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Mercado cultural, formatos de captação e parcerias

Aula 4: Políticas públicas e o fomento à cultura no Brasil

Apresentação
Abordaremos nesta aula o cenário das atuais políticas públicas de fomento à cultura e o acesso a produtos culturais no
Brasil. Veremos, em termos nacionais e regionais, como se estabelece o acesso à produção e ao desenvolvimento da
cultura no país por intermédio dessas políticas.

Objetivo
De nir o conceito de políticas públicas;

Examinar o cenário de política pública e fomento à cultura no Brasil;

Discutir sobre o acesso à produção cultural brasileira.

Primeiras palavras

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As políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades que o


poder público desenvolve de forma direta ou indireta, devendo assegurar os
direitos para todos os cidadãos, as comunidades e os segmentos sociais,
culturais, étnicos ou econômicos.
A Constituição Brasileira nos assegura vários direitos que muitas vezes não são respeitados. O certo é que estejamos sempre
nos assegurando que nossos direitos serão atendidos e respeitados conforme parte das políticas públicas que já existem.
Quando eles não existem, é necessário que a sociedade se organize de alguma forma para estabelecer programas que os
atendam de forma plena.

Como exemplos de políticas públicas que já existem, temos


a educação e a saúde com sistemas nacionais
implantados em pleno desenvolvimento. Nestes
segmentos, resta à sociedade scalizar e cobrar que todos
os programas que já existam tenham sido de fato
implantados e funcionem em todas as instâncias e
territórios, desde a municipal até a federal.

Dos programas já instituídos, poucos deles são de fato


reconhecidos e validados pelos setores públicos. A vida
acontece na cidade, no município, e é papel do gestor
público reconhecer e fomentar as políticas públicas. A
educação, a saúde, a cultura e as ações ambientais não
acontecem na União e tampouco no Estado, e sim no
âmbito da cidade, sob a responsabilidade de prefeitos e
secretários dos municípios, que devem estar atentos às
suas utilizações. (Fonte: Shutterstock)

Como nós, cidadãos, podemos colaborar para esses programas?

A primeira coisa a ser feita é conhecer tais políticas a m de se ter base para cobrar do poder público do seu município o
andamento e a aplicação da legislação, conforme o caso. As políticas públicas, em geral, são formuladas por iniciativa do
poder executivo ou do legislativo, que agem juntos ou separadamente, mas não fazem nada por livre e espontânea vontade:
eles precisam ser provocados por demandas e propostas da sociedade.

É por meio dos conselhos municipais que essa participação acontece e é validada. Por meio dessas instituições, o cidadão
pode propor, colaborar e trabalhar para que as políticas públicas sejam implantadas. Política pública é lei e precisa ser
cumprida. E é dever de cada um de nós fazer a diferença por meio desses mecanismos.

Política pública para área de cultura: a importância do Sistema


Nacional de Cultura
Apesar da evolução da gestão cultural no Brasil, seus maiores desa os são:

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Assegurar a continuidade das políticas públicas de cultura Viabilizar estruturas organizacionais e recursos nanceiros
como políticas de Estado, com um nível cada vez mais e humanos em todos os níveis de governo, compatíveis
elevado de participação e controle social com a importância da cultura para o desenvolvimento do
país

A cultura é hoje concebida em todo o mundo como base de qualquer tipo de desenvolvimento, inclusive o econômico. No
Brasil, a Constituição de 1988, em seu artigo 215, garante a todos os brasileiros o pleno exercício dos direitos culturais e o
acesso às fontes da cultura nacional. Assim, tratar a cultura na sua dimensão mais ampla como instrumento de construção
da identidade de um povo, como condição de vida e como exercício de cidadania é uma responsabilidade de Estado que um
país precisa assumir.

As políticas públicas na área cultural têm grande desa o pela complexidade e diversidade dos temas a serem tratados. Não
basta apenas garantir a fruição dos bens culturais, cabe às políticas estatais, nos seus diversos níveis, criar condições para a
organização de um sistema de gestão da cultura estabelecendo elementos que ampliem o acesso aos bens culturais. Isso
signi ca debater a qualidade de nosso meio ambiente cultural no âmbito das cidades como um ponto fundamental no
contexto da discussão entre o local e o global.

