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Revista MERCOSUR de políticas sociales - ISSN 2523-0891 (impreso)

Vol 2 : 2018 : pp. 60-73 - doi: 10.28917/ism.2018-v2-60

ARTÍCULO ORIGINAL

A DIMENSÃO SOCIAL DO MERCOSUL EM ESPAÇOS


FRONTEIRIÇOS: ASSIMETRIAS E CONVERGÊNCIAS
NA ATENÇÃO À SAÚDE
LA DIMENSIÓN SOCIAL DEL MERCOSUR EN ESPACIOS FRONTERIZOS:
ASIMETRÍAS Y CONVERGENCIAS EN LA ATENCIÓN DE LA SALUD
Vera Maria Ribeiro Nogueira*

Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar a realidade dos sistemas locais de saúde
nas linhas da fronteira em termos de ações e serviços, demandas, acesso e condições de
acessibilidade para nacionais e não nacionais. A abordagem das fronteiras para estudo se
deve à debilidade dos indicadores sociais na região, marcada por altas taxas de desigualdade,
carência de recursos de infraestrutura e dificuldade de acesso aos bens e serviços que
compõem a cidadania social em saúde. Apresenta as similitudes e divergências concretas
da proteção pública na atenção em saúde nas cidades gêmeas na percepção dos gestores.
Os dados foram obtidos através de entrevistas semiestruturadas, segmentadas em duas
grandes vertentes: os usuários nacionais e os não nacionais. Os sujeitos da pesquisa foram os
gestores de cidades gêmeas situadas nas fronteiras entre Brasil e Argentina, Brasil e Uruguai,
Brasil e Paraguai, e Argentina e Paraguai. Os resultados apontam para as distinções entre
ações e serviços prestados, o frágil conhecimento sobre a demanda para os não nacionais, o
interesse pela cooperação em saúde e a debilidade financeira para garantir o atendimento à
demanda. As conclusões apontam para a centralidade do gestor frente à implementação das
ações e serviços de saúde e a descontinuidade programática como um dos maiores óbices
para ampliar a garantia da saúde em espaços transfronteiriços.
Palavras-chave: MERCOSUL, dimensão social, fronteiras, políticas de saúde.

Resumen: Este artículo tiene como objetivo presentar la realidad de los sistemas locales
de salude en línea de frontera en términos de acciones y servicios, demandas acceso y
condiciones de accesibilidad para poblaciones nacionales y no nacionales. El abordaje
de fronteras como tema de estudio se debe a la debilidad de los indicadores sociales en
la región, marcada por altas tazas de desigualdad, escasez de recursos de infraestructura
y dificultades de acceso a los bienes y servicios que componen la ciudadanía social
en salud. Presenta semejanzas y diferencias concretas de la protección pública en la
atención de la salud en las ciudades gemelas a partir de la percepción de los gestores. Los
datos fueron obtenidos a través de entrevistas semiestructuradas, organizadas a partir

* Universidade Católica de Pelotas/Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.


Email: veramrn@gmail.com
Recibido: 17/07/2018. Aceptado: 14/11/2018.

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A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços: assimetrias e convergências na
atenção à saúde. Nogueira

de dos grandes aspectos - usuarios nacionales y usuarios no nacionales. Los sujetos de


investigación fueron gestores de ciudades gemelas situadas en las fronteras entre Brasil
y Argentina, Brasil/Uruguay, Brasil/Paraguay y Argentina/Paraguay. Los resultados
apuntan distinciones entre acciones y servicios prestados, frágil conocimiento sobre las
demandas provenientes de no nacionales, existencia de un interés por la cooperación en
salud y debilidad financiera para garantizar la atención de la demanda. Las conclusiones
señalan la centralidad del gestor frente a la implementación de acciones y servicios de
salud y la falta de continuidad programática como uno de los mayores obstáculos para
ampliar la garantía de la salud en espacios transfronterizos.
Palabras clave: MERCOSUR, dimensión social, fronteras, políticas de salud.

