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Capítulo II – Revisão Literária

Neste capítulo do trabalho vamos fazer a revisão teóricas de todos conceitos ligados a
oralidade de acordo com visão de vários autores a partir de obras de conhecimento
público focando principalmente nos alunos do ensino primário da 7ª classe.

2. Concepções sobre oralidade

A expressão oral (oralidade) é um dos quatro pilares fundamentais estipulados nos


currículos de Língua Portuguesa para o Ensino Primário. Estes quatro pilares, que
incluem a expressão oral, a leitura, a escrita e o entendimento da língua, são essenciais
para um aprendizado completo e eficaz.
De acordo com currículo da 7ª classe do Ensino Primário, é dever da escola cultivar
habilidades que se concentram no aperfeiçoamento das capacidades de comunicação,
leitura, escrita, matemática e cálculo dos alunos. Com isso em mente, a habilidade de
comunicação é uma competência fundamental em um mundo cada vez mais
globalizado.
Lopes (2010) afirma que a fala é um exercício crucial de reflexão e compreensão do
mundo, sendo a primeira forma de expressão de ideias e conceitos sobre um
determinado tópico. A fala pode ser vista como uma actividade interativa que tem como
objectivo simplificar a comunicação, manter e modificar valores, construir saberes,
expressar emoções e disseminar princípios culturais, crenças e ideologias (Lopes,
2010).

Segundo o IND/MINED (2012), as competências comunicativas são desenvolvidas


através da participação conjunta de todas as disciplinas, e não são limitadas apenas às
disciplinas específicas de línguas. Cabe a todos os professores assegurar que os alunos
possam se expressar de maneira clara e estejam aptos a ajustar sua fala a diversos
contextos de comunicação. A precisão no uso da língua deve ser uma exigência
constante nos trabalhos dos alunos.

Segundo Tembe & Matabel (2019), a escola enfrenta o desafio de estabelecer


oportunidades para o exercício de idiomas. Isso pode ser feito através de incentivo à
leitura, por meio de competições literárias e encontros de poesia, organização de
debates sobre assuntos que interessam aos estudantes, sessões para a apresentação e
debate de temas ou projectos de pesquisa, exposições e outros eventos que permitam o
uso prático do idioma em um contexto real.

É importante motivar os estudantes a explorar uma variedade de livros, discutir sobre


eles e seus escritores, redigir textos sobre uma gama de assuntos, expressar pontos de
vista sobre informações obtidas através de meios de comunicação, apresentar ideias
divergentes ou críticas de maneira apropriada, e procurar e organizar informações de
forma sistemática.

Com esse ponto de vista, acreditamos que o estudante, ao participar dessas actividades,
amplia seu léxico e intensifica as conexões com colegas, educadores e a comunidade em
geral, superando o medo de se comunicar na segunda língua, que é a língua de
instrução.
A habilidade de entender e se expressar verbalmente são duas das competências mais
apreciadas em um estudante do Ensino Primário. Essa competência possibilitará ao
estudante, enquanto cidadão engajado, envolver-se nas transformações, favorecendo
uma comunicação mais autônoma e uma integração social mais ampla.

A pedagogia focada na oralidade é uma evolução recente no ambiente educacional.


A linguística contemporânea destacou a importância da oralidade e do caráter global da
linguagem. Hoje em dia, as instituições de ensino precisam estabelecer condições para o
aprimoramento de competências comunicativas e possibilitar que os estudantes
exercitem a fluência oral em vários contextos e registros (Lopes, 2010).

No contexto escolar em Moçambique, é possível que a oralidade não tenha sido


devidamente valorizada e enfatizada no processo de ensino e aprendizagem,
continuando a ser uma área onde os educadores encontram maiores dificuldades
(demora na implementação, obrigação de seguir o currículo, superlotação das salas de
aula, desconforto no ensino e na avaliação da comunicação oral).
Realmente, a tarefa de avaliar a habilidade de falar continua sendo um obstáculo
significativo para os educadores do ensino primário, apesar do aprimoramento dos
métodos de avaliação relacionados à expressão oral nos últimos tempos.

Levando em conta que a meta principal do ensino de um idioma é preparar um


estudante/cidadão para enfrentar várias circunstâncias linguísticas comuns na vida
social (um estudante/indivíduo com competência linguística em Português), pensamos
que promover a prática da expressão oral será uma ação benéfica e um elemento
essencial para o progresso do aprendizado e das habilidades linguísticas.
O exercício oral, seja no ambiente escolar ou fora dele, é relevante, uma vez que
simplifica o aprendizado do Português e auxilia nas atividades sociais dos estudantes.

Conforme Magalhães:

A linguagem vai além de ser apenas um instrumento para passar informações de


um remetente para um destinatário. É percebida como um local de interação
entre pessoas, onde o indivíduo realiza actividades que não seriam possíveis
sem a comunicação verbal. Por meio da linguagem, o comunicador influencia o
ouvinte, criando comprometimentos e vínculos que não estavam presentes antes
da comunicação verbal.

Estamos em sintonia com a autora ao valorizar a interação por meio da expressão oral,
enfatizando a relevância da oralidade. No cenário escolar, o estudante realiza
actividades ao se comunicar com o docente e os colegas, criando dessa forma um
comprometimento e uma conexão com a turma por meio da expressão oral.
Amor (1999) também destaca que a linguagem falada tem uma natureza dialógica
destinada a simplificar as interações comunicativas entre os interlocutores, um aspecto
que a Linguística e campos de estudo correlatos negligenciaram durante um longo
período.

Conforme a mesma escritora, a premissa essencial para a aprendizagem ou melhoria de


habilidades em um idioma é a sua utilização na comunicação. Aprendemos a nos
expressar verbalmente através da prática da fala, um princípio que deve ser considerado
em situações que se assemelham às que o falante enfrenta em sua rotina diária.
Mendonça e colaboradores (2003:5) defendem que a interpretação e a articulação verbal
são procedimentos interativos de formação de sentido que compreendem a acolhida, o
tratamento de dados e, como resultado, a produção.
O desfecho deste procedimento interativo é influenciado pelo cenário em que se
desenvolve, englobando os participantes com suas vivências individuais e grupais, o
meio circundante e as metas da articulação verbal. Mendonça também ressalta que é
comum os docentes se queixarem de que seus estudantes não têm habilidade para
escutar, porém, questiona se os professores realmente sabem escutá-los.

