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SANTOS
2017
BARBARA GONÇALVES DAUD MENEGUESSO
SANTOS
2017
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total
ou parcial deste trabalho de conclusão de curso por processos fotocopiadores
Assinatura:
Data: _____/_____/_____
Data:
BANCA EXAMINADORA
SANTOS
2017
Aos meus pais, João Arlindo e
Valéria, meu irmão Victor Hugo e
avós Ieda Maria, Eliana e José Carlos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente à minha família, aos meus pais João Arlindo Daud
Meneguesso e Valéria Gonçalves Daud Meneguesso, e meu irmão Victor Hugo Gonçalves
Daud Meneguesso, pelo amor, carinho e paciência. Não tenho palavras para descrever o quanto
sou grata por tudo que fizeram e fazem por mim, vocês não mediram esforços para que eu
pudesse levar esta graduação a adiante, sempre me apoiando e incentivando.
Aos meus avós, José Carlos de Souza, Eliana Martins Cruz e Ieda Maria Silva Daud,
seus ensinamentos foram de enorme importância em toda minha jornada dentro e fora da
universidade.
Aos meus tios, João André Ramos e Kaynara Gonçalves Ramos, que me auxiliaram
financeiramente e sempre me incentivaram a alcançar meus objetivos.
Ao meu padrinho Luciana Devezas (in memorian), que me incentivou a entrar nesta área
de petróleo e gás.
Aos meus familiares, primos e tios, que nos momentos de minha ausência dedicados aos
estudos, sempre fizeram entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação no
presente. Em especial ao meu tio Sérgio Barreto (in memorian) por sempre acreditar em mim.
À minha orientadora Michele Fripp Lazzari Schaefer, por todo o tempo que dedicou a
me auxiliar durante a realização deste trabalho.
A todos os professores que estiveram comigo durante esses cinco anos de graduação,
em especial ao Prof. Dr. Oleg Bokhonok, obrigada por todos os ensinamentos e incentivos.
Aos meus amigos, que estiveram comigo desde o primeiro ano, que nossa amizade
perdure por muitos anos.
Ao Eduardo Bolela (in memorian), amigo de todas as horas, você sempre foi uma pessoa
muito alegre, amável e comprometida. Foram inúmeras as vezes que passamos juntos estudando
para provas, conversando, cozinhando, rindo e brincando.
Obrigada por tudo Dudu, a saudade de você será sempre eterna.
Amigos vem e se vão, mas os verdadeiros, nem mesmo a morte os afasta de nós! Eles são
eternos e incondicionais (BRANTES, S.).
A Equipe PetroBowl – Unisantos, gestão 2016 e 2017, meus colegas e amigos,
Guilherme Nunes, Hulysses Freitas, Leonardo Fonseca e Luiz Felipe Bernardes. Tudo o que
passamos juntos, me fez crescer pessoalmente e profissionalmente. Só nós sabemos o quanto
que aprendemos com esta jornada, obrigada pelos momentos de descontração, apoio, consolo e
paciência. Foram muitas as vitórias e derrotas, mas acredito fielmente que tudo o que passamos
só nos fez crescer cada vez mais e nos incentivar a não desistirmos de nossos objetivos e sempre
corrermos atrás dos nossos sonhos, afinal encerrar o curso estando entre a Elite 8 das melhores
equipes do mundo não é ruim, não é mesmo?!
(Aldo Novak)
RESUMO
The cementing of oil and gas wells is one of the most important steps in the construction
of a well, both in its drilling phase and in the production phase, the aims of the operation are to
maintain a mechanical adhesion between casing-cement-formation, being the main purpose
support the weight of the casing and pipes, have a hydraulic insulation behind the casing and
isolation of the production zones. These operations start with the pumping of the cement slurry
into the column, then the slurry is displaced until the annulus, this is to avoid communication
of fluids presents in the producing intervals. If poorly done, this operation may increase the cost
of the well and lead to undesirable problems such as kicks and blowouts, and in case this
procedure is incomplete the well can never reach its full productive potential. To evaluate the
quality of the primary cementing operation there are some methods, the most used in the
industry is the logging, through the reading of acoustic logs it’s possible the identification of
the existence or not of agglutination of the casing-cement-formation in the annulus. This work
goal is to highlight the importance of a precise and correct analysis of the logs used to evaluate
the cementation, showing examples of profiles and explaining how it is read in real cases,
emphasizing that the incorrect opinion of the professional can cause environmental damage and
possible loss of the well.