1. Introdução

Contrapondo-se à visão saúde.


predominantemente econômica evidente Privilegiou-se, neste artigo,1 a
nos primeiros encaminhamentos para a dimensão social relacionada à saúde por
construção do MERCOSUL, a dimensão se constituir um dos núcleos duros das
social emerge como essencial para a políticas sociais, ter um forte impacto
consolidação do bloco a partir dos anos entre as pessoas e se inscrever no âmbito
2000. Esta situou-se e situa-se, ainda do direito à vida. Este artigo tem como
hoje, como um dos fatores decisivos objetivo apresentar a realidade dos
para a implementação da cidadania sistemas locais de saúde fronteiriços,
regional na medida em que contém uma resgatando demandas, serviços, acesso
densidade efetiva construída a partir das e condições de acessibilidade, marcando
vivências cotidianas da população, com as similitudes e divergências concretas da
impacto na superação de nacionalismos proteção pública em saúde na percepção
e particularidades nacionais no âmbito dos gestores.
das políticas sociais. Assim, interessou explorar a
Ao se referir à cidadania regional, dimensão social, materializada através
os espaços fronteiriços são considerados das políticas de saúde e seu grau de
o primeiro degrau da regionalização institucionalidade quanto aos elementos
e se constituem em laboratórios de técnico-operativos ou substantivos
experiências de integração da região do
MERCOSUL (Desiderá & Penha, 2016).
A escolha das fronteiras como objeto 1 Este artigo se baseia no relatório
de estudo se deve também à debilidade Cidadania em Zonas de Fronteira: o
dos indicadores sociais na região, caso do MERCOSUL, resultado de uma
marcada por altas taxas de desigualdade, consultoria financiada pelo Instituto
Social do MERCOSUL, em 2017, cuja
carência de recursos de infraestrutura e finalidade foi construir um diagnóstico
dificuldade de acesso aos bens e serviços sobre a institucionalidade dos sistemas
que compõem a cidadania social em de proteção social nas fronteiras entre os
Estados Partes do MERCOSUL.

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(Comissão Econômica para a América se instaura como demanda e como


Latina e o Caribe, CEPAL, 2016), pois construção institucional com os governos
estes concretizam, efetivamente, a progressistas eleitos, à época, nos países
proteção social ao estabelecer o liame integrantes do MERCOSUL, com vistas
entre propostas programáticas e sua a ampliar os objetivos iniciais de uma
concretização; envolvem a capacidade integração regional voltada unicamente
de planejamento e gestão das políticas para o desenvolvimento econômico da
e programas sociais, ou seja, colocam região. Dois fatores concorreram para
o Estado em ação; no entanto, “[...] é essa alteração de perspectiva. O primeiro,
necessário não perder de vista que todas de ordem estritamente econômica, refere-
estas ações serão em vão se não geram se às limitações do desenvolvimento
ações concretas que facilitem o acesso, e às capacidades dos Estados Partes
apropriação e exercício de uma cidadania (ISM, 2012, p. 26); o segundo, ao
plena dos povos da região” (Instituto aprofundamento da questão social na
Social do MERCOSUL, ISM, 2012). América Latina, entre o final de 1980 e
As estratégias metodológicas foram a década de 1990, em decorrência das
encaminhadas no sentido de favorecer a medidas econômicas de ajustes estruturais
identificação da concretude das ações e adotadas pelos estados nacionais. Os
serviços de saúde, tanto para os nacionais indicadores apontavam o crescimento
como para os não nacionais. Os dados dos segmentos populacionais situados na
foram obtidos através de entrevistas faixa de extrema pobreza, agravada pela
semiestruturadas, segmentadas em duas precarização das relações de trabalho e
grandes vertentes: os usuários nacionais pelo desemprego (Escamilla, 2005). Tais
e os não nacionais, visando vislumbrar as fatores, aliados a uma composição política
possibilidades futuras de cooperação em progressista nos países, impulsionaram a
saúde. Foram entrevistados os gestores dimensão social do MERCOSUL, que,
dos sistemas de saúde nos municípios de conforme Draibe (2007), propunha
Foz do Iguaçu, Ciudad del Este, Puerto viabilizar a criação de uma cidadania
Iguazu, Santana do Livramento, Rivera, social comunitária.
Concordia, Salto, Posadas e Encarnación. Assim, nas primeiras décadas do
Houve especial cuidado na ano 2000, observou-se paulatinamente
abordagem aos gestores devido à situação uma alteração da agenda em direção
geográfica de fronteira internacional, à dimensão social nos debates e ações
entendida como zona de alta porosidade, no interior do bloco. Essa expansão
instituindo um espaço comum diverso foi decorrente de um movimento
do nacional, sem descolar-se deste. abrangendo dois eixos centrais. De
um lado, a sedimentação institucional
2. A cidadania social enquanto da esfera social evidente na criação
construção social, política e de instituições sociais na estrutura
institucional organizacional do MERCOSUL; de
outro, a expansão conceitual de temas
O debate sobre a cidadania social sociais da integração, incorporando temas

