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RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM

GEOGRAFIA II

JEFTÉ SOUSA DA SILVA

Fortaleza/C
E 2023
JEFTÉ SOUSA DA SILVA

RELATÓRIO FINAL DE ORIENTAÇÃO E ESTÁGIO


SUPERVISIONADO EM GEOGRAFIA II

Relatório apresentado ao Curso de Geografia, da


Universidade Estadual do Ceará (UECE), Campus
do Itaperi, como requisito avaliativo da disciplina
Estágio Supervisionado em Geografia II, sob a
orientação do (a) Débora Marques da Silva.

Fortaleza/C
E 2023
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................................3
2. O planejamento de aulas: Atividades na sala dos professores................................................................................3
2.2 Reflexão da observação coparticipante...................................................................................................................4
2.3 Regência: metodologia e práticas de ensino........................................................................................................... 6
2.4 Avaliação....................................................................................................................................................................7
3. ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO...........................................................................................................................7
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................... 10
5. REFERÊNCIAS........................................................................................................................................................ 11
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1. INTRODUÇÃO

Este relatório refere-se ao Estágio Supervisionado em Geografia II na Unidade


Executora da Escola Municipal Norberto Nogueira Alves, com as turmas do 8° ano “A” Tarde
e 9° “A” Tarde. O presente trabalho possui como objetivo analisar, refletir e dialogar acerca
das atividades realizadas no estágio, levando em consideração a relação entre a teoria e a
prática. O ensaio vai tratar de todas as etapas que compõem a carga horária de estágio da
disciplina de Estágio Supervisionado II, sendo elas: “Planejamento”, “Observação”,
“Regência”, “Avaliação” e “Participação em eventos”.

A escola trabalha com estudantes do Ensino Fundamental I e II de meio período, e


também dispõe de creche, porém as atividades pedagógicas da creche ainda não começaram.
Somando-se a isso, atuações de graduandos na escola, bolsistas de extensão universitária,
cujo trabalham nos anos finais as questões étnicos-raciais e a luta contra o racismo no
ambiente escolar. A escola também conta com programas da Prefeitura de Fortaleza para o
fortalecimento da aprendizagem dos estudantes como: Aprender Mais, Pró-técnico,
Integração e Agente Escolar, que proporcionam à escola a oportunidade de enfrentar as
adversidades que a pandemia trouxe.
Se tratando do entorno da escola, pode-se dizer que ela atende uma população periférica
que vive em situação de alta vulnerabilidade social, na qual enfrenta constantemente
dificuldades econômicas e sociais, fazendo com que a escola seja um pólo de amparo para os
alunos e seus familiares.
No estágio II, tive desafios diferentes dos que encontrei no estágio I, os sujeitos da
aprendizagem são de outra faixa etária, não são mais os estudantes tão infantilizados como
encontramos no sexto e sétimo ano. Percebe-se que os estudantes do oitavo e nono ano
apresentam um comportamento mais amadurecido, apesar de muitas vezes não se
comportarem assim. Foi através do estágio II, lecionando e tendo contato direto com esses
alunos que, pude experienciar diferentes situações, trabalhando a teoria e prática, ao mesmo
tempo, experimentando os diferentes saberes do magistério. 

1. O planejamento de aulas: Atividades na sala dos professores.

Os planejamentos das aulas da regência se deu na sala dos professores, com o


acompanhamento da professora supervisora Ione, onde o estagiário teve a oportunidade de
trocar conhecimentos com a professora a respeito do currículo pedagógico, as habilidades e
competências da Base Comum Curricular do Brasil - BNCC, o Documento Curricular
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Referencial do Ceará - DCRC e sobre o meio social e espaço vivido dos estudantes. Mas
principalmente, o livro didático foi o elemento mais discutido nesses momentos. Como
coloca Kimura (2011) sobre o livro didático

Existem livros didáticos preferidos pelos professores, uma vez que, além das informações ou
chamados de conteúdos geográficos propriamente ditos, eles apontam atividades a serem
realizadas pelos alunos. Mais ainda , esses livros adiantam estratégias didáticas para que o
tema em pauta seja vencido. (KIMURA,2011, p.22).

