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Mestrando em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação pela Universidade Federal da Bahia
(UFBA), Mestre em Gestão Tecnológica pelo SENAI-CIMATEC, Bacharel em Administração pela UFBA, Bacharel em Ciências
Contábeis pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
2
Bacharelanda em Gênero e Diversidade pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bacharel em Ciências Contábeis pela
UFBA.
3
Bacharela em Biotecnologia pela Universidade Federal da Bahia. Graduanda em Fitoterapia EAD na Faveni.
4
Doutorado em Energia e Ambiente (UFBA). MBA em Marketing (FGV). Especialização em Engenharia de Processamento
Petroquímico (UFBA) Graduação em Engenharia Química (UFBA). Professora do Instituto de Ciências da Saúde (ICS-UFBA),
do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação (ProfNIT).
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Pós-Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial - PEI (UFBA). Doutor em Energia e Ambiente (UFBA).
Mestre em Regulação da Indústria de Energia (UNIFACS). Economista pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).
Docente Permanente do Mestrado em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação - PROFNIT (IFBA).
Professor do ensino técnico e superior do Instituto Federal da Bahia (IFBA).
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1. INTRODUÇÃO
Segundo Ratzel (1987) o território faz parte da essência do estado, sendo uma célula
soberana e com indivíduos no seu seio formando o povo e que são unidos devido ao
território comum, apresentando como característica a sua extensão, posição e
fronteiras. O território tem a capacidade de gerar raiz e identidade das pessoas que
se sintam inseridas nesse território. A sua definição é a seguinte: “O território é a base
primeira de qualquer identidade cultural. A partir dele constroem-se referentes
simbólicos e relatos históricos que permitem a um grupo humano compartilhar as
mesmas tradições e expressões culturais” (URRUTIA, 2009, p. 9).
O território foi criado pela Lei nº 12.630, de 14 de fevereiro de 2012, após o seu
desmembramento do Território de Identidade Extremo Sul, visando ter regiões
Os índices são cada vez mais utilizados como um instrumento balizador de políticas
públicas e de pesquisas sobre as desigualdades inerentes a cada município.
2. METODOLOGIA
A metodologia da pesquisa aplicada quanto aos objetivos foi do tipo exploratória, cuja
finalidade é proporcionar maior familiaridade com o problema e colaborar com o
aperfeiçoamento das ideias, permitindo um melhor entendimento e visão sobre o tema
estudado (GIL, 2017).
A abordagem foi do tipo qualitativa, pois visava a valorização das ideias, investigando
os fatos reais por meio de diferentes fontes, para dar maior credibilidade a pesquisa,
tendo como principal base os dados divulgados pela INCT.
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS
Território é derivado do latim terra e torium, significando terra que pertence a alguém
(CORREA, 1994). Para o professor Milton Santos território tem a seguinte definição
O território tem que ser entendido como o território usado, não o território em
si. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento
de pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho;
o lugar da residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida
(SANTOS, 1999, p. 7).
A identidade possui uma formação diversificada, podendo ser por meio da contagem
de histórias da cultura popular, baseada nas origens, tradição e valores, ou estar
relacionada com a ocupação e apropriação do território. Na análise da identidade são
verificados os diversos recortes – étnicos, culturais, religiosos, nacionais, sexuais,
camponeses, proletários, urbanos entre outros (PERICO, 2009; HALL, 2015).
O IDHM mostra o desenvolvimento social sem que este índice seja atrelado aos
fatores econômicos, pois os seus indicadores estão alinhados com as condições
relacionadas a qualidade de vida. Foi um índice criado pela ONU na década de 1990
e possui como os principais elementos de verificação a renda bruta per capita, a
expectativa de vida e o acesso à educação. A Figura 4 mostra que o Território de
Identidade da Costa do Descobrimento encontra-se entre o baixo e o médio
desenvolvimento humano.
Eunápolis e Itapebi, sendo que esse último é contraditório com os índices de pobreza
e GINI, entretanto, o município que apresenta a menor é Santa Cruz Cabrália, o que
também é um contrassenso quando se compara os índices de pobreza e GINI.
Quadro 4 - Valor adicionado do PIB e PIB per capita a preços correntes: Bahia, Território de
Identidade Costa do Descobrimento e em cada município no ano de 2017.
