Você está na página 1de 20

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES A. AA


AaaCURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA

RELATÓRIO FINAL DO ESTÁGIO OBRIGATÓRIO

Elaboração: Anderson Melo dos Santos


Professor responsável: Wilton Borges
Haroldo de Paula

CURITIBA
2022
INTRODUÇÃO

Cumprindo as exigências acadêmicas de curso de licenciatura em Filosofia, conforme


regulamento do Estágio Supervisionado IV, este relatório tem por objetivo discorrer sobre o
estágio prestado em conjunto com o Curso A23, visando o experienciar das questões teóricas
e práticas trabalhadas na universidade, bem como proporcionar o desenvolvimento
profissional necessário para o desafio da sala de aula.

A disciplina de Estágio oferece-nos uma experiência prévia da vida de professor,


colocando-nos dentro da realidade da sala de aula. Experiência essa que se mostra como
passo fundamental para a formação como docente. Contudo, para a correta efetivação do
estágio como uma ponte entre teoria e prática, faz-se necessário uma divisão em duas frentes
de trabalho. O primeiro se deu através das aulas teóricas na universidade ao longo desses
quatro anos, de onde construímos uma reflexão sobre as dificuldades e possibilidades
oriundas à sala de aula, bem como o aporte teórico necessário à docência.

Sobre as aulas práticas, estas se dividiram em observação, regência e avaliação. Tal


parte é tão fundamental quanto a primeira, uma vez que é nela onde o docente pode
vislumbrar a rotina das instituições, seus planejamentos, conteúdos e dificuldades práticas.
Não obstante, é através dessa experimentação da realidade, da relação entre professor e
aluno, que a docência toma contornos de realidade, transcendendo os aspectos teóricos
observados nos textos, expondo a realidade complexa, plural e bela, que circunda o espaço
de ensino-aprendizagem.

A disciplina de Estágio, através das experiências por ela propostas, trazem reflexões
sobre o papel do professor e seus desafios no mundo contemporâneo, bem como nos
possibilita uma reflexão sobre o tipo de docente almejamos nos tornar. Junto a isso, fica claro
que as questões políticas e educacionais que estão inseridas, bem como vários outros fatores
que interferem de forma direta e indireta na nossa atuação.

Como objetivo desse trabalho, tínhamos o intuito de conhecer e aplicar os


conhecimentos adquiridos em sala de aula, correlacionando teoria e a prática, para podermos
desenvolver a atuação em situações concretas da docência de filosofia para alunos do ensino
médio. Junto a isso, buscamos observar a realidade da instituição concedente, bem como
analisar a prática da instituição à luz dos conhecimentos articulados na academia, ao passo
que buscamos também realizar a regência de quatro aulas, colocando em prática as tarefas
que relacionem diretamente teoria e prática apreendidas nas aulas teóricas.
SOBRE A INSTITUIÇÃO

A observação e regência foi realizada em modalidade presencial, no primeiro


semestre de 2022, em parceria com o Cursinho A23. Este sedia-se atualmente no Colégio
Estadual Prof. Iara Bergmann, situado na rua Reinaldo de Carvalho, no Bairro ganchinho em
Curitiba. Sobre o espaço geográfico nos arredores da escola encontram-se comércios locais
e espaços de lazer, como campos de futebol e gramados abertos. Já sobre as instalações do
colégio, pode se notar um bom cuidado com as salas e espaços internos. O colégio conta
com boa estrutura de salas, bem como salas de atividades extras, como sala de vídeo.
A divisão do espaço físico do cursinho se dava em duas turmas, que revezavam entre
as salas “padrão”, que contavam com quadro negro, e a sala de vídeo, quando era necessário
que o professor usasse projeção.

Sobre o cursinho A23, este é capitaneado pela professora Miriam e surgiu como uma
iniciativa de projeto educacional e político que garanta os conteúdos necessários para a
aprovação no vestibular, mas que também possibilite a reflexão crítica sobre a sociedade e a
realidade em que vivemos em suas diferentes faces. O projeto ocorre na Associação de
Moradores da Vila 23 de Agosto, localizada na região do Osternack, em Curitiba, e se propõe
a ser uma construção coletiva e comunitária entre as/os moradores, educandos, professores
e demais colaboradores.

