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Escola Superior de Línguas

Estudo de caso: O papel da interação na aquisição de segunda


língua por meio das TDIC.

1. O que é o estudo de caso?


O estudo de caso é uma metodologia de pesquisa em que se estuda uma área de
concentração ou um determinado campo por meio de observação, entrevistas, mídias
(fotografia, gravação etc.) e anotações. Busca-se observar aquilo que é incomum,
inesperado e até inovador, de forma a estabelecer a compreensão de eventos particulares.
O estudo de caso tem o objetivo principal de expor a realidade de forma historicamente
contextualizada, independentemente de apresentar conquistas ou problemas.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa, e, como proposto por Stake (2011),
baseia-se em pessoas e tudo que as cerca, de modo que é necessário interpretar, analisar,
relacionar para, assim, chegar a um resultado empírico e holístico, composto pela própria
figura humana.
Portanto, lembre-se sempre: o estudo de caso tem a finalidade de produzir novo
conhecimento e/ou ampliar o desenvolvimento da prática. Isso possibilita a
representação de casos comuns e a compreensão de casos singulares.

2. Quando acontece e quais são os critérios do estudo de caso?


O estudo de caso acontece em todos os módulos, sempre na fase 1. Faz parte do
sistema de avaliação do curso e corresponde a 40% da nota de todas as disciplinas da
fase. Normas gerais:

a. É uma atividade individual.


b. O período de realização inicia na segunda semana de aulas e termina na última semana de
provas da fase.
c. É uma proposta interdisciplinar, dependendo da visão ampliada de várias disciplinas e
conhecimentos, além de cobrir do local ao global.
d. Com a apresentação dos dados descritos sobre o tema, espera-se uma análise de um caso,
que permita a aplicação e expansão do conhecimento.
e. A resposta deve, obrigatoriamente, abordar a questão proposta e articulando ao menos dois
dos textos do referencial teórico indicado.
f. Deve ser feito, obrigatoriamente, por meio do Diagrama de Venn.
g. A resposta deve, obrigatoriamente, ser inserida no AVA Univirtus.
Consulte a lista de critérios de avaliação no Anexo 1 deste documento.

