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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

‘’JÚLIO DE MESQUITA FILHO’’

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS

Janaína Vieira Garcia


Maria Eduarda Bottan

4º ano B

Disciplina: Currículo e as Necessidades Educacionais Especiais.


Professora: Fatima Ines Wolf de Oliveira.

Estudo do texto de Enicéia Gonçalves Mendes "A radicalização do debate sobre


inclusão escolar no Brasil".

⚫ Marcos mundiais da educação inclusiva

No ano de 1990, aconteceu Conferência Mundial sobre Educação para Todos:


satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, em Jomtien, Tailândia, promovida pelo
Banco Mundial, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Participaram educadores de diversos países do
mundo, sendo nessa ocasião aprovada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos.
Nos países pobres e em desenvolvimento, as estatísticas do início da década de 1990
apontavam que mais de 100 milhões de crianças e jovens não tinham acesso à escolarização
básica; e que apenas 2% de uma população com deficiência, estimada em 600 milhões de
pessoas, recebia qualquer modalidade de educação. Diante disso, as teorias e práticas
inclusivas ganham espaço em muitos países, inclusive no Brasil.
⚫Principais argumentos contra a “inclusão total”
Hallahan e Kauffman (1994) apontam que a proposta de “inclusão total” ainda hoje
sofre considerável resistência, com base nos seguintes argumentos:

a) há muitos pais, professores (tanto do ensino regular quanto do especial),


especialistas e os próprios educandos, que estão satisfeitos com os serviços baseados no
continuum; b) para alguns tipos de dificuldade (como as deficiências graves, os graves
problemas comportamentais ou as desordens sérias na comunicação) pode ser mais restritiva
e segregadora a sala de aula comum do que um tipo de colocação mais protegida e
estruturada; c) nem todos os professores e educadores do ensino regular estão dispostos a, ou
mesmo são capazes de lidar com todos os tipos de alunos com dificuldades especiais,
principalmente com os casos de menor incidência – mas de maior gravidade – que exigem
recursos técnicos e serviços diferenciados de apoio; d) a afirmação de que as pessoas
deficientes compõem um grupo minoritário em luta pelos seus direitos civis, como qualquer
outra minoria oprimida e segregada, é um argumento falacioso para sustentar a defesa da
“inclusão total”, porque, além de grupo minoritário, eles têm dificuldades centradas nos seus
mecanismos de aprendizagem e precisam de respostas educacionais diferenciadas, nem
sempre disponíveis na classe comum; e) um dos principais direitos de qualquer minoria é o
seu direito de escolha, sendo que os pais ou tutores desses alunos devem ter liberdade para
escolher o que acham melhor para os seus filhos; f) desconsiderar a evidência empírica de
que há eficácia em alguns tipos de resposta mais protegida, para alguns tipos de alunos com
dificuldades especiais na escola, seria uma atitude profissionalmente irresponsável e
antiética; g) na ausência de dados que suportem a vantagem do modelo, os educadores e
políticos deveriam preservar o contínuo de serviços, para que, em qualquer momento, seja
salvaguardada a escolha daquele que se mostrar menos restritivo para as circunstâncias.

⚫Razões para o insucesso das políticas de inclusão no Brasil


Uma das principais razões para o insucesso das políticas públicas de inclusão no Brasil é
a extrema desigualdade já existente em nossa sociedade, se não há acesso as mesmas
oportunidades para todos fora dos muros da escola, tão pouco haverá dentro dela. Outras
causas estão ligadas a escassez de políticas públicas para manter a inclusão escolar, como a
falta de procedimentos avaliativos, isto é, indicadores que monitoram este processo, as
matriculas de alunos com necessidades especiais não indicam se estes estão obtendo sucesso
no ambiente escolar, se socializam, se conseguem acompanhar o currículo e as atividades
propostas, portanto primeiramente faltam aspectos básicos para garantirem a permanência
destes em classes comuns.

Além das dificuldades que o poder público possui em propor debates e reflexões a
respeito do tema já mencionado, ao contrário, causam ainda mais embate entre a sociedade
civil, dando mais voz a juristas do que aos sujeitos centrais dessa questão, as famílias,
educadores, comunidade e cientistas especializados. A padronização deste processo causa
também um grande fracasso para o sucesso do mesmo, não seria possível desenvolver uma
perspectiva nacional única, assim estariam desconsiderando a história e necessidades de cada
indivíduo.

⚫Futuro da inclusão no Brasil.

Fazendo um apanhado geral, é possível concluir que o debate acerca sobre o


futuro da inclusão escolar no Brasil é ainda meio lento e cheio de altos e baixos, assim
como vem sendo a integração desse debate em âmbito escolar dentre os últimos trinta
anos. A luta pela acessibilidade ainda é recorrente, e está totalmente direcionada a
necessidade de aumentar as matrículas inclusivas nas classes comuns das escolas
públicas de ensino regular.

Em contrapartida, somente a acessibilidade não é o bastante, há a necessidade


de tornar mais compreensível a filosofia de inclusão das leis, planos e intenções para o
real sistema educacional brasileiro, para que haja a prática. Além disso, é preciso
direcionar muito bem os questionamentos com o auxílio da pesquisa científica.

Já que a ciência é essencial para que a sociedade brasileira consiga


compreender de forma intencional e planejada, que é de suma importância superar a
educação que atua contra os fundamentos principais de inclusão social e cidadania.

Diante disso, o futuro da inclusão escolar em nosso país é dependente do


esforço coletivo, porque exige uma revisão de conceitos na concepção de
pesquisadores, governantes, prestadores de serviço, familiares e até mesmo dos
indivíduos portadores de necessidades especiais e que juntos trabalhem em um desejo
em comum, que na verdade é um direito humano básico, a garantia de uma educação
melhor e de qualidade para todos, sem exceções.

Na concepção política, o movimento pela inclusão escolar necessita de alguns


cuidados, já que a integração escolar foi uma tentativa falha por não ter definições
mais precisas. É preciso definir muito bem o que deve ser feito para não cair no
conceito de retórica novamente.

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