Figura 4.2 - Cimentação no começo de 1920, Campo Hewitt, OK, EUA (SMITH, 1990).........25
Figura 4.18 – Tampão de Cimento para desvio em Poço Direcional (ELFARASH, et.al,
2016).........................................................................................................................................54
Figura 4.19 – Método de Compressão por Hesitação (Adaptado de ELFARASH, et. al,
2016).........................................................................................................................................56
Figura 4.28 – Interação do Cimento – Formação com Indicação de microanular (Disponível em:
<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................68
Figura 5.8 – Indicação de Presença de Gás no Cimento através da USIT (Disponível em:
<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................83
Figura 5.10 (a) – Perfil Sônico (Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em
novembro de 2017)....................................................................................................................86
Figura 5.10 (b) – Perfil Sônico (Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em
novembro de 2017)....................................................................................................................87
Figura 5.10 (c) – Perfil Sônico (Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em
novembro de 2017)....................................................................................................................88
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 – Principais Etapas da Hidratação do Cimento Portland (Adaptado de JAWED, et.al.,
1993).........................................................................................................................................40
Tabela 4.2 – Classificação de Cimentos Portland de acordo com o API (Adaptado de THOMAS,
2004).........................................................................................................................................42
1. INTRODUÇÃO
Segundo Moraes (2016), operações de cimentações mal efetuadas podem causar falha
na vedação hidráulica por detrás do revestimento, resultando na intercomunicação dos fluidos
e, consequentemente, repercutir em fluxo de fluidos indesejáveis, testes de produção e de
avaliações incorretos, danos ambientais (no caso de haver uma comunicação entre uma zona de
hidrocarboneto com um aquífero) e operações de estimulações malsucedidas com a
possibilidade de perda do poço.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Fazer uma revisão das técnicas mais usuais de avaliação da cimentação primária,
apontando suas aplicações e limitações, bem como indicar a importância de uma análise bem
executada.
3. JUSTIFICATIVA
A etapa de cimentação primária de um poço é uma das mais importantes dentre as etapas
de construção de poços, já que ela garante a integridade do mesmo, atuando como uma barreira
de segurança para as etapas subsequentes da sua construção, bem como durante toda sua a vida
útil. Sendo assim, a operação deve ser muito bem avaliada a fim de se determinar se os objetivos
foram atingidos, evitando situações não desejadas como kicks, blowout e, consequentes danos
ambientais. Além disso, a decisão tomada com segurança pode evitar custos desnecessários em
situações nas quais possam restar dúvidas quanto ao desempenho da operação de cimentação
primária.
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4. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta etapa foi realizado o levantamento dos conteúdos teóricos necessários para a
realização do presente trabalho, qual aborda a cimentação de poços petrolíferos, apontando os
métodos mais utilizados na avaliação de cimentação primária.
Esta operação, é considerada uma das mais importantes a ser realizada em um poço de
óleo e gás. Após o fim da perfuração as tubulações (revestimentos ou liners) são inseridas como
forma de proteger o poço contra colapso e debris da formação, impedindo os mesmos de caírem
dentro do poço. A cimentação é utilizada para fixar tais tubulações com as paredes do poço, o
espaço anular entre as mesmas é preenchido com cimento, evitando assim a migração de fluidos
entre as zonas permeáveis que o poço atravessa. A Figura 4.1, demonstra o cimento sendo
inserido no poço para fixar as tubulações às paredes do poço.
apenas em 1859, que tivemos o primeiro poço de petróleo descoberto e perfurado nos Estados
Unidos em Tittusville, Pensilvânia, através de uma torre de perfuração feita em casa pelo
Coronel Edwin Drake. Este poço foi o primeiro perfurado com o real intuito de achar petróleo
e considerado o primeiro da era moderna. A perfuração ocorreu com o uso da técnica de
percussão movida a vapor e atingiu uma profundidade de aproximadamente 21 m sendo que,
este poço produziu cerca de 2 m3/dia de óleo (THOMAS, 2004).
Já em 1927, o primeiro cimento especifico para poços de petróleo foi fabricado pela
Lone Star Cement Company.
Teve-se muitos avanços na área de cimentação desde 1883 porém, foi em 1937 que foi
consolidado o comitê para estudar cimento para poços de petróleo pelo API.
O teste do tempo de espessamento com pressão e temperatura foi realizado pela primeira
vez em 1939 por R. F. Farris. Em 1940, M. M. Kinley, conseguiu calcular o volume de cimento
através do uso do perfil caliper (HALLIBURTON, 2017).