3. A interação na aquisição de segunda língua por meio das TDIC


Quando tratamos da aquisição de uma segunda língua (L2), é frequente os aprendizes
dessa língua terem na expressão oral o seu maior desafio. A prática da conversação, que
demanda uma produção clara e imediata, costuma ser a maior dificuldade dos estudantes
de língua. Por isso, existe uma tendência em entendermos que um sujeito é ‘fluente’ em
uma outra língua quando consegue falar com desenvoltura. Tal percepção coaduna com a
perspectiva de Fulcher (2014 apud OLIVEIRA, 2021) a respeito de fluência em L2: o
imediatismo e a velocidade da fala seriam indicativos intuitivos sobre a capacidade de
expressão dos sujeitos em uma determinada língua.
Neste século, o avanço das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC)
tornou a aprendizagem de línguas bastante acessível e interativa, dada a profusão de
artefatos digitais que permitem a prática de uma segunda língua em ambientes simulados
e interativos. Os avanços tecnológicos propiciariam a criação de aplicativos sob a forma de
dispositivos multissensoriais (PORTO; OLIVEIRA; GAMA NETO, 2016), pois com o uso de
multimeios, o contato com a LE dá-se por meio de imagens, textos e áudios, além da
interação entre humanos e não humanos.
Atualmente, existe no mercado uma vasta gama de aplicativos e sites para
aprendizagem de línguas que propiciam aos aprendizes feedback imediato, com correção
de erros de forma a melhorar a sua pronúncia. Tais aplicativos permitem o reconhecimento
de voz, de modo a favorecer ao aprendiz um ambiente no qual ele se sinta seguro e não se
sinta julgado pela sua pronúncia. Além disso, oferecem uma ampla gama de recursos
multimídia que expõem o aprendiz a diversas formas de comunicação na língua alvo.
Um aspecto essencial no processo de aquisição de uma língua é a interação. Seja
por meio de artefatos digitais ou de forma presencial, não se pode pensar em aquisição de
L2 sem pensarmos em interação entre falantes, pois, conforme apontam Leffa e Irala (2014,
p. 206) “[...] independente do contexto de aprendizagem (natural ou formal), é preciso que
haja contato com a língua e seu uso em situações de interação [...].”
A questão, no entanto, é: se uma interação é mediada exclusivamente pelas TDIC
haverá de fato aquisição de L2? Ainda que esses artefatos digitais possibilitem um
feedback imediato, flexibilidade de prática dada sua natureza ubíqua que afetam nossa
forma de aprender (SANTAELLA, 2010) e uma variedade de recursos multimodais (KRESS;
VAN LEEUWEN, 2010 apud SANTOS; FERREIRA, 2020), eles prescindem da natureza
social da interação, de comunicação autêntica e de variedade linguística. Isso sem falar
nos elementos não-verbais da comunicação, que envolvem a linguagem corporal dos
falantes envolvidos. Um exemplo prático que pode ilustrar os efeitos deste tipo de
aprendizado por “interação” descontextualizada é o da cantora Camila Cabello, no Rock in
Rio em 2022. Durante sua apresentação, a cantora falou, em português, frases esparsas,
tais como ‘eu como pão, eu bebo leite’. Segundo Camila, ela aprendeu português por meio
do aplicativo Duolingo (PROPMARK, 2022).
O que pode ser percebido com esse fato é que a aquisição de uma língua envolve
contextos efetivos de interação que geralmente são inacessíveis por meio de aplicativos
robotizados. O uso efetivo de uma língua demanda conhecimento de aspectos que vão
além do domínio da sua estrutura linguística em situações de modelagem.
Assim, para avaliarmos em que medida um artefato digital pode contribuir com a
aquisição de L2, faz-se necessário entender qual é a concepção de língua escolhida - se
língua como código escrito ou como discurso. Para Jordão (2006), se entendemos língua
como código, abordamos uma perspectiva estruturalista, resumida aos aspectos formais
da língua (como a gramática e o vocabulário), sem levar em consideração os aspectos
sociais e culturais. Já se entendermos a língua enquanto discurso, levamos em
consideração os aspectos culturais e as relações sociais na produção de um determinado
texto. Ter claro qual a concepção de língua estamos adotando é o que dará sustentação à
metodologia de ensino proposta. As escolhas metodológicas para a aprendizagem de L2
estão intrinsicamente ligadas à concepção de língua, pois é justamente o que se entende
por língua que determinará as estratégias e abordagens a serem utilizadas.

Questão orientadora para a elaboração da resposta

Situação-problema:
Marisa sempre teve interesse em aprender inglês. Porém, não teve nenhuma oportunidade,
quando criança, de estudar em um centro de idiomas e nem de ter contato com pessoas que
fossem proficientes nesse idioma. Seu conhecimento de língua inglesa resume-se ao que ela
estudou durante a Educação Básica, em escolas públicas. Já adulta e diante de uma grande
variedade de recursos online para aprendizagem de línguas, ela quer começar a estudar inglês.
No entanto, ela não sabe qual recurso escolher, já que há inúmeros sites e aplicativos que
oferecem atividades de aprendizagem. O objetivo de Marisa não é só conhecer gramática e
vocabulário, mas, principalmente, conseguir conversar em língua inglesa e, quem sabe, ter
contato com pessoas de outros países. Sendo assim, qual artefato digital (aplicativo ou site)
seria indicado para a aprendizagem de língua inglesa para Marisa? Escolha dois aplicativos
ou sites e faça uma comparação entre eles. Considere os seguintes pontos norteadores para
sua análise:
• Observação da prática das habilidades comunicativas (escrita, leitura, audição e
oralidade);
• Interação entre usuários no site ou aplicativo;
• Interação entre usuários por meio de redes sociais;
• Interação com professores tutores;
• Atividades de expressão oral: o recurso contém atividades que trabalhem essa habilidade,
bem como a interação entre usuários? A fala é espontânea?
• Atividades de escrita: existe liberdade de escrita ou é estabelecida previamente a partir
de materiais do aplicativo?
• Atividades de leitura: existe interpretação de textos, estão relacionadas à leitura de
imagens ou se baseiam em tradução?
• Acessibilidade para estudantes cegos ou surdos.
• Concepção de língua: estrutura ou discurso? Qual é a metodologia de ensino do
aplicativo que traduz uma ou outra concepção?

