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b) da escola-campo de estágio
c) da Turma de estágio
Ano: 3º ano
Turma: 311 - 312
Turno: Manhã
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Com base nos textos literários de alguns autores essenciais deste período
– como João Cabral de Melo Neto, Mário Quintana, João Guimarães Rosa, Ariano
Suassuna e Clarice Lispector – planejamos uma dinâmica estruturada da seguinte
forma: para as aulas síncronas, autores principais, aqueles que não poderiam de
forma alguma ficar de fora, dada a influência que somaram à Geração de 45; e,
para as aulas assíncronas, postagens no mural apresentando autores
complementares – igualmente importantes, mas que, em função do tempo de aula
e das possibilidades limitadas de ensino, poderiam ser apenas citados.
disponibilizávamos links para que a turma pudesse ter acesso a outras mídias
digitais, como vídeos no YouTube, por exemplo. Levávamos, também,
informações adicionais sobre os autores, como o contexto de publicação de suas
obras, uma pequena biografia, curiosidades sobre entrevistas, sobre a região
onde moravam, seus interesses, etc. A turma parecia mais confortável com essa
dinâmica, exatamente como gostaríamos que fosse.
Para que o ensino não ficasse tão defasado, em virtude do pouco tempo
que tínhamos para explorar o conteúdo, optamos por selecionar autores que
trabalhassem com gêneros variados, tais como conto, crônica, romance e até
mesmo teatro – no caso de Suassuna. E, sobre todos, houve reflexões acerca
das temáticas utilizadas em cada texto, sua visão de mundo, escolhas
linguísticas, influências no modernismo e após, com espaço para que os próprios
alunos pudessem dialogar conosco. Não podemos dizer que foi fácil ouvi-los, mas
houveram algumas interações satisfatórias, sim.
O ensino de Literatura, como bem sabemos, perde cada vez mais espaço
nas escolas e, em função dessa falta, somos direcionados a repensar a maneira
de adequar o essencial, o que é possível trabalhar dentro dos limites impostos
pelo governo. Em nossas aulas, tentamos estimular o gosto dos alunos pela
leitura, mas sem deixar de lado a exploração de conhecimentos mais específicos
de linguagem. Na medida do possível, tentamos oferecer ambas as bases. As
atividades de leitura que propomos tinham como principal meta o aproveitamento
de conteúdo pela turma, desejo de todo professor, imaginamos. Mas, a pedido da
professora regente e, também, por sabermos que o estímulo para leitura muitas
vezes vem de uma finalidade avaliativa, organizamos uma avaliação parcial e
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outra final para esse período de estágio (propostas que todos conheciam desde o
princípio). Não houve tanta resposta por parte da turma 312, como esperávamos,
mas de forma geral os alunos aderiram à proposta.
Não podemos afirmar como foi o resultado final da turma, já que essa
função não mais nos cabia, mas esperamos que, de alguma forma, todos tenham
levado um pouquinho do aprendizado que tentamos compartilhar. Não é fácil a
tarefa de relacionar todos os eixos de ensino, especialmente quando há um
distanciamento da turma – seja por falta de tempo, interesse, disposição – mas
sabemos que é necessário, afinal, como trabalhar com leitura se ignorarmos o
uso da língua? Ou ainda, de que maneira separar escrita de oralidade? Por essas
e outras questões é que, com este trabalho, tentamos oferecer uma boa
experiência de ensino às turmas com as quais tivemos contato.
Uma das surpresas durante o estágio foram as duas aulas síncronas, via
Google Meet, em que se pensou em aproveitar esses breves encontros mais
como uma roda de conversa sobre literatura que uma aula expositiva de
conteúdo programático. Esse formato mais informal deu mais liberdade para os
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Por fim, destacamos que a principal satisfação com o nosso estágio está
na participação ativa e atenciosa da professora regente, nos orientando sobre
questões relacionadas ao ensino, burocracias institucionais e dificuldades que
surgiram no decorrer do período. Além disso, os alunos que participaram se
mostraram receptivos desde o início, mantendo uma relação aluno-professor
bastante cordial. Estar envolvido em um projeto em que os participantes se
revelam interessados e gentis é fundamental para o sucesso, e não podíamos
estar mais felizes com essa experiência que embora socialmente distante, nos
aproximou como indivíduos.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5 APÊNDICES
APÊNDICE I: Cronograma
SEQUÊNCIA DIDÁTICA Nº 1
7. Avaliação:
7.1. Critérios: Participação nas atividades, envolvimento com as leituras,
respeito e atenção durante a discussões com os colegas.
7.2. Instrumentos: Observação direta.
8. Desenvolvimento* Tempo
1ª SEMANA X’
1.1 – APRESENTAÇÃO
Sobre o conteúdo:
1.2 ATIVIDADE
um mesmo campo semântico sobre o que significa ser uma pedra. Esse trabalho
demonstra a construção da linguagem na poesia, e não uma mera inspiração subjetiva
do sujeito lírico.