Da mesma forma que as perspectivas mencionadas anteriormente, podemos declarar que


é por meio da interação social que o estudante aprende a utilizar o idioma. Refletindo
sobre a escola, a sala de aula é um local de interação onde os estudantes se comunicam
com o grupo por meio da expressão oral.

Pensamos que os educadores que trabalham em sala de aula deveriam reconsiderar o


ensino da expressão oral, não somente como um meio de passar conhecimento, mas
também por meio da execução de actividades como jogos recreativos, conferências,
simulações de entrevistas, apresentação de projectos, que podem ser direcionados em
técnicas de interação participativas como Reflectir, Compartilhar e Expor.

Tangi e Garcia (2007) defendem que a prática de utilizar a expressão oral somente para
a disseminação de saberes é uma postura antiquada e desalinhada da verdadeira
natureza linguística. Logo, notamos a importância de assumir uma atitude crítica em
relação ao ensino e aprendizado da expressão oral no ensino primário.

O educador precisa evidenciar aos estudantes que o aprendizado demanda o exercício da


expressão oral, além do treino da escrita. Este seria um dos obstáculos a serem
superados pelo educador em sala de aula, pois nas instituições de ensino de
Moçambique a forma escrita é favorecida na avaliação, dado que o professor, na maior
parte das vezes, avalia os resultados dos exames sumativos redigidos. É imprescindível
adotar uma abordagem contemporânea para o ensino do português, orientando os
estudantes a dominarem o uso do idioma em várias circunstâncias comunicativas por
meio da expressão oral.

Amor (2001) defende que:


A expressão oral é o campo do ensino e aprendizado de um idioma onde se
pode detectar uma quantidade significativa de falhas e que é menos
considerado. Ela ressalta que não há um ensino proposital e organizado da
expressão oral, e as práticas de observação e avaliação formativa do
aprendizado são praticamente ausentes.
Sob essa ótica, é relevante destacar que um dos desafios identificados no âmbito da
expressão oral é que a comunicação exercida em sala de aula é marcada por sua
artificialidade quando comparada às situações do dia a dia.

A forma como as funções e normas são alocadas entre estudantes e docentes tem uma
contribuição limitada para o aprimoramento da habilidade comunicativa na expressão
oral. Em outras palavras, o docente utiliza sua fala para instruir, pronunciando-se três ou
quatro vezes mais do que a soma de todos os estudantes (Messias, 2018). O estudante
raramente necessita se expressar e, quando o faz, quase nunca é por vontade própria,
normalmente em resposta às questões propostas pelo professor.

Messias (2018) também nota que os estudantes frequentemente apresentam barreiras


amplas quando se refere à prática da expressão oral e obstáculos em relação a aspectos
particulares de tonalidade psicoafectiva.

Eles apresentam desafios ou problemas na área linguístico-discursiva, visíveis em todas


as circunstâncias. É perceptível que os estudantes enfrentam desafios na elaboração e na
coerência do discurso, bem como problemas no uso adequado das palavras. Sem
interação, a aprendizagem oral não ocorrerá.

A expressão oral (representação da prática de falar) ocupa um lugar de destaque no que


diz respeito ao contexto histórico e cronológico. Quando a prática da escrita está
profundamente inserida em uma sociedade específica, ela se estabelece com uma força
surpreendente e um valor social que pode até superar a fala (Henning e Cittolin 2007).
Segundo Henning e Cittolin (2007), a expressão oral está presente em todos os lugares.

É por meio desta que os educadores interagem com seus estudantes, transmitindo
conhecimentos e princípios e estabelecendo uma conversa com o conjunto.
A habilidade de se expressar verbalmente de forma apropriada demanda uma
autopercepção, tanto sobre o esforço mental envolvido nesse processo, quanto sobre as
táticas e os métodos de ensino-aprendizagem que podem ser aplicados no contexto
escolar. (Mendonça et al, 2003). Portanto, para uma comunicação oral eficaz, os alunos
necessitam.

A interação oral adequada requer uma consciência de si mesmo, tanto em relação ao


esforço mental envolvido nesse processo, quanto em relação às técnicas e processos de
ensino-aprendizagem que podem ser aplicados em sala de aula (Mendonça et al, 2003),
primeiramente, é necessário ter entendimento das técnicas que fazem parte desse
processo. É responsabilidade do educador auxiliar os alunos a ponderar sobre o cenário
de interação.

Segundo Mendonça (2003), a expressão oral é comumente espontânea, receptiva e em


constante desenvolvimento. Em um cenário de expressão oral, é crucial captar a
essência de uma informação e interpretar seu significado levando em consideração o
contexto, as intenções de comunicação, a postura do emissor e as relações entre os
participantes da conversa.

As circunstâncias de criação de uma declaração oral e dos participantes da conversa são


fundamentais para definir adequadamente o conteúdo, a interpretação, o propósito e o
objectivo de qualquer comunicação.
Logo a expressão oral é uma forma complexa de linguagem, pois a execução oral
demanda habilidade linguística e várias reflexões para garantir a precisão na
interpretação da mensagem.

A oralidade é a combinação da expressão verbal com a voz e o corpo, e reciprocamente.


O que é dito e a forma como é dito são indissociáveis e possuem a mesma relevância.
Portanto, podemos declarar que a voz e o gesto (abrangendo todas as expressões faciais)
são fundamentais para a nitidez de uma mensagem e para compreender seu propósito
comunicativo (Moreira e Pimenta, s/d).
Na comunicação oral, não se trata somente de entonação, voz, pronúncia e uso
apropriado do vocabulário, mas também da estruturação do discurso e das diversas
formas que ele pode tomar.

Na verdade, alguns estudantes são tão hesitantes em participar oralmente na classe que
raramente dizem qualquer coisa, optando por permanecer em silêncio ao invés de falar
diante de seus colegas.

Dentro deste tema, Rief e Heimburge (2000) sustentam que, mesmo respeitando a
individualidade de cada estudante, seu contexto cultural e seu estilo de aprendizado, os
educadores devem se empenhar para motivar cada estudante a participar ativamente do
processo de comunicação oral.
Logo, a habilidade de comunicação oral deve ser cultivada nos estudantes em sala de
aula, e seria perfeito se cada educador incentivasse a prática da expressão oral em suas
aulas.