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A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços: assimetrias e convergências na
atenção à saúde. Nogueira

presentes no debate internacional, como e divergências nos sistemas locais de


os valores relacionados à democracia saúde é um primeiro passo para a futura
e direitos humanos (Draibe, 2007). Há, cooperação entre os sistemas locais de
portanto, um giro na concepção do saúde em regiões fronteiriças (Nogueira
MERCOSUL no sentido de tornar-se et al., 2015).
um projeto estratégico com dimensões
sociais e econômicas que deem 3. Similitudes e divergências
sustentação à cidadania regional. na atenção à saúde na região
Hoje ameaças de reversão dessa fronteiriça
concepção igualitária e inclusiva surgem
no horizonte do bloco, explicadas Tendo em vista as distinções entre
em parte pela perda de dinamismo as fronteiras internacionais devido às
econômico e principalmente a eleição de suas particularidades históricas, culturais,
governos mais alinhados com propostas econômicas e sociais, optou-se por
neoliberais (Viana, Fonseca & Silva, apresentar os dados a partir de cada par
2017; Burtchardt, 2017). (ou trio no caso da tríplice fronteira)
No campo da proteção social, das cidades gêmeas, viabilizando tanto
devido ao alto grau de desigualdade inter a percepção das especificidades de cada
e intra nos países do bloco, as políticas espaço como a possibilidade de sinalizar
sociais adquirem uma relevância especial. para ações cooperativas em saúde.2 Isso
Nesta linha é fundamental a posição do porque as relações transfronteiriças
ISM ao conceber as políticas não como constituem “[...] un proceso enraizado en
compensatórias, mas como estratégias de un contexto social específico que implica
desenvolvimento humano (ISM, 2012). interdependencias entre sus estructuras
Depreende-se dessa afirmação sociales (instituciones en el sentido de
serem as políticas sociais resultantes da Scott) y el comportamiento y relaciones
pactuação entre atores políticos com de los actores” (Barragán, 2015, p. 165).
interesses distintos da área econômica
e social no sentido de produzir bens 3.1. Foz do Iguaçu/Ciudad del Este/
ou serviços para resolver necessidades Puerto Iguazú
coletivas, sob a responsabilidade ou Nestes municípios, várias
coordenação do Estado (Giraud & discrepâncias na forma de organização
Warin, 2008). Este Estado pode situar- e oferta dos bens, ações e serviços
se em diferentes níveis hierárquicos e, de saúde foram identificadas. Essas
no caso presente, do MERCOSUL, diferenças, em sua maioria, relacionam-
configura-se como um pacto entre se inicialmente à forma de organização
Estados nacionais em função de seus política e administrativa dos países, em
interesses comuns. A dimensão social segundo lugar, aos distintos princípios
inclui a proteção social em saúde como
um dos elementos centrais para se
alcançar patamares mais igualitários entre 2 As informações foram prestadas pelos
e inter países. Reconhecer as similitudes gestores entrevistados e poderão divergir
de dados e registros oficiais.

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e diretrizes que orientam a implantação distintas complexidades, priorizando


