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Estudos Técnicos – CNM – abril/2022

Estudo Obras Paradas

1. Introdução

O investimento público brasileiro consiste, principalmente, em despesas realizadas pelos


Entes (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) com planejamento e/ou execução de obras e
aquisição de maquinário permanente. Tais gastos são responsáveis pela ampliação da
infraestrutura nas cidades brasileiras, com impactos relevantes sobre a iniciativa privada e a
população em geral. No caso dos Municípios, a conclusão de obras públicas pode representar novas
escolas, unidades de saúde, pavimentação de estradas, canalização de esgoto e iluminação
pública, podendo elevar substancialmente a provisão de serviços públicos e o bem-estar social dos
seus habitantes.

Todavia, é notório que entre o planejamento inicial de uma obra e a sua conclusão há um
complexo arcabouço de legislação, regras e gestão de projetos e a própria execução orçamentária
que pode levar a uma situação de paralisação e mesmo abandono das obras planejadas,
significando desperdício de recursos públicos e prejuízo para a população. O presente estudo
busca, à luz dos dados disponíveis, mensurar a quantidade e o volume de recursos dispendidos
em obras públicas sob responsabilidade dos Municípios que se encontram paradas/paralisadas.

2. Metodologia

O diagnóstico de obras paradas/paralisadas ou inacabadas, mensurado pela Confederação


Nacional de Municípios (CNM), busca mapear a situação das obras públicas sob-responsabilidade
dos governos municipais que se encontram paradas. O levantamento das informações foi realizado
junto a diversas fontes de dados disponíveis, como a Plataforma +Brasil, do Ministério da
Economia, o Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação
(Simec), o SisHab do Ministério do Desenvolvimento Regional e dois sistemas do Ministério da
Saúde – o Sistema de Monitoramento de Obras (Sismob) e o Sistema Integrado de Monitoramento
de Convênios (Sismoc), respectivamente.

Cada uma das bases de dados listadas apresenta o seu próprio conceito de obra
parada. Uma obra é definida como paralisada na Plataforma +Brasil quando o seu contrato está
sem movimentação há mais de 180 dias. As obras contemplam aquelas cujo contrato de vigência
expirou e (i) não há recursos financeiros para a sua conclusão ou (ii) o término da obra, através
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de análise técnica ou econômico/financeira, é apontado como inviável. A classificação segue o
disposto na Portaria Interministerial 424/2016, categorizando como obra paralisada todas aquelas
que (i) não tenham iniciado há mais de 180 dias (seis meses aproximados) e (ii) não
apresentam movimentação há mais de 180 dias. No primeiro caso, o dinheiro encontra-se na
conta do governo municipal, porém a obra não foi iniciada, causando a abertura de um processo
de cancelamento.

No Simec, do Ministério da Educação, as obras paradas são aquelas que podem ser
retomadas, sendo consideradas como “paralisadas”, ou seja, que possuem o Termo de
Compromisso vigente, mas provavelmente estão paralisadas por motivos diversos, podendo ser
retomadas a qualquer momento, desde que sanadas as diligências; e as “inacabadas” são aquelas
cujo Termo de Compromisso se encontra vencido e, consequentemente, não foram concluídas.
Para esses casos, o FNDE e o MEC precisam editar Resolução a fim de permitir a repactuação
dessas obras. O ano utilizado foi a variável de “data da assinatura”, enquanto a unidade de valor
foi Valor pactuado com o FNDE.
No SisHab, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), por sua vez, foram extraídas
as obras com situação definida como “Obras Paralisadas”. O ano utilizado foi a variável de “Ano
da Assinatura”, enquanto a unidade de valor foi Valor da Operação.

As obras paradas no Sismoc são identificadas como situação paralisada, e o ano de início
da obra foi considerado como a “data de início da vigência”, enquanto a modalidade de valor
empregada foi Valor Solicitado. Já no Sismob, foram considerados três cenários para uma obra
parada: i) ação preparatória paralisada; ii) em cancelamento e iii) obra paralisada. O ano
considerado foi o ano de habilitação da obra, e os recursos utilizados para mensurar uma obra é
o valor aprovado no cadastro da proposta.