Neste contexto, Albuquerque (2006) destaca que em uma aula:

A oralidade continua a ser negligenciada, tanto por professores quanto por alunos, que
não têm clareza de como lidar com ela, desconhecendo os limites da expressão oral,
bem como as estratégias para seu aprimoramento. No método de ensino mais
convencional, a expressão oral era claramente secundária em relação a escrita, as
atividades orais mais comuns incluíam a leitura em voz alta e clara. Além disso, a
recitação de poemas e outros textos, que eram memorizados, também era uma prática
frequente. Isso indica que a expressão oral mantinha um caráter de estereótipo
tradicional e normativo, limitando-se a uma verbalização do que, portanto, como estava
escrito, não havia ocorrências de situações de comunicação espontâneas ou simuladas.

Com as inovações introduzidas no ensino e aprendizagem, a oralidade se apresenta


especificamente como uma busca era mais sobre aprimorar a relação entre o professor e
o aluno, em vez de ser uma forma de avaliar e aprimorar as habilidades orais dos alunos
na sala de aula.

Com base nesse pensamento, é destacado por Albuquerque (2006) que a expressão oral
pode e deve ser instruída, e que um ensino focado na oralidade deve cultivar nos
estudantes duas áreas de habilidades complementares:
• Um saber-fazer, que a autora vê como um conhecimento especialmente
complexo, de natureza linguística e cognitiva, reforçado por um aspecto
relacional, derivado de padrões de pensamento que surgem de cada situação de
comunicação; um

• Um saber-ser, que a autora vê como um conhecimento que pode ser atualizado


em várias áreas de conhecimento, resultado da construção de uma autoimagem
como um interlocutor pleno, com a capacidade de expressar suas ideias e
sentimentos.

Com base no que foi debatido, concluímos que o educador precisa motivar os alunos a
exercitar a expressão oral se realmente deseja que eles tenham a habilidade de interagir
em diversas situações de comunicação. Além disso, eles devem ser capazes de
verbalizar suas ideias e emoções em qualquer circunstância da vida que exija o que
aprenderam.

2.1 O papel da língua portuguesa em Moçambique

Moçambique é um pais com uma grande diversidade linguística, onde várias línguas
nativas de origem Bantu coexistem com o Português e várias línguas estrangeiras. A
escolha de uma língua nativa como língua nacional após a independência foi um desafio
devido à diversidade linguística existente (Tembe, 2019).

Assim, Moçambique concedeu à língua portuguesa a designação de língua oficial, visto


que é a única que consegue reduzir as disparidades entre as línguas nativas. Ela atua
como uma língua unificadora a nível nacional, facilitando a comunicação entre
moçambicanos de várias regiões, ou seja, aqueles que falam diferentes línguas nativas.

Embora a língua portuguesa tenha um status elevado em Moçambique, apenas 57% da


população a fala, conforme indicado pelos dados do Censo de 2017 (ine. gov. mz).
Na verdade, para uma grande parte dos moçambicanos, particularmente aqueles que
vivem em áreas rurais e suburbanas, o português é uma língua secundária (não a língua
materna) que é normalmente adquirida na escola. Isso ocorre porque o português é a
língua utilizada para transmitir conhecimentos científicos e técnicos em Moçambique.

Por isso, é responsabilidade do professor, da escola e da comunidade desenvolver


estratégias que incentivem o interesse em aprender a língua portuguesa, ressaltando os
benefícios de dominá-la.
O português é comumente utilizado em instituições públicas e privadas, bem como na
interação com outras nações, promovendo assim a participação de Moçambique no
cenário internacional. Neste contexto, a comunicação é vista como uma habilidade
essencial em um mundo globalizado. Por isso, o currículo do ensino primário dá
prioridade ao desenvolvimento da competência comunicativa nos alunos graduados.

2.3. O papel da oralidade no processo de ensino e aprendizagem na 7ª classe


No âmbito do Sistema Nacional de Educação (SNE - estabelecido pela Lei 18/2018 de
28 de Dezembro) em Moçambique, o português é reconhecido como uma segunda
língua ou L2. Este termo é comumente empregado para elucidar o estudo e a utilização
de uma língua não nativa em regiões onde ela possui um papel estabelecido, como a
língua oficial, por exemplo.

A aquisição de uma segunda língua é influenciada pelo contexto linguístico, cultural e


político vivenciado pelas sociedades.
Em Moçambique, o português é considerado a língua oficial não materna dos cidadãos.
O português é escolhido como a língua de ensino e frequentemente, é por meio dela que
o estudante aprende a ler e a escrever (INDE, 2000).
Nesta perspectiva, é notável que no ensino fundamental, especificamente a partir do 7º
ano, os estudantes precisam ter um conhecimento aprofundado do português para
compreender as diversas disciplinas lecionadas.

Assim, o desenvolvimento de habilidades de oralidade é uma preocupação para todos os


professores e para a escola em geral.
Segundo Fiocco (2017), a linguagem verbal, que engloba textos escritos e falados, é
fundamental para o ensino, pois constitui a base das aulas de diversas disciplinas do
currículo escolar. Assim, além dos professores de português, as discussões e a
compreensão de elementos ligados ao processo de aprendizado e ao uso da língua
podem ser tópicos de debate.

Nonn (1999, p.87) nota que a ênfase das pesquisas se deslocou para a validação da
leitura e escrita na escola, resultando em um espaço limitado para a oralidade na
educação acadêmica e profissional. Isso afasta os professores do que ele denomina
como uma cultura de aprendizado compartilhada.

Assim, é notável que no processo de ensino e aprendizagem, a ênfase é colocada na


leitura, escrita e entendimento de conceitos científicos. No entanto, muitas vezes se
ignora que, para o estudante ler, escrever e aprender, é preciso primeiro desenvolver a
habilidade de falar.

Fiocco (2017) destaca que estudos nas áreas da Psicologia e Linguística sugerem que
atividades como Debate Regrado e Exposição Oral não se limitam apenas à
comunicação. Elas também envolvem a obtenção de ferramentas psicológicas
avançadas mediadas pela fala, contribuindo para o desenvolvimento do aluno como
indivíduo.

