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EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES
Rio de Janeiro
2008
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Rio de Janeiro
2008
© 2008
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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Rio de Janeiro
2008
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Aos meus grandes tesouros: minha esposa Kelly e
minhas filhas Renata e Raphaela – razões de minha
existência.
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AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me concedido o maravilhoso dom da vida e por estar comigo em todos
os momentos, alegres e difíceis. Obrigado Senhor!
Aos meus pais, Simões e Neide, pelo amor com o qual me criaram, pela educação
excelente que recebi e por todo apoio e carinho a mim dedicados ao longo de minha
existência.
Às minhas queridas filhas Renata e Raphaela, motivação maior para o meu esforço .
Desculpem-me os períodos de ausência e perdoe minhas falhas. Saiba que vocês estão sempre
presentes em meu coração.
Ao professor e orientador D.Sc. José Renato Moreira da Silva de Oliveira pela sua
paciência, amizade e compreensão, diante das dificuldades que eu enfrentei, sempre tinha uma
5
palavra de apoio e conforto. Agradeço pela ajuda na redação e estruturação do trabalho mas
principalmente por me transmitir tranqüilidade e confiança durante todo o trabalho.
Ao professor e também orientador D.Sc. Luiz Antônio Vieira Carneiro pela sua
tolerância com relação aos meus constantes atrasos em relação ao trabalho, devido a
complexidade em se conjugar pesquisa, logística e administração, tenha plena consciência que
os poucos momentos que passei com o senhor foram proveitosos apenas lamento, não tê-los
aproveitado mais em virtude da dinâmica desta pesquisa. Agradeço pelas orientações, pelos
ensinamentos transmitidos desde a graduação na cadeira de teoria das estruturas, pela
paciência e empenho na correção e aprimoramento de alguns artigos, pelas sugestões que me
alertaram contra possíveis erros e descuidos e principalmente pela amizade e solidariedade.
Obrigado professor!
Ao Cel Dias, exemplo de engenheiro militar e líder, pelo apoio decisivo em todas as
fases do curso de mestrado, especialmente na matrícula. Obrigado chefe!
À Fundação DER-RJ que por meio de seu Presidente, Engº Henrique Alberto Santos
Ribeiro, designou o seu Diretor de Obras Metropolitanas, Engº Ângelo Monteiro Pinto que
sensibilizado com a necessidade e relevância deste assunto, acatou prontamente a solicitação
do professor Salomão Pinto para realização de uma pista experimental com argila calcinada.
Sua intervenção e envolvimento pessoal, naquele momento, foram decisivos para o sucesso
desta pesquisa. Entusiasmada com o sucesso deste experimento, esta fundação comprometeu-
se a viabilizar novos testes empregando argila calcinada que serão realizados por meio de um
convênio a ser celebrado em breve. Engenheiros como os senhores, comprometidos com o
desenvolvimento de novas tecnologias de construção, são exemplos para todos nós.
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Ao Cel Júlio e à aluna de graduação Mariana pelos ensaios realizados com as argilas
empregadas no presente estudo, em seus departamentos de ensino, imprescindíveis e
oportunos para o presente trabalho.
Ao Ten Cel Osvaldo Albuquerque Fonseca por aceitar o convite para participar desta
banca de avaliação, desculpe-me pelo período no qual foi enviado este texto para vossa
apreciação.
Ao Sgt Mozeika, Sgt Araújo e FC Wanderlei pela ajuda dos ensaios desenvolvidos no
laboratório do IME.
7
Ao Dr. Chequer Jabour Chequer, coordenador do IPR pela autorização do uso das
instalações do laboratório do IPR para a realização dos ensaios desta pesquisa.
Aos laboratoristas do IPR, Aderivaldo e Luís Claúdio, pela grande ajuda nos ensaios
de ISC.
Ao amigo Mac Magno Cabral que abriu mão de seus momentos de lazer para realizar
levantamentos deflectométricos no segmento experimental. Muito obrigado pela ajuda.
8
Ao Sr. Raul por ter disponibilizado as instalações da mineradora Sartor para britagem
do material empregado na pista experimental.
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“É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar
triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que
formar fila com os pobres de espírito que nem vibram
muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra
cinzenta que não conhece vitória nem derrota”.
THEODORE ROOSEVELT
10
SUMÁRIO
SUMÁRIO..................................................................................................................... 11
LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................ 16
LISTA DE TABELAS.................................................................................................. 20
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 23
2.3.3 Caulinita.............................................................................................................. 43
11
2.5.3 Análise clássica................................................................................................... 53
2.5.4.1 Umidade.............................................................................................................. 55
12
3.2 Materiais e métodos dos ensaios......................................................................... 90
4.3.1 Abrasão Los Angeles e absorção dos lotes produzidos .................................... 122
13
4.4.2 Módulo de resiliência ....................................................................................... 132
4.7 Ensaios com concreto asfáltico – módulo de resiliência e resistência à tração 146
14
6.3 Modelo de Hogg ............................................................................................... 183
7.4 Avaliação de pavimento constituído por argila calcinada com o modelo de hogg
.......................................................................................................................... 202
10 ANEXO............................................................................................................ 267
15
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG. 2.3 Estruturas básicas dos argilominerais e suas representações em camadas ...... 39
FIG. 2.10 Classificação para o uso cerâmico com base na cor após a queima............... 51
FIG. 2.15 Exemplo de unidade produtora de agregado artificial de argila expandida ... 72
FIG. 2.16 Comparação entre Ensaios com ART e mistura solo-ART ........................... 74
FIG. 3.4 Procedimentos adotados para realização de ensaio de módulo de resiliência 102
16
FIG. 3.6 Equipamento para ensaio de módulo de resiliência ....................................... 106
FIG. 3.7 Apresentação do resultado de módulo de resiliência de ensaio realizado ..... 107
FIG. 3.8 Detalhe do corpo-de-prova com dispositivo para fixação dos LVDTs.......... 108
FIG. 3.10 Prensa Marshall no ensaio de resistência à tração do IPR ........................... 109
FIG. 4.3 Relação entre a resistência à flexão e temperatura de queima ....................... 115
FIG. 4.8 Densidades real e aparente dos lotes produzidos ........................................... 122
FIG. 4.10 Absorção e abrasão Los Angeles dos lotes produzidos ............................... 125
FIG. 4.12 Incremento do Índice de Suporte Califórnia dos solos estudados ............... 129
FIG. 4.14 Índice de Suporte Califórnia (ACG - 0, 2 e 4 dias de imersão) .................. 131
FIG. 4.16 Módulo de resiliência de misturas solo-agregados (30%, 50% e 70%)....... 133
FIG. 4.20 Módulo de Resiliência de Argila Calcinada Graduada (Faixa C)................ 136
17
FIG. 4.22 Deformação total (Estabilização granulométrica – h=200 mm) .................. 141
FIG. 4.23 Limites da faixa B e traços de concreto asfáltico com argila calcinada....... 144
FIG. 4.24 Variação do volume de vazios e relação betume-vazios doTraço 3 ............ 145
FIG. 5.1 Pátio de estocagem de argilas da empresa Cerâmicas Marajó LTDA ........... 150
FIG. 5.2 Blocos cerâmicos para produzir agregado artificial de argila calcinada........ 151
FIG. 5.4 Lote piloto extrusado para realização de ensaios complementares................ 153
FIG. 5.5 Cura com aproveitamento do calor dos fornos .............................................. 154
FIG. 5.7 Chama incidindo diretamente nos blocos cerâmicos ..................................... 155
FIG. 5.8 Transporte dos blocos para a unidade de britagem em Tanguá-RJ................ 155
FIG. 5.10 Britagem dos blocos cerâmicos produzidos em Tanguá-RJ ........................ 158
FIG. 5.11 Imagem de satélite e foto do local escolhido para a pista experimental ...... 160
FIG. 5.13 Viga Benkelman usada na avaliação estrutural do pavimento original ....... 161
FIG. 5.16 Estocagem dos materiais que comporam a mistura asfáltica produzida...... 163
18
FIG. 5.24 Pintura de ligação com RR-1C..................................................................... 170
FIG. 6.2 Tela de entrada de dados com resumo dos resultados do FEPAVE2 ............ 182
FIG. 6.6 Ábaco para avaliação estrutural de pavimentos flexíveis pelo produto Rd0 .. 190
19
LISTA DE TABELAS
TAB. 2.3 Limites da água em massa cerâmica para obtenção da plasticidade ótima .... 48
TAB. 2.13 Faixas sugeridas pela metodologia para perda ao fogo (PF) e composição
química de argilas ............................................................................................... 80
TAB. 2.15 Diferenciais de custos possíveis de serem implantados em uma olaria ....... 89
TAB. 3.4 Características dos agregados graúdos de argila calcinada estudados .......... 94
TAB. 3.5 Características dos agregados usuais dos meios rodoviários analisados........ 94
TAB. 3.7 Características do ligante empregado neste estudo – CAP 30/45 .................. 96
20
TAB. 3.10 Pares de tensões para solos argilosos em ensaios triaxiais cíclicos (DNER –
ME 131/94)....................................................................................................... 100
TAB. 3.11 Pares de tensões em ensaios triaxiais cíclicos – (COPPE/UFRJ e IME).... 101
TAB. 4.1 Resistência à flexão dos prismas em função da temperatura de queima ...... 115
TAB. 4.2 Contração das diagonais dos corpos-de-prova após tratamento térmico...... 116
TAB. 4.4 Elementos químicos presentes nas argilas analisadas (MEV-EDS)............. 120
TAB. 4.6 Estatística dos ensaios realizados nos lotes .................................................. 125
TAB. 4.7 Granulometria, limites e classificação da Argila Calcinada Graduada ........ 126
TAB. 4.9 Limites de consistência, densidade real e classificação das misturas solo-
agregados .......................................................................................................... 127
TAB. 4.10 Índice de Suporte Califórnia e expansão dos solos, misturas solo-agregados e
estabilizações granulométricas analisadas ........................................................ 128
TAB. 4.11 Análise estatística dos resultados dos ensaios de Módulo de Resiliência .. 133
TAB. 4.15 Regressão linear múltipla – Argila Calcinada Graduada ........................... 139
TAB. 4.17 Modelo de MONISMITH para previsão deformação plástica da camada . 142
TAB. 4.18 Combinação de agregados dosados pelo método Marshall ........................ 143
TAB. 4.19 Mistura de pétreos das misturas asfálticas dos segmentos experimentais.. 144
TAB. 4.20 Característica da massa asfáltica dosada para o segmento experimental ... 144
21
TAB. 4.21 Módulo de Resiliência e Resistência à Tração (Argila calcinada) ............. 146
TAB. 4.23 Característica da massa asfáltica dosada para o segmento experimental ... 147
TAB. 5.1 Agregado artificial de argila calcinada produzido em Tanguá-RJ ............... 157
TAB. 6.2 Vida de fadiga (N) de amostras de CAP em função da diferença de tensões
(∆σ) ................................................................................................................... 183
TAB. 9.1 Massa específica aparente seca (MEAS) e Umidade ótima (hótima) de misturas
solo-agregados e argila calcinada pura ............................................................. 232
TAB. 9.4 Resultados de módulo de resiliência (MR) e resistência à tração (RT)........ 256
22
RESUMO
23
ABSTRACT
24
1 INTRODUÇÃO
25
Com isso, nas regiões carentes em agregados, os valores dos serviços de
pavimentação são reflexos dos preços proibitivos praticados com esses materiais.
Normalmente isso se deve às grandes distâncias de transportes entre as jazidas e as
obras rodoviárias que por vezes, utilizam mais de um modal. Nesse sentido, o agregado
artificial de argila calcinada tem por principal objetivo suprir a carência de material
pétreo destas regiões.
Entretanto, atualmente não só questões econômicas norteiam essa pesquisa, mas
também questões ambientais. A utilização de seixo rolado e laterita em pavimentação
traz uma série de prejuízos ao meio ambiente, principalmente em cursos d’águas, local
normalmente de onde são retirados os seixos rolados e lavadas as lateritas que são
empregadas em pavimentação.
A introdução do agregado artificial de argila calcinada, como alternativa de uso
em obras rodoviárias, possivelmente reduzirá os preços dos serviços de pavimentação
na região norte, que necessitam de agregados, em virtude das abundantes jazidas de
argilas disponíveis e do grande número de olarias existentes nesta região.
Como os agregados são empregados em diversos serviços de pavimentação,
dentre os quais destacam-se as estabilizações granulométricas de solos ou misturas solo-
agregados para emprego em base, sub-base ou reforço do subleito e as misturas
asfálticas nos revestimentos.
Em concreto asfáltico os agregados ocupam de 80% a 90% do volume total
ocupado pela massa asfáltica o que representa em massa, aproximadamente, 95 % da
mistura asfáltica logo, o seu impacto no custo final de uma obra é considerável
(NCHRP Report 539, 2001).
Além da carência de agregados, essas regiões normalmente possuem solos com
características consideradas não muito favoráveis, do ponto de vista tradicional, para
utilização rodoviária, devido principalmente a sua granulação fina e plasticidade
relativamente elevadas, comuns aos solos tropicais.
Isso se deve ao fato das classificações tradicionais de solos terem sido
concebidas, em sua grande maioria, nos países do hemisfério norte com climas
temperados onde a fração areia e silte são quase que totalmente compostas por quartzo
enquanto nos solos tropicais outros minerais são encontrados nessas frações. Nesse
sentido, a fração argila com presença distinta de determinados argilominerais podem
diferenciar amplamente dois solos com distribuição granulométrica semelhante
(FORTES, 2001).
26
Um dos principais reflexos para a malha rodoviária federal, devido a carência de
material pétreo e ausência de solo considerados aptos ao emprego em pavimentação
segundo critérios tradicionais, encontram-se registrados no anuário estatístico de 2005
da Agência Nacional de Transporte Terrestre - ANTT, onde dos 14.329 km de rodovias
federais da região norte do Brasil, o que representa 19,81% da malha rodoviária federal
nacional, pouco mais de 58 % dessa extensão é não pavimentada (AETT, 2005).
Como se sabe, o crescimento econômico e o desenvolvimento regional são
garantidos pela acessibilidade que uma região possui. A utilização do agregado artificial
de argila calcinada pode viabilizar investimentos em infra-estrutura rodoviária
importantes para integração dessa região ao resto do país, garantindo assim a sua
acessibilidade, indispensável para a movimentação de bens, serviços e pessoas.
Entretanto, o domínio do conhecimento sobre um novo material alternativo,
como os sintéticos de argila, aos tradicionais e consolidados no meio rodoviário, requer
uma ampla investigação da matéria-prima. A caracterização químico-mineralógica de
argilas, e a determinação das propriedades que seus componentes atribuem às massas
cerâmicas permitem estudar os beneficiamentos que devem ser feitos a uma massa
cerâmica para alterar uma ou várias propriedades do corpo cerâmico, e melhorar as
propriedades do produto final, como por exemplo, o agregado artificial de argila
calcinada (COELHO, 2002).