As políticas públicas locais têm um papel central, na qual a cidade é o território do diálogo entre os diferentes e do respeito à
pluralidade cultural. Da mesma forma que se busca a universalização da oferta de educação é preciso que se trabalhe pelo
acesso irrestrito aos bens culturais.

Um sistema universalizado de gestão da cultura deve


acolher como elementos-chave a criação dos conselhos de
cultura, dos fundos de cultura e das formas de participação
democrática e descentralizada dos produtores culturais e
das comunidades em geral, além da atuação autônoma e
articulada das três esferas de governo. Com isso,
estabelecem-se as bases para implantar os componentes
das políticas culturais: formação, criação, produção,
distribuição, consumo, conservação e fomento.

A partir desses elementos centrais, é possível pensar as


políticas culturais como estratégias voltadas para o
desenvolvimento cultural e econômico do país, para a
garantia do direito de acesso aos bens culturais como
prerrogativa essencial da população na construção da
cidadania e para a defesa da diversidade cultural e das
(Fonte: Shutterstock)
identidades culturais locais frente à Globalização.

Saiba mais

Cartilha do Sistema Nacional de Cultura para os municípios.


Um dos pontos principais deste sistema é a aplicação progressiva de recursos públicos para a área da cultura. Entre os
objetivos, o aprimoramento da gestão compartilhada de políticas públicas de cultura, entre municípios, estados, Distrito
Federal e União, bem como a universalização do acesso à produção cultural, a descentralização da gestão e a ampliação da
função de agentes culturais. Além disso, o SNC pretende ser democrático e exível, sendo capaz de promover uma mudança
qualitativa na gestão pública da cultura em todos os níveis de governo.

O plano para o SNC ressalta o papel regulador e fomentador do Estado, a rmando sua missão de valorizar, reconhecer,
promover e preservar a diversidade cultural existente no Brasil. Aos governos e às suas instituições, cabem, em diálogo com a
sociedade civil:

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Formulação de políticas públicas Diretrizes

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Planejamento Implementação

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Acompanhamento Avaliação

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Monitoramento Fiscalização das ações, projetos e


programas na área cultural

Sendo assim, o Sistema Nacional de Cultura (SNC), orienta a instituição de marcos legais e instâncias de participação social,
o desenvolvimento de processos de avaliação pública, a adoção de mecanismos de regulação e indução do mercado e da
economia da cultura, assim como a territorialização e a nacionalização das políticas culturais.

Para atingir os seus objetivos o SNC propõe um modelo de gestão com os seguintes componentes:
 Dados do relatório SNC 2011. (Fonte: BRASIL, 2011.)
O que caracteriza cada um desses componentes:

Órgão Gestor da Cultura é a instituição pública responsável pela coordenação do Sistema de Cultura e pela
execução das políticas da área cultural. No nível nacional, é o Ministério da Cultura, no nível estadual, as Secretarias
Estaduais de Cultura (ou órgão equivalente), e no nível municipal, as Secretarias Municipais de Cultura (ou órgão
equivalente).

Conselho de Política Cultural é uma instância colegiada permanente, de caráter consultivo e deliberativo,
constituído por membros do Poder Público e da Sociedade Civil. Tem como principais atribuições: propor e aprovar,
a partir das decisões tomadas nas conferências, as diretrizes gerais do Plano de Cultura e acompanhar sua
execução; aprovar as diretrizes gerais do Sistema de Financiamento à Cultura e acompanhar seu funcionamento,
em especial o Fundo de Cultura; e scalizar a aplicação dos recursos recebidos decorrentes das transferências
federativas. O conselho deve ser composto de pelo menos 50% de representantes da Sociedade Civil, eleitos
democraticamente pelos respectivos segmentos, e ser instituído em todas as instâncias da Federação (União,
estados, municípios e Distrito Federal).

