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numa perspectiva mais geral pelo continente europeu, como conflitos armados, crises
econômicas e agrárias, bem como as revoluções de 1848. Porém, como aponta Giralda
Seyferth, as principais causas da migração alemã estão associadas à rápida implantação
do meio de produção industrial que ocorreu em vários Estados Alemães; segundo a
autora milhares de trabalhadores rurais precisaram deixar as grandes propriedades da
nobreza agrária, ficando os artesãos - rurais e urbanos - e os pequenos produtores
camponeses independentes sem condições de competir numa economia capitalista que
se instalava de modo voraz, a partir de uma rápida e brusca transição. No entanto, o
específico estabelecimento de colônias alemãs no estado de Santa Catarina, e no sul do
Brasil em geral, está intimamente ligado às esclarecidas demandas e finalidades do
Estado brasileiro, e as conseqüentes ações e campanhas realizadas na época em prol do
seu projeto imigratório.
desse recorte territorial, incorporando a atuação dos imigrantes europeus nesse processo,
a partir não somente da categoria trabalho, mas também dos desdobramentos
decorrentes de uma nova dinâmica de circulação do capital que demandava outras
maneiras de relação entre trabalho e mão de obra, assim como a dissociação da força de
trabalho do trabalhador, que era a forma até então consolidada pelo escravismo vigente
no Brasil (Martins, 1973 em Vainer,2000, p.20).
Os motivos que geraram as ondas migratórias para a região, não giram entorno apenas
de uma simples realocação de um espaço a outro. Além do plano de consolidação da
política nacional, ao preencher os grandes “vazios demográficos” nas regiões de
fronteira ao sul, para assim assegurar a integridade geográfica do Império Brasileiro,
havia outro elemento determinante dos fluxos migratórios inseridos na conjuntura
brasileira na segunda metade do século XIX, atrelado a um novo momento da nossa
sociedade e dos novos sujeitos que ali se transmutavam: o escravo e a sua transformação
em homem livre, a demanda por uma transição rentável da forma de trabalho escravista
para uma nova forma de coerção e de domínio das forças produtivas pelas elites
agrárias.
E- Mobilidade do trabalho na produção vitivinícola da Serra Gaúcha
Segundo Santos (1978), desde a chegada de colonos italianos na região da Serra Gaúcha
observa-se a produção de vinhos. A imigração italiana ocorre em maior número a partir
de 1875, inscrevendo-se no quadro das tensões oriundas do processo de substituição do
trabalho escravo para o trabalho livre nas áreas de lavouras de exportação, assim como
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