dos sistemas nacionais de saúde, e, a assistência especializada e de média
em terceiro, às demandas e perfis dos complexidade, com baixo investimento
usuários. Em Puerto Iguazú existem na atenção primária, no Paraguai o
equipamentos públicos de saúde de município é responsável pelos serviços
responsabilidade provincial –Província de atenção primária, e os departamentos
de Missiones–, mas não há serviço de respondem pela assistência especializada
saúde público municipal. A província e média complexidade.
é responsável pela descentralização da Essa diversidade organizacional
oferta das ações e serviços de saúde para situa-se como um dos fatores limitantes
atendimento dos cidadãos argentinos ou de encaminhamento de ações de
estrangeiros e responsável pela gestão e cooperação em saúde, especialmente
custeio dos serviços. quando se passa a pensar em integração
Em Ciudad del Este, a organização ou mesmo cooperação entre os sistemas
estatal, em termos de prestação de de saúde (Glinos, 2011).
serviços e atenção à saúde, apresenta-se Quanto aos serviços ofertados
dividida em Postos de Saúde e Estratégias e critérios de acesso, verificou-se que
de Saúde da Família, presentes nos os três municípios oferecem bens,
municípios, regiões sanitárias e ações e serviços de saúde que vão da
Hospital Regional, que correspondem à promoção à proteção e recuperação
organização da província, e o Ministério da saúde. A gratuidade dos serviços
da Saúde e Bem-Estar Social, órgão ofertados de forma universal,
nacional responsável pela prestação de garantida constitucionalmente, é uma
serviços de alta complexidade. No aspecto particularidade do Sistema Único de
do financiamento, a municipalidade e Saúde do Brasil. No Paraguai, embora
as províncias no Paraguai não possuem o sistema de saúde mantenha, no
autonomia financeira para custear ou plano legal, alguma similaridade com o
criar ações e serviços de saúde, essas brasileiro, apenas alguns serviços públicos
decisões dependem do Ministério da de atenção primária são gratuitos, os
Saúde e do Conselho Nacional de Saúde. demais são pagos. Já na Argentina, para
Destaca-se, no Brasil, o os nacionais indigentes e pobres todos
protagonismo municipal na direção, os serviços são gratuitos, e para os não
organização, oferta e prestação de enquadrados nessa situação os serviços
serviços de saúde, possuindo autonomia são custeados pelas Obras Sociais,
para criar serviços de acordo com similares a um plano de previdência
a necessidade da população, o que social para os trabalhadores que assegura
difere dos demais países, além de ser igualmente atendimento médico.
responsável por parte do financiamento Em relação ao critério de acesso,
e custeio dos serviços e ação. tanto Puerto Iguazú quanto Ciudad
Diferentemente de Puerto Iguazú, Del Este informaram não possuir
onde a província é o ente responsável critério para estrangeiros e nacionais,
pela oferta de serviços de saúde de contraditoriamente a algumas

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A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços: assimetrias e convergências na
atenção à saúde. Nogueira

informações sobre a não gratuidade nas diversas especialidades, qualidade dos


de determinados serviços de saúde, serviços e receptividade dos brasileiros.
evidenciando que a questão financeira é A gestora de saúde de Puerto
um fator limitante para o atendimento. Iguazú revelou atender estrangeiros,
Em Foz do Iguaçu, o critério de dos quais 95% são paraguaios, entre
acesso repousa na apresentação da eles gestantes paraguaias que buscam
documentação civil, cartão SUS e realizar o atendimento pré-natal devido
comprovante de residência. Em se à precariedade dos serviços no seu país.
tratando de estrangeiros, é necessário Com relação a essa questão, o gestor de
apresentar o Registro Nacional do Ciudad Del Este afirma que são atendidos
Estrangeiro, cartão SUS, Cadastro estrangeiros, embora não na proporção
de Pessoa Física e comprovante de que se deveria, não se estendendo nessa
residência fornecido por órgãos públicos. questão quando se procurou aprofundá-la.
Na medida em que se exige o cartão
SUS, fica configurada a impossibilidade 3.2. Santana do Livramento/Rivera
de tratamento de estrangeiros que não Ao se considerar a Política de Saúde
residem no município. no Brasil e seu preceito de garantidora
Constatou-se ainda, nas falas dos universal de atendimento e serviços para
gestores das duas localidades, uma toda a população brasileira, através do
predisposição para cooperação, ainda SUS, atenta-se para as situações peculiares
que seja por meio de pactos, protocolos, encontradas nas cidades gêmeas de
acordos formais ou informais, para fronteira, em especial as cidades de
debaterem e planejarem ações conjuntas Santana do Livramento e Rivera.
no enfrentamento e combate de Nela se destacam não só dificuldades,
endemias e surtos de doenças crônicas. mas também avanços avalizados pelo
Embora exista essa predisposição, poder público, reconhecidos em forma
ficou muito demarcada a inexistência de lei para garantir o direito à saúde
de provisão orçamentária para custear sem distinção de nacionalidade para
as ações e serviços de saúde destinados os cidadãos residentes nas regiões
aos estrangeiros, não sendo, entretanto, fronteiriças.
colocada como um fator limitante. Nesta No território brasileiro é exigida a
linha, a gestora de saúde de Foz do Iguaçu apresentação da carteira do SUS para o
afirmou estar em fase de planejamento cidadão acessar atendimento em qualquer
uma unidade de saúde de referência para serviço de saúde. Porém, há um acordo
atendimento aos turistas e estrangeiros. informal entre Santana do Livramento
Com relação ao atendimento e à e Rivera, o qual dispõe que o primeiro
procura por estrangeiros às ações de atendimento de urgência ou emergência
serviço de saúde no Brasil, em Foz do requerido deve ser prestado aos seus
Iguaçu existe um número considerável cidadãos. Por longos anos, o acordo
de novos estrangeiros que têm buscado paradiplomático para prestação de
os serviços em virtude da gratuidade, serviços de atenção básica e de urgência
variedade das ações e serviços de saúde e emergência funcionou entre as cidades