O Coletivo Alicerce, que já realiza outras ações em parceria com a associação de


moradores do local, impulsionou a criação do cursinho A23, que desde as primeiras
formulações foram realizadas de forma aberta, buscando agregar sujeitos interessados em
pensar e realizar uma educação transformadora de organismos externos. Este é um princípio
essencial para a constituição do Cursinho Popular A23, bem como uma educação acessível
a todos, com um método popular e de luta.

Para isso é necessário uma educação de qualidade e participativa, que seja crítica
em seus ideais políticos desde sua gestão, e que reconheça os indivíduos como sujeitos
capazes de transformar a própria realidade social em que vivem, São esses os horizontes
que o Cursinho Alicerce 23 busca na formação de sujeitos com consciência política de seus
direitos civis e sociais.

Esses ideais podem ser fortalecidos com o acesso a uma educação de qualidade, que
tenha um posicionamento questionador acerca das estruturas de dominação existentes na
realidade social. Sobre o ensino de filosofia, entende-se que por filosofia todo acúmulo de
ideias que são baseadas na reflexão da vida humana e as suas concepções, sua sociedade,
seu tempo histórico e, com isso, seus processos educacionais. Portanto, em nossos
princípios filosóficos, é bem vinda toda a forma de emancipação social na vida dos sujeitos,
para que coopere coma transformação da sociedade, na medida em que aprende sobre e
com ela.

OBSERVAÇÃO

A observação se deu de maneira presencial e remota. Os encontros remotos tinham


como propósito reuniões com os professores para debater as organizações de disciplinas,
horários, bem como a confecção do material de ensino e a forma de aplicabilidade. As aulas
aconteciam de modo presencial, com duração de cinquenta minutos, tendo um intervalo de
20 minutos entre a terceira e quarta aula.

Isso posto, a observação se deu em meio a reuniões e aulas, onde pudemos perceber
a forma com que os materiais eram preparados, organizados e aplicados. Junto a isso, é
interessante notar que, mesmo entendendo a função pedagógica focada na preparação para
o vestibular, os professores se preocupam e construir um material que atenda os princípios
da BNCC e dos conteúdos do ensino médio, ao passo que também buscam fazer com esse
material seja significativo para os alunos, em nível pessoal e social.

Durante os encontros, coordenados pela prof. Miriam, foi dado espaço para que
expuséssemos nossos pensamentos e anseios sobre os temas e sobre o trabalho docente.
O clima amigável e igualitário reflete aquilo que se espera de uma sala de aula saudável e
construtivista, um ambiente de acolhimento e reflexão, que se busca o crescimento mútuo,
bem como o estreitamento dos laços socioafetivos.

Como o fluxo do cursinho se dava de várias matérias, foi possível acompanhar várias
disciplinas e aplicações. Tais como aplicações de aulas de redação, Geografia, História,
Ciências sociais, e Filosofia. As aulas foram em geral bem ministradas, contando com a
presença, atenção e participação ativa de alunos e estagiários, dinamizando o conteúdo e
significando-o para os presentes.

Um fato que nos chamou a atenção foi a larga faixa etária que compunham as turmas.
Como o cursinho é aberto para toda a sociedade, encontramos ali desde alunos ainda
cursando o terceiro ano até donas de casa e senhores de meia idade. Essa diferença
oportunizava uma dinâmica muito interessante, uma vez que as visões de mundo trazidas
durante as conversas enriqueciam e pluralizavam as questões que sociais e políticas,
colocando em choque tradições e rupturas, que traziam reflexões tanto aos mais novos
quanto aos mais velhos.
Também fora notado a presença de um aluno autista. Já de início a equipe pedagógica
nos avisou sobre ele e seu comportamento. Um rapaz educado com dezoito anos, que
demonstra um conhecimento aquém de sua idade, mas que demonstrava certa inquietude
em ser ‘’corrigido’’ quando suas respostas eram questionadas.