Os resultados apresentados são sensíveis ao dia no qual as informações foram


coletadas. Isso significa que obras paralisadas podem ser retomadas posteriormente,
alterando os quantitativos aqui apresentados. As obras paradas da Plataforma +Brasil foram
extraídas até 12/4/2022. Os dados do SisHab foram extraídos dia 22/9/2021, enquanto os
sistemas do Ministério da Saúde Sismoc foram atualizados nos dias 18/8/2021 e o Sismob em
18/4/2022. As informações da plataforma do Ministério da Educação foram extraídas em
18/4/2022. Os resultados devem ser encarados como uma radiografia no momento da
publicação do estudo. E, ao analisar cada fonte de dados, esclarecemos as suas nuances
específicas.

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3. Apresentação dos dados

A partir da classificação das obras disponíveis como paradas na Plataforma +Brasil, no


SisHab, no Sismob, Sismoc e no Simec, foi possível mensurar a existência de 6.932 obras
paradas no Brasil de 2012 a 2021, correspondentes a um valor total de R$
9.327.934.908.
A maior parte das obras está classificada na Plataforma +Brasil e no Simec (39 e 38%,
respectivamente), enquanto a plataforma SisHab apresenta a maioria dos valores de contrato
(37%), conforme apresentado na Tabela 1 (ver abaixo).

Tabela 1 – Quantidade de obras e valores contratados por plataforma, 2012-2021

Valores % valores
Plataforma Qte. Obras % obras
contratados contratados
Plataforma + Brasil 2.714 2.386.535.092 39% 26%
SIMEC 2.668 2.660.509.666 38% 29%
SisHab 896 3.433.612.064 13% 37%
SISMOB 523 313.514.639 8% 3%
FUNASA 131 533.763.446 2% 6%
Total 6.932 9.327.934.908 100,00% 100,00%
Fonte: Elaboração – departamento de Estudos Técnicos/CNM.

3.1 Plataforma +Brasil

O volume de obras cadastradas, a julgar o ano do Orçamento do lançamento da obra, é


apresentado na Figura 1. Observa-se que a maior parte das obras paradas se encontra no período
entre 2016 e 2019 (aproximadamente 78% do total).

Figura 1 – Quantidade de obras (A) e valor dos contratos de obras (B), 2012-2021 (R$
milhões)

Fonte: Plataforma +Brasil. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

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A partir das informações da Figura 1, é possível elencar a quantidade de obras (ou
instrumentos) e o seu valor de face no momento de assinatura de contrato, conforme
disponibilizado na Plataforma +Brasil. Segundo o levantamento, são 2.714 obras paradas,
entre as categorias que não foram iniciadas há mais de 180 dias e sem movimentações por igual
período, ao custo de R$ 2.386.535.092 (e um valor médio por obra de R$ 1.869.654). Nota-se,
na Tabela 2, que dez ministérios são responsáveis por todas as obras, dos quais o Ministério do
Desenvolvimento Regional (MDR) e o Ministério do Turismo (MTur) são responsáveis juntos por
75% das obras e valor global dos contratos.

Tabela 2 – Volume global de gasto global de obras paradas, 2012-2021

Total % Paralisadas
Órgão
Obras Gastos Obras Gastos
Minist. Desenvolvimento Regional 1.559 1.448.179.729 57% 60%
Minist. Turismo 465 346.126.680 17% 14%
Minist. Cidadania 426 284.155.918 16% 12%
Minist. Agricultura, Pecuária e Abastecimentos 208 251.910.038 8% 11%
Minist. Defesa 43 40.274.442 2% 2%
Minist.Ciência, Tecnologia e Inovações 6 11.479.503 0,2% 0,5%
Minist. Economia 3 882.883 0,1% 0,0%
Minist. Mulher, Família e Direitos Humanos 2 11.456.263 0,1% 0,5%
Minist. Comunicações 1 551.963 0,0% 0,0%
Minist. Justiça e Segurança Pública 1 1.133.423 0,0% 0,0%
Total 2.714 2.396.150.841 100,00% 100,00%
Fonte: Plataforma +Brasil. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

A Tabela 3, por sua vez, explora as características regionais das obras paradas. Os
resultados sugerem que a maior parte das obras (55%) e mais da metade dos valores de contratos
(58%) estão ligados à região Nordeste, e o valor médio, por obra, está levemente acima da média
nacional (R$ 1.596.204 milhão contra R$ 1.529.035 milhão). As regiões Sudeste e Norte
contribuem, conjuntamente, com aproximadamente 28% das obras e 30% dos valores de
contrato, destacando que a região Norte apresenta o maior valor médio de obra (R$ 2.087.197).
A região Sul apresenta os menores valores médios de contrato e os menores percentuais de obras
(junto com o Centro-Oeste).