Na maioria das vezes, a sociedade moçambicana proporciona um serviço personalizado


para indivíduos que se comunicam em português ao interagir com funcionários de uma
instituição social.
Neste cenário, podemos afirmar que é crucial o aprendizado do português desde os
primeiros anos de escola para que os alunos possam utilizar serviços sociais, como
hospitais, cartórios de registro civil, entre outros. Nesses lugares, os profissionais
supõem que os estudantes do ensino médio se expressam em português.

De facto, para se tornar proficiente em português, é preciso praticar falar, ouvir e


escutar, pois a habilidade de se expressar oralmente só se desenvolve com a prática
constante da oralidade. Neste contexto, a oralidade desempenha um papel crucial no
processo de ensino e aprendizado do Português em todas as etapas educacionais. Para
que o estudante possa adquirir proficiência em português, é essencial que ele pratique a
expressão oral, ou seja, a oralidade.

Segundo Gomes (2012), a proficiência na expressão oral contribui para o


aprimoramento de outras capacidades linguísticas, promovendo assim o
desenvolvimento da habilidade de comunicação em português.

Conforme Gomes (2012), a habilidade na expressão oral contribui para o


aprimoramento de outras competências linguísticas, promovendo assim o
desenvolvimento da capacidade de comunicação em português. Aprimorar a habilidade
de comunicação em português facilita a integração e socialização dos estudantes na
sociedade contemporânea. Para corroborar este ponto, referimo-nos a Moreira e
Pimenta (s/d), que destacam que a expressão oral é uma ferramenta de comunicação
crucial, sendo por meio dela que as pessoas se conectam e se integram mais facilmente
na sociedade.

De acordo com esses autores, o exercício da oralidade fomenta a interação social,


amplia o vocabulário, melhora a articulação da fala, facilita o aprendizado do controle
vocal e da expressão corporal, auxilia no gerenciamento das emoções e ressalta a
importância de respeitar os falantes.

Por fim, notamos que a prática e a proficiência na expressão oral são de extrema
importância para o aprendizado nas primeiras séries. A proficiência na fala em
português possibilita ao estudante ser um eficiente comunicador nesse idioma, facilita a
assimilação dos conteúdos de todas as matérias, contribuindo para seu êxito acadêmico
e profissional.

Nesta perspectiva, é essencial que as instituições de ensino preparem professores


capazes de atuar dentro do sistema com o objectivo de aprimorar a habilidade de
comunicação dos alunos em sala de aula, dando valor à expressão oral, bem como
outros métodos de utilização da linguagem.

2.4. Teóricas e abordagens sobre o ensino – aprendizagem da oralidade

Não podemos refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem da fala sem questionar
qual é a abordagem mais eficaz para facilitar este processo, isto é, quais princípios
devemos considerar.
Segundo algumas pesquisas, a expressão oral atravessou várias etapas: Abordagem
tradicional, estrutural e comunicativa.

O propósito deste rápido estudo é realçar a relevância do idioma falado nos anos
recentes, a maneira como foi tratado e como continua a impactar o ensino fundamental
nas salas de aula de hoje.

Antes de entrarmos nas diferentes abordagens, vamos primeiro ponderar sobre a ideia
de abordagem:
Abordagem é uma filosofia de trabalho, um agrupamento de suposições declaradas,
estabilizadas ou até mesmo convicções intuitivas sobre a natureza da linguagem
humana, do aprendizado e ensino de idiomas, e dos papéis do estudante e do professor
de um outro idioma (Almeida Filho (1998) mencionado por Hennig e Cittolin (2007).

Segundo Tangi e Garcia (2007), a abordagem é um amplo nível para investigar o


aprendizado e o ensino de línguas. Assim, podemos dizer que a abordagem se relaciona
com as noções e convicções sobre a linguagem e o aprendizado de idiomas.
Depois de ponderarmos sobre o conceito de abordagem, vamos prosseguir para expor as
várias abordagens da oralidade.

2.4.1. Abordagem comunicativa

Em abordagens anteriores, o foco estava no código linguístico, no nível da frase. Com a


metodologia comunicativa, os estudiosos passaram a dar mais destaque à análise do
discurso. Isso implicou não apenas na análise do texto falado e escrito, mas também nas
situações em que o texto era elaborado e interpretado. Assim, a linguagem é analisada
como uma série de acontecimentos comunicativos.

Com a estratégia conhecida como comunicativa, o foco do ensino de idiomas é a


comunicação. "A comunicação é a edificação do saber e um intercâmbio de
informação". (Almeida Filho, 1998 referenciado por Henning e Cittolin, 2007). A
linguagem, como instrumento de comunicação ou fenômeno de interação social, é o
resultado das interações contínuas entre as pessoas e o contexto comunicativo.

Logo, a obtenção e progresso de uma língua devem ser examinados no cenário das
situações comunicativas onde acontecem, pois, o entendimento e estudo das situações
interativas em que o indivíduo se envolve podem esclarecer o significado do avanço de
sua habilidade comunicativa.

Conforme Barbosa (2001), a partir da década de 80, os estudiosos realizaram pesquisas


sistemáticas sobre as línguas faladas e se dedicaram a fazer registros e transcrições de
um corpus relevante, com base no qual tentavam descrever as gramáticas das línguas.
Blanche (2007) apresenta de maneira concisa os motivos que fundamentaram o avanço
dos estudos sobre as línguas faladas:

Os recursos técnicos possibilitavam delinear e disponibilizar uma vasta


quantidade de dados da língua falada; Isso resultou em uma transformação nas
avaliações (de linguagem oral e escrita); Transformação das visões
preconcebidas contra a linguagem oral (que era percebida como repleta de
falhas, grosseira e primitiva); Evolução de novos campos da linguística, tais
como a pragmática, a enunciação ou pesquisas cognitivas.
A estratégia comunicativa surgiu no começo da década de 80, pois os teóricos
consideraram importante enfocar a competência comunicativa no ensino de idiomas, em
vez de simplesmente instruir sobre as estruturas linguísticas (Blanche, 2007).
De acordo com este autor, a invenção do gravador portátil em 1985 marcou um avanço
importante na oralidade. Com essa evolução, os métodos tradicionais de imitação e
repetição, que ignoravam a situação e o contexto, foram substituídos, resultando em um
progresso notável em relação a esse método.