A professora também orientou o estagiário sobre o nível de aprendizagem dos estudantes


do oitavo e nono ano, pois ambas séries apresentaram grandes dificuldades na compreensão
dos conteúdos já trabalhados, o que fez pensar em novas linguagens e metodologias de ensino
para se trabalhar os conteúdos das regências.
Foi um momento significativo para mim, eu já conhecia o ambiente das salas dos
professores, tive essa experiência no estágio I, porém, conhecer a sala dos professores de uma
escola recém formada, perceber como os professores desenvolvem seus relacionamentos,
perceber o que é discutido, observar outros professores elaborando suas aulas, toda dinâmica
que há naquele espaço faz parte da reflexão crítica que o estágio propõe no planejamento.
No planejamento, a professora solicitou que eu planejasse algumas aulas voltadas para
os conhecimentos básicos de cartografia, pois a mesma ao trabalhar a população mundial e
ordem econômica mundial com os estudantes, percebeu a defasagem que os discentes tinham
ao se depararem com os mapas no livro didático. Outro conteúdo trabalhado no oitavo foi
Corporações e organismos internacionais e do Brasil.
Já no nono ano, ao se trabalhar a globalização e seus pontos positivos e negativos,
também viu-se a necessidade de introduzir conhecimentos de cartografia. É importante dizer
que, a cartografia ensinada nessas aula não se trata apenas de conteúdo, mas também ensinada
como linguagem para melhor compreensão das temáticas geográficas, haja vista, é impossível
compreender o espaço geográfico sem representá-lo, ou ao menos, compreender tais
representações cartográficas. Foi possível verificar uma melhor compreensão dos estudantes a
respeito dos conteúdos trabalhados após compreenderem a leitura de mapas.

2.2 Reflexão da observação coparticipante


Ao longo do período de observação no estágio supervisionado, analisou-se e
refletiu-se sobre a importância da didática, o processo de ensino e aprendizagem de Geografia
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e os desafios e possibilidades da prática docente. Esse momento foi de intensa reflexão por
parte do estagiário, momento no qual o estagiário faz um processo de observação
participativa, ou seja, o mesmo não fica como uma “estátua imóvel”, mas participa da aula de
forma ativa, observando e refletindo o fazer pedagógico do (a) professor (a) orientador (a), o
processo de aprendizagem dos estudantes, como também todas as etapas processuais da aula.
Além disso, vale destacar que no processo de observação, cabe ao estagiário observar cada
espaço da escola, visualizando a estrutura organizacional, e como são utilizados os espaços
pelos profissionais da educação e estudantes. Nas palavras de Veiga ( 2013. p.11-35)

A análise da estrutura organizacional da escola visa identificar quais estruturas são


valorizadas e por quem, verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar claro
que a escola é uma organização orientada por finalidades controlada e permeada pelas
questões do poder.

Na observação, percebi que a professora tinha uma ótima relação com os estudantes, ela
prezava por um relacionamento de amizade. Muitas vezes, no início das aulas, ela tirava um
momento, reservado para ambientação, para perguntar como os estudantes estavam, e algumas
vezes desenvolvia conversas que se travava de saúde emocional, haja vista que, alguns estudantes
apresentavam comportamentos depressivos no nono ano, e no oitavo três ou 4 estudantes tinham o
Transtorno de Ansiedade Generalizado (TAG). Se tratando de questỗes neurotípicas, foi percebido
o interesse da professora relacionado aos desafios de propor uma prática inclusiva para estudantes
com deficiência intelectual e transtorno do espectro autista (TEA), transtornos esses identificados
em estudantes laudados.
É de suma importância do professor buscar uma formação continuada e explorar a sua
relação com diferentes saberes profissionais. O que observou-se é que a professora tentava
desenvolver algumas metodologias ativas e não utilizava somente ao livro didático que, é
descontextualizado da realidade dos estudantes. Ela desenvolvia dinâmicas lúdicas e divertidas nas
aulas, nas quais os estudantes se sentiam desafiados a participar de forma ativa. Percebi que lgumas
vezes a professora trabalhou com a metodologia de aula invertida, e a de rotação por estação,
metodologias que tiveram êxitos tanto no oitavo como no nono.