Pode também ser notado que alguns dos professores do cursinho estavam em suas
primeiras aulas da docência. Isso ficava nítido pela dificuldade de exposição do conteúdo em
razão do nervosismo, o atrapalho com o tempo, bem como a dinâmica mais engessada
característica dos primeiros dias de aula. Contudo, a limitação observada não fere a qualidade
do trabalho, nem a assertividade por eles propostas e apreendida pelos alunos. Em
contrapartida, o domínio exercido pelos professores “oficiais” era claro e belo. Os alunos
reconheciam não apenas sua aptidão profissional no que se refere ao aspecto teórico-prático,
mas também pela desenvoltura e liberdade na condução da aula, bem como o respeito que
demonstravam pela turma.

REGÊNCIA

A aula foi planejada tendo por base o meto de diálogo e exposição. Nele esperava-se
que os alunos obtivessem informações específicas dos materiais ali dispostos e através
deles, juntamente com seu conhecimento prévio, pudessem construir para si tanto o
conhecimento sobre os assuntos abordados quanto a aplicação dos mesmos em seu dia a
dia.
Sobre a temática, como o cursinho é preparatório para o ENEM e outros vestibulares,
optou-se por uma via mais prática de organização de conteúdo. Para isso, nas três primeiras
aulas partimos de questões do próprio ENEM. A partir dela construímos uma exposição
dialogada sobre o autor trabalhado nela, bem como questões que envolvem a interpretação
de texto e conhecimento prévio dos alunos. Por fim, a própria resolução da questão do ENEM
servia como método avaliativo.
Na primeira aula trabalhamos com três autores, a saber, Engels, Descartes e Marcuse.
A escolha destes não foi aleatória. De início, como já relatado, priorizamos autores que
estivessem presentes nas provas mais recentes do ENEM. A partir disso, buscou-se autores
que tivessem que pudessem representar um “eixo” de pensamento mais amplo na Filosofia.
Nesse sentido, Descartes foi escolhido por ser precursor do método científico e grande
expoente do Racionalismo. Através da sua pergunta que tratava sobre a questão da unidade
do conhecimento, discutimos sobre a origem a questão do método científico, o pensamento
cartesiano racionalista e seus desdobramentos.
A segunda pergunta era sobre Engels. O Intuito era discutir sobre conceitos sociais
como “luta de classe” e como isso afeta diretamente a relação deles com o mundo a sua
volta. Abordamos também um pouco da história do autor, bem como a releitura do próprio
conceito de luta de classes diante dos novos desafios e modelos sociais. Diferente do tema
anterior, neste a sala mostrou-se mais apta ao debate, uma vez que nesse assunto filosofia
e ciências sociais estão de mãos dadas. Esse melhor conhecimento se deve ao fato da
professora principal do cursinho ser da referida área e nela se dispõe muito bem ao ensinar,
sendo a maior participação da sala um resultado direto de seu trabalho.
O terceiro autor, Marcuse, foi escolhido por trazer questões referentes ao capitalismo
e discussão sobre subjetivificação dos valores ligados ao consumo. Aqui a sala mostrou-se
ainda mais aberta ao diálogo, mesmo desconhecendo o autor. A relação com um assunto
presente no dia-a-dia trouxe grande animosidade à aula.
Como já foi mencionado, a resolução das três questões do ENEM serviu como método
avaliativo. A aula era conduzida da seguinte forma: Inicialmente a questão era projetada sem
as alternativas. O enunciado era lido inteiro e após uma pequena pausa, fazíamos a leitura
compassada de cada parte da pergunta. A partir da dela trazíamos questões específicas,
como autor, época, pensamentos, conceitos específicos. A partir disso desdobrávamos a
conversa para um aspecto mais aberto no que se refere ao pensamento filosófico,
ponderando sobre as questões ali dispostas, bem como procurando apreender como cada
aluno entendia o que estava sendo exposto. Uma vez terminado essa “ciranda”, era exposto
as alternativas, que eram novamente lidas pausadamente. Após uma breve pausa, os alunos
davam as repostas e, para nossa alegria, todas corretas.
