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CONHECIMENTO
CARTOGRÁFICO
Presidente
Luiz Carlos Ribeiro
Revisão Geral
Jéssica Lopes
Projeto Gráfico
Adriana Almeida
Capa
Jéssica Eduarda Silva Silva
Conselho Editorial
Andréa Coelho Lastória (USP/Ribeirão Preto)
Carla Cristina R. G. de Sena (UNESP/Ourinhos)
Carolina Machado Rocha Busch Pereira (UFT)
Denis Richter (UFG)
Eguimar Felício Chaveiro (UFG)
Lana de Souza Cavalcanti (UFG)
Loçandra Borges de Moraes (UEG/Anápolis)
Míriam Aparecida Bueno (UFG)
Vanilton Camilo de Souza (UFG)
Antonio Carlos Castrogiovanni
Paulo Roberto Florêncio de Abreu e Silva
GOIÂNIA, GO | 2020
Figura 4 – Nos (des)encontramos através das diferentes linguagens para sonharmos
novos (des)encontros!
N
o ensino escolar, não há sentido em dizer que devemos traba-
lhar interdisciplinarmente a Cartografia e a Geografia. Isto
porque, a Cartografia Escolar faz parte da Geografia. Não se
constrói o conhecimento da Geografia sem o conhecimento da Carto-
grafia. Nesta linha de pensamento, Castellar (2005, p. 216), corrobora
ao afirmar:
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fia devem trabalhar as noções de conservação, dominar as relações
espaciais topológicas, projetivas e euclidianas, na lógica de estrutu-
rar esquemas de ação. Nesta perspectiva, a Epistemologia Genética
parece contribuir com a relação Geografia/Cartografia, uma vez que
as noções que estruturam a linguagem Cartográfica é um marco ini-
cial na compreensão dos conceitos geográficos. Neste saber cientí-
fico, devem estar incluídos os conceitos de localização, orientação,
representação, paisagem lugar e território.
As relações que conduzem a criança na construção da noção de
espaço são denominadas relações topológicas, projetivas e euclidianas.
No início do seu desenvolvimento, a criança estabelece e utiliza rela-
ções elementares chamadas topológicas, tais como: vizinhança, sepa-
ração, ordem, envolvimento e continuidade. Essas relações permitem
que a criança diferencie figuras abertas e fechadas, mas não permitem
que ela faça distinção entre um círculo e um quadrado. As relações
que permitem a coordenação dos objetos entre si, num dado ponto
de vista, são as projetivas. Porém, inicialmente, estas não conservam
as distâncias e as dimensões como um sistema de coordenadas, pois
consideram seu ponto de vista como único. As relações euclidianas
são simultâneas às projetivas e nelas se apoiam. Consideram os deslo-
camentos, as relações métricas e a colocação dos objetos coordenados
entre si num sistema de coordenadas.
Segundo Piaget (1973, p. 15), “o conhecer não consiste em copiar
o real, mas agir sobre ele e transformá-lo, de maneira a compreendê-
-lo em função dos sistemas de transformações aos quais estão ligadas
estas ações”. Desta maneira, o conhecimento não deve ser considerado
como uma simples “decoreba”, mas sim, deve ser entendido, e com-
preendido em sua leitura.
Nesta interpretação geográfica, os sujeitos, através da função
adaptativa, e com a sua interação com o mundo, abarcam as estrutu-
ras de novos conhecimentos e os associam com os anteriores, fazendo
com que ocorra a construção do conhecimento.
Castellar (2005, p. 215) sustenta a ideia de que:
1 Yi Fu Tuan (1983) destaca que o Materialismo Histórico entende o lugar como uma
expressão geográfica da singularidade; e a corrente Humanística percebe o lugar como
uma porção do espaço em relação ao qual se desenvolvem afetos a partir da experiência.
Para Yi Fu Tuan, o lugar é uma área que foi apropriada afetivamente. Esta corrente defende
que "o lugar é um mundo de significado organizado" (1983, p. 198).
A linguagem cartográfica
Entendemos que a comunicação cartográfica tem por fina-
lidade a inclusão dos usuários dos mapas, na leitura e interpretação
da mensagem expressa através de um conjunto de signos, bem como
através de pontos, linhas e polígonos, que permitem a formação de
ideias e inferências acerca da realidade para além daquelas relaciona-
das ao domínio e a apreensão do Espaço Geográfico.
Lendo sobre a história da Cartografia, verificamos que desde
a pré-história, a sociedade tem a necessidade de anotar e represen-
tar espaços e direções, assim como de registrar achados. A linguagem
dessas anotações, que é representada por signos, parece que precedeu
a linguagem escrita, pois a história da escrita anda junto com o desen-
volvimento da civilização. Alguns pesquisadores dizem que a origem
da escrita foi 50.000 anos antes de nossa era (com incisões em pedra
ou osso) e em 30.000 anos antes da nossa era (figuras gravadas ou
pintadas). Os pictogramas constituem a primeira grande invenção do
homem no domínio da escrita.
De acordo com Ferreira e Simões (1993), a existência da Geo-
grafia está condicionada à capacidade de replicar a distribuição espa-
cial, isto é, o objeto desta área do conhecimento são os fenômenos pre-
sentes na superfície da terra – o espaço, que está diretamente ligado à