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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


CAMPUS UNIVERSITÁRIO PROF. ANTÔNIO GARCIA FILHO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE
HABILIDADES E ATITUDES EM SAÚDE

SOFIA CISNEIROS ALVES DE OLIVEIRA

FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA NO BRASIL

LAGARTO
2020
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A aprovação da nova LDB, em 1996, levou à elaboração de Diretrizes Curriculares


Nacionais (DCN) baseadas em competências necessárias para os médicos atuarem frente às
novas tecnologias e para enfrentarem os desafios do desenvolvimento do SUS. Analisar a
implantação das DCN na Prática de Ensino na Comunidade na Universidade Federal de
Sergipe, Campus Lagarto, verificando as características da formação dos profissionais de
Medicina, foi o objetivo deste trabalho.
A visão integral da saúde equilibra a técnica e a relevância social, além de valorizar
tecnologias pedagógicas desenvolvidas na área da educação para aperfeiçoar o processo
ensino-aprendizagem em adultos. Tais inovações pretendem, por um lado, enfrentar o
esgotamento do modelo flexneriano na formação de profissionais e, por outro, construir o
novo padrão da integralidade.
Nesse sentido, a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos
da área da saúde em geral, e especificamente dos cursos de graduação em Medicina, pode ser
considerada resultado de uma importante mobilização dos educadores da área da saúde no
país e entendida como reflexo das tendências internacionais que propõem inovações na
formação dos profissionais de saúde. Do mesmo modo, o ensino da PEC tem como propósito
a formação voltada para a atuação e defesa de um sistema de saúde universal, resoluto,
equânime e que assegure o direito à saúde à população brasileira.
A partir dessa configuração, ficou evidente a necessidade de profissionais com uma
formação que compreenda a integralidade dos cuidados demandados pela população e que
inclua novas tecnologias. Dessa forma, as DCN propõem um perfil profissional com uma boa
formação geral, humanista, crítico e reflexivo, capacitado a atuar de uma outra perspectiva da
assistência, que utilizem metodologias de ensino-aprendizagem centradas no estudante.
A PEC tem, como cenário de prática, o território no contexto da Estratégia Saúde da
Família (ESF) e busca o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes a partir da
compreensão da determinação histórica, política e social do processo saúde-doença-cuidado,
ou seja, ela está pautada na integralidade ao analisar a saúde dos indivíduos da comunidade, o
que está descrito no artigo 3º como: “O curso de graduação em medicina tem como perfil do
formando egresso/profissional o médico, com formação generalista, humanista, crítica e
reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em
seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e
reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de
responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do
ser humano”.
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As DCN também vieram ao encontro das necessidades do Sistema Único de Saúde


(SUS), estruturado a partir de uma ampla rede de atenção básica relacionando-se com serviços
de outros graus de complexidade. O ensino da Prática de Ensino na Comunidade propõe a
inserção precoce do estudante em atividades de campo na rede de Atenção Primária à Saúde
do município, o que possibilita o conhecimento da estrutura de saúde local e a identificação
das necessidades de saúde da comunidade.
Logo, como os conteúdos trabalhos na PEC vão desde a legislação básica do Sistema
Único de Saúde (SUS), a organização da APS e da Estratégia de Saúde da Família, as
atribuições da equipe, o gerenciamento, programação até a avaliação das ações e serviços, ela
está de acordo com o que foi apontado no parágrafo único do artigo 5º: “Com base nestas
competências, a formação do médico deverá contemplar o sistema de saúde vigente no país, a
atenção integral da saúde num sistema regionalizado e hierarquizado de referência e contra-
referência e o trabalho em equipe”.
Um aluno PEC deve ser capaz de compreender a (s) metodologia(s) participativa(s)
que potencializa(m) a mudança e o empoderamento de indivíduos e comunidades, no
enfrentamento dos Determinantes Sociais da Saúde (DSS), ao passo que problematiza a
realidade de um território de saúde e compreende a importância da Determinação Social, no
âmbito da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde. Essas metodologias
participativas desenvolvem as o perfil do aluno médico descrito no artigo 4º: competências e
habilidades gerais em seis áreas, atenção à saúde; tomada de decisões; comunicação;
liderança; administração e gerenciamento, e educação permanente.
Portanto, as comparações realizadas mostram que a disciplina da PEC cumpre os
princípios, os fundamentos e as finalidades da formação em Medicina proposta pela DCN, já
que a dinâmica das atividades acadêmicas, com as metodologias ativas de ensino-
aprendizagem, não constroem um simples “desenho estrutural” da prática de ensino, mas
forma um aluno que constrói ativamente o seu próprio conhecimento e passa a ser um agente
modificador da realidade em que está atuando. As experiências proporcionadas podem mudar
a compreensão, o aprendizado, as atitudes e o comportamento de cada membro de um grupo,
o que promove não só o domínio cognitivo do conhecimento, mas também uma consciência
crítica dos fatos.

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