A segunda e terceira aula foram pensadas da mesma forma, porém, como estas eram
geminadas, pensou-se em um conteúdo mais amplo. Para tal, foi trabalhado com 3 autores.
Descartes, porém agora mais aprofundado, Hume e Kant. O intuito foi estabelecer a
correlação entre o racionalismo e o empirismo, culminando em Kant e sua resposta para a
questão da possibilidade do conhecimento.
No primeiro momento da segunda aula, falamos novamente sobre Descartes, porém
dessa vez mais aprofundado, demonstrando sua aproximação com o pensamento platônico
e o desdobramento de algumas de suas ideias, tais como o cogito ergo sum e a questão
racional.
O próximo autor, Hume, foi exposto para trabalharmos a questão do empirismo, sua
correlação com o aristotelismo, bem como o contraste quase que antagônico com o
racionalismo. A partir do antagonismo ocasionado pelas duas correntes já citadas, o terceiro
autor, trabalhado na terceira aula foi Kant, como uma resposta às tensões presentes em sua
época no que se referia à possibilidade do conhecimento. Sobre Kant foi exposto sobre sua
história, principais pensamentos e conceitos, dando maior foco sobre a inversão entre sujeito
e objeto, bem como a relação entre fenômeno e númeno. Assim como na primeira aula, o
método avaliativo foi a própria questão do ENEM respondida pelos alunos.
Descartes e Kant se mostram presentes na forma de pensar e interpretar a realidade.
A participação dos alunos nesse momento foi bem engraçada, pois conforme os exemplos
eram colocados, eles demonstravam nunca ter parado para refletir sobre tal questão. Desse
modo, o objetivo de mostrar o papel da Filosofia e sua contemporaneidade foi alcançado,
sendo possível avançar para a próxima parte da aula, que era a exposição dos pensadores
gregos pré-socráticos.
A quarta aula teve um tom um pouco diferente. Foi proposto pela prof. De Sociologia
e pelo prof. De Geografia que fizéssemos uma aula conjunta com o tema “globalização”. A
introdução, bem como conceitos e valores ficaria com a Filosofia, enquanto as questões
sociais e de produção ficaria com as outras duas disciplinas.
Como introdução, abordamos a definição de globalização, partindo para uma pergunta
bem especifica: Ela é boa ou má? A questão não era a resposta, mas a abertura para
perguntas. “Existe algo totalmente bom ou totalmente mal?”. É possível ver as questões boas
e más da globalização? O que é bom e mal? Como se define bom e mal? Algo feito pelos fins
independente dos meios pode ser considerado bom?
O propósito da primeira aula foi contextualizar a discussão sobre globalização,
evocando questões midiáticas e televisivas, ao passo que o desdobramento da aula não
procurava “fechar” as questões, mas mantê-las abertas, possibilitando um diálogo mais fluído
e despreconceituado para as aulas das outras 2 matérias. Nessa aula não houve avaliação
formal, porém as questões conceituais levantadas durante a aula pelos alunos nos serviam
claramente como avaliações indiretas.
Uma vez terminada a rotina proposta, os alunos demonstraram interesse na aula, nos
procurando após o final para conversar sobre assuntos tratados anteriormente, bem como
para pedir orientações de leitura introdutória à Filosofia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observação e regência se mostraram aptas ao que nos fora outorgado, uma vez que
nos proporcionou a possibilidade de conhecer e experimentar não somente as experiências
de sala de aula, mas sobre as capacidades sociais e profissionais necessárias para o bom
desenvolvimento do espaço escolar.
Sobre a aula, relativo à aplicação das questões teóricas e as propostas práticas, o
resultado foi satisfatório. Foi possível aplicar as ferramentas teórica-metodológicas
apreendidos durante as aulas na universidade. A prova da afirmação anterior se deu através
dos diálogos durante a aula, bem como as respostas obtidas pelo método avaliativo. Pode
ser percebido que os almos souberam correlacionar o tema proposto com a realidade
particular e social de cada um, demonstrando o sucesso almejado.

