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CURITIBA
2022
INTRODUÇÃO
A disciplina de Estágio, através das experiências por ela propostas, trazem reflexões
sobre o papel do professor e seus desafios no mundo contemporâneo, bem como nos
possibilita uma reflexão sobre o tipo de docente almejamos nos tornar. Junto a isso, fica claro
que as questões políticas e educacionais que estão inseridas, bem como vários outros fatores
que interferem de forma direta e indireta na nossa atuação.
Sobre o cursinho A23, este é capitaneado pela professora Miriam e surgiu como uma
iniciativa de projeto educacional e político que garanta os conteúdos necessários para a
aprovação no vestibular, mas que também possibilite a reflexão crítica sobre a sociedade e a
realidade em que vivemos em suas diferentes faces. O projeto ocorre na Associação de
Moradores da Vila 23 de Agosto, localizada na região do Osternack, em Curitiba, e se propõe
a ser uma construção coletiva e comunitária entre as/os moradores, educandos, professores
e demais colaboradores.
Para isso é necessário uma educação de qualidade e participativa, que seja crítica
em seus ideais políticos desde sua gestão, e que reconheça os indivíduos como sujeitos
capazes de transformar a própria realidade social em que vivem, São esses os horizontes
que o Cursinho Alicerce 23 busca na formação de sujeitos com consciência política de seus
direitos civis e sociais.
Esses ideais podem ser fortalecidos com o acesso a uma educação de qualidade, que
tenha um posicionamento questionador acerca das estruturas de dominação existentes na
realidade social. Sobre o ensino de filosofia, entende-se que por filosofia todo acúmulo de
ideias que são baseadas na reflexão da vida humana e as suas concepções, sua sociedade,
seu tempo histórico e, com isso, seus processos educacionais. Portanto, em nossos
princípios filosóficos, é bem vinda toda a forma de emancipação social na vida dos sujeitos,
para que coopere coma transformação da sociedade, na medida em que aprende sobre e
com ela.
OBSERVAÇÃO
Isso posto, a observação se deu em meio a reuniões e aulas, onde pudemos perceber
a forma com que os materiais eram preparados, organizados e aplicados. Junto a isso, é
interessante notar que, mesmo entendendo a função pedagógica focada na preparação para
o vestibular, os professores se preocupam e construir um material que atenda os princípios
da BNCC e dos conteúdos do ensino médio, ao passo que também buscam fazer com esse
material seja significativo para os alunos, em nível pessoal e social.
Durante os encontros, coordenados pela prof. Miriam, foi dado espaço para que
expuséssemos nossos pensamentos e anseios sobre os temas e sobre o trabalho docente.
O clima amigável e igualitário reflete aquilo que se espera de uma sala de aula saudável e
construtivista, um ambiente de acolhimento e reflexão, que se busca o crescimento mútuo,
bem como o estreitamento dos laços socioafetivos.
Como o fluxo do cursinho se dava de várias matérias, foi possível acompanhar várias
disciplinas e aplicações. Tais como aplicações de aulas de redação, Geografia, História,
Ciências sociais, e Filosofia. As aulas foram em geral bem ministradas, contando com a
presença, atenção e participação ativa de alunos e estagiários, dinamizando o conteúdo e
significando-o para os presentes.
Um fato que nos chamou a atenção foi a larga faixa etária que compunham as turmas.
Como o cursinho é aberto para toda a sociedade, encontramos ali desde alunos ainda
cursando o terceiro ano até donas de casa e senhores de meia idade. Essa diferença
oportunizava uma dinâmica muito interessante, uma vez que as visões de mundo trazidas
durante as conversas enriqueciam e pluralizavam as questões que sociais e políticas,
colocando em choque tradições e rupturas, que traziam reflexões tanto aos mais novos
quanto aos mais velhos.
Também fora notado a presença de um aluno autista. Já de início a equipe pedagógica
nos avisou sobre ele e seu comportamento. Um rapaz educado com dezoito anos, que
demonstra um conhecimento aquém de sua idade, mas que demonstrava certa inquietude
em ser ‘’corrigido’’ quando suas respostas eram questionadas.
Pode também ser notado que alguns dos professores do cursinho estavam em suas
primeiras aulas da docência. Isso ficava nítido pela dificuldade de exposição do conteúdo em
razão do nervosismo, o atrapalho com o tempo, bem como a dinâmica mais engessada
característica dos primeiros dias de aula. Contudo, a limitação observada não fere a qualidade
do trabalho, nem a assertividade por eles propostas e apreendida pelos alunos. Em
contrapartida, o domínio exercido pelos professores “oficiais” era claro e belo. Os alunos
reconheciam não apenas sua aptidão profissional no que se refere ao aspecto teórico-prático,
mas também pela desenvoltura e liberdade na condução da aula, bem como o respeito que
demonstravam pela turma.