Como sugerido pela metodologia de produção dos agregados artificiais de argila
calcinada, estes podem ser produzidos em unidades específicas ou em olarias
convencionais. A utilização de olarias convencionais se mostra mais interessante, uma
vez que reduz o aporte de capital pois normalmente já se encontram instaladas em áreas
com jazidas de argilas disponíveis. Além disso, é possível consorciar a produção de
peças cerâmicas com os blocos especiais para produção dos agregados sintéticos de
argila sem prejuízo para a mesma.
O objetivo geral dessa dissertação é avaliar a utilização de olarias e unidades de
britagem convencionais na produção de agregados artificiais de argila calcinada e
contribuir para introdução dessa alternativa de pétreo sintético de argila em obras
rodoviárias em regiões carentes em agregados.
Além disso, os resultados obtidos nessa dissertação sobre o emprego dessa
alternativa de pétreo podem contribuir para o aumento da eficiência produtiva de áreas
segregadas no território nacional, indução ao desenvolvimento em áreas de expansão de
fronteira agrícola e mineral e redução de desigualdades regionais em áreas deprimidas.
27
1.2 Objetivos da dissertação
28
Capítulo 2 – Revisão bibliográfica. Este capítulo apresenta considerações gerais
sobre argilas, tecnologia das argilas e argilominerais, a influência dos argilominerais nas
massas cerâmicas e nos processos cerâmicos, ensaios e métodos de caracterização
química e mineralógica das argilas e interpretação de seus resultados, alternativas de
pétreos de argilas: expandida, reciclados de telha e calcinada e a metodologia proposta
de produção de argila calcinada para emprego como material pétreo em engenharia
civil, especialmente em construção rodoviária.
Capítulo 3 – Programa experimental. Neste capítulo são caracterizados os
materiais empregados na presente pesquisa, os métodos e ensaios utilizados.
Capítulo 4 – Apresentação e análise de resultados. São apresentados e analisados
os resultados dos ensaios de caracterização dos agregados artificiais de argila calcinada
produzidos. Os valores de Índice de Suporte Califórnia, Módulo de Resiliência e
comportamento a deformação permanente de misturas solo-agregados e estabilizações
granulométricas com argila calcinada bem como, Módulo de Resiliência e Resistência à
Tração de misturas asfálticas dosadas pelo método Marshall também são apresentados e
analisados.
Capítulo 5 – Pista experimental. Capítulo dedicado ao acompanhamento da
execução de uma pista experimental com concreto asfáltico, empregando agregado
graúdo de argila calcinada em sua mistura de pétreos. Reporta-se o comportamento
deste agregado em todas as fases da metodologia de produção e emprego em
pavimentação.
Capítulo 6 – Avaliação de estruturas de pavimento com agregado artificial de
argila calcinada. É realizada uma aplicação dos resultados obtidos a partir do
levantamento deflectométrico realizado na pista experimental executada, com o auxílio
do programa FEPAVE2, empregado retroanálise simplificada. Também foram
determinadas bacias de deflexões de perfis de pavimentos teóricos, utilizando-se esta
alternativa de agregado, e comparadas as das respectivas estruturas equivalentes,
empregando o modelo de Hogg.
Capítulo 7 – Conclusões, recomendações e sugestões de estudos futuros. São
apresentadas as conclusões do estudo realizado e algumas recomendações e sugestões
para estudos futuros nessa mesma linha de pesquisa.
Apêndice – Neste, encontram-se tabelas com os resultados dos ensaios
realizados com misturas solo-agregados, estabilizações granulométricas com argila
calcinada e concreto asfáltico. Sendo estes ensaios os seguintes: Índice de Suporte
29
Califórnia, Módulo de Resiliência, Deformação Permanente e Resistência à Tração.
Também consta do apêndice, alguns ensaios complexométricos realizados com as
matérias-primas empregadas no presente estudo e as dosagens Marshall dos traços de
concreto asfáltico analisados.
Anexo – Consta do anexo o relatório de pesagem por eixo e categoria realizado
no local da construção da pista experimental pela Fundação DER-RJ.
30
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Introdução
31
qualquer melhoria e quando misturada em proporções corretas, a argila e a água formam
uma massa plástica que é muito suscetível à modelagem (CALISTER JUNIOR, 1999).
Do ponto de vista mineralógico, as argilas se caracterizam por serem
constituídas em grande parte de minerais específicos, denominados minerais de argila
ou argilominerais, ocorrendo, normalmente, em caráter subordinado, outros materiais e
minerais associados, tais como quartzo, feldspatos, micas, óxidos e hidróxidos de ferro e
alumínio, carbonatos, matéria orgânica, etc (SOUZA SANTOS, 1989 apud VARELA,
2001).
Os atuais meios científicos permitem a identificação da composição, estrutura e
propriedades fundamentais dos constituintes das argilas. A aplicação desses
conhecimentos científicos fundamentais para as indústrias, artes e profissões, que
trabalham com essa matéria-prima, segundo GRIM (1955) apud SOUZA SANTOS
(1989), denomina-se tecnologia de argilas.
É consenso no meio científico que as propriedades físico-químicas de
determinada argila e, conseqüentemente a sua possível aplicação para determinado fim,
dependem dos argilominerais que a constitui.
Uma argila qualquer pode ser composta por partículas de apenas um
argilomineral como por vários. Identificar a relação existente entre os argilominerais
presentes em determinada argila com suas propriedades tecnológicas é imprescindível
para determinar a matéria-prima adequada para produção, por exemplo, dos agregados
artificiais de argila: expandida e calcinada.
Para identificar os prováveis argilominerais presentes em determinada argila
empregam-se análises térmicas, químicas e mineralógicas. Através destas análises é
possível estudar as alterações que devem ser feitas nas massas cerâmicas para melhorar
as propriedades de corpos cerâmicos produzidos.
Segundo KELLER (1949) apud SOUZA SANTOS (1989), as argilas podem ser
usadas em processos industriais como matéria-prima fundamental, quer específica, ou
como componente acessório ou alternativo, isto é, para cujo emprego não é necessário
que seja especificamente uma argila, podendo outro material inorgânico ser usado para
essa finalidade.
Acrescenta-se aos processos industriais nos quais utilizam argila como matéria
prima fundamental, a produção de agregados cerâmicos para pavimentação: expandidos
ou calcinados.
32
2.2 Tipos de argila quanto a sua formação
33
da idade recente, abundantes em áreas em que houve glaciação e utilizadas em cerâmica
vermelha;
- Argilas de pântano: São freqüentes sob lençóis de carvão e restos de troncos
de árvores, podem ser encontradas em posição vertical nesses depósitos. As camadas
são pequenas, lenticulares com pequena ou nenhuma laminação. São muito plásticas, de
cone pirotécnico elevado, bastante puras, ricas em caulinita e matéria orgânica.
Formam-se a partir de material suspenso em correntes de baixa velocidade trazido para
pântanos carboníferos, onde a vegetação do bordo retém o material mais grosseiro,
permitindo a entrada e sedimentação da fração mais fina na bacia carbonífera. Os ácidos
orgânicos, provenientes da abundância de matéria orgânica nessas bacias, eliminam os
metais pesados e principalmente o ferro, tornando-as argilas refratárias que ao serem
queimadas apresentam coloração clara – tijolo branco;
- Argilas fluviais: Argilas fluviais, ou de margem de rios ou várzea, são
depositadas em locais protegidos em planícies de inundação, durante períodos de
enchentes. Em conseqüência, os depósitos têm a forma de bolsões e gradam
lateralmente em siltes e materiais arenosos. Os bolsões podem produzir argilas de
granulometria fina e muito plásticas e de composição mineralógica distinta dos demais
bolsões. As correntes fluviais podem dar origem a depósitos semelhantes em bacias
isoladas em deltas, sendo conhecidas como argilas de deltas. As argilas fluviais são
extremamente abundantes e também são geralmente utilizadas em cerâmica vermelha.
Portanto, em função da variabilidade da constituição das argilas é difícil
classificá-las. Essa complexidade deu origem a uma nomenclatura geográfica e outra
geológica.A geográfica identifica a argila pela localidade de sua extração e a geológica
a classifica de acordo com o local de ocorrência da argila em relação à rocha matriz.
34
a) Textura – É um termo compreensivo macroscópico para a argila “sólida” que é
conseqüência da distribuição granulométrica, das formas das partículas constituintes, da
orientação das partículas umas em relação às outras e das forças que unem as partículas
entre si.
A FIG. 2.2 ilustra uma forma de descrever a textura de solos e argilas conforme
são encontrados naturalmente.
Lamelar
Esfarelada
Platiforme Prismático Colunar Blocos Nodular Granular
Terrosa
Folhelho
35
- Minerais macroscópicos finamente divididos com diâmetro até 2 µm e
menores.
c) Íons trocáveis
• Capacidade de troca de Cátions (CTC) de argilominerais, matéria orgânica e
outros componentes como as Zeólitas e Ácidos Silícicos, se houver;
• Cátions trocáveis – Natureza e percentual (NA, K, H3O, Ca, Mg, Al e Fe) e o
teor percentual;
• Sais solúveis – natureza e teor;
• Ânions adsorvidos – natureza e teor;
• Cátions orgânicos – natureza e teor; e
• Complexos “argila + materiais orgânicos” e compostos intercalados.
d) Propriedades micromeríticas
• Granulometria em peneira até USS nº 325 (abertura de 44 µm);
• Distribuição granulométrica até o diâmetro de 2 µm ou inferior;
• Área específica;
• Formas das partículas isoladas;
• Forma do aglomerado no estado natural; e
• Porosidades aparente, real e total.
36
• Massa específica aparente, absorção de água e porosidade aparente após queima
a 950º C, 1250º C e 1450º C; e
• Refratariedade ou cone pirométrico equivalente.
37
− Teor em eletrolíticos, quer dos cátions trocáveis, quer de sais solúveis,
qualitativa e quantitativamente;
− Natureza e teor dos componentes orgânicos; e
− Características texturais da argila, tais como forma dos grãos de quartzo, grau de
orientação ou paralelismo das partículas dos argilominerais, silicificação e outros.
Devido a complexidade da constituição das argilas, dados de análise química,
isoladamente, sem informação adicional, obtidos por difração de raio X e análise
térmica diferencial podem levar a conclusões errôneas sobre seus possíveis empregos.
A classificação e a nomenclatura de uma argila não devem ser confundidas com
as dos argilominerais que a constitui. GRIM (1953,1958) apud SOUZA SANTOS
(1989) apresentou para os argilominerais a seguinte classificação simplificada:
a) Amorfos
• Grupo dos Alofanos
b) Cristalinos
• Tipos de duas camadas (1:1)
- Equidimensional: caulinita; e
- Alongada: haloisita.
• Tipos de três camadas (2:1)
- Com retículo cristalino expansivo:
I Equidimensional:montmorilonita e vermiculita;e
II Alongado: saponita e nontronita
- Com retículo cristalino não-expansivo: ilita
• Camadas mistas regulares: clorita.
• Tipos estruturais em cadeia: paligorsquita e sepiolita.
38
2.3 Principais argilominerais presentes na massa cerâmica
39
Pontes
de
H
40
2.3.1 Montmorilonita
Cátions trocáveis
n.H2O
41
2.3.2 Ilita
Este argilomineral foi descoberto por GRIM em 1937. A sua estrutura cristalina,
FIG. 2.6, é semelhante à da montmorilonita, com a diferença de que há uma substancial
substituição de alumínio por silício, o que confere uma carga maior à estrutura
cristalina. Como conseqüência dessas diferenças, as camadas estruturais são
rigidamente ligadas e não expandem, possuindo uma distância interplanar basal fixa de
10,1Å (SOUZA SANTOS, 1989).
42
2.3.3 Caulinita
43
As argilas que se aplicam na produção de telhas são geralmente as mesmas
empregadas na produção do agregado artificial de argila. Segundo KIRSCH (1972), as
argilas para telhas, em conseqüência de seu elevado conteúdo de fluxos (álcalis, calcário
e compostos de ferro), amolecem entre 1000ºC e 1200ºC, assim, não são refratárias.
Essas peças cerâmicas são conformadas hidroplasticamente e possuem uma
porosidade significativa além de possuir uma resistência que é insuficiente para a
maioria das aplicações práticas. A secagem é o processo no qual o líquido auxiliar da
operação de conformação, a água, é removido. No meio ceramista, um corpo cerâmico
que tenha sido conformado e que esteja seco é dito cru.
As argilas utilizadas na confecção de telhas contêm, sobretudo, ilita, caulinita e
montmorilonita, em quantidades diversas, bem como outros componentes: quartzo,
moscovita, feldspato, biotita, hornblenda, glauconita, pirita, marcassita, óxidos de ferro
e substâncias orgânicas.
Os argilominerais são os principais responsáveis pelo comportamento de uma
argila no processo cerâmico. Portanto, as considerações aqui apresentadas devem ser
consideradas durante a seleção das argilas que comporão a massa cerâmica da produção
do agregado artificial de argila calcinada.
a) água dos poros – presente nos vazios entre os cristais, ou entre os agregados
de cristais;
44
acometidos por esse inchamento. A quantidade de água interlamelar depende da pressão
do vapor do ambiente e ajusta-se continuamente a um estado de equilíbrio.
Os argilominerais podem abrigar certos cátions como Na+, K+, NH4+, H+, Ca2+ e
Mg2+ e ânions SO42-, Cl-, PO43- e NO3-. Estes cátions ficam retidos em estado suscetível
à troca em meio aquoso ou não, ocasionalmente. Os íons trocáveis prendem-se às
superfícies das partículas de argila e, normalmente, não penetram na estrutura.
A capacidade de troca iônica mede-se em miliequivalentes/g, ou em
miliequivalente/100 g de argilomineral, cuja medição se faz a um pH 7. Os cátions mais
comuns trocados por este modo são: Ca2+, Mg2+, H+,K+, NH4+, Na+.
Segundo KIRSCH (1972), a capacidade de troca iônica tem, em particular,
grande importância técnica para a plasticidade: as argilas que são carregadas com Na+
possuem, por exemplo, outras propriedades que as contêm Ca2+ como cátion trocável. A
TAB 2.1 apresenta o poder de troca de cátions de alguns argilominerais.
45
TAB. 2.1 Capacidade de troca de cátions
A rapidez com que ocorre a troca de catiônica varia com o tipo de argilomineral,
a concentração de cátions, o tipo e a concentração dos ânions:
- Caulinita: muito rápida;
- Montmorilonita e Vermiculita: lenta; e
- Ilita e Clorita: muito lenta.
A natureza dos cátions trocáveis pode ser determinada pela determinação do pH:
- pH 9: Na+
- pH 7,5: Ca2+
- pH 7: H+
46
FIG. 2.8 Viscosidade e Plasticidade conforme a capacidade de troca de alguns cátions
Fonte: KIRSCH, 1972
47
- 3ª Fase – Aumentando-se a quantidade de água a ponto dela preponderar sobre
as não fluidas, perde-se a plasticidade e se formam as suspensões.
KIRSCH (1972) ainda sugere uma faixa de umidade para a qual a plasticidade
da massa cerâmica é adequada, observando-se a predominância de certos
argilominerais, nos processos cerâmicos. A TAB. 2.3 apresenta as percentagens de água
a serem acrescidas, em relação à massa seca da argila, de acordo com o argilomineral
presente.