Agora, leia um trecho do poema O relógio, publicado em 1945:
O relógio
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade.
Desta vez, o objeto concreto do poema é um relógio, mas ele não irá aparecer
como figura dentro do poema, apenas no título. Note que há comparações para sua
representação, a fim de qualificar o sentido desse objeto.
Exercício:
Faça uma paráfrase do poema, ou seja, reescreva-o em mais ou menos um ou
dois parágrafos com uma linguagem mais simples e acessível sobre o que se trata o
poema.
Um exemplo de paráfrase da primeira estrofe do poema O cão sem plumas:
“A cidade é passada pelo rio
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→ O verso apresenta uma cidade que é atravessada por um rio, assim como
uma rua é atravessada por um cachorro, ou uma espada que atravessa uma fruta em
seu corte.
Escreva sua paráfrase em um documento word com fonte Arial tamanho 12, e
envie por e-mail para: lucassauzem@hotmail.com até o dia 07/12 com as seguintes
identificações:
Assunto: Atividade 1 – Turma 311 Literatura
Se identificar com nome completo e anexar o documento.
2ª SEMANA X’
2.1 INTERLOCUÇÃO
Semana passada, postei uma atividade sobre a poesia do autor João Cabral de
Melo Neto, em que vocês terão que fazer uma paráfrase do poema O Relógio. Alguns
já me enviaram a atividade, outros ainda estão com dúvida; portanto, aqui vai um
reforço para aqueles que ainda não realizaram a atividade:
Assim, a atividade solicita que vocês reescrevam o poema com suas palavras,
transmitindo as mesmas informações (tema / sentido) contidas nele. Leiam com
cuidado cada uma das estrofes do poema. Em seguida, reescrevam-nas, em uma ou
duas frases, a partir de sua própria interpretação. Para cada estrofe, uma
interpretação/explicação com suas próprias palavras, certo? E, ao chegarem na
última, reúnam essas ideias/frases em um único parágrafo, obedecendo a ordem do
poema, das estrofes.
Para saberem mais do autor, envio um link com a sua biografia e um link para
a animação de uma de suas mais significativas obras, Morte e Vida Severina, com
leitura simultânea do poema narrativo.
Animação:
https://youtu.be/clKnAG2Ygyw
Poeminha do Contra
Eles passarão...
Eu passarinho!
Caderno H, 1973.
(passarão) para criar a expectativa de que, no próximo verso, a primeira pessoa (Eu)
será “passarei”, o poema surpreende ao jogar com o sentido de passarão como
aumentativo de pássaro, contrapondo com o diminutivo “passarinho”. Nesses versos,
o poeta brinca com a estrutura de palavras do português para criar sentidos. Quais
sentidos, portanto, podemos atribuir à palavra passarão e passarinho?
Pedra Rolada:
Deposita-a
no chão,
cuidadosamente…
Elegia Ecológica
Deixo para vocês também um link para um vídeo em que o próprio Mario
Quintana declama esses três poemas:
https://www.youtube.com/watch?v=aGe1iuvxuE8
Lucas Cruz.
9. Referências: http://www.releituras.com/joaocabral_bio.asp;
https://www.youtube.com/watch?v=clKnAG2Ygyw&t=2718s;
https://www.youtube.com/watch?v=aGe1iuvxuE8.
10. Bibliografia:
11. Consideração Extra:
SEQUÊNCIA DIDÁTICA Nº 2
1. Tópico: PROSA DE 45
2. Objetivos:
AS ATIVIDADES PROPOSTAS, NA SEQUÊNCIA, TÊM O OBJETIVO
DE CONTRIBUIR PARA QUE O ESTUDANTE APRENDA A:
a) Atitudinais:
• respeitar o ambiente digital, percebendo que a organização é mais do
que imprescindível para manter a aula viável;
• refletir sobre os conteúdos apresentados em aula e suas temáticas;
• ouvir os colegas com atenção;
• preparar-se previamente para as aulas, com material em dia e
dispositivos digitas preparados.
b) Factuais / Conceituais:
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7. Avaliação:
7.1. Critérios: Participação nas atividades, envolvimento com as leituras,
respeito e atenção durante a discussões com os colegas.
7.2. Instrumentos: Observação direta; Google Forms.
10. Desenvolvimento* Tempo
1ª SEMANA X’
1.3 – Prosa 45 – João Guimarães Rosa
Nas duas semanas passadas, vocês trabalharam com os poetas João Cabral de
Melo Neto e Mario Quintana, dois poetas representativos da Geração de 45 e que
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figuram hoje como clássicos da literatura brasileira. Nos poemas, foi possível
verificar uma diferença quanto à depuração do verso, com uma linguagem objetiva e
sem excessos para embelezar, dando importância acentuada à palavra e ao ritmo.