Conferência de Cultura é a reunião realizada periodicamente entre o Poder Público e a Sociedade Civil, encarregada
de avaliar as políticas culturais e a conjuntura cultural e propor diretrizes para o Plano de Cultura.

Comissões Intergestores são instâncias de negociação e operacionalização do Sistema Nacional de Cultura.


Existem dois tipos: Comissão Intergestores Tripartite (CIT), organizada no Plano Nacional e que tem a participação
de representantes de gestores públicos dos três entes da Federação (União, estados e municípios) e Comissões
Intergestores Bipartites (CIBs), organizadas no Plano Estadual e que têm a participação de representantes dos
gestores públicos dos estados e municípios. As principais funções dessas comissões são: promover a articulação
entre os entes da federação, estabelecer em cada programa, projeto ou ação comum, as atribuições, competências
e responsabilidades de cada um referentes à implantação dos programas.

Plano de Cultura é um instrumento de gestão, no qual o Poder Público assume a responsabilidade de implantar
políticas culturais que ultrapassem os limites de uma única gestão de governo. O Plano estabelece estratégias,
metas, de ne prazos e recursos necessários à sua implementação. Os Planos Nacional, Estaduais e Municipais
devem ter correspondência entre si e ser encaminhados pelo Executivo para aprovação dos respectivos Poderes
Legislativos (Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores), a m de que, transformados
em leis, adquiram a estabilidade de políticas de Estado.

Sistema de Financiamento à Cultura é o conjunto dos instrumentos de nanciamento público da cultura, tanto
para as atividades desenvolvidas pelo Estado, como para apoio e incentivo a programas, projetos e ações culturais
realizadas pela sociedade. Podem ser de quatro tipos: Orçamento Público (reembolsável e não-reembolsável), fundo
(reembolsável e não-reembolsável); incentivo scal e investimento (reembolsável). Os recursos dos Orçamentos
Públicos destinam-se, principalmente, para custeio da máquina pública (como pagamento de pessoal e
manutenção de equipamentos culturais), realização das atividades da programação cultural e implementação da
infraestrutura cultural (centros culturais, teatros, museus, bibliotecas etc.). Os fundos aplicam recursos diretamente
na execução ou no apoio a programas, projetos e ações culturais. No SNC os fundos se constituem no principal
mecanismo de nanciamento e funcionam em regime de colaboração e co nanciamento entre os entes federados,
sendo que os recursos para os estados e municípios deverão ser transferidos fundo a fundo, conforme prevê o
Projeto de Lei 6.722/2010 que estabelece o Pro cultura – Programa de Fomento e Incentivo à Cultura. O incentivo
scal é feito por meio da renúncia scal, pela qual os governos abrem mão de receber parcela dos impostos de
contribuintes dispostos a nanciar a cultura. Na próxima aula abordaremos quais leis de incentivos scais existem
no país.
Sistema de Informações e Indicadores Culturais é o conjunto de instrumentos de coleta, organização, análise e
armazenamento de dados a respeito da realidade cultural sobre a qual se pretende atuar. Por meio deste sistema é
possível planejar e executar com maior precisão programas e projetos culturais. Os indicadores podem ser
qualitativos e quantitativos. Os primeiros são coletados em documentos e entrevistas abertas, e, em geral são
expressos por meio de palavras, através de documentos ou questionários fechados. Estes dados alimentam os
indicadores, que são medidas permanentes cujo objetivo é sinalizar tendências. O desejável é que os sistemas
Nacional, Estaduais e Municipais de informações e indicadores sejam conectados e constantemente atualizados
para permitir a construção de uma base de dados, pela qual seja possível avaliar as políticas ao longo do tempo, sua
evolução ou eventual retrocesso. Dessa forma é possível corrigir rumos e incrementar ações bem sucedidas.

Programa de Formação na Área da Cultura é o conjunto de iniciativas de quali cação de agentes públicos e
privados envolvidos com a gestão cultural, a formulação e a execução de programas e projetos culturais. A
formação de pessoal é estratégica, pois a gestão cultural é uma área que ainda sente a falta de pro ssionais com
conhecimento e capacitação. É preciso uma rede nacional de formação na área da cultura, com base no
mapeamento de instituições que oferecem cursos de política e gestão cultural no Brasil.