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gêmeas. No entanto, com o ingresso de de “[...] uma troca de serviços”, torna-


novos gestores nos serviços de saúde se inviável, sendo necessário contratar
brasileiros, ocorreu uma descontinuidade uma empresa terceirizada que faça esse
no que anteriormente havia sido trâmite de permuta dos serviços.
acordado e era praxe no cotidiano da Os motivos que levam os uruguaios
fronteira, entre ambas as cidades. a buscarem atendimento no município
A principal porta de entrada para vizinho estão diretamente relacionados à
atendimentos no Brasil é a rede de conjuntura econômica do momento, em
atenção básica, e para a continuidade que uma parcela da população, intitulada
dos serviços ofertados pela rede de “flutuante”, irá optar por residir e/
saúde é indispensável a regularização ou trabalhar no país que oferecer as
e apresentação da documentação melhores condições para locação de
necessária. Caso isso não ocorra, o residências.
atendimento é bloqueado e o requerente Outro exemplo citado, na busca
é encaminhado para as policlínicas de por serviço e/ou atendimento, foi
saúde em Rivera. Nessa fronteira, a através do sistema de vacinação, devido
carteira fronteiriça é a documentação à diferença de início, primeiro no Brasil e
que garante o atendimento, pelo SUS, a seguir no Uruguai. Então a população
mesmo na atenção básica, sendo um uruguaia busca garantir a sua vacinação
serviço de fácil acesso para todos. Em em Santana do Livramento, mediante a
compensação, quando o assunto se apresentação de qualquer documento.
refere às especialidades demandadas Não há levantamentos estatísticos
pelos uruguaios, há trava impedindo ou mapeamentos sobre os atendimentos
encaminhamentos para níveis de maior aos cidadãos uruguaios no Brasil. Um
complexidade. dos motivos que impossibilitam esse
Em relação ao financiamento levantamento é o fato de o cidadão
do sistema de saúde brasileiro, foi uruguaio que possui o cartão do SUS, no
exposto que os atrasos nos repasses momento do atendimento e/ou triagem,
dos recursos atrapalham o seu não ser distinguido pela sua nacionalidade.
funcionamento, a prestação de serviços Porém, estima-se como número provável
e o seu planejamento, prejudicando o mais de mil atendimentos mensais.
crescimento e o andamento de programas Em todas as fronteiras do Brasil
estabelecidos. com o Uruguai, Santana do Livramento
A falta de uma regulamentação e Rivera é aquela que mais avançou
que atenda à realidade fronteiriça foi nos tratados, sendo considerada uma
apontada por um dos entrevistados referência no tema.
da cidade brasileira, segundo o qual, Quanto aos critérios de acesso
mesmo que a cidade ao lado disponha para os uruguaios ao serviço público de
de um serviço de saúde inexistente na saúde de seu país, é necessária a cédula
cidade brasileira, ou o caso seja inverso, de identidade. As pessoas mais pobres
por não existir uma permissão para o com o “número de cédula” têm direito
financiamento ou para pagar por meio à saúde gratuita tanto na rede de atenção

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A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços: assimetrias e convergências na
atenção à saúde. Nogueira

primária quanto no hospital. O serviço local, sobretudo para continuidade dos


com maior demanda é a atenção primária. serviços (Gestor 1).
Não há médicos em cada localidade do
interior, somente nas cidades que têm Quanto às principais dificuldades,
mais de mil habitantes; nas demais, o estas são similares, no entanto, no
atendimento à demanda é realizado por Brasil há restrições financeiras maiores
meio do mecanismo já referenciado: uma que no Uruguai. Consideram, os
parte pela Administración de Servicios entrevistados, uma limitação, presente no
de Salud del Estado (ASSE) e outra pelo Decreto 7.239, a não disposição sobre
departamento. o pagamento de trabalhos médicos, o
A partir dessas considerações, que está sendo discutido no âmbito dos
no que se refere ao atendimento em fóruns do MERCOSUL e nos Conselhos
saúde aos cidadãos da fronteira entre de Medicina de ambos os países.
Rivera e Santana do Livramento, foi É relevante registrar, nesses casos,
realizado um ajuste complementar de uma estratégia utilizada pelos governos
trabalho, no Acordo já existente3 para municipais das cidades de fronteira
intercambiar atendimentos em saúde, brasileiras: a prefeitura municipal realiza
que está referendado pelos parlamentos uma chamada pública e, não havendo
dos dois países. Em Rivera, os brasileiros candidatos, uma liminar judicial permite
com carteira fronteiriça têm direito a o trabalho de profissionais uruguaios.
atendimento; entretanto, para que esses Pelo lado uruguaio, não há empecilhos
acordos possam funcionar na prática, para a contratação de médicos brasileiros:
ininterruptamente, depende muito das “[...] se não tem a especialidade, o médico
pessoas, dos atores locais, conforme se vem, opera e o hospital lhe paga, sem
depreende do depoimento seguinte: autorização judicial” (Gestor 3).