REGÊNCIA
A aula foi planejada tendo por base o meto de diálogo e exposição. Nele esperava-se
que os alunos obtivessem informações específicas dos materiais ali dispostos e através
deles, juntamente com seu conhecimento prévio, pudessem construir para si tanto o
conhecimento sobre os assuntos abordados quanto a aplicação dos mesmos em seu dia a
dia.
Sobre a temática, como o cursinho é preparatório para o ENEM e outros vestibulares,
optou-se por uma via mais prática de organização de conteúdo. Para isso, nas três primeiras
aulas partimos de questões do próprio ENEM. A partir dela construímos uma exposição
dialogada sobre o autor trabalhado nela, bem como questões que envolvem a interpretação
de texto e conhecimento prévio dos alunos. Por fim, a própria resolução da questão do ENEM
servia como método avaliativo.
Na primeira aula trabalhamos com três autores, a saber, Engels, Descartes e Marcuse.
A escolha destes não foi aleatória. De início, como já relatado, priorizamos autores que
estivessem presentes nas provas mais recentes do ENEM. A partir disso, buscou-se autores
que tivessem que pudessem representar um “eixo” de pensamento mais amplo na Filosofia.
Nesse sentido, Descartes foi escolhido por ser precursor do método científico e grande
expoente do Racionalismo. Através da sua pergunta que tratava sobre a questão da unidade
do conhecimento, discutimos sobre a origem a questão do método científico, o pensamento
cartesiano racionalista e seus desdobramentos.
A segunda pergunta era sobre Engels. O Intuito era discutir sobre conceitos sociais
como “luta de classe” e como isso afeta diretamente a relação deles com o mundo a sua
volta. Abordamos também um pouco da história do autor, bem como a releitura do próprio
conceito de luta de classes diante dos novos desafios e modelos sociais. Diferente do tema
anterior, neste a sala mostrou-se mais apta ao debate, uma vez que nesse assunto filosofia
e ciências sociais estão de mãos dadas. Esse melhor conhecimento se deve ao fato da
professora principal do cursinho ser da referida área e nela se dispõe muito bem ao ensinar,
sendo a maior participação da sala um resultado direto de seu trabalho.
O terceiro autor, Marcuse, foi escolhido por trazer questões referentes ao capitalismo
e discussão sobre subjetivificação dos valores ligados ao consumo. Aqui a sala mostrou-se
ainda mais aberta ao diálogo, mesmo desconhecendo o autor. A relação com um assunto
presente no dia-a-dia trouxe grande animosidade à aula.
Como já foi mencionado, a resolução das três questões do ENEM serviu como método
avaliativo. A aula era conduzida da seguinte forma: Inicialmente a questão era projetada sem
as alternativas. O enunciado era lido inteiro e após uma pequena pausa, fazíamos a leitura
compassada de cada parte da pergunta. A partir da dela trazíamos questões específicas,
como autor, época, pensamentos, conceitos específicos. A partir disso desdobrávamos a
conversa para um aspecto mais aberto no que se refere ao pensamento filosófico,
ponderando sobre as questões ali dispostas, bem como procurando apreender como cada
aluno entendia o que estava sendo exposto. Uma vez terminado essa “ciranda”, era exposto
as alternativas, que eram novamente lidas pausadamente. Após uma breve pausa, os alunos
davam as repostas e, para nossa alegria, todas corretas.
A segunda e terceira aula foram pensadas da mesma forma, porém, como estas eram
geminadas, pensou-se em um conteúdo mais amplo. Para tal, foi trabalhado com 3 autores.
Descartes, porém agora mais aprofundado, Hume e Kant. O intuito foi estabelecer a
correlação entre o racionalismo e o empirismo, culminando em Kant e sua resposta para a
questão da possibilidade do conhecimento.
No primeiro momento da segunda aula, falamos novamente sobre Descartes, porém
dessa vez mais aprofundado, demonstrando sua aproximação com o pensamento platônico
e o desdobramento de algumas de suas ideias, tais como o cogito ergo sum e a questão
racional.
O próximo autor, Hume, foi exposto para trabalharmos a questão do empirismo, sua
correlação com o aristotelismo, bem como o contraste quase que antagônico com o
racionalismo. A partir do antagonismo ocasionado pelas duas correntes já citadas, o terceiro
autor, trabalhado na terceira aula foi Kant, como uma resposta às tensões presentes em sua
época no que se referia à possibilidade do conhecimento. Sobre Kant foi exposto sobre sua
história, principais pensamentos e conceitos, dando maior foco sobre a inversão entre sujeito
e objeto, bem como a relação entre fenômeno e númeno. Assim como na primeira aula, o
método avaliativo foi a própria questão do ENEM respondida pelos alunos.