Nesta época o WOC era entre 7 e 28 dias, porém devido ao aparecimento dos aditivos
químicos, o WOC foi reduzindo. Foi em 1946, que o WOC reduziu de 72 horas para um
intervalo entre 24 e 36 horas.
Em 1952, o API publicou a primeira edição da norma API para testes em pastas de
cimento.
Não há como negar que a Halliburton é uma das maiores empresas do ramo de
cimentação. O primeiro cimento de alta temperatura foi desenvolvido em 1959. Em 1962, a
mesma ajudou a estabelecer um meio alternativo de fontes de energia através da cimentação do
primeiro poço geotérmico.
2004, foi o ano que tivemos um grande avanço na história da cimentação. A Halliburton
conduziu a primeira operação remota e monitorou a cimentação de um poço offshore estando
onshore. Em 2008, introduziu o primeiro e único simulador de operação de cimentação 3D para
modelar as interfaces de fluido/anular/cimento.
O WOC foi reduzindo cada vez mais com o passar do tempo. Atualmente a pasta se
solidifica rapidamente e os procedimentos nos poços podem ser retomados de 6 a 8 horas após
a cimentação.
25
(SMITH, 1990).
4.3.1 Profundidade
A profundidade do poço influencia diretamente na quantidade e propriedade dos fluidos
presentes no mesmo, tais como temperatura e pressão e, portanto, influenciando no design da
pasta de cimento. Além disso, a profundidade controla o tamanho e os revestimentos do poço
(CROOK, 2007).
4.3.2 Geometria
Este é um parâmetro importante, pois a geometria do poço determina a quantia
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A dimensão do poço pode ser determinada por diversos métodos, sendo os principais:
caliper log, electromagnetic caliper, multifinger caliper e ultrasonic caliper. A geometria do
poço e a dimensão do revestimento determina o tamanho do espaço anular o, qual influencia na
movimentação do fluido pela pasta de cimento, sendo o mínimo espaço anular recomendado
entre 0,019 e 0,038 metros. Com um anular menor que o recomendado teremos restrição nas
características de fluxo e uma maior dificuldade no deslocamento de fluidos (CROOK, 2007).
Outro aspecto destacado por Crook (2007) é o anglo de desvio, qual influencia o TVD e
temperatura do poço. Os poços com um anglo de desvio maior são considerados mais
desafiadores, pois os revestimentos serão excêntricos e o deslocamento dos fluidos se tornarão
uma tarefa mais complicada. Porém, estes problemas poderão ser resolvidos com a instalação
de casing centralizers.
4.3.3 Temperatura
A temperatura do poço é um parâmetro de extrema importância na fabricação da pasta
de cimento para uma operação de cimentação. Existem basicamente três principais temperaturas
que devem ser levadas em consideração: BHCT, BHST e ΔT.
A BHCT controla o tempo que o cimento leva para estabilizar, enquanto a BHST
considera uma condição imóvel, nenhum fluido está circulando e resfriando o poço. Esta
temperatura tem um papel vital no desenvolvimento da cura do cimento. ΔT, se torna um fator
significante quando o cimento é inserido sobre um grande intervalo e há diferenças de
temperatura significantes entre o topo e a base do cimento (CROOK, 2007).
4.4.1 Sapatas
Situada na extremidade inferior de uma coluna de revestimento, guia a descida dos
revestimentos no poço e é facilmente perfurável, facilitando a reentrada de elementos de coluna
no revestimento (LAZZARI, 2016).
4.4.2 Flutuante
Localizada na extremidade da coluna, a sapata flutuante (Figura 4.3), é utilizada na
descida do revestimento no poço, de modo que o revestimento “flutue” até o local de seu
assentamento, diminuindo assim o stress na torre de perfuração.
Segundo Lazzari (2016), esta sapata possui uma check valve que permite apenas fluxo
descendente, impedindo assim que o cimento situado no anular volte para o interior da coluna
28
(EFFENDI, 2015).
4.4.3 Guia
Permite o fluxo em todas as direções (interior do poço para o anular e vice-versa) devido
a possuir uma abertura central, basicamente uma sapata flutuante sem a check valve (LAZZARI,
2016). A sapata guia pode ser notada na Figura 4.4.
Esta sapata, como o próprio nome já diz, guia o revestimento através do poço,
minimizando os problemas associados com colisão contra as rochas na parede do poço.
(EFFENDI, 2015).