Nesta estratégia, ter habilidade para comunicar implica na capacidade de gerar


expressões linguísticas de acordo com o propósito da comunicação e em conformidade
com o contexto comunicativo. Ser comunicativo é enfatizar a interação, o diálogo e a
utilização do idioma. Aprimorar a competência é o objetivo central da estratégia
comunicativa.

De acordo com esta estratégia, o educador deve auxiliar e incentivar o estudante no


trabalho com o idioma, pois este é adquirido pelo estudante por meio de tentativa e erro.
A expectativa é que os estudantes interajam entre si, em duplas e em grupos.
A base da estratégia de comunicação é a gramática nocional, que se refere à gramática
das ideias, conceitos e organização do significado. As tarefas da gramática têm como
objetivo simplificar a comunicação.

Na estratégia comunicativa, os exercícios formais e repetitivos foram substituídos por


exercícios de comunicação real ou simulada, que são mais interativos.
A estratégia comunicativa apoiada por Blanche (2007) valoriza muito a produção dos
estudantes, na medida em que busca incentivar essas produções, proporcionando ao
aluno múltiplas e diversas oportunidades de expressão na língua em estudo, auxiliando-
o a superar suas dificuldades, sem corrigi-lo de forma sistemática.
O aprendizado é focado no estudante, não apenas em relação às técnicas aplicadas em
sala de aula.

Neste ponto de vista, o erro é percebido como uma parte natural do aprendizado, através
do qual, o estudante demonstra que está constantemente testando as suposições que faz
sobre o idioma.
Marcushi (1999) destaca que o professor deixa de ser o detentor central do
conhecimento no processo de ensino-aprendizagem, assumindo o papel de orientador,
"organizador" e "facilitador" das actividades na sala de aula.

O ambiente na sala de aula, que é em grande parte determinado pelo professor, é um


elemento crucial para facilitar o aprendizado. O professor deve ser acolhedor,
compreensivo, tolerante, paciente e adaptável para inspirar confiança e respeito nos seus
alunos.
A partir do que foi exposto, é possível concluir que a abordagem comunicativa dá
ênfase ao processo de comunicação, a cada contexto de interação, à independência na
interação, ao uso do idioma que seja apropriado para o aprendiz e ao aprendizado
personalizado.

A teoria socio-interacionista, também conhecida como sócio-construtivista ou histórico-


cultural, sugerida por Vigotsk, considera a aprendizagem como um processo que ocorre
através da interação com outros indivíduos. De acordo com este pensador, o
aprendizado só ocorre quando há a chance de interagir em um contexto específico.
Ou seja, os processos de entendimento e aprendizagem acontecem durante as interações
sociais entre indivíduos que foram moldados historicamente.

Como mencionado anteriormente, a metodologia comunicativa se baseia na ideia de


interação social. Portanto, fica claro que a teoria socio-interacionista é a que mais se
harmoniza com os princípios desta metodologia, pois é por meio da interação com
colegas e professores que o aluno aperfeiçoa sua capacidade de comunicação.

No momento, dentre as metodologias existentes para o ensino de idiomas, a Abordagem


Comunicativa é a que mais se sobressai, graças ao estímulo à interação entre os
participantes que essa metodologia oferece. Isso proporciona melhores resultados em
termos de engajamento e construção conjunta de conhecimento linguístico, além do
ambiente descontraído que ajuda a diminuir a ansiedade e permite que o aprendizado
aconteça de forma serena.

Diversos factores contribuem para a aprendizagem de um idioma, no entanto, acredita-


se que "ter motivação para aprender" é a estratégia mais eficaz para o aprendizado.
É considerado que para manter o interesse no assunto em estudo, o estudante precisa
participar ativamente do processo, deve "aprender a aprender" e ser capaz de assumir
uma parcela da responsabilidade pelo seu próprio aprendizado.

Tangi (2007) ressalta a relevância da expressão oral em todas as etapas e métodos. Com
base na discussão apresentada sobre as várias abordagens da oralidade, podemos dizer
que com a introdução da abordagem comunicativa na década de 80, houve um maior
foco na comunicação oral, o que levou a um significativo avanço na compreensão oral e
no trabalho sobre a qualidade sonora da frase completa e dos esquemas melódicos.

No início, a ênfase era dada à competência de entendimento para que a competência de


produção pudesse ser alcançada (Tangi, 2007). Certamente, há aspectos que se alinham
e outros que se diferenciam entre as diversas abordagens e teorias. É essencial que o
professor do 7º ano entenda os processos históricos que formaram e impactaram o
ensino de segunda língua, ganhando conhecimento sobre seus aspectos similares e
únicos.

Ao se deparar com várias perspectivas, neste caso, diferentes teorias e métodos, o


educador deve identificar os benefícios de cada um, escolhendo aqueles que se
encaixam melhor no processo de ensino e aprendizado da fala em sala de aula.

Assim, no que se refere especificamente ao desenvolvimento da oralidade, Tangi


declara:
A comunicação falada gera debates entre acadêmicos, educadores e estudantes
de idiomas estrangeiros. Em certos momentos, é descartada por ser considerada
“comum e grosseira”, não merecendo estudos. Em outras ocasiões, é valorizada
como a “manifestação autêntica da linguagem”, sendo, portanto, digna de
investigações detalhadas para o entendimento da linguagem humana.

Estas diversas maneiras de valorizar a linguagem falada tiveram e continuam tendo um


impacto directo no espaço institucionalizado: o ensino de idiomas estrangeiros na sala
de aula. Conforme o mesmo autor, a oralidade” experimentou várias etapas.
Anteriormente, a oralidade era vista apenas em comentários de textos escritos, de
maneira entusiástica, mas agora ocupa um lugar que é justamente seu e é reconhecido
como importante. É responsabilidade do educador identificar o papel e a relevância da
fala no ambiente de sala de aula.
Com este resumo conciso sobre as várias abordagens, que surgiram em diferentes
contextos, cada uma delas destinada a atender a várias necessidades, sejam elas
econômicas, sociais ou políticas, sempre com o objectivo de promover um aprendizado
mais eficaz para cada período.

2.5. Relação entre a oralidade e escrita

Durante o processo de ensino e aprendizado da oralidade, é crucial debater a conexão


que ela possui com a escrita, considerando que a forma escrita se fundamenta na
linguagem falada. Neste cenário Luft (1985), mencionado por Luz, sugere que seria
benéfico se a ciência linguística nos fizesse recordar que a língua escrita não existiria se
a fala não tivesse surgido antes, e que a escrita é uma representação imperfeita da fala,
sendo um “sinal de um sinal”.