O secretário de saúde anterior 3.3. Salto/Concordia


trabalhou conosco corpo a corpo, por Quanto ao atendimento, em Salto
muitos anos. [...] E, depois, quando observa-se um número de profissionais
ele saiu, o relacionamento ficou e estrutura de serviços insuficientes,
prejudicado, apesar desse acordo existir. existindo um hospital e oito policlínicas
[...] Assim, percebe-se que o sucesso para uma demanda contínua de uma
do acordo depende muito do gestor população de mais de 10.000 habitantes.
De acordo com a gestora, são questões
relacionadas à falta de informação ou de
3 Decreto 7.239, de 26 de julho de 2010 acessibilidade, “[...] seja porque a pessoa
(2010). Promulga o Ajuste Complementar
ao Acordo para Permissão de Residência, não chega ao recurso ou o recurso não
Estudo e Trabalho a Nacionais Fronteiriços chega à pessoa”(Gestor 2). Há lugares
Brasileiros e Uruguaios, para Prestação onde a policlínica mais próxima fica a uma
de Serviços de Saúde, firmado no Rio de
Janeiro, em 28 de novembro de 2008. distância de 30 km. A responsabilidade
Recuperado de http://www.planalto. pela coordenação dos serviços é da
gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/ Intendência, que se ocupa da tramitação
Decreto/D7239.htm

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Revista MERCOSUR de políticas sociales, Vol. 2 : 2018

de documentação (cartão de saúde ou (medicamentos) e o Programa SUMA


de trabalho) e do acesso a saneamento (fortalecimento da atenção básica da
público. O acesso gratuito se encontra saúde via repasse de verbas).
garantido no nível emergencial, ficando
os demais níveis disponíveis para aqueles 3.4. Encarnación/Posadas
que não possuem seguro saúde ou obra Com base nas entrevistas,
social e possuem o carnê de saúde. identificou-se convergências e diferenças
A Intendência não conta com na estrutura, organização e recursos de
mapeamento nem índice de consultas saúde de cada um dos estados municipais,
por não residentes ou não nacionais. provinciais e/ou nacionais em cada uma
O critério principal para o acesso aos das duas cidades gêmeas.
benefícios para os nacionais e os não Na cidade de Posadas, a rede de
nacionais é a vulnerabilidade social. serviços sanitários é extensa, tanto em
Para residentes e pessoas em instituições municipais como provinciais.
trânsito, a documentação requerida para o Existem trinta Centros de Atenção
atendimento ao primeiro nível de atenção Primária de Saúde (CAPS) e dois
é a cédula de identidade. Seu número hospitais. Neste nível, todos os serviços
permite ter acesso ao histórico da pessoa que se vinculam ao Ministério de Saúde
no departamento, no país ou em outros Pública da Província de Misiones (MSP)
países, e os gestores consideram evitar a são coordenados pela área de programas
superposição de serviços. Neste sentido, da Capital – Posadas. Os serviços
a entrevistada levanta que, em numerosas prestados pelos CAPS são variados,
ocasiões, as pessoas não informam todos dependendo da formação da equipe de
os dados. Destaca-se não haver distinção saúde. O primeiro nível de cuidados
no acesso aos serviços entre residentes atende a toda a demanda, já os níveis II
e pessoas em trânsito. Há uma limitação e III apresentam problemas para atender
real na capacidade de atendimento devido os casos de exames complementares de
à falta de recursos e estrutura, e não há alta complexidade e hospitalizações.
uma política diferenciada para residentes O financiamento é dos fundos do
e não residentes. Estado provincial e da autogestão dos
Em Concórdia, a Intendência serviços que gerenciam os benefícios
garante serviços relativos ao primeiro prestados aos usuários que têm cobertura
nível de atenção, sendo problemática a social ou Obra Social. Metade dos CAPS
atenção de média e alta complexidade. são autogestionados. Além disso, os
A saúde conta com financiamento serviços de saúde são remunerados com
municipal, provincial e nacional. os fundos da política nacional de acordo
Enquanto os dois primeiros se com a consecução de metas, através dos
encarregam das estruturas sob a sua benefícios nacionais SUMAR, para mães,
responsabilidade, o nível nacional recém-nascidos e adultos sem cobertura
repassa para o município financiamento de Obras Sociais.
mediante a execução de programas, Quanto às propostas de integração,
sendo os principais o Programa Remediar a Fundação Binacional Yacyretá pretende