Sistemas Setoriais de Cultura são subsistemas do SNC que se estruturam para responder com maior e cácia à
complexidade da área cultural. Em geral, a necessidade de criar subsistemas – como os de bibliotecas, museus, do
patrimônio cultural, e outros – surge nos lugares onde as demandas especí cas se ampliam de forma que é preciso
organizar estruturas próprias para seu atendimento. A expansão das políticas culturais no país leva à criação nos
municípios de sistemas setoriais que, à medida que forem sendo instituídos, devem se conectar de forma federativa
aos respectivos subsistemas estaduais e nacional.

Fonte: BRASIL, 2010-A.


É importante destacar ainda que, de acordo com a lei do PNC, compete ao poder público:

I - Formular políticas públicas e programas que conduzam à efetivação dos objetivos, diretrizes e metas do Plano;

II - Garantir a avaliação e a mensuração do desempenho do Plano Nacional de Cultura e assegurar sua efetivação
pelos órgãos responsáveis;

III - Fomentar a cultura de forma ampla, por meio da promoção e difusão, da realização de editais e seleções
públicas para o estímulo a projetos e processos culturais, da concessão de apoio nanceiro e scal aos agentes
culturais, da adoção de subsídios econômicos, da implantação regulada de fundos públicos e privados, entre outros
incentivos, nos termos da lei;

IV - Proteger e promover a diversidade cultural, a criação artística e suas manifestações e as expressões culturais,
individuais ou coletivas, de todos os grupos étnicos e suas derivações sociais, reconhecendo a abrangência da
noção de cultura em todo o território nacional e garantindo a multiplicidade de seus valores e formações;

V - Promover e estimular o acesso à produção e ao empreendimento cultural; a circulação e o intercâmbio de bens,


serviços e conteúdos culturais; e o contato e a fruição do público com a arte e a cultura de forma universal;

VI - Garantir a preservação do patrimônio cultural brasileiro, resguardando os bens de natureza material e imaterial,
os documentos históricos, acervos e coleções, as formações urbanas e rurais, as línguas e cosmologias indígenas,
os sítios arqueológicos pré-históricos e as obras de arte, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência aos valores, identidades, ações e memórias dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira;

VII - Articular as políticas públicas de cultura e promover a organização de redes e consórcios para a sua
implantação, de forma integrada com as políticas públicas de educação, comunicação, ciência e tecnologia, direitos
humanos, meio ambiente, turismo, planejamento urbano e cidades, desenvolvimento econômico e social, indústria e
comércio, relações exteriores, dentre outras;

VIII - Dinamizar as políticas de intercâmbio e a difusão da cultura brasileira no exterior, promovendo bens culturais e
criações artísticas brasileiras no ambiente internacional; dar suporte à presença desses produtos nos mercados de
interesse econômico e geopolítico do País;

IX - Organizar instâncias consultivas e de participação da sociedade para contribuir na formulação e debater


estratégias de execução das políticas públicas de cultura;

X - Regular o mercado interno, estimulando os produtos culturais brasileiros com o objetivo de reduzir
desigualdades sociais e regionais, pro ssionalizando os agentes culturais, formalizando o mercado e quali cando
as relações de trabalho na cultura, consolidando e ampliando os níveis de emprego e renda, fortalecendo redes de
colaboração, valorizando empreendimentos de economia solidária e controlando abusos de poder econômico;

