco desferrado, que lhe rematava o pezinho de Borralheira. E abria os olhos, de vez
em quando, para os currais, de todos os tamanhos, em frente ao casarão da fazenda.
Dois ou três deles mexiam, de tanto boi.

Link para o livro completo:

http://ep1.com.br/site/wp-content/uploads/2016/04/Sagarana.pdf

Abraço!

Lucas Cruz.

1.4 INTERLOCUÇÃO O Burrinho Pedrês

Olá, turma. Como estão?

Preparei uma tabela com as principais características do personagem do


burrinho pedrês, apresentado nos primeiros parágrafos do conto, disponibilizado na
32

última postagem. Reparem, agora, como a construção do burrinho está ligada à tantas
características descritivas, de diferentes aspectos:

Personagens dos primeiros parágrafos do conto O burrinho


pedrês, de João Guimarães Rosa.

Burro (inho) Biológico Mocidade Velhice (Tempo da


Narrativa)
Nome Brinquinho (1º nome); Sete-de-Ouros.
Rolete (2º nome);
Chico-Chato (8º dono);
Capricho (9º dono).
Característica Pedrês Miúdo; Manchas no pelo
Física Gordo (adolescência); (bruto); olhos
remelentos; quase cego
(cor de bismuto);
Marca-de-ferro pálpebras rosadas
(coração). (oclusas);
Marca-de-ferro meio
apagada;
Sem indícios de
bicheira;
Casco desferrado;
Crina reta, curta e
levantada (bem
cuidado);
Característica Resignado. Decrépito;
Expressiva / Constante semi-sono;
Comportamental Velho-Sábio (evitava
pastar).
33

Personagens Humanos:

Major Saulo – Proprietário da Fazenda da Tampa, cuja dimensão e cultura


(pecuária) ilustram sua riqueza. É o atual dono do burrinho pedrês, cuja alcunha de
Sete-de-Ouros provêm do seu gosto no jogo de cartas truque. Das características
físicas destacam-se o tamanho corpulento (quase obeso) e os olhos verdes, cuja
expressão de mistério lhe dá um ar de autoridade. Sua risada é descrita como alguém
sisudo, já que seu riso é grosso quando irado, fino quando alegre e mudo quando
normal.

João Manico - Empregado da fazenda.

Deixarei dois links para conhecerem mais do autor. Primeiro, uma entrevista
realizada na Alemanha, uma vez que o autor também foi diplomata internacional. E
um especial da TV Cultura em homenagem à contribuição literária do autor, contando
um pouco da sua trajetória de vida e como escritor.

Entrevista do autor:

https://youtu.be/ndsNFE6SP68

Especial da TV Cultura:

https://youtu.be/MUgLZ4euUzI

Bom trabalho,

Lucas Cruz.

2ª SEMANA X’
2.1 – PROSA 45 - CLARICE LISPECTOR

Olá, turma. Tudo bem?

Para a aula de hoje, separei um conto da escritora Clarice Lispector, intitulado


Uma galinha. O conto é narrado em terceira pessoa e apresenta, em poucos
parágrafos, uma situação cotidiana – a vida de uma família e seu “almoço” de
34

domingo. Note, como a história se desenvolve ao longo dos parágrafos, trazendo


sempre certa introspecção à personagem, isto é, mostrando como esta percebe/sente o
ambiente a seu redor.

Uma galinha – conto de Clarice Lispector

Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da
manhã.

Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava
para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua
intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se
adivinharia nela um anseio.

Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito
e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou —
o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de
onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado,
hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada
viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla
necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um
calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos
alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo.
A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um
quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha
que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O
rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito
de conquista havia soado.

Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às
vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava
outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia
tão livre.

Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que
havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não
se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo
crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma
surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.

Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a.
Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa
através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta,
sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De
pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro.
Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe
habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e
35

desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as
penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava
perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do
acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:

— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso
bem!

Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente.


Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não
era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a
mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento
qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se
com certa brusquidão:

— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha
vida!

— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.

Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a
família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a
corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: “E dizer que a
obriguei a correr naquele estado!” A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos,
menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas
duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.

Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-
se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o
corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena
cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já
mecanizado.

Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se
recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia
os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não
cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de
sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando
milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos
séculos.

Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

Abaixo, deixo um link para o conto, no YouTube:


https://www.youtube.com/watch?v=is40tGNGB-Y
36

Link para o especial 100 anos de Clarice Lispector:

https://www.youtube.com/watch?v=fs0Rt-_vkMM

Um abraço,

Andressa Luz.

2.2 INTERLOCUÇÃO Uma galinha

Olá, turma. Tudo bem?

Para trabalhar com o conto Uma galinha, pensaremos no conceito de


Progressão Textual. A progressão textual nada mais é que a organização de um texto,
com uma sequência de informações que se sucedem e se complementam.

PROGRESSÃO TEXTUAL NO CONTO UMA GALINHA:

• Apresentação da personagem galinha, como almoço de domingo;

• Fuga da galinha;

• Perseguição pelos telhados;

• Captura da galinha;

• Retorno à cozinha de casa;

• A galinha põe um ovo;

• Comovida, a filha do casal intervém pela vida da galinha, que é poupada e


37

passa a viver como membro da família;

• Passa-se o tempo e a rotina da família volta à normalidade;

• A galinha, por fim, vira almoço.

Releia o conto para perceber a progressão textual desenvolvida pela autora.

11. Referências: http://ep1.com.br/site/wp-


content/uploads/2016/04/Sagarana.pdf;
https://youtu.be/ndsNFE6SP68; https://youtu.be/MUgLZ4euUzI.

10. Bibliografia:
12. Consideração Extra:

APÊNDICE III: Autoavaliação

Autoavaliação – Andressa Luz da Silva.

Durante o período de regência no Colégio Estadual Coronel Pilar, afirmo


que cumpri meu trabalho como estagiária com responsabilidade, adaptando-me
da melhor forma possível ao contexto escolar e respeitando as regras da escola
em questão. Tentei atender à demanda da turma – apesar das dificuldades que
surgiram pelo caminho – dialogando com os alunos via e-mail, WhatsApp e, de
forma síncrona, pelo Google Classroom. Dialoguei, sempre que necessário,
com a professora orientadora do estágio, bem como com a regente da turma e
(eventualmente) com a coordenadora da escola, tirando dúvidas e ouvindo
atentamente suas sugestões. Em todas essas conversas, mantivemos
tranquilamente o melhor diálogo possível, num ambiente de troca e
compreensão, algo pelo que sou muito grata.

O planejamento do projeto foi preservado, em sua maioria, e adaptado às


condições da escola e do novo ensino à distância, numa tentativa de atender às
38

necessidades das turmas sem sobrecarregá-las. Nesse sentido, meu parceiro


de estágio e eu fomos muito felizes, visto que conseguimos abordar o conteúdo
pedido pela professora regente de forma coerente e objetiva, sempre a
mantendo informada acerca de nossas ideias, eventuais mudanças no
planejamento e, por fim, sobre as postagens para as turmas. Esse trabalho
conjunto entre estagiários e professora foi de grande valia para nossa
experiência profissional, já que pudemos aprender muito com a experiência da
regente, além de contribuir com algumas ideias e discussões nesse período de
estágio.

Quanto às relações com a turma 312, tive uma considerável dificuldade


para manter contato, já que boa parte dos alunos não participava assiduamente
das aulas. Para facilitar a interlocução, tentei contactá-los por e-mail e
WhatsApp, criando um grupo para a turma e, se assim preferissem, orientando-
os individualmente. Funcionou, apesar do baixo número de participantes. A
partir desse fio, passei a mantê-los informados sobre cada passo dado no
período de estágio. No mural da turma, organizei – com o auxílio da professora
regente – o material em tópicos, para que pudessem encontrar tudo com
facilidade e assim desenvolver melhor as tarefas. Esse trabalho via mural,
WhatsApp e e-mail foi essencial para o desenvolvimento dos poucos que
aderiram à disciplina de Literatura, na 312. Dessa maneira, a demanda foi
cumprida com sucesso, tanto de forma assíncrona com as turmas 311 e 312
quanto via Classroom, com ambas participando. Na plataforma, Lucas e eu
trabalhamos com a leitura de textos literários e análise guiada para os alunos,
esclarecendo as tarefas propostas – questão por questão – sempre que
necessário e tirando suas dúvidas, quando surgiam.