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A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços: assimetrias e convergências na
atenção à saúde. Nogueira

financiar um projeto para implementar tratados igualmente, com os serviços


políticas conjuntas, em decorrência da garantidos e financiamento do Ministério
epidemia de dengue, único momento de da Saúde Nacional. O gestor entrevistado
ação coletiva entre as cidades. não conhece proposta de trabalho
Não há mapeamento do de integração com Posada, mas ele
atendimento de residentes e não gostaria que houvesse, o que facilitaria a
residentes em Encarnación e em Posadas, transferência de pacientes para terapias
mesmo assim acreditam, os entrevistados, inexistentes no Paraguai. Então, sugere
ser uma proporção baixa de paraguaios melhorar a passagem na fronteira entre
que exigem atenção ocasional quando as duas cidades, pois relata dificuldades
visitam um parente. A razão pela qual os para transpor a fronteira. Não existe
paraguaios buscam atenção em saúde na demanda de usuários residentes na
cidade de Posadas deve-se à excelência Argentina ao serviço de saúde público de
dos serviços de saúde, ao fornecimento Encarnación.
de medicamentos, à existência de serviços
de maior nível de complexidade. Conclusões
Atravessando o Puente San Roque
González de Santa Cruz, a realidade Além de alguns pontos já
sanitária é bastante distinta. Alteram-se as referenciados, algumas conclusões
denominações dos serviços, os recursos se impõem por terem sido focos de
financeiros e o recursos humanos. O repetidas observações pelos gestores.
Secretário de Saúde local trabalha com Um dos destaques essenciais é
o Ministério da Saúde nacional, sendo o escasso conhecimento dos acordos
responsável pelos hospitais regionais e tratados do MERCOSUL e os
que fazem parte de um Conselho. Não binacionais/trilaterais. Este tema vem
são provedores diretos, mas coordenam sendo reiterado em estudos feitos em
todas as atividades de manutenção franjas fronteiriças e sinaliza para um
da infraestrutura, limpeza, e fazem o distanciamento entre os entes nacionais
controle de recursos humanos e serviços e subnacionais (Nogueira, Fagundes
de saúde. Encarnación tem um hospital & Pérez, 2011). Na esteira desta
regional que recebe a maior demanda. observação, também pode ser lembrada a
Quando o hospital não pode resolver, dificuldade dos entes subnacionais, com
o secretário administra as referências exceção da Argentina, de estabelecerem
correspondentes. acordos formais, permanecendo a
A percepção do gestor paraguaio forte ênfase, em alguns municípios,
coincide com a do argentino quanto de acordos informais, instituindo-se a
aos serviços solicitados com maior paradiplomacia como forma de resolver
frequência, os quais são de cuidado da demandas urgentes e inadiáveis. Estas
gravidez e de mulheres paraguaias que formas de acordo têm consequências
desejam ter seus filhos na Argentina. positivas imediatas, embora sua duração
Nos serviços públicos paraguaios, não permaneça à mercê da discricionariedade
há critérios de acessibilidade, todos são dos agentes locais. Identifica-se, no

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debate sobre a paradiplomacia, “[...] aspectos éticos, econômicos e políticos e