29
4.4.4 Fill-Up
Esta sapata contém uma check valve. A única diferença entre ela e a sapata flutuante é
que nesta a válvula é travada por um determinado equipamentos, qual deverá ser desativado,
para que a check valve passe a impedir o fluxo ascendente (LAZZARI, 2016).
(NELSON, 1990)
4.4.5 Cega
Diferente das outras, esta é completamente cimentada, impedindo assim o fluxo em
qualquer direção (LAZZARI, 2016).
4.4.6 Stab-in
Utilizada, geralmente, em revestimentos de grandes diâmetros, operações onshore ou
sondas fixas e Jack-Ups, como a flutuante possui uma check valve (LAZZARI,2016).
30
(NELSON, 1990).
4.4.2 Colar
Situado de 2 a 3 tubos acima da sapata, retém os tampões de cimento e possuem
mecanismos de vedação, que podem ser flutuantes ou diferenciais. Comumente são
utilizados os colares flutuantes (Figura 4.7) e caso não haja um mecanismo de vedação, usa-
se o colar guia (Figura 4.8) (THOMAS, 2004).
(CROOK, 2007)
31
(THOMAS, 2004)
4.4.3 Centralizadores
Utilizados na parte externa da coluna de revestimento, possuem como finalidade
centralizar a coluna dentro do poço e causar um afastamento mínimo da parede do poço,
praticamente criar um espaço anular para garantir a distribuição do cimento no mesmo, tendo
em vista que descentralizações podem afetar diretamente a cimentação, fazendo com que a
mesma fique comprometida naquele local (LAZZARI, 2016; THOMAS, 2004).
1 2 3
1. Centek S2 Slip-on: Devido este equipamento ser projetado em peça única, sem
soldagem, o mesmo não possui pontos fracos (pontos com solda são, geralmente,
considerados pontos fracos) o tornando ultra resistente (HALLIBURTON, 2015). Pode
ser aplicado em poços: insonsolidados, HPHT, shale oil e gas, verticais, completações
a poço aberto e em perfurações de longo alcance horizontal ou em locais alargados no
poço (CENTEK (a), 2017).
3. Centek Temporary Underreamed (TUR): Também em peça única sem solda, este
centralizador foi designado para passar em seções restritas (já conhecidas) e retornar ao
seu formato original, resultando em formatos muito bem centralizados, utilizado em
poços com pequenas tolerâncias, altamente desviados, seções alargadas e perfurações
de longo alcance horizontal (CENTEK (b), 2017; HALLIBURTON, 2015).
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Além do Centek, existem vários outros tipos de centralizadores, alguns destes podem
ser observados na Figura 4.10.
1 2 3 4
1. Bow spring: Considerando que este tipo é minimamente maior que o poço, ele fornece
uma centralização completa em poços verticais ou ligeiramente desviados. Devido a
flexibilidade dos arcos eles podem passar através de seções estreitas e se expandir na
localização desejada (PEGASUS VORTEX, 2017).
2. Rígidos: Construídos a partir de barras de aço maciço ou de ferro fundido, com uma
altura fixa da lâmina e são dimensionados para se adequarem a um revestimento
especifico ou tamanho de poço, este tipo é considerado robusto e funciona bem em
poços desviados, agem como rolamentos durante a rotação do tubo, porém,
considerando que este tipo é menor que o poço, não garante uma boa centralização como
o bow spring em poços verticais (PEGASUS VORTEX, 2017).
3. Sobre acopladores: Embora este método dispense a técnica sobre o colar de paragem,
esta configuração não é muito recomendada pois só pode ser utilizada quando existe um
grande espaço anular. Além disso, pode aumentar a força de rotação do centralizador.
Outra desvantagem é que esta técnica precisa ser realizada ainda na plataforma
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4.4.4 Arranhadores
Também conhecido como limpador de parede, o equipamento é anexado ao
revestimento com o intuído de remover o reboco perdido das paredes do poço e prover uma
melhor aderência cimento-formação. São mais efetivos quanto utilizados enquanto o cimento
está sendo bombeado. Como os centralizadores, os arranhadores auxiliam na distribuição do
cimento ao entorno do revestimento (CROOK, 2007; LECOURTIER, 1993).
(CROOK, 2007).
37
(LECOURTIER, 1993).
4.4.5 Tampões
Os tampões metálicos começaram a ser utilizados em 1910, quando Parkins patenteou
a técnica de descida do tampão de fundo (a frente) e de topo (atrás). Os tampões são utilizados
com a finalidade de evitar a contaminação da pasta de cimento pelo fluido presente no poço.