Para fazer a análise proposta, você deve ler no mínimo dois dos textos do referencial teórico
(disponível no item 5 deste documento) e abordar obrigatoriamente a concepção de língua
do aplicativo, além de (no mínimo) mais 04 dos pontos norteadores.

Para responder à pergunta, você deverá produzir um Diagrama de Venn (use o template) e, por
meio de comparação, identificar as similaridades e diferenças entre os recursos escolhidos.
Identifique, ao menos, cinco aspectos (dentre os pontos norteadores) de cada um e destaque as
similaridades entre eles.
Além disso, escreva um parágrafo de apresentação (130 – 180 palavras) do seu diagrama,
respondendo: a. quais são os recursos escolhidos e por que você escolheu estes dois recursos?
b. qual concepção de língua eles adotam? c. quais são suas principais características? d. qual
dos dois você considera mais indicado para Marisa? Lembre-se de que sua reflexão deve estar
baseada nos textos do referencial teórico.
Use o template disponível em MATERIAL COMPLEMENTAR (documento “Template EC
Diagrama Venn”), nas páginas das disciplinas. Salve o seu trabalho de forma online (no
Google Drive, Dropbox etc.) e cole o link no box de comentários no link TRABALHOS, no
AVA Univirtus.

4. Diagrama de Venn
O Diagrama de Venn é um conjunto composto por dois (ou mais) círculos. Cada
círculo representa um aspecto a ser estudado – neste estudo de caso, cada círculo
representa um recurso ou aplicativo que você vai analisar.

Além disso, há um espaço de encontro entre os dois círculos. Este espaço, que
abrange os dois lados, identifica as similaridades entre os dois aplicativos ou recursos.
Para fazer seu estudo de caso, você deve preencher o diagrama com o que você
encontrar e analisar sobre cada aplicativo. Use cada círculo para um recurso, usando o
referencial teórico para argumentar e dar suporte ao que você analisou.
Depois, utilize o espaço no meio, onde os círculos de encontram, para descrever as
similaridades entre os dois. Estas similaridades podem ser positivas ou negativas, não há
problema se você observar um ponto negativo nos dois! Por fim, após preencher o seu
organizador gráfico, salve-o e faça a entrega pelo link TRABALHOS.
5. Referencial teórico
CORRÊA, C. R. Aprendizagem de segunda língua por meio da educação online
aberta: o uso de tecnologias digitais, gamificação e autodidatismo no processo de
aquisição linguística. 2020. Disponível em: < https://www.e-
publicacoes.uerj.br/index.php/re-doc/article/view/54614/36548 > Acesso em14 abr. 2023.

JORDÃO, Clarissa Menezes. O ensino de línguas estrangeiras: de código a discurso.


2006. Disponível em:
<https://docs.ufpr.br/~marizalmeida/celem2_06/o_ensino_de_lem.pdf> Acesso em 09
maio 2023.

MARQUES-SCHÄFER, G.; ORLANDO, A. A. da S. Concepções de aprendizagem de


línguas e o Duolingo: uma análise crítica sobre sua proposta e experiências de
aprendizes. Texto Livre, v. 11, n. 3, p. 228–251, dez. 2018. Disponível em:
https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16820> . Acesso em 14 abr.
2023

MOURÃO, J. P. Aplicativos para aprender inglês. In: Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/ingles/aplicativos-para-aprender-ingles.htm >. Acesso em
14 abr. 2023.