XI - Coordenar o processo de elaboração de planos setoriais para as diferentes áreas artísticas, respeitando seus
desdobramentos e segmentações, e para os demais campos de manifestação simbólica identi cados entre as
diversas expressões culturais e que reivindiquem a sua estruturação nacional;
XII - Incentivar a adesão de organizações e instituições do setor privado e entidades da sociedade civil às diretrizes e
metas do Plano Nacional de Cultura por meio de ações próprias, parcerias, participação em programas e integração
ao Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais - SNIIC.
§ 1º - O Sistema Nacional de Cultura - SNC, criado por lei especí ca, será o principal articulador federativo do PNC,
estabelecendo mecanismos de gestão compartilhada entre os entes federados e a sociedade civil.
§ 2º - A vinculação dos Estados, Distrito Federal e Municípios às diretrizes e metas do Plano Nacional de Cultura far-
se-á por meio de termo de adesão voluntária, na forma do regulamento.
§ 3º - Os entes da Federação que aderirem ao Plano Nacional de Cultura deverão elaborar os seus planos decenais
até 1 (um) ano após a assinatura do termo de adesão voluntária.
§ 4º - O Poder Executivo federal, observados os limites orçamentários e operacionais, poderá oferecer assistência
técnica e nanceira aos entes da federação que aderirem ao Plano, nos termos de regulamento.
§ 5º - Poderão colaborar com o Plano Nacional de Cultura, em caráter voluntário, outros entes, públicos e privados,
tais como empresas, organizações corporativas e sindicais, organizações da sociedade civil, fundações, pessoas
físicas e jurídicas que se mobilizem para a garantia dos princípios, objetivos, diretrizes e metas do PNC,
estabelecendo termos de adesão especí cos.
§ 6º - O Ministério da Cultura exercerá a função de coordenação executiva do Plano Nacional de Cultura - PNC,
conforme esta Lei, cando responsável pela organização de suas instâncias, pelos termos de adesão, pela
implantação do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais - SNIIC, pelo estabelecimento de metas,
pelos regimentos e demais especi cações necessárias à sua implantação.

Fonte: BRASIL, 2010-B, art. 3º, II.

Esta lei que regulamenta o SNC de ne que os Sistemas Estaduais de Cultura tenham, no mínimo, cinco componentes:

 Dados do relatório SNC 2011. (Fonte: BRASIL, 2011.)


A Lei nº 12.343, de 2 de dezembro de 2010, deixa ainda mais claro e estabelecido que compete ao Estado:

Formular políticas públicas, identi cando as áreas estratégicas de desenvolvimento sustentável e inserção
geopolítica no mundo contemporâneo, respeitando os diferentes agentes culturais, atores sociais, formações
humanas e grupos étnicos.

Quali car a gestão cultural, otimizando a alocação dos recursos públicos e buscando a complementaridade com o
investimento privado, garantindo a e cácia e a e ciência, bem como o atendimento dos direitos e a cobrança dos
deveres, permitindo maior pro ssionalização e melhorando o atendimento das demandas sociais.

Fomentar a cultura de forma ampla, estimulando a criação, produção, circulação, promoção, difusão, acesso,
consumo, documentação e memória, também por meio de subsídios à economia da cultura, mecanismos de crédito
e nanciamento, investimento por fundos públicos e privados, patrocínios e disponibilização de meios e recursos.

Proteger e promover a diversidade cultural, reconhecendo a complexidade e abrangência das atividades e valores
culturais em todos os territórios, ambientes e contextos populacionais, buscando dissolver a hierarquização entre
alta e baixa cultura, cultura erudita, popular ou de massa, primitiva e civilizada, e demais discriminações ou
preconceitos.

Ampliar e permitir o acesso compreendendo a cultura a partir da ótica dos direitos e liberdades do cidadão, sendo
o Estado um instrumento para efetivação desses direitos e garantia de igualdade de condições, promovendo a
universalização do acesso aos meios de produção e fruição cultural, fazendo equilibrar a oferta e a demanda
cultural, apoiando a implantação dos equipamentos culturais e nanciando a programação regular destes.

Preservar o patrimônio material e imaterial, resguardando bens, documentos, acervos, artefatos, vestígios e sítios,
assim como as atividades, técnicas, saberes, linguagens e tradições que não encontram amparo na sociedade e no
mercado, permitindo a todos o cultivo da memória comum, da história e dos testemunhos do passado.