Outra constatação, mas que já esperado, era de que o tempo dedicado a disciplina de
Filosofia torna o desenvolvimento teórico-filosófico muito corrido e quase expositivo, sendo
necessário que o professor direcionar o conteúdo, ao mesmo tempo que precisa manter a
aula dinâmica, agradável e significativa. Vale também ressaltar a que as aulas para cursinho
sempre tem um tom mais prático e direto, logo, se fez necessário a construção de aberturas
de “espaços filosóficos” durante a explanação dos temas, ao passo que quando conduzíamos
os alunos ao final da reflexão, estes estavam novamente no aspecto prático da aula de
cursinho, nesse caso, a resolução de problemas

No mais, a experiência de se estar à frente de uma sala de aula, sendo responsável


não somente pelo desenvolvimento dos alunos, mas também pela representação da Filosofia
perante eles, gera uma sensação de responsabilidade, alegria e efervescência, alimentando
a paixão da docência num tempo e num país onde ser professor é quase crime.
QUESTÕES USADAS EM AULA

Sobre Descartes

A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafisica; o tronco, a física, e os
ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três
principais: a medicina, a mecânica e a moral, entendendo por moral a mais elevada
e a mais perfeita porque pressupõe um saber integral das outras ciências, e é o último
grau de sabedoria.

DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997.

Essa construção alegórica de Descartes, acerca da condição epistemológica da


filosofia, tem como objetivo

A sustentar a unidade essencial do conhecimento.

B refutar o elemento fundamental das crenças.

C impulsionar o pensamento especulativo.

D recepcionar o método experimental.

E incentivar a suspensão dos juízos.

Sobre Engels

Ao mesmo tempo, graças às amplas possibilidades que tive de observar a classe


média, vossa adversária, rapidamente concluí que vos tendes razão, inteira razão,
em não esperar dela qualquer ajuda. Seus interesses são diametralmente opostos
aos vossos, mesmo que ela procure incessantemente afirmar o contrário e vos queira
persuadir que sente a maior simpatia por vossa sorte. Mas seus atos desmentem
suas palavras.

ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Bom tempo,


2010. No texto, o autor apresenta delineamentos éticos que correspondem ao(s)

A conceito de luta de classes


B alicerces da ideia de mais-valia
C fundamentos do método científico

D paradigmas do processo indagativo

E domínios do fetichismo da mercadoria

Sobre Marcuse

Nos setores mais altamente desenvolvidos da sociedade contemporânea, o


transplante de necessidades sociais para individuais é de tal modo eficaz que a
diferença entre elas parece puramente teórica. As criaturas se reconhecem em suas
mercadorias; encontram sua alma em seu automóvel, casa em patamares, utensílios
de cozinha.

MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional.


Rio de Janeiro. Zahar, 1979

O texto indica que, no capitalismo, a satisfação dos desejos pessoais é influenciada


por:

A. políticas estatais de divulgação.

B incentivos controlados de consumo.

C prescrições coletivas de organização.

D mecanismos subjetivos de identificação.

E repressões racionalizadas do narcisismo.

Sobre Hume

Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de


compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos
e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais
do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos.
Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a
virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a
forma de um cavalo, animal que nos é familiar.

HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural,


1995.
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que

A os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação.

B o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível.

C as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.

D os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na


memória.

E as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na
empiria.

Sobre Kant

TEXTO I

Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu

estrelado sobre mim e a lei moral em mim.

KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).

TEXTO II

Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.

FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Herda, 2015.

A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do


pensamento kantiano:

A Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.


B A prioridade do juízo e importância da natureza.

C Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.

D Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.

E Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.

PLANOS DE AULA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

OBJETIVO: Desenvolver a compreensão sobre a Descartes, Engels e Marcuse, no que se refere


bem como seu reflexo no processo de formação do pensamento contemporâneo.

CONTEÚDO COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AVALIAÇÃO


ESTRUTURANTE E HABILIDADE BNCC RECURSOS DIDÁTICOS
CONTEÚDO BÁSICO
(DIRETRIZES
CURRICULARES DO PARANÁ)

• Mito e Filosofia Competência 1* • Aula expositiva e dialogada. Resolução de questões do


• Uso de quadro, giz, apoio projetor. ENEM
Habilidades:
EM13CHS101* - Estrutura da aula ( 50 minutos)
EM13CHS103* – 15 minutos - Leitura e análise da questão sobre
Descartes, bem como seus desdobramentos.
– 15 minutos - Leitura e análise da questão sobre
Engels, bem como seus desdobramentos.
– 15 minutos - Leitura e análise da questão sobre
Marcuse, bem como seus desdobramentos.
*Citadas na página seguinte.