Para a elaboração das sequências didáticas, seguimos as orientações da


professora regente, que nos encaminhou para o conteúdo a ser trabalhado com
os alunos, bem como nos informou acerca dos conhecimentos prévios e
participação de cada turma nas atividades da disciplina. Assim, a apresentação
do material foi organizada de forma reflexiva, desde a exposição no mural às
aulas ministradas via Google Meet. Neste momento, toda exposição era
baseada em provocações e conceitos, com perguntas que chamassem a turma
para uma discussão em grupo. O conteúdo foi pensado especialmente para que
39

as turmas pudessem atuar com mais tranquilidade, sendo abordado, portanto,


com muita naturalidade e muitos exemplos a mais, até mesmo para descontrair
o ambiente escolar. Dessa forma, havia espaço para que os alunos
dialogassem, expondo suas ideias e dúvidas sempre que fosse de sua vontade
(e assim o faziam, eventualmente).

Sem dúvida, do projeto à regência na escola, este estágio se mostrou


desafiador. Fico feliz em saber que conseguimos cumpri-lo bem, mesmo com
todas as dificuldades encontradas pelo caminho. Nenhuma teoria nos prepara
para um momento tão atípico quanto este em que estamos vivendo, mas
certamente todo o embasamento teórico visto anteriormente nas disciplinas de
Estágio Supervisionado foi essencial para que pudéssemos nos orientar durante
a prática docente. Isto somado a todo o apoio dado pelas professoras
orientadoras e pela regente, bem como a escola, fez toda diferença em nossa
formação. Hoje podemos ver com clareza que aliar teoria e prática é, sem
dúvida, indispensável para a formação docente de um Curso de Licenciatura.
Pensando nisso, podemos retornar a tudo que vimos no Curso, todas as
disciplinas, da teoria à prática, e rever o estágio anterior e este, refletindo sobre
a prática de ensino, sobre nosso papel enquanto professores em formação,
exatamente como mostra este relatório. Há muito para aprender ainda, mas por
hora acredito que podemos nos considerar, parcialmente, inseridos no trabalho
docente.

Nota: 1,0

Autoavaliação – Lucas Sauzem Cruz.

Em relação ao meu trabalho como estagiário no período de regência,


acredito ter me adaptado à dinâmica e funcionamento da escola, seguindo os
modelos de registro de atividades, postagem de materiais e relacionamento
professor-aluno dentro da plataforma Google Classroom. Sempre que
necessário e possível, dialoguei com a professora regente sobre sugestões,
dúvidas, problemas e acertos, com uma transparência no planejamento e
objetivos do ensino. Nesse diálogo, busquei ser sempre solicito e cordial, tal
como fui recebido pela professora regente e escola.
40

Juntamente com a minha colega Andressa Luz, realizamos um trabalho


coerente ao conteúdo que vinha sendo trabalhado com a professora regente,
revisando e dando continuidade ao programa da turma. Procuramos também
ouvir toda sugestão e opinião da professora, a fim de nos ajudar no processo de
ensino. Além disso, a professora estava aberta a diferentes abordagens que
queríamos experimentar.

Com a turma 311, procurei ser o mais organizado nas postagens de


materiais e nas interlocuções no mural, para que os alunos tivessem a melhor
clareza sobre suas tarefas, mas também sempre deixei meu contato para
aqueles que precisassem de uma orientação. Baseamos nosso trabalho de
acordo com a demanda da turma e em consenso com eles decidimos
desenvolver nosso trabalho priorizando a leitura e discussão de textos literários,
cujo retorno foi bastante satisfatório.

No planejamento das atividades, buscamos relacionar ao máximo os


tópicos trabalhados pelos alunos com a professora regente, uma vez que seria
mais fácil deles localizarem nos textos os principais aspectos semelhantes e
diferentes entre as obras literárias. Organizamos o material com abordagens
reflexivas e com muitos exemplos, para que eles pudessem compreender como
diferentes textos utilizam tal aspecto recorrente. Dêmos vasão para que os
alunos realizassem suas leituras a partir das ferramentas disponibilizados e
então compartilhassem suas interpretações e justificativas, que em alguns
momentos foram problematizados coletivamente nas videoconferências.