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Tabela 3 – Obras paradas por região geográfica, 2012-2021
Região Obras Valor Global Valor Global Médio % obras % Recursos
Nordeste 1.487 1.380.375.421 1.596.204 55% 58%
Sudeste 486 376.651.856 1.646.889 18% 16%
Norte 265 331.918.731 2.087.197 10% 14%
Sul 245 135.304.009 1.335.012 9% 6%
Centro Oeste 231 171.900.823 979.875 9% 7%
Total 2.714 2.396.150.841 1.529.035 100,00% 100,00%

Fonte: Plataforma +Brasil. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

A partir dos valores de contrato e a quantidade de obras, é possível desagregar as


informações por porte populacional dos Municípios (Tabela 4). Dentre os principais achados,
destaca-se que aproximadamente 78% do total de obras paradas (não iniciadas e não
movimentadas) são pertencentes aos Municípios de pequeno porte (até 50.000 habitantes),
enquanto 64% do valor global de contratos pertence à presente categoria. Avaliando os valores
médios de contrato, é possível observar que o valor médio da obra cresce com o porte populacional
do Município (de R$ 1.834.088 dos pequenos Municípios para R$ 3.998.286 para os grandes).

Tabela 4 – Obras paradas porte populacional, 2012-2021


Porte Obras Valor Global Valor Médio % obras % Recursos
Pequeno 2.125 1.543.331.563 1.834.088 78% 64%
Médio 503 641.820.736 2.647.267 19% 27%
Grande 86 210.998.542 3.998.286 3% 9%
Total 2.714 2.396.150.841 2.826.547 100% 100%

Fonte: Plataforma +Brasil. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

3.2 SisHab

O SisHab, do MDR, concentra todas as obras pertencentes ao Programa Minha Casa, Minha
Vida (PMCMV). Para os propósitos do estudo, foi considerada somente a quantidade de
empreendimentos com obras classificadas como paralisadas entre 2012 e 2019, uma vez que em
2020 nenhuma obra foi cadastrada como tal. Cada um dos empreendimentos possuem uma
quantidade correspondente de unidades domiciliares ainda não entregues, calculada a partir da
diferença entre a quantidade de unidades contratadas e entregues.
A Figura 2 apresenta a quantidade de empreendimentos com obras paralisadas por ano
(Quadro A) e o valor das operações das obras (Quadro B). Cabe ressaltar que a maior quantidade
de empreendimentos (55%) e dos valores contratados (82%) foram firmados entre 2012 e 2014.

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Figura 2 – Quantidade de empreendimentos com obras paradas (A) e valor dos
contratos de obras (B), 2012-2019 (R$ milhões)

Fonte: Plataforma SisHab Elaboração – Departamento de Estudos Técnicos/CNM.

Segundo levantamentos da CNM, para o período analisado, são 896 empreendimentos com
obras paradas a um valor de operação de R$ 3.433.612.064. Em todos os empreendimentos
listados existem 66.918 unidades domiciliares não entregues (uma média de 75 Unidades
domiciliares por empreendimento). Há uma concentração geográfica de obras paradas e recursos
em torno das regiões Norte e Nordeste, responsáveis por aproximadamente 70% das obras e 65%
dos recursos (Tabela 5), a despeito de apresentarem respectivamente o maior e o menor valor
médio por empreendimento (R$ 4.818.839 e R$ 3.206.002). A região Norte apresenta a maior
proporção de Unidades Domiciliares paradas em relação ao total de empreendimentos (97),
enquanto a região Sul apresenta a menor proporção (53).

Tabela 5 – Obras paradas do SisHab por região geográfica, 2012-2019

Unidades Média % Valor da


Região Obras Valor da operação Valor Médio % obras
Domiciliares UD/Obras Operação
Nordeste 412 27.502 67 1.291.922.144 3.135.733 46% 38%
Norte 196 19.106 97 944.492.405 4.818.839 22% 28%
Sudeste 126 9.553 76 590.548.304 4.686.891 14% 17%
Sul 85 4.472 53 272.510.191 3.206.002 9% 8%
Centro Oeste 77 6.285 82 334.139.020 4.339.468 9% 10%
Total 896 66.918 75 3.433.612.064 4.037.387 100% 100%

Fonte: Plataforma SisHab. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

Ao avaliar as obras paradas por porte populacional, é importante ressaltar que a maioria
dos recursos (58%) está empregada em Municípios de grande porte (acima de 100 mil habitantes),
enquanto a maior parte dos empreendimentos com obras paradas (69%) está nos Municípios de
pequeno porte (Tabela 6).