REFERÊNCIA(S) BIBLIOGRÁFICAS DA AULA PLANEJADA:

DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997

ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Bom tempo, 2010
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro. Zahar, 197

REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia 3: Do humanismo a Descartes, São Paulo: Ed. Paulus,
1990.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

OBSERVAÇÕES GERAIS (caso as tenha):

Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.

Habilidades:

EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de
ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

(M13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos
e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

OBJETIVO: Desenvolver a compreensão sobre a Descartes, Hume e Kant, no que se refere bem
como seu reflexo no processo de formação do pensamento contemporâneo.

CONTEÚDO COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AVALIAÇÃO


ESTRUTURANTE E HABILIDADE BNCC RECURSOS DIDÁTICOS
CONTEÚDO BÁSICO
(DIRETRIZES
CURRICULARES DO PARANÁ)

• Mito e Filosofia Competência 1* • Aula expositiva e dialogada. Resolução de questões do


• Uso de quadro, giz, apoio projetor. ENEM
Habilidades:
EM13CHS101* - Estrutura da aula 2 ( 50 minutos)
EM13CHS103*
– 20 minutos - Leitura e análise da questão sobre
Descartes, bem como seus desdobramentos.
– 20 minutos - Leitura e análise da questão sobre
Hume, bem como seus desdobramentos.
– 10 minutos – Diálogo sobre o antagonismo entre
*Citadas na página seguinte. Empirismo e Racionalismo e o surgimento de Kant

- Estrutura da aula 3 ( 50 minutos)

– 15 minutos - Leitura e análise da questão sobre


Kant
– 20 minutos - Diálogo sobre o autor e sua obra
– 15 minutos - Releitura e resolução da questão
proposta.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

REFERÊNCIA(S) BIBLIOGRÁFICAS DA AULA PLANEJADA:

DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997

REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia 3: Do humanismo a Descartes, São Paulo: Ed. Paulus,
1990.

REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia 4: De Espinosa a Kant, São Paulo: Ed. Paulus, 1990.

OBSERVAÇÕES GERAIS (caso as tenha):

Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

Habilidades:

EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de
ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

(M13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos
e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

OBJETIVO: Desenvolver a compreensão sobre a Globalização, bem como seus efeitos e valores.

CONTEÚDO COMPETÊNCIA E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AVALIAÇÃO


ESTRUTURANTE E HABILIDADE BNCC RECURSOS DIDÁTICOS
CONTEÚDO BÁSICO
(DIRETRIZES
CURRICULARES DO PARANÁ)

• Mito e Filosofia Competência 1* • Aula expositiva e dialogada.


• Uso de quadro, giz.
Habilidades:
EM13CHS101*
EM13CHS103* - Estrutura da aula 4 ( 50 minutos)

– 10 minutos - Exposição dialogada sobre o


conceito de Globalização
– 10 minutos – Debate sobre “O bem e o mal da
globalização”
*Citadas na página seguinte. – 10 minutos – Debate sobre os conceitos de bem e
mal.
– 10 minutos – Debate sobre a importância do bom
entendimento da origem dos conceitos como estratégia
esclarecedora de si memo.

– 10 minutos – Diálogo sobre os benefícios e malefícios


individuais e coletivos da Globalização.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

REFERÊNCIA(S) BIBLIOGRÁFICAS DA AULA PLANEJADA:

ANTUNES. P.F.R.Paulo. Um desafio (ético) na era da globalização: a Informação Revista Estudos


Filosóficos nº 16/2016 – versão eletrônica – ISSN 2177 - 2967 http://www.ufsj.edu.br/revistaestudosfilosoficos

(Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – Portugal)

OBSERVAÇÕES GERAIS (caso as tenha):

Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA

Habilidades:

EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de
ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.

(M13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos
e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).

Você também pode gostar