TAB. 2.3 Limites da água em massa cerâmica para obtenção da plasticidade ótima
48
2.4.4 Comportamento em relação ao calor
• Caulinita
49
• Montmorilonita
50
FIG. 2.10 Classificação para o uso cerâmico com base na cor após a queima
Fonte: SOUZA SANTOS, 1989
51
2.5.1 Análise química de argilas
52
% “Substância argilosa” = 100 % - % (Quartzo + Feldspato)
Segundo HOFMANN E HAACKE (1962) apud SOUZA SANTOS (1989), o
potássio presente em uma argila também pode ser proveniente da mica moscovita -
KAl3SiO3O10(OH)2 - finamente dividida (sericita). Por isso, estes autores propuseram
que a análise racional de uma argila fosse calculada com base nos percentuais da
caulinita, mica e quartzo, que são obtidos a partir do teor de óxido de alumínio da argila
e de sua perda ao fogo. Devido à essa observação, os autores citados propuseram as
seguintes relações:
% Al2O3 de caulinita e mica = 38,5 %
% Perda ao fogo da caulinita = 14,0 %
% Perda ao fogo da mica = 4,5 %
% (Caulinita + Mica) na argila = % Al2O3 da argila x (100/38,5)
% Caulinita na argila =(% P.F. – 0,045 x (% de caulinita + % de mica))/0,095
% Quartzo na argila = 100 - % (caulinita + mica)
A análise racional, apesar de ter sua utilização restrita a materiais contendo
apenas caulinita e halosita com pouco quartzo e feldspato, pode ser de utilidade para o
conhecimento dos teores desses materiais a fim de calcular e preparar a massa cerâmica
desejada. Quando visualmente se percebe a ausência de feldspato, mas sim mistura de
caulim, quartzo e mica (sericita), a análise racional normal não pode ser aplicada,
entretanto é possível aplicar os cálculos propostos por Hofmann e Haacke (SOUZA
SANTOS, 1989).
Os resultados da análise racional calculada divergem dos obtidos em uma análise
racional direta por considerarem o material com sendo essencialmente caulinita, quartzo
e feldspato (ou mica).
53
A análise química costuma ser executada segundo o chamado método clássico
que, apesar de ser bastante trabalhosa e demorada, permite a obtenção de resultados
bastante exatos.
As determinações usuais do método clássico são gravimétricas: umidade, perda
ao fogo (P.F.), SiO2, Al2O3, MgO, CaO, Na2O e K2O; volumétricas: Fe2O3, FeO, TiO2,
CaO; e colorimétrica: Fe2O3 e TiO2.
Por colorimetria, o ferro e o titânio, obtidos por calcinação e fusão dos óxidos,
são dosados. O titânio é dosado usando água oxigenada como reagente produtor de cor e
em caso excepcionais, após a redução com amálgama de zinco, pode-se titulá-lo com
solução aquosa de azul-de-metileno. O ferro, dependendo de sua concentração, é dosado
por colorimetria usando-se solução de tiocianato de amônio ou então se titulando com
solução de dicromato de potássio.
O cálcio é um elemento pouco encontrado nas argilas brasileiras devido ao
elevado grau de intemperismo nesse país. A sua presença pode ser dosada por
precipitação com oxalato e subseqüente titulação com permanganato de potássio.
O magnésio é dosado precipitando-o como fosfato e calcinando-o até
pirosfofato. Se a argila contiver manganês, ele precipitará com o magnésio. Sua
determinação se dá fundindo os pirofosfatos de magnésio e manganês com o
pirossulfato de amônio e oxidando o manganês a permanganato com persulfato de
amônio. Logo após a oxidação do manganês, realiza-se a titulação com arsenito de
sódio. O magnésio é então obtido, descontando-se o teor de manganês calculado com
pirosfofato do total presente inicialmente.
54
Com relação aos óxidos de ferros, estes ainda podem ser dosados por tratamento
de argila com ácido sulfúrico e ácido fluorídrico tendo o cuidado, porém, de manter
sempre o cadinho em atmosfera inerte (N2), titulando-o logo em seguida com solução de
permanganato de potássio.
Os óxidos de sódio e potássio costumam ser determinados gravimetricamente
pelo método de Lawrence Smith, um método longo, trabalhoso e impreciso para
pequenos teores de álcalis, que permite a determinação gravimétrica dos óxidos de
sódio e potássio.
Este método consiste na sinterização da substância analisada com mistura de
cloreto de amônio e carbonato de cálcio que após várias separações formam cloretos
com os álcalis presentes. Em seguida, usando-se o ácido perclórico dosa-se o sódio e
potássio dos cloretos formados (SOUZA SANTOS, 1989).
2.5.4.1 Umidade
55
Um tipo de umidade usual no meio rodoviário é a higroscópica, umidade que
determinado solo adquire em equilíbrio em ambientes saturados de vapor de água em
temperaturas entre 15°C e 25 °C e que é perdida com secagem em estufa.
Essa umidade permite, em um primeiro momento determinar os argilominerais
predominantes, desde que obedecidos os critérios de determinação de umidade
sugeridos por SOUZA SANTOS (1989) com relação à temperatura utilizada para
constância de peso de argilas. As argilas cauliníticas e haloisíticas apresentam umidade
higroscópica de até 5 %, já as montimorilonitas atingem até 30%.
56
Se a argila for altamente aluminosa e com porcentagem baixa de agentes
fundentes, o efeito da sílica livre é o de reduzir a refratariedade, além de produzir
efeitos nocivos, devido às mudanças de fase cristalina da sílica com a temperatura.
57
Muitas vezes o TiO2 não é dosado e um analista inexperiente pode não saber que
ele se encontra incluído no teor de Al2O3 experimental da argila. Para quantidades
baixas de TiO2 (abaixo de 1%) não há praticamente alteração nas propriedades
tecnológicas da argila; porém, quando os teores são elevados, a porcentagem de Al2O3
indicada na análise química deixa de ter exatidão e problemas, como, por exemplo, de
cor cinzenta na argila, podem ser devidos a óxidos de titânio. Para evitar dúvidas
convém sempre indicar a soma (Al2O3 + TiO2) toda vez que o TiO2 não for dosado
individualmente.
Nem sempre esses teores elevados de TiO2 ocorrem apenas nas argilas
sedimentares: na análise química de uma argila residual verde nontronítica, que ocorre
na região de Sacramento (MG), são encontrados teores elevados de TiO2.
58
perda de ferro da ordem de até 50% nessas condições; isso é decorrente da redução do
ferro que adere ao cadinho de platina e que só é removido por meio de fusão com
pirossulfato de potássio ou com sucessivos tratamentos com ácido clorídrico. Isto é
evitado fazendo-se a fusão em mufla em atmosfera oxidante.
59
2.5.4.8 Quantidade de matéria orgânica
60
Onde:
n: número inteiro
λ: comprimento de onda dos raios X incidentes
d: distância interplanar
θ: ângulo de difração
A fluorescência de raios X é uma poderosa técnica não destrutiva que permite não
só uma análise qualitativa (identificação dos elementos presentes numa amostra), mas
também quantitativa, permitindo estabelecendo a proporção em que cada elemento se
encontra presente.
61
Atualmente, a fluorescência de raios-X como técnica de análise qualitativa e
quantitativa é muito utilizada principalmente no controle da poluição ambiental por
metais pesados, na toxicologia alimentar, em biofísica na detecção e estudo de
elementos tóxicos no organismo humano e na análise qualitativa de argilas com relação
aos argilominerais presentes.
62
função da temperatura quando ocorrerem transformações endo ou exotérmicas. Estas
aparecem como deflexões em sentidos opostos na curva termodiferencial ou
termograma.
A identificação precisa da maioria dos argilominerais puros e de alguns minerais
é possível pela posição, forma e intensidade dos picos endo e exotérmicos dos
termogramas.
O uso dessa técnica é restritivo quando se trata de mistura de argilominerais,
pois as posições, os picos e a intensidade dos termogramas são alterados em função da
mistura destes.
A análise termogravimétrica consiste do aquecimento da argila também em taxa
constante de aquecimento em contato com uma balança, o que permite o registro das
variações de massa em função da temperatura. Esta última detecta transformações
energéticas tais como transformações polifórmicas que não envolvem variações de
massa.
63
com detectores de raios-X, sendo que devido à confiabilidade e principalmente devido à
facilidade de operação, a grande maioria faz uso do detector de energia dispersiva (EDX).
64
luz, razão massa/carga e fluorescência. Além disso, técnicas cromatográficas altamente
eficientes suplantaram a destilação, extração e precipitação para a separação de misturas
complexas.
A TAB. 2.8 estabelece uma comparação entre as técnicas instrumentais
possíveis de serem utilizadas para a determinação elementar e de fases de massas
cerâmicas.
Técnica Comentários
Espectrometria de Análise quantitativa de álcalis e Ba ao nível de ppm,
emissão de chama (FES) detecta alguns elementos até ppb.
Espectroscopia de
Absorção Atômica Análise quantitativa de alguns elementos ao nível ppm.
(AAS)
Espectroscopia de
Análise quantitativa de alguns elementos ao nível de ppb.
Emissão de Plasma (ICP)
Fluorescência de raios-X
Análise elementar detecta até 10 ppm, Z>11.
(EDX)
Microanálise com sonda Análise qualitativa e semiquantitativa, com resolução de
eletrônica (usando EDS) 2µm, detecta até 0,1% ou 1.000 ppm e Z>11.
Espectroscopia de Massa Identificação de componentes e análise vapores e gases
(MS) detectam até 0,01 ppm.
Análise quantitativa e qualitativa de fases, determinação
Difração de raios-X
da estrutura cristalina, análise qualitativa elementar,
(DRX)
detecta até 1% ou 10.000 ppm.
Análises Térmicas (DTA, Análise qualitativa de fases e suas transformações com a
DTG e Dilatometria) temperatura.
Análise qualitativa e semiquantitativa de fases, detecção
Microscopia ótica
do teor depende do método de cálculo adotado.
Espectrometria Identificação da estrutura dos componentes orgânicos e
Infravermelha (IRS) inorgânicos
Fonte: REED, 1995 apud VARELA, 2001.
65
normativas para o fim ao qual se destinam. Logo, o domínio da matéria prima e do
processo ao qual ela será submetida é imprescindível para a obtenção de agregados
adequados, por exemplo, ao emprego em pavimentação rodoviária.
FIG. 2.12 Lançamento ao mar do navio norte Americano USS Selma em 1919
Fonte: BUILDEX, 2007
66
Em 1953, o "Expanded Shale Clay Slate Institute” dos Estados Unidos da
América encomendou a uma empresa a análise das condições estruturais do cimento
armado do casco do Navio Selma, já desativado, e constatou a excelente condição que
seu casco ainda apresentava apesar de ter ficado exposto à água salgada e ao ar.
De acordo com os peritos da empresa contratada, após 34 anos de uso o casco
não apresentava trincas ou sinais de envelhecimento e as barras de aço das armações
estavam em bom estado (DNER, 1981).
Os agregados de argila expandida são obtidos por aquecimento de matérias-
primas, com composição química dentro das zonas apresentadas na FIG. 2.13, a
temperaturas em torno de 1200°C.
Próximo desta temperatura, uma parte dos constituintes do material se funde
gerando uma massa viscosa, enquanto a outra parte se decompõe quimicamente
liberando gases que são incorporados por esta massa sintetizada, expandindo-a em até
sete vezes o seu volume (SHORT e KINNBURGH, 1963 apud MORAVIA, 2006).
67
compreendida entre 650 kg/m3 e 900 kg/ m3, enquanto que as produzidas em fornos
rotativos entre 300 kg/ m3 e 650 kg/ m3.
A redução da massa, em concreto estrutural, possibilita a execução de estruturas
mais leves que as usuais. As cargas permanentes atuantes nessas estruturas serão
menores e com isso haverá redução das dimensões de vigas e pilares, bem como da
espessura das lajes.
Apesar da economia que o uso desse agregado pode proporcionar quando
empregado em estruturas de concreto, no Brasil, a sua produção se restringe a um único
fabricante, CINEXPAM, que a produz para a industria têxtil, estonagem de jeans, e de
ornamentação, decoração de jardins.
As vantagens do consumo da argila expandida nos mais variados setores da
construção civil despertaram o interesse da Universidade do Texas (Texas A & M
University) que passou a estudá-la para emprego em pavimentos rodoviários na década
de 50 nos Estados Unidos da América. Outro estado norte americano que
posteriormente desenvolveu estudos sobre esse assunto foi o de Louisiana, que assim
como o Texas dominam a técnica de emprego desse agregado em pré-misturados
betuminosos e tratamentos superficiais.
O DNER, em 1981, apresentou um relatório sobre a utilização de agregados de
argila na região amazônica em alternativa ao pétreo natural em construções civis e
rodoviárias. Contatou-se que o país que mais experiência possuía sobre o emprego de
agregados sintéticos em pavimentos rodoviários, naquela ocasião, eram os Estados
Unidos da América que através das organizações rodoviárias do Texas e da Louisiana
desenvolveram pesquisas e empregam esse tipo de agregado em suas rodovias desde a
década de 60, com bastante sucesso.
A experiência brasileira para confirmar o sucesso desse agregado sintético em
pavimentação rodoviária se deu na rodovia BR-116/RJ, trecho Santa Guilhermina-
Parada. O trecho experimental foi distribuído alternativamente em segmentos de 60
metros de extensão combinados de forma a apresentarem soluções diferentes para as
observações e estudos programados pelo IPR - Instituto de Pesquisas Rodoviárias do
antigo DNER, conforme se verifica na FIG. 2.14.
Os materiais usados na confecção das camadas de pavimento dos segmentos
experimentais foram aqueles que estavam sendo usados normalmente nos trabalhos de
pavimentação da BR-116/RJ, com exceção dos agregados graúdos constituídos de
sintéticos do tipo argila expandida fabricados pela CINASITA em Jundiaí-SP.
68
LEGENDA
CBUQ COM AGREGADO TRADICIONAL
EXPANDIDA
Abrasão Abrasão
Tipo do Densidade Desgaste
Intervalo de Los Los Classificação
agregado Aparente água após
diâmetro Angeles Angeles Texas
(comercial) Solta fervura
(Texas) (DNER)
69
As características do projeto do traço de pré-misturado a frio com emulsão
executado com estes agregados para a construção da camada de base com granulometria
aberta, aproximadamente igual à granulometria do pré-misturado a frio da camada de
base com agregado convencional do trecho, foram as seguintes:
• Traço em peso:
- 47 % do agregado 2013;
- 47 % do agregado 1305; e
- 6 % de emulsão RM-1C.
• Granulometria:
• Traço em peso:
- 24,8 % do agregado 2013;
- 25,0 % do agregado 1305 e pedrisco;
- 38,0 % de pó de pedra;
- 4,7 % de filler; e
- 7,5 % CAP 50-60
70
• Densidade aparente do C.A. compactado:
- 1,617.
• Granulometria:
TAB. 2.11 Granulometria da mistura de agregados - CA
• Percentagem de vazios:
- 3,2 %.
A construção dos trechos experimentais com argila expandida se deu nos meses
de junho e julho de 1980 obedecendo-se às normas rodoviárias vigentes e às rotinas e
critérios construtivos da empreiteira contratada.