A escola deveria priorizar a habilidade de fala dos estudantes, que é o principal meio de
comunicação que a maioria deles usará durante toda a sua vida. Uma terapia eficaz para
fala (e o pensamento manifestado através dela) poderia potencialmente conduzir a uma
terapia orgânica para a escrita. Com base nesta afirmação, pode-se dizer que todas as
línguas evoluem inicialmente na forma falada e, posteriormente, na escrita.

Soares (2001) enfatiza que a conexão entre oralidade e escrita não é directa,
contrariando a ideia de que um estudante escreve exatamente como fala. Ele ressalta
que tanto o texto falado quanto o escrito possuem suas características únicas.
Se a conexão entre fala e escrita fosse simplesmente uma representação direta, onde a
escrita é vista apenas como um meio de registrar o que é falado, muitos estudantes não
enfrentariam dificuldades nem na escrita nem na fala.

O conceito do continuum tipológico, proposto por Biber em 1988, sugere que ao


examinar a fala e a escrita, é essencial considerar seis dimensões cruciais de variação
linguística e a relação entre os gêneros que correspondem a cada uma delas e o
continuum tipológico nas práticas linguísticas.
Isso evita comparações binárias que se baseiam em textos exemplares de cada
modalidade.
Nesse espectro tipológico, existem gêneros de fala e escrita que são muito parecidos,
como uma conferência e um artigo acadêmico, ou uma conversa entre amigos e uma
carta para a família. Por outro lado, há também aqueles que são bastante diferentes,
como um bate papo e um artigo acadêmico, ou um seminário e um bilhete.

Em 2001, Marcushi reexaminou o conceito de continuum tipológico, articulando de


maneira mais detalhada a noção de que as diferenças entre a escrita e a oralidade são
vistas como parte de um contínuo de práticas sociais e criação de texto, ao invés de uma
relação de duas partes distintas entre elas. (Marcuschi, 2001, conforme citado por
Botelho). Assim, supõe-se que as diferenças entre a fala e a escrita estão no processo de
elaboração dos textos correspondentes.

2.6. Relação entre a oralidade e a leitura

Moreschi António (2004:49), referindo-se a Moreschi (2001b), declara que para


encontrar as similaridades ou distinções entre a fala e a escrita, é necessário observá-las
em ação, nas actividades cotidianas.
A linguagem se manifesta através do uso, seja na comunicação oral ou escrita. As
comunicações orais e escrita são vistas como atividades que se complementam e
interagem no contexto das práticas culturais e sociais.

A autora ainda reforça que:


Em vez de discutir qual forma de linguagem - oral ou escrita - é superior, o que
só acontece devido à precedência histórica da fala sobre a escrita, o mais crucial
é explorar a essência das práticas associadas tanto à fala quanto à escrita, em
termos gerais, como formas de uso da língua. Assim, o problema de conexão
entre oralidade e escrita será movido para o centro de um contínuo de práticas
sócio-históricas, que, segundo este autor, pode ser interpretado como uma
espécie de escala (Moreschi, 2004). A oralidade e a escrita são práticas e
aplicações da língua, cada uma com suas próprias características distintas.

A fala e a escrita são práticas e aplicações da linguagem, cada uma com suas
características distintas. No entanto, essas características não as tornam antagônicas,
pois tanto a fala quanto a escrita permitem a elaboração de textos coesos e lógicos a
elaboração de ideias abstratas e a execução de apresentações, tanto formais quanto
informais, em um cenário de sala de aula.
A partir dessa perspectiva, entende-se que a ligação entre a expressão oral e a escrita
não é de submissão da primeira à segunda, mas sim uma relação de interdependência,
pois ambas influenciam uma à outra.

Levando em conta as observações anteriores, fica evidente que a fala e a escrita se


completam.
É dever do educador utilizar estratégias que capacitem os alunos a atender às diversas
exigências da comunicação oral e se ajustar às características únicas de vários gêneros
de discurso. Isso, por consequência, contribui para o aprimoramento da capacidade de
comunicação em português, que é o idioma de ensino, particularmente no contexto da
fala, que é o centro de nosso estudo.

2.7. Relação entre a oralidade e leitura

Em relação à conexão entre a expressão oral e a escrita, Dolabella (2012) argumenta


que, ao considerarmos a linguagem como discurso, reconhecemos a importância do
aperfeiçoamento de competências para usar a linguagem (falada e escrita) em diversas
situações discursivas.

Essas situações se referem às práticas de escrita, nas quais os estudantes têm a chance
de ponderar sobre os textos que pronunciam ou escutam, entendendo as várias maneiras
de estruturar o discurso, baseadas nas peculiaridades de cada estilo ou formato de texto
e os impactos da situação comunicativa na elaboração do sentido do texto verbalizado.
Martins (1992) também destaca uma ligação de interdependência entre a fala e a leitura,
pois ambas influenciam uma à outra.

Adicionalmente, o educador pode empregar a leitura como uma ferramenta para instruir
a expressão oral. Nesse cenário, o educador pode fomentar espaços de leitura por meio
de atividades recreativas (rodas de leitura, cadeiras de conversação, entre outros),
fundamentadas no princípio do PPA.
Com essa abordagem, os alunos têm a chance de contar histórias que leram e declamar
poesias em voz alta.

Depois de ler, eles têm a oportunidade de discutir vários conceitos e interpretações dos
textos lidos, partilhando assim suas vivências e impressões a partir dos textos. Ademais,
o professor tem a possibilidade de empregar diferentes táticas que podem estar
diretamente ligadas às práticas de leitura, uma vez que essas atividades se
complementam.
Para enfatizar o ponto, podemos referenciar o que Martins (1992) escreveu:

Normalmente, no processo de aprendizado de leitura, é essencial começar com


um momento de leitura silenciosa para entender a organização do texto e, em
seguida, passar para a leitura em voz alta. Este método assume que o leitor já
tem uma habilidade significativa de expressão verbal em contextos formais. Se
ele não possuir esse controle, de projetar a voz, respirar silenciosamente, regular
a entoação, será bastante desafiador para ele realizar a leitura em voz alta.