2.3 Regência: metodologia e práticas de ensino.


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É no período de regência que o estagiário põe em prática aquilo que organizou em seu
planejamento, como também estudou nas disciplinas ao longo curso. É a hora de relacionar a teoria
às práticas refletidas e encarar esse desafio que para muitos é a primeira vez que ministra aula. 
Ao longo das regências que ministrei, pude refletir minha prática pedagógica, e melhorar em
alguns pontos, no que tange ao planejamento, ao discurso e metodologias. O interessante é que
percebeu-se que em suas fundamentações teóricas necessitavam ser relembradas e que alguns
pontos da minha prática necessitavam de melhorias.
No estágio anterior, tive muitas aulas que ministrei com uso do data show, o que, de certa
forma, facilitava na exposição do conteúdo. Percebo que muitas vezes esses equipamentos deixam
os professores numa zona de conforto, na qual não querem sair, mas nem sempre os docentes vão
dispor de tais ferramentas para ministrar suas aulas. Kimura (2011, p.20) relata dessa carência que
muitos professores passam ao afirmar que:

Frequentemente, vemos alunos vindos dos estágios de prática de ensino assustados


por terem seus projetos didáticos dificultados ou até inviabilizados, dada a carência de, por
exemplo, um retroprojetor ou até mesmo de um simples mapa-mural, material tão
importante para o ensino de geografia. Kimura (2011, p.20)

No estágio II, fiz questão de usar mais o quadro em minhas regências, mas não escrevia todos
os detalhes do conteúdo, para não comprometer todo tempo da aula, focava em fazer
mapas-mentais e/ou conceituais. Muitos dos estudantes, gostavam de cópias dos conteúdos dessa
forma, eles eram criativos e faziam mapas mentais organizados por cores, como eu orientava.

Na regência também percebi o quanto o trabalho docente é uma prática performática, pois o
docente adota alguns tipos de práticas e perfis de acordo com as turmas que leciona. Trazendo
para minha prática no estágio, percebi que adotei um perfil mais dinâmico e flexível no oitavo
ano, pois foi uma turma que tive facilidade de lecionar e uma receptividade mais acolhedora e
respeitosa. Já com o nono ano, tive que adotar um perfil de professor mais autoritário e pouco
flexível, pois era uma turma mais difícil de lidar. Apesar disso, conseguir desenvolver minhas
aulas, a professora me auxiliava quando eu precisava e muitos dos alunos participavam,
colocando perguntas e respondendo meus questionamentos a respeito dos conteúdos trabalhados.

2.4 Avaliação
No que tange a avaliação, observou-se que a professora entendia, de forma clara, o desafio
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sobre identificar as diferenças entre “verificação” e “avaliação” na prática docente. Ela não
considerava a prova escrita como o único meio legítimo de avaliar os estudantes. Pelo contrário,
percebeu-se que a professora realiza avaliações contínuas e processuais em suas aulas, propondo
exercícios diários, trabalhos em equipes, elaboração de mapas, croquis, mapas mentais,
pesquisas na internet e participação de diálogo na aula. Esses são alguns exemplos de avaliações
processuais que ela utiliza, na qual visa alcançar a efetiva aprendizagem dos estudantes.
No entanto, também foi presenciado pelo estagiário o processo de avaliação bimestral, na
qual a professora produziu suas provas, que por orientação da gestão escolar, tinham que ser
provas de questões de múltipla escolha e com gabarito. O estagiário indagou a professora sobre
tal questão, se as provas não poderia ser abertas, a justificativa foi a importância de preparar os
estudantes dos anos finais para avaliação como provas do Instituto Federal do Ceará - IFCE e
vestibulares do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e da Universidade Estadual do
Ceará - UECE.

3. ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO

Ao se tratar do livro didático, a professora supervisora utiliza um livro muito


famoso pelos professores de geografia dos anos finais, o “Expedições geográficas” 8° ano, da
editora Moderna. A seguir, tem-se uma foto da capa do livro do nono ano:

Fgura 01: capa do livro expedições geográficas 9° ano:

Fonte: PNLD,2023.
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A professora supervisora faz bom uso do livro didático nas suas aulas, tentando
sempre trazer as problemática levantada no livro para próximo da realidade vivida pelos
estudantes no dia a dia, utilizando de exemplos de livros, mas não se limitando a eles.
Se tratando da análise do livro, ele é composto de inúmeras imagens, uma
linguagem não verbal que muitas vezes ajuda na compreensão do entendimento do conteúdo.
Porém, cabe ao professor analisar com um olhar crítico, a seleção de tais imagens e como
estão postas, e o que tem por trás das mesmas. Tais imagens carregam com sigo ideologias,
concepções de mundo e uma determinada visão socioespacial.
Ao se pensar nas questões de gênero, os autores colocam imagens de mulheres em um
cargo pouco qualificado em relação ao homem, geralmente, no livro quando mostra alguma
mulher em imagens elas estão trabalhando em serviços de pouco poder aquisitivo. Já quando
se mostra a figura masculina, quase sempre é mostrada em um cargo de liderança,
palestrando, em uma posição de poder aquisitivo relevante. A seguir tem-se alguns exemplos
de imagens para confirmar o que foi exposto acima:

Figura 02: imagem do livro didático de uma trabalhadora


de indústria no México.

Fonte: PNLD,2023.
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figura 03: Imagem do livro que mostra homens no plenário da


Eco-92 no Rio de Janeiro, RJ (1992).

Fonte: PNLD,2023.

Ao se tratar de imagens que mostram pessoas negras, observa-se que é fácil


encontrar pessoas negras em situações de vulnerabilidade, nunca em lugares de
liderança ou de destaque. A imagem do negro é colocada de forma triste, sofrida e em
miséria, o que de certa forma fortifica uma imagem preconceituosa das pessoas negras.

Figura 04: Imagem do livro que mostra migrantes líbios sendo resgatados

Fonte: PNLD,2023.

Já ao se tratar das questões de geração, percebe-se que o os ao mostrar os jovens, os


mesmos representam a inovação, a força de trabalho e a animação, já os idosos representam
um “peso a sociedade”, estigmatizados, são retratado em um lugar de descanso, passividade e
contemplação.
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figura 05: Imagem do livro que mostra pessoas jovens fazendo robótica.

Fonte: PNLD,2023.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho docente não se faz sozinho, pois ele é composto por vários agentes, assim
envolvendo uma série de situações, valores, sentimentos, atitudes inesperadas e específicas.
Por conta disso, se faz importante o estágio supervisionado na vida profissional de um
professor em sua formação inicial ou continuada. É através dessas oportunidades que os (as)
estudantes têm diversas experiências e situações onde é possível transformar a teoria em
prática e experimentar os diferentes saberes do magistério. 
Pimenta e Lima (2012, p.102) ressaltam que:

Os conhecimentos e as atividades que constituem a base formativa dos futuros professores


tem por finalidade permitir que estes se apropriem de instrumentais teóricos e metodológicos para a
compreensão da escola, dos sistemas de ensino e das políticas educacionais. Essa formação tem por
objetivo preparar o estagiário para a realização de atividades nas escolas, com os professores nas
salas de aula, bem como para o exercício de análise, avaliação e crítica que possibilite a proposição
de projetos de intervenção a partir dos desafios e dificuldades que a rotina do estágio nas escolas
revela.

Logo, comprova-se tal afirmativa diante o que foi exposto neste relatório, sendo ele desenvolvido
com a finalidade de relatar, analisar, refletir e discutir acerca das atividades desenvolvidas ao longo da
disciplina de Estágio Supervisionado, sendo este um marco no processo de formação docente dos
estudantes da graduação.
Contudo, fez-se necessário neste relatório construir reflexões, relacionando a teoria e a prática,
promovendo conhecimentos fundamentais na formação docente, que contribuíram para o aprendizado do
estudante estagiário.
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5. REFERÊNCIAS

KIMURA, Shoko. Escola: uma teia de relações. In: . Geografia no ensino básico:

questões e propostas. São Paulo: Contexto 2011. p. 17 - 44.

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio: diferentes concepções.

In: PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio docência. Coleção:

docência em formação (Série saberes pedagógicos). 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2012.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção

coletiva. In: . (Org.). Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção

coletiva. Campinas/SP: Papirus, 2013. p.11-35.

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