Apesar da viabilidade técnica do emprego desse agregado, tanto em estruturas de
concreto, quanto em serviços de pavimentação rodoviária, as exigências com relação os
constituintes da argila a ser utilizada, as temperaturas de queima e as unidades de
produção específicas para esse fim são alguns dos aspectos que dificultam o emprego
dessa tecnologia em regiões carentes de pétreo natural no Brasil.
71
Uma alternativa ao agregado de argila expandida, naquela ocasião denominada
de agregado de argila calcinada, passou a ser estudada pelo estado do Texas. Nesse
estudo constatou-se que as argilas queimadas a 760º C apresentam vantagens
econômicas na fabricação sobre as expandidas, devido às temperaturas de queima mais
baixas, e por não necessariamente utilizarem unidades de produção específica para esse
fim, FIG. 2.15.
72
2.7.2 Agregados reciclados de telha - ART
O agregado reciclado de telha, ART, foi estudado por DIAS (2004) e pode ser
considerado como uma alternativa para a pavimentação de baixo volume de tráfego. As
suas principais diferenças para algumas rochas naturais empregadas em pavimentação
são a absorção e porosidade, maiores no ART, e massa específica aparente do grão,
menores neste caso.
DIAS (2004) concluiu que apesar do ART se quebrar durante a compactação, os
valores de CBR e expansão são compatíveis com o uso rodoviário. Entretanto, quando
avaliado sob ação de cargas dinâmicas (ensaio triaxial) apresentou baixo valor de
módulo de resiliência, ou seja, alta deformação resiliente, o que encurta a vida de
pavimentos em serviço.
Inicialmente, esse material estaria fadado ao insucesso quando empregado puro.
Entretanto, investigações posteriores na busca de uma relação entre a porosidade do
agregado e a quantidade de solo na mistura solo-ART possibilitaram o desenvolvimento
de uma metodologia baseada na hipótese de que a quantidade de solo a ser empregada
neste tipo de mistura seria igual à porosidade do agregado.
A porosidade do ART é relativamente elevada, o que é compreensível por se
tratar de um produto que fora rejeitado devido a alguma falha durante seu processo
produtivo. A validação da hipótese de Dias (2004) possibilitou a obtenção de misturas
de solo-ART com maior compacidade para bases de pavimentos.
Essas misturas de solo-agregados com ART, dosadas segundo a metodologia
proposta por DIAS (2004), podem ser utilizadas em camadas nobres do pavimento,
como a base. Como a metodologia proposta foi desenvolvida sem considerar os critérios
tradicionais de dosagem de mistura de solo-agregado, no que tange à granulometria, a
incorporação de solo ao ART reduziu o valor do CBR das misturas, entretanto a
resposta resiliente destas apresentou um aumento de até 288%, conforme FIG. 2.16.
73
California Bear Heating - CBR Módulo de Resiliência (MPa)
50 400
350
40 300
MR (MPa)
CBR (%)
1
ART 2i - com granulometria integral, passante na # 12,5 mm, sem escalpo
2
ART 1 - com granulometria integral, passante na # 12,5 mm e retido # 4,8 mm.
3
Solo Argiloso - LG’ (MCT) e A 7-6 (HRB)
74
Apesar da aparente semelhança com o agregado de argila calcinada, o fato desse
agregado ser proveniente de rejeitos da fabricação de telhas já evidencia que suas
características físicas e conseqüentemente de resistência mecânica serão diferenciadas
do agregado de argila calcinada, uma vez que o processo de fabricação não tem como
preocupação as variáveis envolvidas no controle tecnológico da produção de um
agregado artificial para utilização na engenharia (CABRAL, 2005).
75
2.8 Metodologia de produção de agregado artificial de argila calcinada
76
2.8.1 1ª fase – ensaios
77
FIG. 2.18 Diagrama de Granulometria Winkler
Fonte: PRACIDELLI e MELCHIADES, 1997 apud CABRAL, 2005
78
Além disso, pode ser analisado o custo de aquisição e extração da matéria-prima
proveniente de jazidas disponíveis para compor uma mistura que seja mais favorável
ténica e economicamente.
Sendo satisfatórios os resultados dos ensaios preliminares e viáveis
economicamente a sua utilização efetuam-se em seguida os ensaios complementares.
79
TAB. 2.13 Faixas sugeridas pela metodologia para perda ao fogo (PF) e
composição química de argilas
Da mesma forma que foi relatado para a análise química, a identificação dos
argilominerais presentes na matéria-prima também depende do método e do tipo de
aparelhagem utilizada.
Sendo assim, estes argilominerais constituintes da matéria-prima poderão estar
sendo identificados com percentuais variados.
Encerra-se neste ponto da metodologia a caracterização da matéria-prima,
porém, antes de avançar para a fase de produção, são especificados alguns ensaios para
esta etapa, para otimizar o processo de fabricação do agregado de argila calcinada.
A aprovação da matéria-prima selecionada, após a caracterização (física,
química e mineralógica) e a realização de uma seqüência de ensaios que avaliem o
comportamento do agregado de argila calcinada, em relação a alguns parâmetros de
resistência mecânica, são etapas necessárias antes do início da fase de produção.
Concluída a 1a fase, promove-se então o estabelecimento de todos os parâmetros
que subsidiam as variáveis do processo produtivo, tais como o formato em que seria
extrusada a matéria-prima, umidade da matéria-prima antes da extrusão, comprimento e
volume das peças conformadas, secagem das peças (incluindo o tempo e a temperatura
de secagem), plano de queima das peças (incluindo o tempo e a temperatura de queima),
resfriamento das peças, britagem e separação do agregado de argila calcinada
produzido, em diversas granulométricas, a partir destas peças extrusadas e queimadas.
80
Os ensaios para verificação dos agregados artificiais de argila calcinada são
aqueles usualmente realizados para seleção destes em pavimentação, TAB. 2.14.
81
capazes de comporem material suficiente, preferencialmente 10kg, para a execução dos
06 (seis) ensaios de verificação da qualidade do agregado de argila calcinada produzido
em laboratório (CABRAL, 2005).
Uma alternativa de subsídio para esse planejamento, é a extrusão de um lote
piloto, em torno de 50 peças, pela unidade produtora para realização dos ensaios
complementares necessários.
Os corpos-de-prova produzidos em laboratório ou blocos extrusados pela
unidade produtora, devem ser queimados separadamente, em pelo menos 4 temperaturas
diferentes, entre 800oC e 1.100oC, por pelo menos 30 minutos e não mais que 45
minutos na temperatura especificada como patamar superior, obedecendo um
aquecimento e resfriamento após cozimento lento e gradual do material produzido.
Os fornos empregados neste tipo de queima são fornos de uso corrente de
laboratório, tipo “mufla”, com capacidade para atingir temperaturas até 1.300ºC, e
preferencialmente com timer para desligamento automático.
Os agregados produzidos naquelas temperaturas especificadas para os corpos-de-
prova ou blocos cerâmicos serão ensaiados de acordo com os ensaios preconizados para
essa fase, com o objetivo de determinar a mínima temperatura na qual os resultados
desses atendam as faixas sugeridas pela metodologia apresentados na TAB. 2.14.
O primeiro ensaio a ser realizado deve ser o de absorção do agregado, pois
atendida esta exigência, normalmente as demais serão satisfeitas. Logo, o ensaio de
absorção pode vir a ser um ensaio obrigatório para aceitação de lotes de agregado
artificial de argila calcinada produzidos.
Nos experimentos realizados por CABRAL (2005), foram observadas gradativas
diminuições da porosidade dos corpos de prova com o aumento da temperatura de
queima da matéria-prima argilosa. Observou-se ainda que, os resultados dos ensaios
mecânicos também melhoraram. Logo, à medida que a temperatura aumenta
significativamente, obtém-se um agregado de melhor qualidade técnica.
Isto ocorre devido à formação de uma fase líquida de determinados elementos
químicos fundentes presentes nos argilominerais, que quando atingem estas
temperaturas mais elevadas, proporcionam maior densificação do agregado de argila
calcinada, pelo preenchimento de alguns poros que não tenham sido preenchidos em
temperaturas mais baixas.
Concluídos os ensaios preliminares e complementares com a matéria-prima
argilosa proveniente da jazida em estudo, encera-se a 1a fase da metodologia. Estes
82
resultados dos ensaios preliminares e complementares são importantes para a dosagem
da mistura de argilas.
83
FIG. 2.19 Etapas da produção em olaria e britagem
Fonte: CABRAL, 2005
84
Novamente, após a desintegração, a mistura argilosa deve ser conduzida por
correias transportadoras até o próximo passo de laminação primária, que possui
praticamente a mesma finalidade do passo anterior, ou seja, de reduzir os grumos
formados pela massa argilosa, porém desta vez sob a forma exclusiva de rolos lisos,
com espaçamentos reduzidos, capazes de formar lâminas delgadas desta mistura
argilosa, e de forma definitiva, igualar a dimensão dos grumos provenientes de cada tipo
de argila empregada na mistura.
Através das correias transportadoras, deve-se levar estas lâminas geradas com a
massa argilosa para a unidade homogeneizadora. Tal unidade composta por um
recipiente que possua hélices em disposição helicoidal, em torno de um ou mais eixos
posicionados de forma paralela ao maior comprimento deste recipiente, tem por
finalidade homogeneizar definitivamente a massa argilosa, sem que haja a possibilidade
de se distinguir visualmente na mistura, cada tipo de argila empregada antes desta etapa.
Há ainda nesta unidade, a adição de água, caso necessário, conforme já
explicado para facilitar o processo de extrusão e evitar a sobrecarga no equipamento.
Caso haja excesso do teor de umidade, será necessário passar pelo passo de estocagem
novamente, e em local separado, identificado, ventilado e preferencialmente descoberto
quando não houver ocorrência de chuvas, para que a mistura argilosa, cujo teor de
umidade será monitorado, possa retornar ao processo produtivo e passar para o próximo
passo com teor de umidade mais adequado à extrusão.
A mistura argilosa, depois de homogeneizada, retorna ao transporte por correias,
e passa por um segundo e definitivo processo de laminação da massa homogeneizada,
para que a mistura entre de forma otimizada na máquina extrusora.
Finalmente, esta mistura já sob a forma de lâminas é despejada na extrusora,
também chamada de “maromba”, que pelo auxílio de processo de vácuo em seu interior,
propicia a compressão da mistura argilosa contra boquilhas de saída que moldam e
expelem as barras preparadas com esta matéria-prima.
Sugere-se acompanhar com um medidor de potência na extrusora, o seu nível de
solicitação, para verificar se a mistura argilosa deve perder ou ganhar umidade para
facilitar a extrusão de blocos, diminuir a sua exigência, aumentar a produção e reduzir
custos.
Estudos de BATISTA (2004) comprovaram que, para a fase de produção
industrial, o formato preferencial de moldagem na máquina extrusora, são barras
prismáticas de seções retangulares ou hexagonais, que propiciam após as etapas de
85
queima, britagem e peneiramento, agregados de argila calcinada que apresentam índice
de forma adequado para pavimentação.
As condições relativas ao volume e a conseqüente espessura destas barras estão
relacionadas à dimensão e granulometria do agregado de argila calcinada que se deseja
produzir. Desta forma, periodicamente, pode-se confeccionar e trocar as diversas
boquilhas de saída da máquina extrusora, com dimensões variadas, proporcionando
maior diversidade granulométrica de agregados produzidos. Os comprimentos destas
barras podem variar de 20 cm a 80 cm de modo a facilitar o processo de britagem e
adequação granulométrica.
Após a extrusão, estas barras, ainda intactas, são levadas para a secagem,
colocadas em aparatos com formatos preferenciais de estantes, ao ar livre, ou em
ambiente ventilado, coberto e protegido de chuvas, por um período variando de 12 a 48
horas, até que seja verificada toda a perda de água possível na temperatura ambiente.
No intuito de evitar a formação de tensões internas e trincas que causariam a
conseqüente diminuição da resistência mecânica do agregado de argila a ser produzido,
procede-se à gradual e lenta retirada da umidade adicionada à mistura argilosa para a
extrusão das barras.
O próximo passo vem a ser o processo de secagem das barras em uma unidade
estufa. Esta etapa tem por objetivo proporcionar a perda de toda a água que não tenha
sido retirada por ocasião da secagem ao ar, mais especificamente, retirando toda a água
adquirida durante o processo de moldagem das barras, e também da umidade natural da
matéria-prima, sob a ação de calor, em temperaturas próximas a 110oC, por um período
de no máximo 36 horas.
Ainda sobre a etapa de secagem em estufa, aponta-se para a possibilidade de se
operacionalizar esta etapa com o aproveitamento e recuperação de gases quentes,
provenientes da etapa de queima subseqüente.
A etapa de queima das barras moldadas e secas deve ser efetuada de forma a
garantir uma produção eficiente e otimizada, variando entre 5 e 30 m3/h, dependendo do
método utilizado, adaptação de uma olaria ou usina pré-fabricada, e dos equipamentos
utilizados.
A calcinação dos blocos deverá ser efetuada de forma gradual, o que
possivelmente pode ser aplicado às unidades de fabricação de peças cerâmicas, que já
trabalham segundo este processo de aumento e controle de temperatura com o tempo.
86
2.8.2.2 Produção do agregado em unidade específica
87
Diversos estudos contribuíram para a consolidação da metodologia desenvolvida
por CABRAL (2005), entretanto nenhum trecho experimental foi realizado para
elucidar dúvidas com relação ao seu emprego e comportamento durante a mistura em
usina de asfalto, espalhamento por vibro-acabadora e compactação.
A construção de uma pista experimental permitiu uma melhor avaliação dessa
fase, pois possibilitou a apropriação de custos de todas as etapas envolvidas desde a
extração da matéria-prima até à sua utilização como agregado para uso em base e
revestimento de um pavimento.
Com a presente dissertação também foi possível um maior detalhamento do
comportamento mecanístico das misturas solo-argila calcinada através de ensaios tri-
axias: ensaios de módulo de resiliência e deformação permanente.
Dentre os objetivos atingidos com o presente trabalho destacam-se a maturação e
o aperfeiçoamento das metodologias de produção deste agregado, proposta por
CABRAL (2005), e de dosagem de misturas asfálticas com agregado artificial de argila
calcinada, proposta por SILVA (2005).
Fruto dos resultados dos experimentos realizados especifica-se, que a matéria-
prima deve conter pelo menos, de forma predominante, um dos três argilominerais
citados (ilita, caulinita, ou montmorilonita), independentemente do percentual que esta
predominância seja observada, para que seja obtido um agregado de argila calcinada
com qualidade satisfatória.
No que tange à viabilidade técnica, a pista experimental, por demandar uma
quantidade maior de agregado do que comumente foi produzido nos estudos anteriores,
propicia a verificação da uniformidade da qualidade desse agregado quando produzido
em escala industrial.
A viabilidade de emprego de um material em engenharia civil provêm da
conjugação de duas vertentes: econômica e técnica. A construção de pista experimental
consorcia ambas as vertentes possibilitando a constatação do real potencial de um novo
material em relação a um tradicionalmente consolidado.