a necessidade da existência de regras relações com o governo federal, e “[...]
mínimas para a regulação de espaços tales relaciones involucran distintos tipos
internacionais comuns nos quais entes de actores, no todos residentes en los
subnacionais possam atuar sem ferir territórios [...]” (Barragán, 2015, p. 159).
o princípio da soberania dos Estados” As controvérsias em relação aos
(Abreu, 2013, p. 67). As iniciativas de critérios de acesso de nacionais e não
acordos sempre se referem a duas razões. nacionais aos serviços no campo da
A primeira é de ordem econômica, sendo saúde e proteção social foram frequentes,
a cooperação transfronteiriça uma das sinalizando a divergência, sendo o grau
maneiras de resolução de problemas de universalidade um ideal limitado
comuns, especialmente em educação, pelo fator econômico, embora afirmem
saúde e meio ambiente. A segunda razão os gestores, em plano discursivo, que o
reside na reiterada alegação de que os direito deve ser universal. Aparece como
governos centrais estão muito distantes um indicativo para a solução dessa questão
das prementes necessidades fronteiriças a urgência de debates e interlocuções
(Abreu, 2013, Benzatto & Prado, 2014). entre os municípios. Em síntese, apesar
O foco orçamentário é entendido da existência de vários acordos formais
como a grande limitação para a e do uso de estratégias informais para
cooperação entre os sistemas locais de o atendimento da área da saúde, o que
saúde, aliado à inexistência de regras se pode verificar é que os atores locais
consensuais no plano hierárquico são determinantes na implementação, ou
federal, para operacionalizar pagamentos não, aperfeiçoamento e manutenção, ou
por ações e serviços de saúde, tanto não, dos serviços prestados na área das
via recursos financeiros como troca de políticas de proteção social na fronteira.
serviços. Há uma tendência de os gestores Concluindo, as questões centrais
afirmarem que a predisposição para identificadas como limitantes da
integração é limitada devido à inexistência ampliação da cidadania social em saúde
de provisão orçamentária para custear nas fronteiras são as seguintes:
as ações e serviços de saúde destinadas
aos não nacionais. Este ponto esbarra - as experiências reconhecidas de
na dimensão organizacional dos Estados cooperação entre os sistemas de
Partes e implica pensar nas relações saúde decorrem de iniciativa dos
multiescalares entre os níveis de gestão, gestores e atores políticos locais,
cada uma com relativa autonomia técnica pressionando os níveis superiores
e financeira, múltiplos atores e tempos para reconhecimento e legalização
históricos distintos (Barragán, 2015). dos acordos ou para resolver
Compatibilizar as distinções em arranjos situações que fogem à sua alçada,
políticos democráticos é uma tarefa em como os registros de nascimento
aberto. O discurso dos gestores denota, e falecimento, por exemplo, ou
de forma compreensiva, a apreensão da formas de transferências monetárias
amplitude do setor saúde, envolvendo para custeio dos serviços;

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A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços: assimetrias e convergências na
atenção à saúde. Nogueira

- a demanda e a necessidade estão Barragán, F. M. (2015). Cooperación


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sujeitos a concepções ideológicas e Complementar ao Acordo para Permissão
políticas dos gestores locais. de Residência, Estudo e Trabalho a
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Agradecemos ao Instituto Social de novembro de 2008. Diário Oficial [da]
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A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços: assimetrias e convergências na
atenção à saúde. Nogueira

The social dimension of MERCOSUR in border spaces: assymetries and


convergences in healthcare

Abstract: The purpose of this article is to present the reality of local healthcare systems
at borders in terms of actions and services, needs, access and conditions of accessibility
for citizens and non-citizens. The approach to the borders in the study is due to the
lack of social indicators in the region, which is marked by high rates of inequality, poor
infrastructure and difficult access to goods and services that compose social citizenship
in healthcare. It presents the concrete similarities and differences in public protection in
healthcare in twin cities from the perception of administrators. The data was obtained
through semi-structured interviews with two large groups – users who are citizens and
those who are not. The research subjects were administrators from twin cities located
on the borders between Brazil and Argentina, Brazil and Uruguay, Brazil and Paraguay
and Argentina and Paraguay. The results point to differences in the actions and services
provided, fragile knowledge about the needs of non-citizens, an interest in cooperation
in healthcare and a lack of financial capacity to meet the needs. The conclusions
indicate the central role of administrators in the implementation of healthcare actions
and services and programmatic discontinuity as the greatest impediments to expanding
the guarantee to healthcare in transborder spaces.
Keywords: MERCOSUR, social dimensions, borders, healthcare policy.

Resumen biográfico
Vera Maria Ribeiro Nogueira
Graduação e Mestrado em Serviço Social, Doutorado em Enfermagem e Pós-
doutorado em Sociologia. Professora dos Programas de Pós-graduação em Serviço
Social da Universidade Federal de Santa Catarina e do Programa de Pós-graduação em
Política Social e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pelotas. Assessora ad
hoc do CNPq.

Como citar este artículo


Nogueira, V. M. R. (2018). A dimensão social do MERCOSUL em espaços fronteiriços:
assimetrias e convergências na atenção à saúde. Revista MERCOSUR de políticas
sociales, 2, 60-73. doi: 10.28917/ism.2018-v2-60

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