Sob essa ótica, em uma sala de aula, quando os estudantes se esforçam para entender o
texto através da leitura individual, eles identificam no texto as palavras que já são
conhecidas em sua fala cotidiana.
Os estudantes podem empregar o método de produção textual comum na interação
presencial. Além disso, após a leitura silenciosa de um texto, são encorajados a debater
o conteúdo por meio de questionamentos verbais.

Quando o educador solicita um ponto de vista, um guia de leitura já está direcionando a


leitura através da comunicação verbal. No processo de ensino, é fundamental que o
educador promova a leitura para aprimorar a fala dos estudantes, e reciprocamente.

2.8. Interacção Professor – Aluno na sala de aula.

Silva (2012) descreve a interação como uma série de ações dos envolvidos que podem
ser categorizadas com base na magnitude de cada resposta, por um comportamento
precedente, esse comportamento foi pré-estabelecido e é independente do
comportamento do outro.

Existem vários formas de interacção, como aluno- aluno, aluno-administração


pedagógica, professor-administração pedagógica, entre outras. Entretanto, nesta
pesquisa, o foco será na interação entre professor e aluno dentro da sala de aula. O
educador desempenha um papel crucial na sala de aula, incentivando os estudantes a se
esforçarem e desejarem mais, e este processo de motivação acontece através da
interação vivida entre professor e aluno.
Callegari (2004, p.100) aponta que:
Acreditamos que a motivação é impulsionada por desafios. Nesse contexto, o
professor tem um papel crucial, pois tem a responsabilidade de guiar cada
estudante e o grupo como um todo na busca pela motivação. O estudo da
interação envolve a análise de uma variedade de aspectos importantes.

Coll e Solé (1996, citados por Manolio, 2009, p. 39) Ressaltam que existem três
elementos cruciais no processo de interação que não devem ser ignorados:
• A ação proativa dos estudantes no processo de aprendizado escolar;
• A maneira de entender a função do professor nesse processo de construção.
• O formato da comunicação e a retórica educacional.

No processo de interação e ambiente de sala de aula, é essencial levar em conta todos os


envolvidos - o educador, o estudante e o contexto no qual os indivíduos estão inseridos.
• Como os estudantes estruturam seu aprendizado?
• Quais contextos comunicativos foram criados?
• Qual é o discurso utilizado?

Nessa abordagem, espera-se que o educador mostre empatia em suas interações com os
estudantes, tanto nas manifestações emocionais quanto no desempenho acadêmico.
Apenas quando o pai leva em conta o estudante é que ele pode ampliar seu impacto no
processo de aprendizagem do mesmo, como destaca Gil (1993, p.31).

Considerando que o processo de ensino e aprendizado escolar é constituído por


interações entre educadores e estudantes, que colaboram para o objetivo comum de
aprendizado do estudante, surge a indagação sobre o que ocorre com o estudante
durante seu aprendizado. A questão proposta implica em investigar quais são as
diversas alterações no rendimento à medida que o estudante interage com seus
professores.

Deste modo, fica evidente que refletir sobre a formação docente implica entender que o
professor está sempre em evolução e que a teoria e a pesquisa são essenciais. Através
dessas ferramentas, os educadores podem avaliar criticamente os contextos históricos,
sociais, culturais e organizacionais em que ocorrem as atividades de ensino, permitindo
lhes intervir e transformar essa realidade.
A importância da interação social e da participação de outros indivíduos é inegável em
todas as etapas do aprendizado humano. No contexto educacional, a conexão entre o
professor e o aluno é crucial para o sucesso do ensino e da aprendizagem.
Segundo as visões de Freire (2005), observa-se uma ampla discussão sobre esse tema e
um alto valor atribuído à conversação como instrumento fundamental na formação dos
indivíduos.

Contudo, este mesmo escritor argumenta que apenas é viável uma metodologia de
ensino baseada no diálogo pelos professores, se eles entenderem o diálogo como um
fenômeno humano capaz de promover a reflexão e a ação de homens e mulheres. Para
entender de maneira mais profunda essa prática de diálogo, Freire acrescenta que a
conversação é uma exigência da existência.

E, se ele é o local de convergência onde a reflexão e a ação dos participantes se juntam,


com o objetivo de transformar e humanizar o mundo, não pode ser limitado a um mero
ato de passar pensamentos de uma pessoa para outra, nem ser simplificado a uma mera
Intercâmbio de pensamentos que devem ser absorvidos pelos envolvidos (Freire, 2005,
p.91).

Assim, quanto mais o professor compreender o valor do diálogo, mais eficaz será o seu
ensino uma atitude essencial em suas aulas, maiores progressos ele alcançará com os
alunos, isso porque, dessa maneira, eles se sentirão mais instigados e motivados para
mudar ela tem a habilidade de vincular as experiências dos alunos ao mundo,
motivando-os a refletir sobre o seu entorno, adotando uma abordagem mais
humanizadora em sua estratégia de ensino.

Quando o educador opera sob essa visão, ele não é percebido apenas como um simples
disseminador de saberes, mas como um intermediário, uma figura
Conforme Lopes (2009, p.5), ao idealizarmos uma escola fundamentada na interação,
não estamos visualizando um espaço onde cada pessoa atua individualmente, mas sim
um local de edificação, valorização e respeito, onde todos são estimulados a pensar de
maneira coletiva.

Na concepção de Vygotsky, é essencial compreender como o estudante se desenvolve


na interação com o próximo, com a escola sendo um local privilegiado para agrupar
conjuntos diversificados para serem trabalhados. Esta situação acaba permitindo que,
em meio a tantas expressões, as particularidades de cada estudante sejam valorizadas.
Logo, segundo Vygostsky, a sala de aula é, indiscutivelmente, um dos ambientes mais
adequados para a formação de ações conjuntas entre as pessoas.
A mediação é um laço que se materializa através de uma interação contínua no processo
de ensino e aprendizagem. Também é possível dizer que o processo educacional é
impulsionado pelas relações formadas entre o educador e o estudante.

Neste contexto, é responsabilidade dos educadores utilizar o período escolar para


promover a interação de pensamentos entre os estudantes e o professor, estabelecendo
uma comunicação efetiva em um contexto educacional onde os erros são vistos como
parte do processo de aprendizagem.