Sobre a viabilidade econômica, destacam-se alguns diferenciais de custos
elaborados por MÁS (2002) apud CABRAL (2005), que podem ser implantados em um
processo produtivo cerâmico, TAB. 2.15.
88
TAB. 2.15 Diferenciais de custos possíveis de serem implantados em uma olaria
Reduzir Ação
• Diminuir, na medida do possível, o teor de
água da massa na extrusão;
• Utilizar secadores contínuos móveis;
Calorias gastas na etapa de secagem
• Incorporar, na medida do possível, argilas
“magras” que secam mais rapidamente;
89
3 PLANO EXPERIMENTAL DE LABORATÓRIO
3.1 Introdução
90
(CABRAL, 2005) e de acordo com a disponibilidade e experiência dos ceramistas em
relação à matéria-prima extraída.
A matéria-prima proveniente de Tanguá-RJ foi coletada na empresa Cerâmica
Marajó LTDA e transportada para o Instituto Militar de Engenharia-IME. A proveniente
de Santarém foi coletada na empresa CIFRAMA LTDA pelo 8° B E Cnst que
providenciou o envio para o Laboratório de solos deste Instituto.
A TAB. 3.1 apresenta a granulometria, densidade real e os limites de Atterberg
das massas cerâmicas empregadas na produção dos agregados utilizados no presente
estudo.
91
FIG. 3.1 Croqui da jazida do km 115 da BR 163/PA
Fonte: Projeto Básico da BR 163, 2007
92
TAB. 3.2 Métodos de ensaios de caracterização de solos
Ensaio Discriminação
DNER ME 041/94 Preparação de amostras para caracterização
DNER ME 051/94 Análise granulométrica por sedimentação
DNER ME 080/94 Análise granulométrica por peneiramento
DNER ME 082/94 Determinação do limite de plasticidade
DNER ME 093/94 Determinação da densidade real
DNER ME 122/94 Determinação do limite de liquidez
93
O agregado B é uma amostra representativa de uma quantidade expressiva de
blocos produzidos no ano de 2007, para emprego futuro em pistas experimentais em
Santarém-PA.
O agregado C foi o utilizado por CABRAL (2005), SILVA (2006) e MATTOS
(2007), em estudos desenvolvidos sobre produção e emprego de argila calcinada,
comportamento de concreto asfáltico com argila calcinada e comportamento de
agregado de argila calcinada em concreto com cimento Portland.
O agregado B foi empregado em misturas solo-agregados e o agregado C foi
utilizado para avaliar o possível emprego da argila calcinada pura como base granular,
estabilizada granulometricamente.
Cabe ressaltar que, apesar de algumas situações em pavimentação, a
estabilização granulométrica se confundirem com mistura solo-agregado,
principalmente pela difusão das especificações internacionais, AASHTO e ASTM, para
bases de pavimentos, quando se emprega mistura de agregados a solos com
comportamento laterítico, o fator granulometria tem importância secundária e se
distingue da estabilização granulométrica citada por essas especificações (NOGAMI e
VILLIBOR, 1995).
As tabelas TAB.3.4 e TAB.3.5 reúnem algumas das principais características
físicas e mecânicas das amostras de agregados graúdos selecionados para este estudo.
TAB. 3.5 Características dos agregados usuais dos meios rodoviários analisados
94
3.2.4 Agregado miúdo
4
Massa unitária do agregado no estado solto – NBR 7251
95
TAB. 3.7 Características do ligante empregado neste estudo – CAP 30/45
Limites Ligante
Características
CAP 30-45 utilizado
Penetração (0,1 mm) 30-45 38
Ponto de Amolecimento, min (º C) 52 59
Viscosidade Saybolt-Furol a 135º C, min.,(s) 192 242
Viscosidade Saybolt-Furol a 150º C, min.,(s) 90 132
Viscosidade Saybolt-Furol a 177º C, min.,(s) 40-150 46
Índice de sucetibilidade térmica (-1,5) a (+0,7) -1,5
Ponto de Fulgor, min. (º C) 235 315
Solubilidade em tricloroetileno, min.,(% massa) 99,5 99,8
Ductibilidade a 25° C, min. (cm) 60 >100
96
TAB 3.8 Corpos-de-prova para realização de ISC com solo-agregado
Agregados utilizados
30 2 2 2
Energia
50 2 2 2
70 2 2 2
30 2 2 2
Modificada
50 4 2 2
70 2 2 2
Total de corpos-de-prova 38
97
TAB 3.9 Planejamento experimental com estabilização granulométrica
FAIXAS
Dias de imersão DNIT DER/PR
“C” III
Intermediária
0 9 -
2 dias 9 -
4 dias 9 2
Energia
0 2 -
Modificada
2 dias 2 -
4 dias 2 2
Total de corpos-de-prova 37
Estas faixas granulométricas encontram-se delimitadas nas FIG. 3.2 e FIG. 3.3.
100%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das Partículas (mm)
98
O ensaio de ISC, que também considera a expansibilidade do material, costuma
estipular um valor máximo de expansão aceitável em 2,0 %. Normalmente, há uma
tendência dos valores de ISC serem maiores quanto menor for a expansão axial, porém
não há correlação entre esses parâmetros (BERNUCCI et al,2007).
A imersão dos corpos-de-prova em água por 4 dias é excessivamente
conservadora para certas situações. Em algumas condições climáticas e hidrológicas
brasileiras, os materiais trabalham em “umidade de equilíbrio” abaixo da umidade ótima
de compactação (CAMACHO, 2002).
Em certas situações a realização do ensaio pode se dar sem imersão, com isso é
possível comparar os resultados obtidos com imersão e in situ, proporcionando uma
melhor análise e avaliação de valores a se utilizar em projetos ou avaliar riscos.
MR = σd/εr EQ 3.3
Onde:
MR – Módulo de resiliência, MPa;
σd = σ1-σ3 – Tensão desvio aplicada repetidamente no eixo axial;
99
σ1 – Tensão principal maior, MPa;
σ3 – Tensão principal menor ou tensão confinante, MPa;e
εr – Deformação específica axial resiliente, mm/mm;
TAB. 3.10 Pares de tensões para solos argilosos em ensaios triaxiais cíclicos (DNER –
ME 131/94)
0,021 2,00
0,035 2,67
0,0525 3,50
0,105 6,00
0,140 7,67
0,210 11,0
100
Atualmente, variações no equipamento e nos pares de tensões, TAB. 3.11,
atuantes nos corpos-de-prova ensaiados, em relação à norma anteriormente citada,
foram propostas por VIANNA (2002) e hoje são utilizadas nos ensaios realizados na
COPPE/UFRJ e no IME.
0,021 2
0,021 0,042 3
0,063 4
0,035 2
0,035 0,070 3
0,105 4
0,0525 2
0,0525 0,1050 3
0,1575 4
0,070 2
0,070 0,140 3
0,210 4
0,105 2
0,105 0,210 3
0,315 4
0,140 2
0,140 0,280 3
0,420 4
101
Preparação da Amostra
(a) Mistura solo-agregado (b) Amostra umidecida (c) Amostra após 24 horas
Moldagem do corpo-de-prova
102
FIG. 3.5 Equipamento triaxial dinâmico do IME
Onde:
MR – Módulo de resiliência, MPa;
ISC – Índice de Suporte Califórnia, %.
O ensaio ISC envolve uma aplicação lenta, por um período de vários minutos, de
uma tensão crescente envolvendo grandes deslocamentos plásticos. Esse estado de
tensões não corresponde ao efeito da ação de cargas repetidas sobre os materiais da
estrutura de um pavimento, aplicadas em geral em frações de segundo, correspondentes
a cargas em movimento, com intensidades variadas e com diferentes freqüências,
proporcionando na maioria das vezes pequenos deslocamentos, bem menores que 2,54
mm. Logo, correlações entre o ISC e o desempenho do pavimento são aproximações
que devem ser realizadas com cautela (SEED et al.,1959).
103
pavimento (MOTTA, 1991 , HUANG, 1993 e GUIMARÃES, 2001). Talvez por ser o
principal defeito do pavimento em países de clima temperado, geralmente os mais
desenvolvidos, o mecanismo de deformação permanente tem sido bastante estudado,
com diversas publicações sobre o assunto. E, por outro lado, por ser pouco observado
no Brasil, QUEIRÓZ (1984) apud GUIMARÃES (2001), há relativamente poucas
publicações brasileiras sobre o assunto.
Entretanto, por se tratar de uma nova alternativa de agregado, optou-se por
realizar o ensaio de deformação permanente nas misturas solo-agregados com argila
calcinada em três níveis de tensões distintos, bem como, compará-la com outras
misturas solo-agregados tendo o seixo-rolado e a brita respectivamente como agregados
dessas misturas.
As misturas solo-agregados, constituídas por 50% de agregado em relação a
massa seca do solo A, foram compactadas sob energia modificada. A TAB. 3.12
apresenta o número de corpos-de-prova e o planejamento experimental realizado para
avaliar a deformação permanente dessas misturas.
104
nas misturas solo-agregados, foi ensaiado nos três níveis de tensões estudados, agregado
C, TAB.3.13.
ε p = ANB EQ 3.5
Onde:
εp - Deformação específica plástica, mm/mm;
A e B - Parâmetros experimentais;
105
N - Número de repetições de carga.
106
Esse equipamento possui um programa computacional que calcula
automaticamente o módulo de resiliência, utilizando a EQ 3.6.
Onde:
MR – Módulo de resiliência, MPa;
F – Carga vertical repetida aplicada diametralmente no corpo-de-prova, N;
∆ – Deformação elástica ou resiliente horizontal correspondente à carga
aplicada, mm;
H – Altura do corpo-de-prova, mm;
µ – Coeficiente de Poisson (varia de 0,25 a 0,30 no concreto asfáltico).
107
a) Colocação dos corpos-de-prova no interior da capela ajustada para a
temperatura de 25° C por pelo menos duas horas antes do início do ensaio;
b) Posicionamento do corpo de prova no interior do suporte para fixação
dos LVDTs, conforme FIG. 3.8;
c) Colocação do corpo-de-prova sobre a base do equipamento sendo antes
interpostos 02 (dois) frisos metálicos curvos ao longo de suas geratrizes de apoio
superior e inferior;
d) Verificação da posição dos LVDTs, que devem estar aproximadamente
na metade da altura do corpo-de-prova e com suporte de fixação paralelo à base do
equipamento;e
e) Verificação do alinhamento dos frisos superior e inferior.
FIG. 3.8 Detalhe do corpo-de-prova com dispositivo para fixação dos LVDTs
108
P – Força vertical aplicada na
geratriz do CP
D – Diâmetro do corpo-de-
prova, D =15 cm
L – Comprimento do corpo-de-
prova, L = 30 cm
(a) Prensa Marshall (b) CP pronto para o ensaio (c) Dispositivo Guia
FIG. 3.10 Prensa Marshall no ensaio de resistência à tração do IPR
RT = 2F/πDH EQ 3.7
Onde:
RT – Resistência à tração estática, MPa;
109
F – Carga vertical de ruptura, N;
D – Diâmetro do corpo-de-prova, mm;
H – Altura do corpo-de-prova, mm;
110
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DE ENSAIOS DE
LABORATÓRIO
4.1 Introdução
111
4.1(a), o material se contraí e reduz seu volume, iniciando um processo de queima que
aumenta a densidade e a resistência mecânica do produto final, devido ao coalescimento
dos grãos, FIG. 4.1(b).
A alta resistência do material natural se deve ao fato dele possuir elevada massa
específica, ou seja, em seu volume existem poucos ou quase nenhum vazios ou fissuras.
Logo, a porosidade diminui a resistência à flexão por dois motivos: redução da seção
que efetivamente resiste à flexão e concentração de tensões devido aos poros.
112
diminuição de 50% na resistência a flexão em relação ao valor medido em um material
de baixa porosidade.
Experimentalmente, a resistência à flexão diminui exponencialmente em função
da fração volumétrica da porosidade, de acordo com a EQ. 4.1
(− nP )
σ rf = σ 0 .e EQ. 4.1
Onde:
σ 0 e n – Constantes experimentais;
e – número Neperiano;
P – Porosidade, % em volume.
113
(a) Prisma 5 – 400° C (b) Prisma 7 - 600° C
114
A tensão no momento da fratura quando se emprega esse ensaio de flexão é
conhecida por resistência à flexão, RF, e consiste em um importante parâmetro
mecânico para os materiais cerâmicos (CALLISTER JUNIOR, 1999).
A seguir, TAB. 4.1, encontram-se os valores, obtidos por pares de prisma
ensaiados após tratamento térmico variando de 100ºC a 1000°C, da resistência a flexão
(RF) e da média obtida (µRF).
1,40
Resistência à flexão (kgf/mm )
2
1,20
0,0016x
y = 0,2441e
1,00
2
R = 0,9979
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (º C)
115
Verificou-se também, a contração nestes prismas, com base na média das
diagonais antes e depois da queima, TAB. 4.2, das faces hexagonais dos prismas.
TAB. 4.2 Contração das diagonais dos corpos-de-prova após tratamento térmico
600° C
9 29,0 26,5 8,62
(2 horas)
600° C
10 35,3 32,0 9,35
(4 horas)
13 850° C 35,0 32
9,93
14 (30 minutos) 35,5 32
900° C
15 32,0 28,0 12,50
(30 minutos)
116
Na FIG. 4.4, encontra-se o gráfico obtido, relacionando os valores médios da
contração das diagonais e a temperatura de queima, a reta que melhor se ajustou a estes
pontos e sua respectiva equação.
Contração x Temperatura
16
14
12 y = 0,0148x - 1,9742
Contração (%)
2
10 R = 0,9882
8
6
4
2
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
Temperatura (°C)
Contração a 600°C
9,35 %
10 8,62 %
8
Contração (%)
6,45 %
6
0
600°C / 0h 600°C / 2h 600°C / 4h
Tempo a 600°C
117
Constata-se, com base nos resultados anteriormente apresentados, a necessidade
de empregar temperaturas de queima superiores a 900° C para obtenção de agregados
artificiais de argila calcinada com características físicas e mecânicas satisfatórias para o
emprego em pavimentação, especialmente em misturas asfálticas.
118
4.4 e TAB. 4.5, os elementos químicos e óxidos presentes nas principais argilas
empregadas pelas olarias que apoiaram o presente estudo.
na obtenção de massas
Am 03 Argila “Magra”
cerâmicas, misturando-se a
Am 06 na produção de tijolo
Am 07 na produção de tijolo
maciço branco
119
TAB. 4.4 Elementos químicos presentes nas argilas analisadas (MEV-EDS)
120
A influência da temperatura no valor das densidades e absorção deve-se a
redução de vazios deste produto cerâmico produzido para emprego como agregado.
Com este fim, foram empregados blocos extrusados da maromba da olaria Cerâmicas
Marajó, curados ao ar e calcinados no laboratório de solos do IME em temperaturas que
variaram de 850°C e 1100°C.
A FIG. 4.7 apresenta a variação da densidade real e absorção dos agregados
sintéticos de argila calcinada com o aumento da temperatura neste experimento.