Para proteger a pasta é descido primeiro o tampão de fundo, em seguida a pasta é injetada e por
fim desce o tampão de topo.
Estes tampões são sempre de cor diferente, as cores padrões utilizadas pela Halliburton
são vermelhos para os de fundo e pretos para os de topo. Ambos podem ser observados na
Figura 4.14 onde mostra uma operação de deslocamento.
4.5 Cimento
As definições de cimento dependem de sua área de aplicação. Em geologia, é o material
de ligação presente nas rochas sedimentares que precipita entre os grãos provenientes de fluidos
porosos. Calcita e quartzo são comumente minerais formadores de cimento. Em perfuração,
material usado para selar permanentemente o espaço anular entre revestimentos e a parede dos
poços. Também utilizado para selar formações para prevenir a perda de fluidos de perfuração e
para operações de tampões de abandono. Já na completação de poços, cimento é um termo
genérico utilizado para descrever o cimento Portland, utilizado em poços de óleo e gás. Nas
operações de completação de poços, são universalmente usados na movimentação do fluido de
perfuração e preenchimento do anular entre o revestimento e as paredes do poço.
Jawed et. al. (1983, p.89) afirma que “o processo de hidratação do cimento Portland
ocorre através das sequências de sobreposições de reações químicas entre os componentes do
clínquer, sulfato de cálcio e água, levando ao assentamento e solidificação”. Os principais
estágios de hidratação estão dispostos na Tabela 4.1.
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-Hidratação superficial de
C3S.
A NBR 9831, norma que determina os requisitos e técnicas de ensaio para cimentos
41
usados na cimentação de poços de óleo e gás, em sua composição não existem outros elementos
além do gesso para retardar o WOC e clínquer, composto químico usado na fabricação do
cimento. São tomadas precauções durante a elaboração do cimento para poços de petróleo. Tais
precauções são para garantir que o produto conserve as propriedades reológicas (como a
plasticidade), necessárias nas condições HPHT presentes em grandes profundidades
(OLIVEIRA, 2004).
O cimento Portland pode ser facilmente modificado, dependendo apenas das matérias
primas utilizadas e do processo usado para combiná-las. As proporções de matérias primas são
baseadas em uma série de cálculos simultâneos, que levam em consideração a composição
química das matérias primas e o tipo de cimento a ser produzido.
Silicato Tricálcico (C3S) - Ca3SiO5, também chamado de alita, os cimentos com grande
resistência inicial possuem uma maior porcentagem de C3S. Considerado o composto mais
abundante e importante no cimento Portland. Nesta fase, este clínquer é o responsável por
constituir de 50 a 70% do mesmo (TAYLOR, 1990).
cimento o aumento de sua resistência inicial a longo prazo, porém, possui baixa resistência
mecânica inicial. Este apresenta um baixo calor de hidratação e reage demoradamente com a
água (MARQUES, 2015). Segundo Taylor (1990), esta fase de clínquer está presente de 15 a
30% no cimento Portland.
“Para que uma cimentação seja realizada com sucesso, é essencial que a pasta
satisfaça as exigências seguintes:
- Ser bombeável durante o tempo necessário para sua colocação sob condições
particulares.
- Manter as suspensões estáveis.
- Uma vez no lugar endurecer rapidamente.
- Manter aderência mecânica ao revestimento e a formação.
- Manter o isolamento das formações.” (FREITAS, 2008, p.38).
44
Crook (2007, p.398), diz que “aceleradores são particularmente benéficos em casos
onde uma pasta de cimento com baixa densidade é necessária ou onde formações com
baixas temperaturas são encontradas”.
4.5.3.3 Estendedores
Utilizados para reduzir o peso da pasta de cimento ou aumentar seu rendimento. Para
isso, existem diferentes tipos que podem ser usados. Os estendedores físicos, como argila,
aumentam o rendimento através da absorção de água, mantendo assim, a pasta mais homogênea
e reduzindo a separação de água. Outro agente estendedor é o silicato de sódio, sendo mais
utilizado que a própria argila, diminui a separação de água e é, normalmente, pré misturado ao
cimento (THOMAS, 2004).
45
Desde a primeira operação em 1903, a principal meta desta operação sempre foi obter o
isolamento de zonas produtoras em poços de petróleo e para isso, um selamento hidráulico deve
ser obtido entre o revestimento-cimento e cimento-formação enquanto ao mesmo tempo deverá
prevenir a canalização de fluidos na bainha do cimento (NELSON, 1990), como demonstrado
na Figura 4.15.