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Tabela 6 – Obras paradas do SisHab por porte populacional, 2012-2019

Unidades UD/Obras % Valor da


Porte Obras Valor da operação Valor Médio % obras
Domiciliares (média) Operação
Pequeno 621 24.155 81 879.047.687 2.982.757 69% 26%
Médio 102 11.053 108 559.977.658 5.489.977 11% 16%
Grande 173 31.710 486 1.994.586.719 29.543.590 19% 58%
Total 896 66.918 75 3.433.612.064 3.832.156 100% 100%
Fonte: Plataforma SisHab. Elaboração – Departamento de Estudos Técnicos/CNM.

3.3 Sismoc

O Sistema Sismoc é atualizado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), pertencente à


estrutura do Ministério da Saúde. Foi listado no país um total de 131 obras paralisadas no Sismoc
entre 2012 e 2019, a um valor contratado de R$ 533.763.446. A Figura 3 apresenta a evolução
do total de obras, junto aos valores solicitados no período supracitado. Destaca-se que
aproximadamente 96% do valor solicitado e 75% das obras paradas estão concentrados nos anos
de 2012 e 2014.

Figura 3 – Quantidade de obras (A) e valor dos contratos de obras (B), 2012-2019 (R$
milhões)

Fonte: Sismoc/Funasa. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

A Tabela 7, por sua vez, explora a existência de um padrão geográfico no quantitativo de


obras paradas. De acordo com o levantamento, aproximadamente metade das obras e dos
recursos está localizada nas regiões Norte e Nordeste. Destaca-se que a região Sudeste apresenta
quase 23% das obras e dos recursos solicitados no período, além de ser responsável pelo maior
valor médio de obra paralisada (R$ 4.798.934).

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Tabela 7 – Obras paradas da Funasa por região geográfica, 2012-2019

Região Obras Valor solicitado Valor Médio % obras % Recursos


Nordeste 49 170.783.382 3.485.375 32% 32%
Sudeste 26 124.772.275 4.798.934 23% 23%
Sul 24 84.131.023 3.505.459 16% 16%
Norte 21 94.758.010 4.512.286 15% 18%
Centro Oeste 11 59.318.756 5.392.614 11% 11%
Total 131 533.763.446 4.037.387 100% 100%

Fonte: Sismoc/Funasa. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

O padrão populacional indica, de acordo com a Tabela 8, que quase a totalidade das obras
paralisadas se encontra nos Municípios de pequeno porte (98% das obras e 91% dos recursos).
Não existem obras paralisadas em Municípios de grande porte que são administradas pela Funasa.

Tabela 8 – Obras paradas da Funasa por porte populacional, 2012-2019

Valor Médio
Porte Obras Valor Solicitado % obras
% Recursos
Pequeno 128 485.431.804 8.213.286 98% 91%
Médio 3 48.331.642 16.110.547 2% 9%
Total 131 533.763.446 12.161.917 100% 100%
Fonte: Sismoc/Funasa. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

3.4 Sismob

Os dados disponíveis no Sismob, do Ministério da Saúde, incluem obras em cancelamento,


em ação preparatória paralisada e paralisada das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e das
Unidades de Pronto Atendimento (UPA). De acordo com o levantamento da CNM, entre 2012 e
2021, 543 obras se encontram nas situações supracitadas, a um valor aprovado de R$
150.217.167. Importante citar que somente 20 (4%) obras estão relacionadas às UPA, a um valor
aprovado de R$ 40.700.000,00, que representa 27% do valor total das obras, entre UBS e UPA.
A Figura 4 apresenta a evolução anual das obras paradas e considera a mudança de
metodologia ocorrida em 2017 (que reduziu drasticamente o volume de obras paradas), pois
a partir de então o repasse financeiro passou a ser em parcela única para as obras da saúde. Essa
era uma demanda recorrente dos Municípios brasileiros, uma vez que o repasse em várias parcelas
ou de acordo com boletins de medição aprovados ocasionava atrasos na execução e na entrega
das obras, além de prejuízos econômicos e sociais para o gestor municipal. Em alguns casos,
resultava em diversas paralisações na execução, inclusive na paralisação definitiva da obra. Outro
fato que contribuiu para a redução das obras paralisadas foi o número de obras canceladas. No
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período em análise (2012 – 2021), foram canceladas 5.586 obras, em um valor aprovado
de mais de R$ 1,6 bilhão, como o objeto desse levantamento é mostrar os retratos das obras
paradas/paralisadas, as canceladas podem ser objeto de outro estudo.