O Burrinho Pedrês
apesar de estar o cocho de-todo vazio. Apenas, quando ele cabeceava, soprava no ar
um resto de poeira de- farelo. Então, dilatava ainda mais as crateras das ventas, e
projetava o beiço de cima, como um focinho de anta, e depois o de baixo, muito
flácido, com finas falripas, deixadas na pele barbeada de fresco. E, como os dois
cavos sobre as órbitas eram bem um par de óculos puxado para a testa, Sete-de-Ouros
parecia ainda mais velho. Velho e sábio: não mostrava sequer sinais de bicheiras; que
ele preferia evitar inúteis riscos e o dano de pastar na orilha dos capões, onde vegeta o
cafezinho; com outras ervas venenosas, e onde fazem vôo, zumbidoras e mui
comadres, a mosca do berne, a lucília verde, a varejeira rajada, e mais aquela que usa
barriga azul.
De que fosse bem tratado, discordar não havia, pois lhe faltavam carrapichos ou
carrapatos, na crina - reta, curta e levantada, como uma escova de dentes. Agora, para
sempre aposentado, sim, que ele não estava, não. Tanto, que uma trinca de pisaduras
lhe enfeitava o lombo, e que João Manico teve ordem expressa de montá-lo, naquela
manhã. Mas, disto último, o burrinho não recebera ainda aviso nenhum.
Para ser um dia de chuva, só faltava mesmo que caísse água. Manhã noiteira,
sem sol, com uma umidade de melar por dentro as roupas da gente. A serra neblinava,
açucarada, e lá pelas cabeceiras o tempo ainda devia de estar pior.
Sete-de-Ouros, uma das patas meio flectida, riscava o chão com o rebordo do
casco desferrado, que lhe rematava o pezinho de Borralheira. E abria os olhos, de vez
em quando, para os currais, de todos os tamanhos, em frente ao casarão da fazenda.
Dois ou três deles mexiam, de tanto boi.
http://ep1.com.br/site/wp-content/uploads/2016/04/Sagarana.pdf
Abraço!
Lucas Cruz.
última postagem. Reparem, agora, como a construção do burrinho está ligada à tantas
características descritivas, de diferentes aspectos:
Personagens Humanos:
Deixarei dois links para conhecerem mais do autor. Primeiro, uma entrevista
realizada na Alemanha, uma vez que o autor também foi diplomata internacional. E
um especial da TV Cultura em homenagem à contribuição literária do autor, contando
um pouco da sua trajetória de vida e como escritor.
Entrevista do autor:
https://youtu.be/ndsNFE6SP68
Especial da TV Cultura:
https://youtu.be/MUgLZ4euUzI
Bom trabalho,
Lucas Cruz.
2ª SEMANA X’
2.1 – PROSA 45 - CLARICE LISPECTOR
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da
manhã.
Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava
para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua
intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se
adivinharia nela um anseio.
Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito
e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou —
o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de
onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado,
hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada
viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla
necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um
calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos
alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo.
A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um
quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha
que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O
rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito
de conquista havia soado.
Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às
vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava
outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia
tão livre.
Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que
havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não
se poderia contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo
crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma
surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma.
Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a.
Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa
através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta,
sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De
pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro.
Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe
habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e
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desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as
penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava
perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do
acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso
bem!
— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha
vida!
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a
família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a
corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: “E dizer que a
obriguei a correr naquele estado!” A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos,
menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas
duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.
Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-
se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o
corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena
cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já
mecanizado.
Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se
recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia
os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não
cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de
sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando
milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos
séculos.
https://www.youtube.com/watch?v=fs0Rt-_vkMM
Um abraço,
Andressa Luz.
• Fuga da galinha;
• Captura da galinha;
10. Bibliografia:
12. Consideração Extra:
Nota: 1,0
Essa abordagem mais informal ao texto literário sem dúvidas foi uma
maneira apreendida no ensino universitário, com uma leitura atenciosa e
explorativa, partindo do mais simples e concreto (texto) para interpretações
mais gerais. Além disso, no relatório deixamos claro a importância que esse
estágio teve na nossa formação, especialmente por ter sido em modo remoto e
por isso ter agregado muita aprendizagem em nossa formação.
Nota: 1,0
Atividade 1:
O relógio
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade.
Desta vez, o objeto concreto do poema é um relógio, mas ele não irá
aparecer como figura dentro do poema, apenas no título. Note que há
comparações para sua representação, a fim de qualificar o sentido desse
objeto.
Atividade 2:
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todas as alternativas.
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