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Se Tarsila do Amaral pudesse recriar seu quadro “Os Operários” para representar os

dias atuais, certamente, ela não representaria a massa trabalhadora mas, sim, uma
legião de brasileiros que nem trabalham, nem estudam. São cerca de 11,6 milhões de
jovens que fazem parte da geração “nem-nem” do Brasil, conforme G1. De fato, a
maior parte deles não trabalha pela falta qualificação e não estuda porque a escola
não é atrativa.

De início, sem ou com baixa formação, a geração nem-nem não consegue entrar no
mercado de trabalho. Isso dá, porque, em um sistema cada vez mais competitivo, esse
parâmetro é essencial na busca de um emprego e, sem ele, o trabalho é raro e
precário. Em análise, esses jovens desqualificados tornam-se, infelizmente,
“Refugos Humanos”- conceito do sociólogo Zygmunt Bauman, são pessoas que não
conseguiram acompanhar as exigências do mundo moderno e são, por isso, excluídas.
Tal problema poderia ser combatido pelo papel das empresas no empreendedorismo
social, o qual seria responsável por resgatar os indivíduos da condição de refugo
ao os reinserir no mercado. Por exemplo, em Londres, na empresa social “The
People’s Supermarket” (O Supermercado do Povo) as pessoas desempregadas
viram membros do negócio ao oferecem horas de trabalho voluntário e, assim, ganham,
dentre outros benefícios, o direito a descontos nas compras.

pus um indício de intervenção para por o repertório prático!

Ademais, a geração nem-nem, lamentavelmente, não estuda devido à falta de


interesse: pesquisa da Folha de São Paulo mostrou que cerca de 50% dos jovens não
têm aspiração ou predisposição para voltar aos estudos. Esse desinteresse, em
geral, vem da extensa grade de conteúdos - muitos deles desnecessários e alheios à
realidade de quem os estuda - associada à passividade dos alunos no processo, que é
resumido a escutar o professor. Contrário a esse modo de educar, o filósofo John
Dewey afirma que o ensino deve unir os conteúdos às habilidades e às vidas dos
estudantes. Ou seja, uma educação interessante, que faria os brasileiros estudarem
e, consequentemente, se qualificarem para os empregos, combina os conteúdos às
experiências pré-existentes nos jovens, de modo que eles sejam ativos na
aprendizagem e associem os estudos às suas vivências.

Destarte, as empresas nacionais podem, a exemplo do Supermercado do Povo,


resgatarem os desempregados da condição de Refugo Humano de Bauman através do
empreendedorismo social, o qual irá inserir tais jovens no mercado e, com isso,
reduzir o número de brasileiros nessa condição. Ademais, as escolas e os cursos
profissionalizantes devem tornar os alunos ativos no processo - unir experiência
aos conteúdos para serem aplicados na realidade - por meio de uma reforma que torne
o modelo de ensino mais semelhante ao proposto por Dewey, a fim de atenuar a falta
de interesse. Em resultado, “Os Operários” de Tarsila aplicará-se perfeitamente no
Brasil atual.

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