Ampliar a comunicação e possibilitar a troca entre os diversos agentes culturais, criando espaços, dispositivos e
condições para iniciativas compartilhadas, o intercâmbio e a cooperação, aprofundando o processo de integração
nacional, absorvendo os recursos tecnológicos, garantindo as conexões locais com os uxos culturais
contemporâneos e centros culturais internacionais, estabelecendo parâmetros para a globalização da cultura.

Difundir os bens, conteúdos e valores oriundos das criações artísticas e das expressões culturais locais e nacionais
em todo o território brasileiro e no mundo, assim como promover o intercâmbio e a interação desses com seus
equivalentes estrangeiros, observando os marcos da diversidade cultural para a exportação de bens, conteúdos,
produtos e serviços culturais.

Estruturar e regular a economia da cultura, construindo modelos sustentáveis, estimulando a economia e


formalizando as cadeias produtivas, ampliando o mercado de trabalho, o emprego e a geração de renda,
promovendo o equilíbrio regional, a isonomia de competição entre os agentes, principalmente em campos onde a
cultura interage com o mercado, a produção e a distribuição de bens e conteúdos culturais internacionalizados.

Fonte: BRASIL, 2010-B.


Ainda assim, não é só apenas com leis que distribuem deveres e de nem direitos à população de acesso à cultura que
fazemos rodar o cenário que movimenta a economia da cultura no nosso país e a preservação da nossa história. É
necessário e fundamental que o Estado exerça, dentro das suas responsabilidades, as funções de:

Compartilhamento de responsabilidades e a cooperação entre os entes federativos; Instituição e atualização de marcos


1 legais; a criação de instâncias de participação da sociedade civil.

2 Cooperação com os agentes privados e as instituições culturais.

3 Relação com instituições universitárias e de pesquisa.

4 Disponibilização de informações e dados quali cados.

5 Territorialização e a regionalização das políticas culturais.

6 Atualização dos mecanismos de fomento, incentivo e nanciamento à atividade cultural.

7 Construção de estratégias culturais de internacionalização e de integração em blocos geopolíticos e mercados globais.

Mas nada adianta estas tentativas de regulamentação do setor, se a sociedade também não zer seu papel de cobrar pelos
seus direitos constitucionais e fazer valer o seu direito de cidadão de acesso e preservação da nossa cultura nacional.

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Atividade
1 - Descreva em breves palavras o seu entendimento do que são políticas públicas.

2 - O Sistema Nacional de Cultura orienta a instituição de marcos legais e instâncias de participação social, assim como a
territorialização das políticas culturais. Quantos são o os componentes que organizam a gestão cultural?

Referências
4 - Descreva o que é Plano de Cultura:

BRASIL. Cartilha do Sistema Nacional de Cultura para os municípios. jun. 2010-A. Disponível em:
https://pt.slideshare.net/secretariacult/cartilha-do-sistema-nacional-de-cultura. Acesso em: 23 ago. 2019.

BRASIL. Guia de orientações para os estados sistema nacional de cultura. Conselho Nacional de Política Cultural Secretaria
de Articulação Institucional. dez. 2011.

BRASIL. Lei nº 12.343, de 2 de dezembro de 2010-B. Institui o Plano Nacional de Cultura – PNC, cria o Sistema Nacional de
Informações e Indicadores Culturais – SNIIC e dá outras providências. Disponível em: http://pnc.cultura.gov.br/lei-do-plano/.
Acesso em: 23 ago. 2019.

PAIVA, Paulo. Políticas Públicas no Brasil. Uma Abordagem Institucional. São Paulo: Saraiva, 2017.

SECCHI, Leonardo. Análise de políticas públicas: Diagnóstico de problemas, recomendação de soluções. São Paulo:
Cengage Learning, 2016.

Próxima aula

Leis de incentivos existentes no país;

A importância das leis e o papel do Estado;

Utilização das leis na área cultural.

Explore mais

Gastos sociais do Governo Central: classi cação dos gastos tributários;

Lollapalooza

Balanço da Lei Roaunet;

Leonardo Secchi explica o que são políticas públicas.

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