Influência da temperatura
Absorção (em %) Densidade Aparente
19,00
15,90
12,40
9,60
8,90
3,80
1,76 1,83 1,91 1,97 2,02 2,21
121
primeiro lote analisado, lote 0, foi o empregado nos estudos de CABRAL(2005),
SILVA(2006) e MATTOS(2007).
O controle de qualidade dos agregados produzidos em Santarém-PA para
emprego em futuros segmentos experimentais, objeto de um termo de cooperação
técnica entre o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte – DNIT e o
Exército Brasileiro – EB, foi realizado através de oito lotes, lote 1 ao 8.
Por fim, o lote 9 representa os dados do controle tecnológico realizado com os
agregados empregados na massa asfáltica da pista experimental construída na estrada de
Guaxindiba, objeto do capítulo 5 da presente dissertação.
As densidades real e aparente dos lotes analisados encontram-se apresentadas no
gráfico da FIG. 4.8.
3,000
2,587 2,548 2,625 2,559 2,525 2,593 2,485 2,586 2,557 2,663
2,500 2,528
2,105
1,910 2,004 1,847 1,862 1,866 1,835 1,845 1,833
2,000
Densidade
Dap
1,500
Dr
1,000
0,500
0,000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
LOTES
122
Esta escolha deve-se ao fato do ensaio de abrasão Los Angeles ser amplamente
difundido no meio rodoviário e da simplicidade para realização do ensaio de absorção.
A associação destes ensaios permite ao engenheiro rodoviário uma rápida avaliação do
lote produzido em até 24 horas, e uma boa predição do comportamento mecânico da
massa asfáltica produzida e do consumo de ligante, conjugando assim a viabilidade
técnica e econômica deste material em pavimentação asfáltica.
Porém, cabe ressaltar que o ensaio abrasão Los Angeles forneceu uma medida
preliminar da resistência do agregado graúdo à degradação por abrasão e impacto. De
acordo com ROBERTS et al. (1996), algumas observações de campo não mostram uma
boa relação entre a perda de abrasão Los Angeles e o desempenho.
As especificações brasileiras para serviços de pavimentação que envolvem o uso
de agregados como execução de camadas de base e revestimento normalmente limitam
o valor da Abrasão Los Angeles (LA) entre 40 e 55% porém, agregados de algumas
regiões do Brasil, apresentam valor da abrasão Los Angeles acima de 55%, em alguns
casos chegando a 65%.
Experiências mostram que alguns agregados produzem excelente desempenho
mesmo com valor de abrasão Los Angeles acima dos limites sugeridos pelas normas
rodoviárias. Um detalhe que deve ser observado quando se utilizam agregados com alto
valor de abrasão Los Angeles em misturas asfálticas é a produção de pó durante sua
manipulação e a produção da mistura asfáltica (MARQUES, 2001).
Isto se deve à impossibilidade de se encontrar agregados com este parâmetro
atendido nas proximidades da obra. Contudo, muitas rodovias foram pavimentadas
usando-se os agregados da região do Rio de Janeiro em desacordo com estas exigências,
mas com a autorização do DNER para tal procedimento (MARQUES, 2001).
Com relação à absorção de água, o maior valor obtido foi 16,0 %, abaixo do
limite de 18,0 % propostos pela metodologia de produção. A FIG. 4.9, apresenta um
histograma com os lotes produzidos por faixa de absorção.
123
Lotes produzidos por faixa de absorção
6
5
Quantidade 5
4
3
2 2
2
1
1
0
< 9,0% 9,0% ~ 12,0% 12,0% ~ 15,0% > 15,0%
Faixa de absorção
124
Absorção e Abrasão Los Angeles
50
43,0
45 40,1
40 37,4
34,1 33,9
35 32,0 32,1 30,9
30,0
30 26,4
25
20
14,3 16,0 14,6 14,2 15,5 14,9
15,0
15
10,7
10 7,9
5 1,3
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
LOTES
Absorção (%) Abrasão L.A.(%)
125
excessivo de material na máquina de ensaio. Esta observação também vale para a carga
abrasiva, número de esferas.
III 88,5 77,0 58,5 43,0 32,0 16,5 7,5 NP NP 0 GP-GM A-1a
126
TAB. 4.9 Limites de consistência, densidade real e classificação das misturas solo-
agregados
Caracterização e classificação
Solo % Agregado %
LL IP IG d real SUCS HRB
127
TAB. 4.10 Índice de Suporte Califórnia e expansão dos solos, misturas solo-agregados e
estabilizações granulométricas analisadas
Os resultados de ISC das misturas solo-argila calcinada foram superiores aos das
misturas com seixo-rolado em 35,7% e 97,6% para as misturas com 30 % e 50 % de
agregados presentes em relação à massa seca do solo A. Já os resultados de ISC, obtidos
com mistura solo-agregados com 70 % de agregado, o menor valor obtido foi com solo-
argila calcinada sendo a mistura com seixo-rolado e brita superiores a esta em 18,9 % e
a 71,6 % respectivamente, FIG. 4.11.
180
163
160
140 127
113
120
ISC (%)
95
100 81 79
80
60 41 38
40 28
20
0
Seixo Rolado Argila Calcinada Brita
30% de agregados 50% de agregados 70% de agregados
128
Os baixos valores obtidos com o seixo-rolado nas proporções de solo/agregado
70%/30% e 50%/50%, provavelmente, devem-se ao seu formato arredondado e sua
textura lisa. Por outro lado, os valores obtidos com o emprego de 30% de solo e 70% de
seixo-rolado apresentaram valores superiores aos obtidos com argila calcinada em
virtude de sua maior resistência mecânica em relação à argila calcinada, uma vez que
estes apresentam boas características mecânicas, resistência à abrasão e choque,
independente de sua forma e textura.
Analisando os resultados das misturas de 50% de solo A e 50% de argila
calcinada obtém-se um Índice de Suporte Califórnia médio superior a 80,0%. Isto
representa um aumento de aproximadamente três vezes o valor da capacidade de suporte
deste solo, 189%.
Optou-se ainda por analisar um outro solo, solo B - agora não plástico, nas
mesmas proporções em massa anteriormente citadas. O incremento nos resultados
obtidos com esta mistura foi superior ao obtido anteriormente, aproximadamente oito
vezes o valor da capacidade de suporte deste novo solo, 722%.
A FIG. 4.12 apresenta o incremento nos valores de ISC, dos solos analisados,
empregando-se misturas solo-agregados a 50 % em massa de argila calcinada,
compactadas em energia modificada.
100
81
74
80
ISC (%)
60 Solo
40 28 Solo-Agregado
20 9
0
Solo A Solo B
Energia Modificada
129
Foram analisadas misturas solo A - argila calcinada, com os mesmos 50% em
massa anteriormente citados, compactadas em níveis de energia distintos, intermediária
e modificada, FIG. 4.13.
60
40 31
20
0
Intermediária Modificada
Energia
FIG. 4.13 Influência da energia de compactação nos resultados de ISC
130
250
200 192
200
141
150
ISC (%)
101
100 72 71
50
0
0 2 4
Dias de imersão
Energia Modificada Energia Intermediária
131
100
77
80 71
ISC (%) 60
40
20
0
FAIXA III - DER/PR FAIXA C - DNIT
Energia Intermediária
132
TAB. 4.11 Análise estatística dos resultados dos ensaios de Módulo de Resiliência
1.600
1.400 1.229
1.200
957
1.000
MR (MPa)
Com base nos resultados obtidos com as amostras ensaiadas, observa-se que na
proporção em massa de 30% de argila calcinada, em relação à massa seca deste solo, os
resultados foram superiores aos da brita e do seixo-rolado. Entretanto, ao se aumentar
esta proporção, esta superioridade não se constata.
133
Com o objetivo de caracterizar o comportamento resiliente de misturas solo-
agregados empregando argila calcinada, foram realizados ensaios com outras
proporções em relação ao solo A, compactadas sob energia modificada, conforme se
verifica na FIG. 4.17.
MR (MPa) e ISC (% )
1200
Módulo de Resiliência (MPa)
1000 957
Índice de Suporte Califórnia (%)
800
587 622
600
401
400
230 192
179 138
200 95
81
28 38
0
0 15 30 50 70 85 100
% em massa de argila calcinada presente na mistura
134
Optou-se ainda por avaliar a influência da energia de compactação nos
resultados de módulo de resiliência, FIG. 4.18, obtidos com a mistura solo-argila
calcinada à proporção de 50% em massa.
Energia de Compactação
135
Contatou-se que, com relação ao solo A, plástico, o aumento no valor de módulo
de resiliência foi de 55%. Entretanto, para o solo B, não plástico, não houve melhora em
seu comportamento resiliente.
Apesar do resultado com solo B não ter sido satisfatório, empregando-se a
proporção escolhida para esta comparação, seria necessário avaliar outras proporções,
compreendidas entre os limites sugeridos por este estudo sobre o emprego de misturas
solo-agregados constituídas por argila calcinada, para concluir-se sobre os benefícios de
seu emprego para o comportamento resiliente deste solo.
O comportamento de estabilizações com argila calcinada pura, enquadradas na
mesma faixa C do ensaio de Índice de Suporte Califórnia, foi analisado comparando-se
os resultados de módulo de resiliência obtidos com corpos-de-prova compactados em
dois níveis de energia distintos: intermediária e modificada. A FIG. 4.20 apresenta estes
resultados.
160
140 ACG FAIXA C 138
120
100
80
63
60
40
20
0
Intermediária Modificada
Energias de Compactação
MR = k1σ3k2σdk3 EQ 4.1
Onde:
MR – Módulo de Resiliência, MPa;
k1, k2 e k3 – parâmetros experimentais;
σ3 – tensão confinante, MPa .
136
σd – tensão desvio, MPa.
% Energia de MR = k1σ3k2σdk3
Agregado % Compactação k1 k2 k3 R2
100 Modificada 153,635 0,466 -1,087 0,93
30 70 Modificada 364,080 0,226 -0,543 0,43
50 BRITA 50 Modificada 858,424 0,379 -0,723 0,53
70 30 Modificada 626,617 0,249 -0,502 0,74
30 70 Modificada 823,081 0,517 -0,414 0,57
Solo 50 SEIXO 50 Modificada 232,585 0,154 -0,702 0,81
70 30 Modificada 105,343 -0,225 -0,735 0,79
15 85 Modificada 621,881 0,438 0,003 0,76
30 70 Modificada 454,780 0,426 -0,241 0,33
50 50 Modificada 182,295 0,179 -0,767 0,72
ARGILA
50 50 Intermediária 399,748 0,385 -0,246 0,40
CALCINADA
70 30 Modificada 190,771 0,337 -1,214 0,87
85 15 Modificada 349,679 0,255 -0,545 0,87
50 50 Modificada 369,610 0,369 -0,098 0,37
SOLO B
100 - - Modificada 568,032 0,484 -0,206 0,71
ARGILA 100 Intermediária 2,927 -0,464 -0,769 0,84
- -
CALCINADA 100 Modificada 647,666 0,441 0,156 0,96
137
Empregou-se a estatística F, usada na ANOVA, teste unilateral superior, isto é, a
hipótese nula de que as médias são iguais para cada grupo será rejeitada se o Fcalculado a
partir de valores significantemente grande excede um valor teórico acima do qual o erro
a ser cometido é maior que o desejado (LOPES, 1999).
Neste teste ANOVA, chamado de fator único, F é a razão da medida de
variabilidade entre os grupos para a variabilidade dentro dos grupos.Rejeitar a hipótese
nula significa que alguma diferença foi determinada entre as médias da população,
embora não seja identificada qual média é diferente das outras.
As TAB. 4.13, TAB. 4.14 e TAB. 4.15 apresentam estas estatísticas, a partir de
uma regressão linear múltipla com os valores do ensaio de módulo de resiliência,
empregando-se energia modificada ao solo A, a misturas solo-agregado com o
percentual de agregado em relação a massa seca do solo de 50% e Argila Calcinada
Graduada.
138
TAB. 4.14 Regressão linear múltipla – 50%Solo A-50%Argila
Calcinada
139
Para isto, foi selecionado da literatura o modelo tradicional de deformação
permanente de MONISMITH et al. (1975), citado no item 3.3.4 da presente dissertação.
Estes ensaios foram conduzidos de forma a poder verificar a influência da tensão
desvio (σd), tensão confinante (σ3) e razão de tensões (σd/σ3) nas deformações
permanente ocorridas nos corpos-de-provas ensaiados.
A seguir, na TAB. 4.16, são apresentadas as condições de realização destes
ensaios.
6
Número de repetições - Ciclos
140
1
Deformação total (mm)
0,9 σd/σ3=3
0,8 σd/σ3=2
0,7 σd/σ3=1
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000
Número de Ciclos
8
σd/σ3=3
7
Deformação total (mm)
6 σd/σ3=2
5 σd/σ3=1
4
3
2
1
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000
Número de Ciclos
141
TAB. 4.17 Modelo de MONISMITH para previsão deformação plástica da camada
Nesse contexto, com base nos valores citados por QUEIRÓZ (1984), os
resultados obtidos com argila calcinada se mostraram adequados para o emprego como
camada de base e sub-base, exceto os valores para argila calcinada graduada para N=107
e 5x107 com σd/σ3=3. Entretando, este estado de tensão é bem superior ao que
normalmente estas camadas de pavimento são submetidas.
142
4.5 Determinação expedita da resistência à água sobre agregados graúdos (ABNT
NBR 14329)
143
TAB. 4.19 Mistura de pétreos das misturas asfálticas dos segmentos
experimentais
120%
Lim Sup Faixa B
P o rcentag em P assand o (% )
100% Lim Inf Faixa B
80% Pó-de-pedra e cal
Pó-de-argila calcinada e cal
60%
Areia e pó-de-argila calcinada
40%
20%
0%
0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das Partículas (mm)
FIG. 4.23 Limites da faixa B e traços de concreto asfáltico com argila calcinada
Dentre as combinações dosadas por este método, o traço 3 foi o único que se
enquadrou dentro dos limites para emprego como camada de rolamento-Capa, DNIT
031/2004 –ES, TAB. 4.20.
Capa de Rolamento
Características Traço 3
(DNIT 031/2004 – ES)
Teor de ligante 10,0±0,2 -
Densidade teórica 2,047 -
Densidade aparente 1,95 -
Vazios,% 4,7 3a5
Relação Betume-vazios,% 81,2 75 a 82
Estabilidade Marshall 970 > 500
144
O relatório das dosagens Marshall realizadas encontram-se no apêndice da
presente dissertação. A FIG. 4.24 ilustra as curvas (volume de vazios x % de ligante) e
(relação betume vazios x % de ligante) obtidas com o traço 3.
10,00
9,00
Volume de Vazios (%)
8,00
7,00
Volume de Vazios x % Ligante
6,00
5,00
4,00
3,00
7,0% 7,5% 8,0% 8,5% 9,0% 9,5% 10,0% 10,5% 11,0%
% Ligante
90,00
85,00
Relação Betume- Vazios (%)
80,00
75,00
Relação Betume-Vazios x % Ligante
70,00
65,00
60,00
55,00
7,00% 7,50% 8,00% 8,50% 9,00% 9,50% 10,00% 10,50% 11,00%
% Ligante
145
4.7 Ensaios com concreto asfáltico – módulo de resiliência e resistência à tração
CP MR (MPa) RT (MPa)
13 - 0,98
14 - 0,92
155 3133 1,00
165 2802 0,96
175 2727 0,90
µ 2887 0,95
s 216 0,05
120%
Porcentagem Passando (%)
100%
20%
0%
0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro das Partículas (mm)
146
A TAB. 4.22 apresenta os valores de módulo de resiliência e resistência à tração
obtidos com concreto asfáltico empregando seixo-rolado.