2.9. Métodos de ensino de oralidade para os alunos da 7ª classe

A expressão oral é o primeiro passo no processo de ensino e aprendizado de um idioma.


Este tipo de comunicação, em português, deve ser uma preocupação contínua para a
instituição educacional como um todo e para o educador individualmente.
Conforme (INDE/MINEDH, 2018), no processo de ensino da expressão oral, a prática
de repetir palavras durante o aprendizado é um elemento crucial.

Nesta perspectiva, a incorporação da música pode tornar essa tarefa mais prazerosa, já
que os estudantes apreciam cantar e, assim, não experimentarão o potencial incômodo
que a repetição poderia provocar.
Sem dúvida, em classes com 7ª, é normal ver alguns estudantes que aprimoraram suas
habilidades de fala mais do que outros. Assim, o professor deve se empenhar com todos
os alunos, usando aqueles que já têm domínio do português para ajudar os que ainda
não falam o idioma.

Em outras palavras, os alunos se sentem motivados quando recebem orientação ou


apoio de seus colegas, com a esperança de um dia dominar a língua tão bem quanto
eles.
Os estudantes têm a alternativa de trabalhar em pares ou em conjuntos. Esta abordagem
é respaldada pela teoria histórico-cultural de Vygotsky (2001), que sustenta que o
crescimento humano se dá através das interações sociais.
Sob essa ótica, Waddington & Veloso (1999) enfatizam que, para os estudantes
aprenderem português, uma língua estranha para a maioria no distrito específico de
Inhassoro, precisamos permitir que eles falem, cometam erros, tentem novamente, até
que consigam falar corretamente, da mesma forma que ocorre com nossos filhos em
casa, quando estão aprendendo a língua materna.

Por essa razão, é necessário dedicar tempo e afecto, tempo para os estudantes se
expressarem, e afecto para incentivá-los a prosseguir com o aprendizado.
Gomes (1991) enfatiza que, para melhorar a capacidade de comunicação, é essencial
oferecer oportunidades para o aluno se envolver em interações, fazer perguntas e
responder a questões levantadas tanto pelo professor quanto pelos colegas.

Assim, a habilidade de expressão oral nos estudantes deve ser cultivada com a
assistência do educador, que deve conduzir as aulas utilizando uma variedade de
recursos pedagógicos e diferentes contextos de comunicação.

Deve-se destacar que a evolução da habilidade de falar deve ser integrada em todas as
etapas do processo de ensino e aprendizagem (Tembe e Matabel, 2019).
Segundo Gomes (1991), ao ensinar a língua portuguesa, o educador deve reconhecer
que os estudantes têm uma inclinação natural para a comunicação verbal, ou seja, uma
facilidade inata para aprender idiomas.

O professor deve explorar todas as formas de comunicação (como gestos, imagens,


músicas, danças, jogos, etc.) para auxiliar na compreensão do que é expresso. Além
disso, deve-se utilizar as experiências e a cultura dos alunos como alicerces para uma
comunicação oral correta, útil e eficiente.

O mesmo autor ressalta que, para aprimorar a habilidade de falar, as seguintes ações
devem ser incentivadas: escutar atentamente, expressar-se verbalmente, seguir
instruções, observar e descrever figuras, contar histórias, recontar histórias que foram
ouvidas ou lidas, recitar poemas, encenar situações relacionadas a temas como doenças,
desastres naturais, paz, etc.; e cantar músicas sobre tais temas em ocasiões especiais e
festivas.
Portanto, é essencial que o educador incorpore estudantes que enfrentam desafios na
expressão verbal nos grupos de atividades culturais.

3. Ouvir e falar

As habilidades de audição e expressão oral, desenvolvidas e refinadas durante o ensino


fundamental, devem ser utilizadas na 7ª classe, para que o estudante possa participar
mais ativamente nas tarefas de entendimento, interpretação e criação de comunicações
faladas.

Para aprimorar a competência auditiva, o INDE (2018) recomenda que o educador deve
oferecer às estudantes oportunidades de ouvir frases, conversas, músicas, textos de
várias categorias (narrativas, descrições, poemas, relatos, etc.), lidos ou narrados pelo
próprio professor ou pelos colegas.

Conforme o INDE (2018), para avaliar o progresso da competência auditiva, é


recomendado que o estudante seja incentivado a:

• determinar a natureza do texto;


• determinar os personagens de um conto;
• reescreva a seguinte citação em suas palavras;
• reconhecer as variedades e formas de frases;
• determinar a essência de um diálogo ou de um conto;
• narrar verbalmente um conto que foi escutado;
• reformular um texto ou uma história que foi escutada;
• fazer um resumo verbal de um texto escutado;
• passar adiante uma informação que foi escutada para outra pessoa;
• identificar objetos, indivíduos, profissões a partir de uma descrição falada;
• traçar um caminho que corresponda às direções fornecidas verbalmente,
apontando os marcos;
• transformar textos escutados em escritos.

Actividades executadas em grupos de dois ou mais estudantes são consideradas


vantajosas, pois acredita-se que os alunos utilizam mais o idioma entre colegas do que
quando os professores estão presentes, além de oferecerem oportunidade para correções
mútuas (Gomes, 1991).

Com essa perspectiva, para aprimorar a capacidade de falar, é essencial que as


actividades sejam conduzidas sob a supervisão do professor para assegurar a
comunicação no idioma de instrução, ao mesmo tempo em que os estudantes têm a
liberdade de usar sua língua nativa.
Em um cenário ideal, os grupos devem ser formados por estudantes que têm o português
como língua materna e por aqueles que falam idiomas locais, a fim de minimizar a
possibilidade de uso desses idiomas locais.

Gomes (1991) defende que que um estudante aprimora a habilidade de expressão oral
quando consegue gerar comunicações faladas, empregando de maneira adequada os
elementos disponíveis no idioma, como vocabulário, gestos, expressões faciais,
entonação, entre outros.

A dramatização é uma das formas de comunicação e tem um papel significativo no


aprendizado da oralidade, conforme apontado por INDE (2018).
No entanto, o professor deve ser cauteloso ao corrigir os trabalhos dos alunos de
maneira sutil para evitar inibir a participação deles na aula, seja a correção nem sempre
deve ser feita imediatamente após o erro ocorrer, mas sim nos intervalos dos trabalhos.

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