Figura 4 – Quantidade de obras (A) e valor aprovado (B): 2012-2021 (R$ milhões)

Fonte: Sismob. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

Os Municípios das regiões Nordeste e Sudeste concentram, juntos, respectivamente, 70%


e 68% do volume de obras paradas e dos valores aprovados, seguidos pela região Norte (14% e
17%). As regiões minoritárias são o Sul e o Centro-Oeste, que apresentam respectivamente o
menor e o maior valor médio por obra (Tabela 9).

Tabela 9 – Obras paradas Sismob por região geográfica, 2012-2021

Região Obras Valor Aprovado Valor Aprovado Médio % obras % Aprovado


Nordeste 258 70.805.373 1.877.933 48% 47%
Sudeste 121 31.566.504 2.563.603 22% 21%
Norte 78 25.550.633 2.237.171 14% 17%
Centro Oeste 45 9.920.772 220.462 8% 7%
Sul 41 12.373.885 1.860.716 8% 8%
Total 543 150.217.167 8.273.291 100% 100%
Fonte: Sismob. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

O porte populacional indica que os grandes Municípios, isto é, aqueles com população
superior a 100.000 habitantes, apresentam somente 7% do total de obras e 12% dos valores
aprovados. Por outro lado, os pequenos Municípios são responsáveis pela maioria das obras
paradas (62%) e mais da metade dos valores aprovados (54%). Os Municípios de médio porte
apresentaram 34% dos valores aprovados. Isso pode ser verificado na Tabela 10 a seguir.

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Tabela 10 – Obras paradas Sismob por porte populacional, 2012-2021
% Valor
Valor Aprovado
Porte Obras Valor Aprovado % obras Aprovado
médio
Recursos
Pequeno 338 80.515.010 3.494.271 62% 54%
Médio 167 51.393.393 2.316.133 31% 34%
Grande 38 18.308.764 2.916.910 7% 12%
Fonte: Sismob. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

3.5 Simec

As obras paradas relacionadas ao Ministério da Educação incluem, em grande medida, a


construção e a restauração de unidades escolares da rede pública de ensino municipal. Para o
presente estudo foram consideradas as obras paralisadas e as inacabadas, pois podem ser
repactuadas e/ou retomadas pelos Municípios. Assim sendo, foram considerados o valor monetário
e a variável Valor do Contrato e, de acordo com o presente levantamento, são 2.668 obras
paradas entre 2012 e 2021, a um valor de contrato de R$ 2.660.509.666. A Figura 5 apresenta o
quantitativo de obras por ano de assinatura e o valor dos contratos firmados.

Figura 5 – Quantidade de obras (A) e valor de contrato (B), 2012-2021 (R$ milhões)

Fonte: Simec. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

Na Tabela 11 são apresentados os quantitativos de obras e valores de contrato de acordo


com a sua região geográfica. Destaca-se que os Municípios do Nordeste concentram em torno de
54% do total de obras, seguidos pelas regiões Norte e Sudeste (25% e 10%).

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Tabela 11 – Obras paradas do Simec por região geográfica, 2012-2021
Valor do % Valor do
Região Obras Valor Médio % obras
Contrato Contrato
Nordeste 1.454 1.383.993.117 154.121.255 54% 52%
Norte 673 681.642.278 97.377.468 25% 26%
Sudeste 255 268.066.423 67.016.606 10% 10%
Sul 156 197.536.617 65.845.539 6% 7%
Centro Oeste 130 129.271.231 43.090.410 5% 5%
Total 2.668 2.660.509.666 209.402 100% 100%
Fonte: Simec. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

Ao contrário das obras de habitação, a maioria das obras paradas da rede municipal de
ensino ocorre em Municípios de pequeno porte (74%), assim como 68% do valor total de contratos
são oriundos desse grupo de Municípios. Isso pode ser vislumbrando na Tabela 12, abaixo.

Tabela 12 – Obras paradas do Simec por porte populacional, 2012-2021


% Valor
Valor Aprovado
Porte Obras Valor Aprovado % obras Aprovado
médio
Recursos
Pequeno 1.967 1.820.379.300 916.111 74% 68%
Médio 596 685.350.608 1.120.549 22% 26%
Grande 105 154.785.758 1.283.809 4% 6%
Total 2.668 2.660.515.666 1.106.823 100% 100%
Fonte: Simec. Elaboração – Estudos Técnicos/CNM.