Argila
Características Seixo-Rolado
Calcinada
Teor de ligante 10,0 ± 0,2 5,7 ± 0,2
Densidade teórica 2,047 2,424
Densidade aparente 1,950 2,342
Vazios,% 4,7 3,5
Relação Betume-vazios,% 81,2 78,8
Estabilidade Marshall (kgf) 970 660
5
Ensaio de resistência à tração após realização do ensaio de módulo de resiliência
6
Ensaio de resistência à tração após realização do ensaio de módulo de resiliência
147
O custo de transporte também diminui, uma vez que os caminhões passam a
transportar os mesmos volumes com menos massa. Como os órgãos normalmente
pagam por tonelada transportadas por quilômetro (ton.km), também deve-se considerar
este benefício para custo final do concreto asfáltico executado com esta alternativa em
material pétreo sintético de argila.
Os resultados da estabilidade Marshall, obtidos com seixo-rolado, foram
menores que os obtidos com argila calcinada, aproximadamente 68% do valor da
estabilidade obtida com esta alternativa de sintética de pétreo, provavelmente, devido ao
formato arredondado e textura lisa comum aos seixos-rolados.
No próximo capítulo será apresentada a aplicação da metodologia de produção e
emprego de agregado artificial de argila calcinada em pavimentação, proposta por
CABRAL (2005), executando-se o primeiro trecho experimental no Brasil, com esta
alternativa de material, compondo a fração graúda da mistura de pétreos de concreto
asfáltico.
148
5 PISTA EXPERIMENTAL
5.1 Introdução
149
FIG. 5.1 Pátio de estocagem de argilas da empresa Cerâmicas Marajó LTDA
150
A FIG. 5.2 apresenta os blocos cerâmicos produzidos pelas empresas que
apoiaram o estudo realizado.
151
(a) Alimentação Silo principal (b) Destoroador do silo principal
152
Sugere-se, como alternativa à dificuldade de realizar ensaios complexométricos
de maneira representativa da massa cerâmica, a adoção de ensaios, em nível dos usuais
empregados em laboratório de campo em pavimentação, que avaliem a absorção e
resistência mecânica dos agregados produzidos pois, atendidos estes critérios,
provavelmente essa massa cerâmica será adequada para produzí-los.
Portanto, indica-se o método de ensaio de absorção, DNER-ME 081/98,
associado ao ensaio de abrasão Los Angeles, DNER-ME 222/94, como obrigatórios
para aceitação de lotes produzidos de agregado artificial de argila calcinada.
Como as condições de extrusão de uma massa cerâmica em maromba de
laboratório não são as mesmas de uma olaria, recomenda-se a extrusão de um lote
piloto, em torno de 50 peças, FIG. 5.4, para realização dos ensaios sugeridos
anteriormente.
Os blocos extrusados são estocados e armazenados para cura. A cura pode ser ao
ar livre ou forçada, túnel de secagem. A cura ao ar livre leva de 7 a 15 dias e depende
das condições climáticas. Já a cura forçada, por utilizar túnel de secagem, acelera a
produção pois esta se dá em até 24 horas.
Na produção em Tanguá-RJ, a empresa Cerâmicas Marajó LTDA aproveitou o
calor dos fornos, com queimadores em linha, para acelerar a cura dos blocos
produzidos, FIG. 5.5.
153
(a) Posicionamento dos blocos (b) Detalhe da arrumação dos blocos
FIG. 5.5 Cura com aproveitamento do calor dos fornos
Além disso, o fato da chama incidir diretamente sobre os blocos nos fornos com
queimadores em linha, FIG. 5.7, dificulta o controle da temperatura e a rampa de
154
aquecimento desse material, sugeridos pela análise térmica diferencial, necessários à
obtenção de uma cerâmica com características tecnológicas ideais para o emprego como
agregado em pavimentação.
155
5.3.2 Britagem
- Britador Secundário;
156
• 19,1 mm;
• 8,00 mm;e
• 2,00 mm.
O britador primário não foi utilizado uma vez que, as dimensões dos blocos
produzidos dispensam essa primeira etapa que basicamente realiza a maroagem das
rochas, redução de tamanho, para possível britagem no secundário.
Originalmente, a unidade de britagem não possuía peneira de 2,00 mm. A sua
aquisição foi realizada pelo projeto de pequisa do agregado artificial de argila calcinada
do IME para garantir o melhor aproveitamento do material graúdo, material com
diâmetro maior que 2,00 mm.
A peneira adquirida é auto-limpante, característica que evita a sua obstrução e
garante um melhor beneficiamento do material. Esta se encontra em posse da
Mineradora Sartor para experimentos futuros.
A seguir, encontra-se exposta uma seqüência de fotos, FIG. 5.10, da britagem
realizada em Tanguá-RJ.
A TAB. 5.1 apresenta os resultados em massa e volume da britagem dos blocos
produzidos em olaria.
157
(a) Pesagem dos Caminhões – Tara (b) Caminhões com blocos após pesagem
158
As granulometrias obtidas com a Argila Calcinada 1 e 0 encontram-se
apresentadas na TAB. 5.2.
159
(a) Imagem do local (b) Estrada de Guaxindiba
FIG. 5.11 Imagem de satélite e foto do local escolhido para a pista experimental
Fonte: Google Earth
[capturado em 30 de novembro de 2007]
160
TAB. 5.3 Limites do Índice de Gravidade Global
52
Deflexão (0,01 mm)
45
38
µ D = 39,0x10-2 mm
31 Dc= µ D + SD= 44,8 x10-2 mm
IGG = 10
24
13 14 15 16 17 18 19 20 21
Estaca
161
5.4.2 Produção de mistura asfáltica em usina de asfalto
162
O ligante asfáltico empregado, CAP 30/45, foi mantido em quantidade suficiente
para manter a operação da usina. O ligante asfáltico deve ser mantido fluido o
suficiente, seja por aquecimento elétrico ou óleo térmico, para que escoe através dos
dutos da usina de asfalto e venha a ser utilizado na operação de usinagem, FIG. 5.16.
163
A usina de asfalto da empresa que produziu a massa asfáltica com argila
calcinada possui quatro silos, os quais foram preenchidos com:
(a) Alimentação dos silos (b) Silos com materiais graúdos e miúdos
164
5.4.2.3 Secagem e aquecimento eficiente do agregado
165
agregado, introduzido frio em seu interior, e o fluxo de ar aquecido fluem no mesmo
sentido. Já nos secadores de contrafluxo eles fluem em sentidos opostos.
O ar que flui através do secador carrega com ele gases de exaustão e pequena
quantidade de partículas de pó do agregado que são recolhidas para minimizar o
impacto ambiental das emissões atmosféricas provenientes do sistema de exaustão.
A usina utilizada é composta por coletores primários e secundários. O coletor
primário recolhe as partículas maiores de pó contidas nos gases de exaustão e o
secundário filtra e recolhe as partículas de pó mais fina, FIG. 5.21.
Exaustão
Filtro
de Cones múltiplos
Mangas
166
primários usuais são a caixa de queda e o tipo ciclone, e os secundários são o filtro de
mangas e o de coleta úmida.
167
(a) Desentupimento do elevador (b) Desentupimento da saída do secador
Este incidente foi sanado diminuindo-se a produção horária da usina por meio da
equação EQ. 5.1 proposta.
d
P =P ⋅ a ⋅Φ EQ 5.1
a máx d
u
Onde:
Pa - Produção adotada em usina de asfalto de fluxo contínuo, ton/h;
Pmáx - Produção máxima da usina de asfalto de fluxo contínuo, ton/h;
du - Densidade da massa asfáltica usualmente produzida pela usina;
da - Densidade da massa asfáltica com agregado alternativo;
Φ – Coeficiente de segurança, sugere-se Φ=0,85.
168
Outra possível solução, que requer a intervenção das empresas que produzem
usinas de asfalto de fluxo contínuo, é o aumento da área da seção transversal da calha
condutora de massa betuminosa do elevador. Assim, seria possível manter as produções
máximas nominais, destas usinas, com tais materiais.
Com isso, foi possível garantir que o traço experimental de concreto asfáltico
produzido obedeceu às tolerâncias de projeto, determinadas em laboratório, para o
segmento experimental construído.
169
5.4.3 Construção do segmeto experimental
170
Optou-se por um traço experimental do agregado de argila calcinada com
materiais normalmente utilizados pela empresa que apoiou os estudos, sendo esses: pó-
de-pedra como fração miúda, cal hidratada como material de enchimento e CAP 30/45
como ligante, caracterizados no capítulo anterior.
A construção do trecho experimental teve como objetivo principal avaliar o
comportamento de massa asfáltica constituída por agregado artificial de argila calcinada
em sua fração graúda de mistura de pétreos durante a usinagem, o transporte, o
espalhamento e a compactação. Para tal, foi programada a execução de 5,0 cm de
concreto asfáltico sobrejacente ao revestimento existente com este material.
Inicialmente, seriam três os segmentos experimentais construídos na estrada de
Guaxindiba, São Gonçalo-RJ. Entretanto, optou-se, em virtude dos objetivos a serem
atingidos com a pista experimental e dos resultados obtidos em laboratório, pela
execução de um segmento experimental de aproximadamente 100,0 m de comprimento
e 7,00 m de plataforma, com traço experimental elaborado com pó-de-pedra como
agregado miúdo, e cal hidratada como material de enchimento, apresentado no item 4.6.
O enquadramento da mistura de materiais pétreos na faixa B, DNER-ES 313/97,
possibilitou um maior aproveitamento do material, devido a granulometria e as
proporções de material com diâmetro entre 19,0 mm e 8,0 mm, Argila Calcinada 1, e
8,0 mm e 2,0 mm,Argila Calcinada 0, produzidos durante a operação britagem.
Definida em laboratório as características da mistura asfáltica a ser empregada
no segmento experimental, programou-se a usina de fluxo contínuo para produzí-la com
acréscimo de 0,5% de ligante asfáltico, afim de evitar qualquer possível problema que
pudesse ocorrer com a interação ligante-agregado, face à absorção e heterogeniedade da
argila calcinada.
Usinou-se , aproximadamente, 42,0 toneladas de mistura asfáltica a qual foi
transportada por caminhões com báscula traseira e lançado com vibro-acabadora, FIG.
5.25, no local definido para o experimento.
171
(a) Carregamento do caminhão (b) Lançamento da mistura asfáltica
FIG. 5.25 Carregamento e lançamento da mistura asfáltica
172
(a) Lançamento da 1ª faixa (b) Entrada do rolo de pneus na 1ª faixa
173
FIG. 5.28 Rolagem de compactação com rolo de pneus
Entretando, apesar do rolo tandem liso, FIG. 5.29(a), ser o mais indicado para a
fase de acabamento, abortou-se o seu emprego, pois o mesmo estava descobrindo alguns
agregados de argila da superfície de rolamento, FIG. 5.29(b). Com isso, utilizou-se o
rolo de pneus na fase de acabamento tamém
174
5.5 Ensaios para avaliação do desempenho do segmento experimental
(a) Extração com sonda rotativa (b) Perfil dos corpos-de-prova extraídos
FIG. 5.30 Extração de corpo-de-prova da estrada de Guaxindida (São Gonçalo-RJ)
175
TAB. 5.6 Resultados de Módulo de Resiliência e Resistência à Tração
176
Deflexão - Viga Benkelman
52
Deflexão (0,01 mm)
45
38
31
24
13 14 15 16 17 18 19 20 21
Estaca
Antes 30 dias
(a) Deflexão antes e após 30 dias da execução do concreto asfáltico com argila calcinada
-5
-10
-15
Deflexão (0,01mm)
-20
Antes
-25
30 dias
-30
-35
-40
-45
-50
Posição do eixo de avaliação (cm)
177
Analisando a deformada obtida na estaca 20, o novo raio de curvatura passou de
223,2 m para 297,6 m caracterizando assim, segundo o critério de análise simplificada
com base no produto Raio de curvatura – Deflexão máxima (Rd0), aumento da robustez
do pavimento.
Ainda com relação ao experimento, foram instalados pelo DER-RJ,
equipamentos e sensores, FIG. 5.32, para realizar a contagem e pesagem das cargas que
solicitarão este pavimento durante a sua vida em serviço. Estes dados fomentarão
estudos futuros que possivelmente contribuirão para o melhor entendimento do
comportamento funcional e estrutural do segmento construído.
178
(a) Concreto Asfáltico (b) Micro-revestimento
FIG. 5.33 Pistas Experimentais com uso de argila calcinada
179
6 AVALIAÇÃO DE ESTRUTURAS DO PAVIMENTO COM AGREGADO
ARTIFICIAL DE ARGILA CALCINADA
6.1 Introdução
180
fadiga das camadas de maior rigidez, afundamento de trilha de roda e ruptura plástica
(MEDINA e MOTTA, 2005).
O dimensionamento mecanístico inicia-se por uma estrutura com espessuras
definidas sob a qual são calculados os estados de tensões e as deformações.O
conhecimento do tráfego por pesagens sistemáticas permite que o método mecanístico
trate com maior racionalidade os efeitos das mais variadas cargas por eixo, e não
considera mais o número de repetições do eixo-padrão, N, cujo poder de degradação de
um pavimento foi avaliado em pistas experimentais americanas.
MOTTA (1991) apresenta um fluxograma bastante genérico, FIG. 6.1, que
representa um processo de dimensionamento para qualquer tipo de pavimento:concreto
asfáltico ou concreto de cimento Portland.
181
A etapa do fluxograma relativa aos cálculos das tensões refere-se às
provenientes da ação do tráfego. Os métodos de cálculo consideram dois tipos de
comportamento tensão-deformação: elástico-linear e elástico-não linear. Os principais
programas computacionais utilizados no Brasil para pavimentos asfálticos são o
ELSYM5 (Elastic Layer System), elástico linear, e o FEPAVE2, elástico-não linear
(ÁVILA, 2008).
O emprego de determinado programa deve ser feito de acordo com o
comportamento tensão-deformação medido dos materiais que comporão a estrutura a ser
dimensionada.
A COPPE/UFRJ tem-se utilizado do programa FEPAVE2 no dimensionamento
de pavimento uma vez que a maioria dos materiais de pavimentação, segundo MEDINA
e MOTTA(2005), apresenta comportamento não linear nos ensaios realizados.
A FIG. 6.2 apresenta a tela de entrada de dados do programa FEPAVE2 e o
resumo dos resultados obtidos com a avaliação, à luz da mecânica dos pavimentos, da
estrutura existente dimensionada pelo método do DNER.