Essa abordagem mais informal ao texto literário sem dúvidas foi uma
maneira apreendida no ensino universitário, com uma leitura atenciosa e
explorativa, partindo do mais simples e concreto (texto) para interpretações
mais gerais. Além disso, no relatório deixamos claro a importância que esse
estágio teve na nossa formação, especialmente por ter sido em modo remoto e
por isso ter agregado muita aprendizagem em nossa formação.

Nota: 1,0

APÊNDICE IV: Atividades avaliativas realizadas no período de regência


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Atividade 1:

COLÉGIO ESTADUAL CORONEL PILAR


Ensino Médio
Área de Linguagens
Literatura
Professor (a):
Google Sala de Aula
Nome Completo:
Turma:
Data:

João Cabral de Melo Neto

Na poesia, entre os principais aspectos de rompimento com a primeira


geração está o retorno ao “rigor formal”, do verso metrificado e fixo, diferente
dos versos livres e brancos. Além disso, a língua padrão é priorizada em
detrimento de uma linguagem coloquial, denominada “língua brasileira” dos
primeiros modernistas.
Há também uma recusa da espontaneidade do verso, uma vez que a
forma fixa exige rigidez e controle na linguagem, como um trabalho intelectual
com a poesia. A poesia produzida é menos subjetiva e mais racional e pensada,
como um neoparnasianíssimo (o novo parnasiano).
O poeta de maior destaque dessa geração é o “engenheiro” João Cabral
de Melo Neto. Engenheiro porque ele estrutura a sua poesia como quem ergue
uma casa pedra por pedra. Leia a seguir o poema “A educação pela pedra”,
publicado em 1965.

A educação pela pedra

Uma educação pela pedra: por lições;


Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada;
A de poética, sua carnadura concreta;
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A de economia, seu adensar-se compacta:


Lições da pedra (de fora para dentro,
Cartilha muda), para quem isseca-la.

Outra educação pela pedra: no Sertão


(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
E se lecionasse, não ensinaria nada;
Lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
Uma pedra de nascença, entranha a alma.

Note, primeiramente, a rigidez do poema, com uma linguagem seca,


precisa e concisa, tal qual uma pedra. A pedra nos faz lembrar a crueza
humana, assim como também o ambiente árido e seco do sertão nordestino. Na
primeira estrofe, a pedra ensina através da metáfora as formas humanas de ser,
de ser como pedra. Entretanto, na segunda estrofe, não é pela metáfora, mas
pela existência dela (e unicamente dela) que o ser humano se desenvolve. É o
ambiente seco de sertão, alegorizado em pedra, que faz parte da existência do
homem.
Além disso, o poema apresenta uma ideia metapoética, ou seja, seu
sentido recai sobre si mesmo. Falar sobre a educação da pedra é o próprio
exercício de utilizar essa figura para isseca-la semanticamente, recuperando
todos os sentidos de um mesmo campo semântico sobre o que significa ser
uma pedra. Esse trabalho demonstra a construção da linguagem na poesia, e
não uma mera inspiração subjetiva do sujeito lírico.
Agora, leia um trecho do poema O relógio, publicado em 1945:

O relógio

Ao redor da vida do homem


há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.

Se são jaulas não é certo;


mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.

Umas vezes, tais gaiolas


vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
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vão num bolso, num dos pulsos.

Mas onde esteja: a gaiola


será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;

e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade.

Desta vez, o objeto concreto do poema é um relógio, mas ele não irá
aparecer como figura dentro do poema, apenas no título. Note que há
comparações para sua representação, a fim de qualificar o sentido desse
objeto.