NUNES, Gabriela Marçal; BERGMANN, Juliana Cristina Faggion. Elaboração de


critérios de análise para aplicativos de línguas estrangeiras como recursos
didáticos ao ensino formal. Disponível em: < https://e-
revista.unioeste.br/index.php/trama/article/download/21571/14384/83743 > Acesso em 10
maio 2023.

SANTAELLA, Lúcia. A aprendizagem ubíqua substitui a educação formal? Revista de


Computação e Tecnologia, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 17-22, 2010. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/ReCET/article/view/3852/2515> Acesso em 09 maio
2023.

SANTOS, Carolina Favaretto; FERREIRA, Claudia Cristina. Era multimodal e tecnológica:


que recursos utilizar no ensino de línguas estrangeiras/adicionais?. LínguaTec, Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves v. 5,
n. 2, p. 149-168, nov. 2020. Disponível em:
<https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/LinguaTec/article/download/4539/2768 > Acesso
em 09 maio 2023.
ANEXO 1

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO PARA O ESTUDO DE CASO


A resposta-texto/trabalho apresenta A linguagem utilizada é de cunho acadêmico e
REGISTRO
reflexão pessoal, demonstrando tem registro formal, obedecendo à norma culta
LINGUÍSTICO
leitura e construção próprias a partir (50 pontos).
da proposta da atividade. NÚMERO DE O texto contém o número mínimo/máximo de
(0-100) - PESO: 25% CARACTERES caracteres exigidos (50 pontos).
A resposta-texto/trabalho apresenta
sequência lógica, coesão, coerência,
objetividade, linguagem e
O Diagrama de Venn e o texto de apresentação
vocabulário científicos adequados,
Conteúdo do abordam as diferenças e similaridades entre os
estando de acordo com a norma
trabalho recursos escolhidos, explicando a relação com o
padrão da língua.
tema do estudo de caso por meio de uma
(0-100) - PESO: 25%
análise crítica.

Todas as fontes foram citadas adequadamente


com seus respectivos autores (50 pontos).
TEXTOS
A resposta-texto/trabalho apresenta REFERENCIADOS
Caso haja textos copiados e não referenciados,
articulação com o referencial teórico
o trabalho será zerado.
dado.
Foram utilizados ao menos dois dos textos
(0-100) - PESO: 25%
FUNDAMENTAÇÃO indicados no referencial teórico indicado no
TEÓRICA documento de orientação do estudo de caso (50
pontos).

A resposta-texto/trabalho
apresentada está de acordo com a
proposta e responde às questões • Se aborda claramente cinco pontos
orientadoras solicitadas, bem como, PONTOS norteadores: 100 pontos.
apresenta envolvimento com seu NORTEADORES • Se aborda parcialmente os pontos: 50
lócus regional, caso seja solicitado pontos.
este item no estudo de caso.
(0-100) - PESO: 25%
MODELO DO DIAGRAMA

ESCOLA SUPERIOR DE LÍNGUAS - Estudo de caso B1 2023 – Diagrama de Venn

Estudante: Seu nome RU: Seu RU


Apresentação (130-180 palavras): ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum
lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum.
Lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum lorem ipsum
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Recurso 1 (link) Recurso 2 (link)

Clique aqui para editar o texto do Clique aqui para editar o texto do segundo
primeiro aplicativo ou recurso. Escreva Clique aqui para editar o aplicativo ou recurso. Escreva quais são as
quais são as suas características únicas. texto das similaridades suas características únicas.
- entre os dois. Adicione -
- características que são -
- comuns entre os dois -
- aplicativos/recursos. -
- - -
- -
-
-
-

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