Valor adicionado (em milhões de R$)
O Quadro 4 mostra que o setor de serviço tem o maior percentual de valor agregado
com 65,66% do Valor Agregado Bruto (VAB), seguido do setor industrial com 23,96%
e agropecuária com 10,37%. O produto interno bruto (PIB) do território foi de 7,1
milhões de reais, representando 2,66% do estado da Bahia. Os municípios de Porto
Seguro e Eunápolis são os destaques no setor de serviço com respectivamente
52,09% e 34,15%. Em relação ao PIB, esses municípios também são destaques com
respectivamente 39,49% e 36,80%. No setor industrial os destaques são municípios
de Eunápolis e Itapebi, representando no território respectivamente 52,80% e 22,44%,
com destaque para a indústria de transformação manufatureira. No setor
agropecuário, os destaques territoriais são Eunápolis e Porto Seguro, com
respectivamente 20,19% e 17,85% (SEPLAN, 2017; IBGE, 2017).
O IBEU objetiva fazer a avaliação das dimensões relacionadas e que causem bem-
estar a população em uma determinada região, mensurando os serviços prestados
pelos entes públicos, tendo como parâmetro os dados que o IBGE disponibiliza e
encontram-se descritas no Quadro 4 (PINHEIRO et al, 2016).
A dimensão D1, relativa à mobilidade urbana possui apenas um indicador que diz
respeito ao deslocamento do trabalhador entre a sua residência e o local do trabalho.
É referente ao tempo de deslocamento gasto pelas pessoas que estão ocupadas no
trajeto de ida, considerando-se apenas o tempo gasto no deslocamento inferior a 1
hora, que pode ser considerado como adequado. A sua avaliação ficou entre boa e
muito boa nos municípios e as políticas públicas devem ser voltadas para a sua
manutenção como mostra o Gráfico 1. O município que teve a melhor avaliação foi do
município de Porto Seguro com 0,958. O índice mais baixa foi do município de
Belmonte com 0,899, porém a sua população urbana representa apenas 52,39%, o
que pode ter influenciado no índice.
D1
1,000 0,952 0,958
0,944 0,948 0,950
0,950 0,917 0,931
0,899
0,900
0,850
Belmonte Itabela Eunápolis Guaratinga Itapebi Itagimirim Santa Cruz Porto
Cabrália Seguro
Por ser um território com grande potencial turístico, o deslocamento é facilitado, com
tendência dos moradores residirem nas proximidades dos locais de trabalho,
composto de um grande contingente de hotéis e pousadas no centro (OLIVEIRA,
2016; IBEU, 2016).
D2
0,861 0,865 0,870 0,871 0,886 0,895 0,924
1,000 0,726
0,500
0,000
Itapebi Porto Eunápolis Belmonte Santa Cruz Guaratinga Itagimirim Itabela
Seguro Cabrália
que requer uma intervenção de melhoria, enquanto que Itapebi, Guaratinga, Itabela,
Porto Seguro, Belmonte, Eunápolis e Itagimirim encontram-se no patamar bom, o que
não requer uma intervenção de melhoria, mas a preservação desse índice e talvez
melhorá-lo como mostra o Gráfico 3.
D3
0,900 0,852
0,814 0,818 0,833
0,850 0,803 0,810 0,810
0,779
0,800
0,750
0,700
Santa Cruz Itapebi Guaratinga Itabela Porto Belmonte Eunápolis Itagimirim
Cabrália Seguro
requer política pública apenas para a manutenção do seu índice, porém, o município
de Itagimirim encontra-se no patamar muito bom, o que pode servir de parâmetro para
os outros municípios e também requer políticas públicas de manutenção como mostra
o Gráfico 4.
D4
0,841 0,876 0,930
1,000 0,719 0,803
0,581 0,671
0,561
0,500
0,000
Itabela Itapebi Eunápolis Santa Cruz Porto Belmonte Guaratinga Itagimirim
Cabrália Seguro
Nessa dimensão existem três municípios posicionados como ruim, sendo que o
município Itabela apresenta o pior índice de 0,561. Esses municípios representam
37,50% do total dos municípios.
Na condição média existe apenas o município de Santa Cruz Cabrália com um índice
de 0,719, o que representa 12,50% do total dos municípios (IBEU, 2016).
No patamar bom encontram-se três municípios, sendo que Porto Seguro está pior
posicionado, com um índice de 0,803. Os municípios representam 37,50% do total de
municípios (IBEU, 2016).
A média geral dessa dimensão é 0,748, o que coloca o território no patamar regular,
onde as políticas públicas devem ser voltadas para a melhoria do índice.
de lobo, rampa para cadeirantes e logradouros. A sua avaliação fica entre muito ruim
e ruim, o que vai requerer intervenções dos órgãos públicos para minorar essa
situação como pode ser visto no Gráfico 5. O pior índice é do município é Itabela e o
que possui o maior índice é Itagimirim.