Atividade: Apresente uma paráfrase do poema “O relógio”, de João


Cabral de Melo Neto.
Definição de paráfrase: paráfrase criativa é uma reescrita que mantém o
sentido do texto original, mas se distancia da sua forma, estrutura, função e
estilo de linguagem ou até mesmo do tipo de texto ou gênero discursivo. Ou
seja, parafrasear é explicar, tornar claro aquilo que foi dito no texto original; é
reescrever esse texto com suas próprias palavras, mas sempre mantendo a
ideia original do autor. Para isso, devemos seguir alguns passos básicos, como:
a. Entender e organizar as ideias tal qual aparecem no texto, para que a
sequência de informações não fique fora de ordem;
b. Incluir as informações essenciais presentes no texto, isto é, manter na
paráfrase tudo aquilo que for importante, relevante no texto original;
c. Não colocar na paráfrase ideias pessoais, opiniões.
Assim, a atividade solicita que vocês reescrevam o poema com suas
palavras, transmitindo as mesmas informações (tema / sentido) contidas nele.
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Atividade 2:

COLÉGIO ESTADUAL CORONEL PILAR


Ensino Médio
Área de Linguagens
Literatura
Professor (a):
Google Sala de Aula
Nome Completo:
Turma:
Data:

6. Em O burrinho pedrês, o início da narrativa apresenta uma breve


descrição do burrinho, tais como seu(s) nome(s), suas características
físicas e suas caraterísticas expressivas/comportamentais. Explique, de
acordo com a história, o porquê de o burrinho receber as características
de miúdo, resignado, velho-sábio e possuir pezinho de borralheira.

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________________________________________________________________
________________________________________________________________
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2. Em O burrinho pedrês, o narrador possui uma linguagem caraterística


de um sertanejo, com expressões e discursos diferentes do padrão gramatical.
No trecho abaixo, você encontra a descrição sobre o Major Saulo, dono da
fazenda:

“o dono, o Major Saulo, de botas e esporas, corpulento, quase um obeso,


de olhos verdes, misterioso, que só com o olhar mandava um boi bravo se ir de
castigo, e que ria, sempre ria – riso grosso, quando irado; riso fino, quando
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alegre; e riso mudo, de normal.”

Marque a(s) alternativa(s) correta(s) sobre a expressividade da


linguagem no trecho:

( ) Verdadeira / ( ) Falsa – O trecho é marcado por uma constante


virgulação, que representa blocos dentro da oração. Isso caracteriza a oralidade
da fala, em que buscamos exprimir frases curtas e mais diretas, diferente do
texto escrito, onde podemos organizar melhor a sentença;

( ) Verdadeira / ( ) Falsa – A descrição da aparência do Major Saulo


mostra a brutalidade do sertanejo, e essa brutalidade está marcada
principalmente na adjetivação das suas características;

( ) Verdadeira / ( ) Falsa – As caraterísticas do riso (grosso, fino, mudo)


são formas de dar expressividade à descrição, não são adjetivos comuns para
risadas, o que revela certa regionalidade.

3. Considere as seguintes afirmações sobre o conto Uma galinha para


responder à questão:

I. Pode-se dizer que o conto é dividido em cinco momentos: a apresentação da


galinha; sua fuga de casa; a captura nos telhados; a “adoção” da galinha pela
família; e, por fim, sua morte;

II. A respeito da personagem galinha, há uma personificação ao longo do texto


que aproxima o animal de pensamentos/sentimentos humanos, especialmente
no momento da fuga pelos telhados;

III. Ao longo do conto, a personagem da galinha expressa sua afeição à família,


colocando, inclusive, um ovo para dar de alimento e ser poupada da morte;

IV. Para sobreviver, a galinha põe um ovo, enfatizando a relevância da


maternidade para que uma mulher seja vista/respeitada socialmente.

Acerca das alternativas, podemos afirmar que estão corretas:

( ) apenas I; ( ) apenas I e II; ( ) apenas I, II e IV; ( ) apenas II e IV; ( )


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todas as alternativas.

4. Agora, a partir de sua interpretação do conto, diga:

a) Por que a família, em um primeiro momento, desistiu de comer a galinha?

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6) E por que, ao fim da narrativa, a família muda de ideia, finalmente


matando a galinha e comendo-a?

5. Com a leitura do trecho de O burrinho pedrês, de João Guimarães Rosa e do


conto Uma galinha, de Clarice Lispector, escreva a partir das suas impressões
de leitura quais são as principais semelhanças e diferenças entre as duas
narrativas.

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APÊNDICE V: Foto de aula por videoconferência:


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