4. Conclusão

O presente estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM) teve a finalidade de


apresentar uma estimativa, a partir de dados oficiais, da quantidade de obras paradas no país e o
volume global do investimento público em obras municipais entre 2012 e 2021. Este tema é de
grande importância para a causa municipalista, uma vez que obras paradas significam desperdício
de recursos e prejuízo à população, que necessita de uma boa provisão de serviços públicos.

De acordo com o levantamento da CNM, utilizando múltiplos sistemas de informações sobre


obras, foi possível constatar a existência, até o presente momento, de 6.932 obras paradas no
Brasil no período analisado, correspondentes a um valor total de R$ 9.327.934.908 (R$
9,32 bilhões). A maioria das obras paradas se encontra registrada no Simec e na Plataforma
+Brasil, enquanto a maior parte dos valores de contratos é decorrente da execução de programas
habitacionais e da educação.

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De acordo com os dados levantados, a maior parte dos recursos é proveniente do período
de 2012 a 2014, assim como a maior parcela de recursos contratados. Grande parte das obras
paradas está localizada nas regiões Nordeste e Norte e em Municípios de menor porte
populacional. Presumivelmente, o valor médio das obras é maior entre as cidades mais
populosas. As principais obras são oriundas de projetos habitacionais; pavimentação asfáltica;
construção de estradas vicinais; construção de orlas; construção de escolas e creches; obras em
esgoto; água; melhorias sanitárias domiciliares e saneamento rural, além das obras em escolas e
creches, Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento.

As obras paradas claramente não beneficiam as populações dos Municípios. Conforme


apresentado neste estudo, os impactos das obras significam menos unidades habitacionais para
moradia, menores acesso a escolas (creches) e unidades de saúde em boas condições,
infraestrutura precária por ausência de pavimentação asfáltica, canalização de esgotos e
construção de pontes, desperdiçando importantes recursos públicos que poderiam melhorar
consideravelmente o bem-estar da população nos Municípios brasileiros.

Existem diversas consequências que devem ser levadas em conta com essa quantidade de
obras paradas/paralisadas nas cidades de nosso país. Além dos financeiros, há um enorme prejuízo
social, pois cada obra dessas devia empregar trabalhadores que com seus proventos dinamizariam
as economias locais neste momento de recuperação lenta da pandemia da Covid-19, que trouxe
grandes impactos a nossa sociedade. Sendo assim, é imperativo que se busque alternativas,
viáveis, para a conclusão dessas obras. Vários movimentos foram feitos pelos órgãos de controle
federais e estaduais a fim de recuperar esses investimentos, tais como reuniões setoriais com
Ministérios e a administração federal, elaboração de normativas e novos prazos abertos. Mas,
como o assunto é sempre complexo e requer muita dedicação e comprometimento de todos, não
evoluiu na velocidade preconizada.

De qualquer forma, a Confederação é protagonista nessas discussões, participando


ativamente em todos os espaços de discussão para encontrar a melhor forma de resolução possível
para a conclusão de todas essas obras.

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Referências

BRASIL. Portaria Interministerial MF/MPOG/MTFC 424, de 30 de dezembro de 2016. Diário Oficial


da União, Brasília, DF, 2017.

BRASIL. Ministério da Economia. Plataforma +Brasil, 2021. Painel Gerencial. Disponível em:
https://transferenciasabertas.planejamento.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=painelci
dadao.qvw&lang=en-US&host=QVS%40srvbsaiasprd01&anonymous=true/. Acesso em: 12 abr.
2022.

BRASIL. Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo (Sismob). Disponível em:


https://sismob.saude.gov.br/sismob2/#. Acesso em: 18 abr. 2022.

BRASIL. Sistema Integrado de Monitoramento de Convênios (Sismoc). Disponível em:


http://siga.funasa.gov.br/sismoc/#pesquisaAvancada. Acesso em: 31 ago. 2021.

BRASIL. Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec). Disponível em:


http://simec.mec.gov.br/painelObras/. Acesso em: 18 abr. 2022.

BRASIL. SISHAB. Disponível em: http://sishab.mdr.gov.br/. Acesso em: 22 set. 2021.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão 1.188/2007. Disponível em:


https://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/orca/tcu/..%5Ctcu%5CPDFs%5CAcor
dao11882007-TCU-Plen%C3%A1rio.pdf. Acesso em: 13 abr. 2022.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão 1.079/2019. Disponível em:


https://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/orca/tcu/..%5Ctcu%5CPDFs%5CAcor
dao11882007-TCU-Plen%C3%A1rio.pdf. Acesso em: 13 abr. 2022.

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