D5
1,000 0,689
0,362 0,444 0,461
0,500 0,277 0,333 0,352
0,235
0,000
Itabela Itapebi Santa Cruz Porto Eunápolis Guaratinga Belmonte Itagimirim
Cabrália Seguro
A média geral dessa dimensão é 0,394, o que coloca o território no patamar péssimo,
onde as políticas públicas devem ser voltadas para modificar essa infraestrutura do
território.
A região composta com 8 municípios não apresenta nenhum município no índice geral
nas extremidades, nem no quesito muito bom ou ótimo, que varia de 0,901 a 1,00 e
no quesito muito ruim ou péssimo, que varia de 0,00 a 0,500 (IBEU, 2016).
Desse conjunto, existem 25,00% correspondem ao nível ruim de bem-estar e equivale
a dois municípios, enquanto que 62,50% estão na média, equivalente a cinco
municípios, e apenas 12,50% está na categoria bom, equivalendo a um município
(IBEU, 2016).
IBEU
1,000 0,757 0,778 0,792 0,863
0,667 0,689 0,731 0,732
0,500
0,000
Itapebi Itabela Santa Cruz Eunápolis Porto Belmonte Guaratinga Itagimirim
Cabrália Seguro
O pior índice foi do município de Itapebi, que possui a maior renda per capita do
território, é o segundo pior no índice IDH-M, se constitui no segundo município em
valor adicionado do setor industrial, possui o quarto maior PIB, tem uma área territorial
de 1.013,074 km², é o segundo menos populoso e uma economia baseada na indústria
manufatureira (IBEU, 2016, IBGE, 2017).
O município de Itabela tem o quinto maior PIB, tem o segundo pior PIB per capita, é o
quarto pior no índice IDH-M, é o quarto maior valor adicionado no setor de serviços, o
quinto no setor de indústria e o quarto no setor do agronegócio. Possui uma área de
924,914 km² e o terceiro município mais populoso (IBEU, 2016, IBGE, 2017).
A média geral dessa dimensão é 0,751, o que coloca o território no patamar regular,
onde as políticas públicas devem ser voltadas para melhorar a qualidade de vida da
população.
O Quadro 6 faz uma distribuição ponderada por níveis de bem-estar urbanos segundo
o índice IBEU Local.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O índice IBEU mostra que existe uma desigualdade entre os municípios do Território
de Identidade Costa do Descobrimento, o que vai necessitar de implementação de
políticas públicas para atender o interesse da comunidade e aumentar o grau de
satisfação da população, além de influenciar na melhoria da qualidade de vida.
O município que apresentou o pior índice IBEU foram Itapebi e Itabela, o que requer
dos governantes a aplicação de mais recursos para que ocorra uma melhoria
substancial e também contribua para a elevação em um patamar próximo dos outros
municípios.
Todos os municípios estão com índices péssimo ou ruim na dimensão D5, relativa à
infraestrutura, para a qual há necessidade de intervenção dos entes públicos,
principalmente nas partes relativas à iluminação, com repercussão na segurança da
população; a parte relativa à pavimentação, para melhorias nos deslocamentos das
pessoas por veículo motorizado ou não e também a pé. As calçadas também
melhorarão o deslocamento das pessoas e contribui para a segurança no tráfego. A
identificação dos logradouros irá facilitar o recebimento de correspondência e o
acesso de outras pessoas. A construção de rampas para cadeirantes irá facilitar a vida
das pessoas que tem dificuldade de locomoção e também dos idosos que não tem
uma mobilidade facilitada devido à idade.
REFERÊNCIAS
FISCHER, F.; MILLER, G. J.; SIDNEY, M. S. (Ed.). Handbook of public policy analysis:
theory, politics, and methods. Boca Raton: CRC Press, 2007. Disponível em:
<https://bit.ly/2B4MXJH>. Acesso em: 12 jun. 2020.
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2017.
ONU. Organização das Nações Unidas. ONU prevê que cidades abriguem 70% da
população mundial até 2050. ONU News. 19 fev. 2019. Disponível em:
<https://bit.ly/2HRZRic> Acesso em: 30 jun. 2020.
SIMON, C. A. Public policy: preferences and outcomes. 2 ed. New York: Routledge,
2016. Disponível em: <https://bit.ly/3e8e59i>. Acesso em: 12 jun. 2020.