FIG. 6.2 Tela de entrada de dados com resumo dos resultados do FEPAVE2
182
TAB. 6.2 Vida de fadiga (N) de amostras de CAP em função da diferença de tensões
(∆σ)
AM CAP K n Considerando:
1 50/60 1200 2,77 - N=7,5.106
2 50/60 2100 2,86 - CAP 30/45
3 30/45 6000 2,65 - FCL = 104
4 20/45 56000 2,88 N = K (∆σ ) − n
5 55 3800 2,32 7,5.10 2 = 6.000(∆σ ) −2,65
6 20 1400 2,61 Obtém-se (∆σ)adm = 2,1917 MPa
N = K (∆σ ) − n 21,917 kgf/cm2
183
revestimentos,com base na teoria de BOUSSINESQ, 1885 (HOFFMAN e AGUILA,
1985).
No processo de pesquisa, em busca de outros modelos teóricos, A.H.A. HOGG
apresentou em 1944 uma solução matemática, conhecida na comunidade científica
internacional como modelo de HOGG. Este modelo é baseado em um sistema hipotético
de duas camadas, consistindo de uma placa relativamente fina sobre uma fundação
elástica.
O pavimento original é representado por um equivalente, composto por uma
placa delgada com certa rigidez à flexão e horizontalmente infinita, sustentada por uma
capa elástica, linear, homogênea e isotrópica de espessura infinita ou limitada por uma
base rígida e perfeitamente rugosa, FIG. 6.4.
184
TAB. 6.3 Parâmetros básicos do modelo de Hogg
D.(1 + µ ).(3 − 4 µ ) 13
l0 = 0 0 l0 – Rigidez Longitudinal característica da Placa
2.(1 − µ 0 ).E 0 (l0 – cm, centímetros)
E0 (kg/cm2) Módulo de elasticidade do subleito
EQ. 6.1
Onde µ 0, E0, p, l0 estão definidos na FIG. 6.1 e TAB. 6.7, “r” é a distância
EQ. 6.2
185
superfície de um sistema elástico simplificado, proposto por Hogg (HOFFMAN e
AGUILA, 1985).
Atualmente, alguns modelos simplificados vêm sendo empregados por diversos
países através de seus centros de pesquisas e órgãos rodoviários, com o objetivo de dar
respostas sobre a estrutura do pavimento com rapidez e eficiência.
A FHWA – Federal Highway Administration considera o método de Hogg, para
avaliação de desempenho e aplicações em projetos, conservador, entretanto bastante
adequado as práticas rodoviárias.
Empregado por este órgão rodoviário nos últimos 15 anos, mostrou-se um
modelo bastante estável, em diversos tipos de pavimentos e locais, obtendo-se uma alta
correlação com os valores de módulo de resiliência do subleito e uma baixa correlação e
muito rigoroso com os valores de módulo de resiliência das demais camadas, obtidos
nas retroanálises de estruturas avaliadas neste período por aquele órgão.
Segundo este órgão rodoviário norte americano, o modelo de Hogg é eficaz,
prático e extremamente fácil de empregar, quando comparado aos outros modelos,
tornando-o um dos métodos recomendados pela FHWA para o cálculo do módulo de
subleito e para avaliação e dimensionamento de estruturas de pavimento rodoviário.
O DNIT – Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte – apresenta
em seu Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos um método, com base no
modelo de Hogg, denominado de produto R.d0, empregado na retroanálise simplificada
das medidas de deflexão em pavimentos flexíveis e semi-rígidos.
6.250
R= EQ. 6.4
2(d 0 − d 25 )
Onde:
186
R – Raio de curvatura em metros, m;
d0 – Deflexão com viga Benkelman em 0,01 mm medida na vertical do eixo
traseiro entre as rodas duplas do caminhão de prova;e
d25 – Deflexão com viga Benkelman em 0,01 mm medida na vertical do eixo
traseiro a 25 cm das rodas duplas do caminhão de prova.
187
verificados com programas de avaliação estrutural de pavimentos, à luz da mecânica
dos pavimentos, como ELSYM5 ou FEPAVE2.
188
( R.d 0 + 5.163)
H EQ = EQ. 6.6
685
E SL
ISC = EQ. 6.8
70
Onde:
( )
d
( )
d
H EQ = 15, 409 + 123,572. 60 d + 823,149. 60 d
0 0
2
( )
d
− 1493,36. 60 d
0
3
( )
d
+ 959,866. 60 d
0
4
EQ. 6.9
−1 2 −5 3
E SL .d 0 = 71,560 − 1,824 .H EQ + 0,199 .10 .H EQ − 7 ,844 .10 .H EQ EQ. 6.10
Onde:
189
As equações apresentadas por FABRÍCIO e FABRÍCIO (2003), encontram-se
no Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos – DNIT, 2006, assim como o
ábaco auxiliar de cálculo dos parâmetros do pavimento equivalente, FIG. 6.6.
FIG. 6.6 Ábaco para avaliação estrutural de pavimentos flexíveis pelo produto Rd0
Fonte: Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos, 2006
190
do SNC – número estrutural corrigido do pavimento equivalente ao pavimento real para
o emprego das equações de desempenho do Método DNER-PRO-159/85, de acordo
com as seguintes equações, EQ. 6.11 e EQ. 6.12:
−8,40.10−5.E
EQ
SN = H EQ 0,181.(1 − e ) EQ. 6.11
Onde:
−2 −3 2 −6 3
σ Z = 2,128 − 8,307.10 .H EQ + 1,277.10 .H EQ − 7,079.10 .H EQ EQ. 6.13
191
De acordo com FABRÍCIO e FABRÍCIO (2003), as principais razões para a
adoção do conceito de análise de pavimentos equivalentes são as seguintes:
192
6.5 Avaliação da metodologia simplificada
Base – 50% Solo/50% AAAC 20,0 20,0 15,0 15,0 20,0 20,0
Sub-base – 70% Solo/30% AAAC 15,0 15,0 20,0 20,0 15,0 15,0
193
A TAB. 6.5, apresenta os resultados dessas estruturas e a analise estatística
realizada, a qual apresentou coeficientes de variação médios, correspondentes a (d0/d0’)
e (d25/d25’), menores que 10%, valores estes sugeridos como aceitável por seus autores.
194
DEFORMADA
-10
-20
DESLOCAMENTO Z (10-2 mm)
-30
-40
Est. Dim DNER Real
-50 Est. Dim. DNER Eq
-60
-70
-80
-90
Distância Radial (cm)
DEFORMADA
-5
-10
Deslocamento Z(10 mm)
-15
-2
E GXDB 9 Real
-20
E GXDB 9 Equivalente
-25
-30
-35
-40
Distância Radial (cm)
195
DEFORMADA
-20
Deslocamento Z (10 mm)
-40
-2
E1 Real
-60
E1 Equivalente
-80
-100
-120
Distância Radial (cm)
DEFORMADA
-10
Deslocamento Z (10 mm)
-20
-2
-30
E4 Real
E4 Equivalente
-40
-50
-60
-70
Distância Radial (cm)
196
modelo matemático de Hogg. Esse modelo apresentou melhor aderência em espessuras
de concreto asfáltico superiores a 7,5 cm, como se pode verificar nos exemplos de
deformadas apresentados.
O produto R.d0 é um importante parâmetro de avaliação estrutural entretanto, há
de se observar a razão R/d0 e a relação entre os módulos de deformação elástica das
camadas da estrutura equivalente, antes de determinar a qualidade estrutural de um
pavimento segundo este critério.
O próximo capítulo apresentará as conclusões e recomendações do presente
estudo bem como, sugestões para pesquisas futuras empregando o agregado artificial de
argila calcinada.
197
7 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES DE PESQUISAS
FUTURAS
Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões que tiveram por base os
resultados dos ensaios realizados em laboratório, a pista experimental construída e as
análises de estruturas teóricas e reais de pavimentos constituídos por argila calcinada.
198
A produção deste tipo de material pode ser otimizada com o emprego de
unidades específicas para este fim, ao invés de se empregar olarias convencionais que
utilizem combustíveis com maior poder calorífico e que permitam um maior controle da
temperatura de queima.
Entretanto, apesar das deficiências de uma produção em olaria em relação às
possivelmente realizáveis em unidades especificas para este fim, o baixo aporte de
capital para realizar esta produção de pétreo sintético de argila, a abundância de olarias
em certas localidades, os elevados preços dos agregados nestas regiões e os bons
resultados obtidos com misturas solo-agregados, estabilizações granulométrica e
concreto asfáltico fazem dela uma alternativa viável técnica e econômica.
Durante a avaliação dos lotes produzidos constatou-se que a maioria destes
apresentou absorção entre 12,0% e 15,0%, refletindo um consumo elevado de ligante
quando empregado como agregado de mistura betuminosa. Logo, sugere-se o estudo de
possíveis meios de pré-tratamento de agregado com o objetivo de reduzir a porosidade,
impermeabilizando-os e reduzindo, assim, os custos destas misturas. Sugere-se então,
uma avaliação de custos levando-se em conta o valor de absorção desejado e a matéria-
prima empregada.
Diante do exposto, verifica-se que o limite para absorção sugerido pela
metodologia de produção deste agregado deve ser revisto, observação já realizada no
estudo de SILVA (2006). Sugere-se manter o percentual sugerido, 18%, apenas quando
este for utilizado em estabilizações granulométricas ou misturas solo-agregados.
Com relação aos agregados de argila calcinada produzidos para misturas
asfálticas, sugere-se que este limite seja de 10%. Entretanto, verificou-se no presente
estudo a dificuldade de obter-se este percentual em olarias, o que remete a uma das
proposta de estudo sobre o real potencial do emprego de olarias para este fim e as
adaptações necessárias a serem realizadas nesta para otimizar a produção.
Constatou-se que durante a britagem em unidade convencional, este material se
comportou como os demais materiais pétreos. As perdas ocorridas deveram-se a
problemas. O aumento das propriedades mecânicas deste também contribue para a
redução de pó-de-argila calcinada, assim como ocorre com os materiais pétreos usuais
do meio rodoviário.
O emprego de blocos cerâmicos constituídos por prismas hexagonais com
diâmetro de 19,0 mm evitou o emprego do rebritador, o que reduz a produção de finos,
pó-de-argila calcinada.
199
7.2 Ensaios com misturas solo-agregados e estabilizações granulométricas com
argila calcinada
200
7.3 Ensaios com concreto asfáltico de argila calcinada
201
7.4 Avaliação de pavimento constituído por argila calcinada com o modelo de hogg
O emprego deste tipo de análise apresenta a vantagem de ser não destrutivo e ter
como base uma teoria elástica simplificada, permitido uma concepção moderna de
análise estruturas viárias à luz dos modernos conceitos da mecânica dos pavimentos, e
exigir apenas duas medidas de deflexão em campo d0 e d25.
Constatou-se, empregando bacias de deflexões teóricas geradas pelo programa
FEPAVE2, que os resultados obtidos com o modelo simplificado de Hogg são
compatíveis com os da estrutura original. A melhor aderência desse modelo foi
observada em estruturas de pavimento com revestimentos de espessuras superiores a 7,5
cm.
Recomenda-se o emprego deste modelo em avaliações estruturais,
dimensionamento de reforços de pavimento e possivelmente, com certas adaptações, no
projeto de novos pavimentos, vislumbrando-se assim o desenvolvimento de outras
metodologias, e empregando-se este modelo na avaliação estrutural de pavimentos
asfálticos.
202
Sugere-se ainda, um estudo comparativo da deformação permanente, em função
das características físicas e mecânicas destes agregados sintéticos, entre a brita e argila
calcinada graduada.
203
Sugere-se ainda, o acompanhamento ao longo da vida em serviço do segmento
experimental construído, por meio de avaliações estruturais e funcionais, para
identificar possíveis deficiências deste material, empregado de forma inédita no
Brasil.
Por fim, é necessária uma avaliação de custos do emprego desta alternativa de
material pétreo sintético de argila nos serviços de pavimentação.
204
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214
9 APÊNDICE
215
9.1 APÊNDICE: ENSAIOS COMPLEXOMÉTRICOS – ARGILAS
216
217
218
219
220
221
222
223
224
225
226
227
228
229
230
9.2 APÊNDICE: CARACTERIZAÇÃO DAS MISTURAS SOLO-
AGREGADOS E ARGILA CALCINADA GRADUADA
231
TAB. 9.1 Massa específica aparente seca (MEAS) e Umidade ótima (hótima) de
misturas solo-agregados e argila calcinada pura
232
9.3 APÊNDICE: TABELAS COM RESULTADOS DE ÍNDICE DE SUPORTE
CALIFÓRNIA DE MISTURAS SOLO-AGREGADOS E ARGILA CALCINADA
GRADUADA
233
TAB. 9.2 Resultados de Índice de Suporte Califórnia – ISC
Energia de Expansão
Solo % Agregado % CP N° hensaio (%) I.S.C. (%)
Compactação (%)
01
100 - - 18,6 28 0,09
02
03
30 70 5,3 163 0,01
04
05
50 BRITA 50 7,2 127 0,01
06
07
70 30 9,7 79 0,02
08
09
30 70 Modificada 9,1 113 0,01
10
11
SOLO A 50 SEIXO 50 12,1 41 0,01
12
13
70 30 13,2 28 0,01
14
15
30 70 17,6 95 0,01
16
17
50 50 16,1 81 0,12
18
ARGILA 19
50 50 Intermediária 14,3 31 0,12
CALCINADA 20
21
70 30 14,2 38 0,01
22
23 Modificada
50 50 13,8 74 0,02
24
SOLO B
25
100 - - 10,1 9 0,04
26
27
19,3 101 -
28
29
Intermediária 18,7 72 -
30
31
ARGILA CALCINADA GRADUADA 18,9 71 -
32
FAIXA C - DNIT 33
100 19,9 141 -
34
35
18,6 200 -
36
Modificada
37
19,1 192 -
38
39
FAIXA III - DER/PR 18,5 77 -
40
234
9.4 APÊNDICE: FICHAS DE ENSAIOS DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA E
DEFORMAÇÃO PERMANENTE – SOLO-ARGILA CALCINADA E ARGILA
CALCINADA GRADUADA
235
236
237
238
239
240
241
242
243
244
245
246
247
248
249
250
251
252
9.5 APÊNDICE: TABELAS COM NUMERAÇÃO DOS CORPOS-DE-
PROVAS, RESULTADOS DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA E RESISTÊNCIA À
TRAÇÃO – CONCRETO ASFÁLTICO
253
TAB. 9.3 Numeração dos corpos-de-prova de concreto asfáltico
254
TAB. 9.3 Numeração dos corpos-de-prova de concreto asfáltico (continuação)
255
TAB. 9.4 Resultados de módulo de resiliência (MR) e resistência à tração (RT)
256
9.6 APÊNDICE: DOSAGEM MARSHALL DE CONCRETO ASFÁLTICO –
ARGILA CALCINA E SEIXO-ROLADO
257
258
259
260
261
262
263
264
265
266
10 ANEXO
267
10.1 ANEXO: CONTAGEM E PESAGEM CLASSIFICATÓRIA DE
TRÁFEGO DA ESTRADA DO GUAXINDIDIBA FORNECIDA PELO DER/RJ
268
Relatório de pesagem por eixo e categoria realizado pelo DER-RJ na Estrada de Guaxindiba
269