Descartes e Kant se mostram presentes na forma de pensar e interpretar a realidade.
A participação dos alunos nesse momento foi bem engraçada, pois conforme os exemplos
eram colocados, eles demonstravam nunca ter parado para refletir sobre tal questão. Desse
modo, o objetivo de mostrar o papel da Filosofia e sua contemporaneidade foi alcançado,
sendo possível avançar para a próxima parte da aula, que era a exposição dos pensadores
gregos pré-socráticos.
A quarta aula teve um tom um pouco diferente. Foi proposto pela prof. De Sociologia
e pelo prof. De Geografia que fizéssemos uma aula conjunta com o tema “globalização”. A
introdução, bem como conceitos e valores ficaria com a Filosofia, enquanto as questões
sociais e de produção ficaria com as outras duas disciplinas.
Como introdução, abordamos a definição de globalização, partindo para uma pergunta
bem especifica: Ela é boa ou má? A questão não era a resposta, mas a abertura para
perguntas. “Existe algo totalmente bom ou totalmente mal?”. É possível ver as questões boas
e más da globalização? O que é bom e mal? Como se define bom e mal? Algo feito pelos fins
independente dos meios pode ser considerado bom?
O propósito da primeira aula foi contextualizar a discussão sobre globalização,
evocando questões midiáticas e televisivas, ao passo que o desdobramento da aula não
procurava “fechar” as questões, mas mantê-las abertas, possibilitando um diálogo mais fluído
e despreconceituado para as aulas das outras 2 matérias. Nessa aula não houve avaliação
formal, porém as questões conceituais levantadas durante a aula pelos alunos nos serviam
claramente como avaliações indiretas.
Uma vez terminada a rotina proposta, os alunos demonstraram interesse na aula, nos
procurando após o final para conversar sobre assuntos tratados anteriormente, bem como
para pedir orientações de leitura introdutória à Filosofia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observação e regência se mostraram aptas ao que nos fora outorgado, uma vez que
nos proporcionou a possibilidade de conhecer e experimentar não somente as experiências
de sala de aula, mas sobre as capacidades sociais e profissionais necessárias para o bom
desenvolvimento do espaço escolar.
Sobre a aula, relativo à aplicação das questões teóricas e as propostas práticas, o
resultado foi satisfatório. Foi possível aplicar as ferramentas teórica-metodológicas
apreendidos durante as aulas na universidade. A prova da afirmação anterior se deu através
dos diálogos durante a aula, bem como as respostas obtidas pelo método avaliativo. Pode
ser percebido que os almos souberam correlacionar o tema proposto com a realidade
particular e social de cada um, demonstrando o sucesso almejado.
Outra constatação, mas que já esperado, era de que o tempo dedicado a disciplina de
Filosofia torna o desenvolvimento teórico-filosófico muito corrido e quase expositivo, sendo
necessário que o professor direcionar o conteúdo, ao mesmo tempo que precisa manter a
aula dinâmica, agradável e significativa. Vale também ressaltar a que as aulas para cursinho
sempre tem um tom mais prático e direto, logo, se fez necessário a construção de aberturas
de “espaços filosóficos” durante a explanação dos temas, ao passo que quando conduzíamos
os alunos ao final da reflexão, estes estavam novamente no aspecto prático da aula de
cursinho, nesse caso, a resolução de problemas
Sobre Descartes
A filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a metafisica; o tronco, a física, e os
ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três
principais: a medicina, a mecânica e a moral, entendendo por moral a mais elevada
e a mais perfeita porque pressupõe um saber integral das outras ciências, e é o último
grau de sabedoria.
Sobre Engels
Sobre Marcuse
Sobre Hume
E as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na
empiria.
Sobre Kant
TEXTO I
TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Herda, 2015.
PLANOS DE AULA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA
ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Bom tempo, 2010
MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro. Zahar, 197
REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia 3: Do humanismo a Descartes, São Paulo: Ed. Paulus,
1990.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA
Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
Habilidades:
EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de
ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(M13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos
e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA
OBJETIVO: Desenvolver a compreensão sobre a Descartes, Hume e Kant, no que se refere bem
como seu reflexo no processo de formação do pensamento contemporâneo.
REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia 3: Do humanismo a Descartes, São Paulo: Ed. Paulus,
1990.
REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia 4: De Espinosa a Kant, São Paulo: Ed. Paulus, 1990.
Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA
Habilidades:
EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de
ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(M13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos
e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA
OBJETIVO: Desenvolver a compreensão sobre a Globalização, bem como seus efeitos e valores.
Competência 1: Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em
diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-
se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
PLANO DE AULA
Habilidades:
EM13CHS101: Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de
ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
(M13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais,
culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos
e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).