Com o objetivo de preencher o espaço anular entre a parede do poço e a tubulação para
obter fixação e vedação efetiva do anular em questão, esta operação é executada após a descida
de cada coluna de revestimento no poço e fornece suporte mecânico para o revestimento.
O processo básico para ter uma cimentação primária é o método de dois tampões
metálicos, patenteado por Almond Parkins em 1910. Os tampões são utilizados a frente e atrás
para evitar a contaminação da pasta durante o deslocamento.
(SMITH, 1984)
Esta técnica usa float shoes ou guide shoes, com adaptadores selantes ligados a tubos de
pequenos diâmetros.
Segundo Crook (2007), o revestimento pode sofrer danos quando as areias de gás se
tornam carregadas com a alta pressão dos poços ao entorno. Nestas instâncias, cimentar o
espaço anular da coluna através da conexão com a cabeça do revestimento pode reparar o
próprio revestimento.
Nesta técnica o cimento é bombeado pelo drillpipe e sobe pelo anular. O drillpipe então
é removido do poço e o revestimento ou liner é selado no fundo e rebaixado até a área sem a
pasta de cimento. Após a pasta de cimento ter sido inserida, o poço poderá ser completado com
métodos convencionais.
Uma desvantagem deste método é o aumento do tempo do contato água/óleo, o que pode
ser custoso se uma plataforma de perfuração é mantida no local enquanto o cimento descansa e
ganha força.
Neste revestimento uma boa cimentação primária é muito mais crítica, pois ela deve
fornecer uma vedação hidráulica eficiente e permanente entre as zonas produtoras, impedindo
a migração de fluidos.
A falta de uma efetiva vedação hidráulica pode causar a produção de fluidos não
previstos ou esperados, testes de produção incorretos, prejuízo no controle dos reservatórios e
operações de estimulação malsucedidas, com a possibilidade de perda do poço.
52
4.6.1.2.5 Liner
Não é estendido da cabeça do poço, mas sim, a partir de outro revestimento. São usados
ao invés de revestimentos completos para reduzir custos, melhoraram o desempenho hidráulico
ao perfurar em zonas mais profundas, além de não apresentarem uma limitação de tensão.
4.6.1.2.6 Tieback
Revestimento que proporciona integridade de pressão adicional do topo do liner até a
cabeça do poço. Um Tieback intermediário é utilizado para isolar os revestimentos que não
conseguem suportar possíveis cargas de pressões durante a perfuração. Similarmente, um
tieback de produção isola um revestimento intermediário das cargas de produção. O tieback
pode ser parcialmente cimentado ou não cimentado.
4.6.2.1 Recimentação
A recimentação é efetuada quando há ausência de cimento no anular revestimento-
formação ou para correções de canalizações. Segundo Thomas (2004), a recimentação deve ser
efetuada quando há necessidade de corrigir a cimentação primária e, pode ocorrer quando o
topo do cimento não alcança sua altura prevista. Antes de ser realizada a recimentação, deve-
se confirmar se existe circulação pelo anular, pois nesta operação o cimento não é comprimido,
mas sim circulado por detrás do revestimento. Para promover a circulação com retorno, a pasta
de cimento deve ser bombeada através da coluna de perfuração, devendo ser composta por um
packer para permitir a pressurização necessária para a pasta se mover pelo anular (FREITAS,
2010).
Outros fatores que devem ser cuidadosamente considerados para uma operação de
tampões de cimento são: eficiência de deslocamento, estabilidade da pasta de cimento e
compatibilidade de fluido.
Esta operação tem como objetivos corrigir a razão água/óleo (RAO), devido ao abaixamento
do contato gás/água com a produção, corrigir a razão gás/óleo (RGO), devido ao abaixamento
do contato gás/óleo com a produção, reparar vazamentos em revestimentos,
isolamento/abandono e combater perda de circulação. Entretanto, não resolve problemas de
comunicação vertical dentro da formação.
Desidratação
Completa
Bleed – Off
Pressure
Segundo Moraes (2016), existem alguns riscos nesta operação, sendo um dos principais
o fraturamento extensivo, acarretando na criação de caminhos (comunicação) entre zonas que
seriam isoladas. Nesta técnica deve-se utilizar um packer para evitar a pressurização total do
revestimento e cimento sem aditivos para controle de filtrado.
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Segundo Moraes (2016), este método só pode ser utilizado quando usa-se fluido de
completação isento de sólidos. Para esta operação, em casos que se deseja proteger os
canhoneados existentes acima do intervalo a isolar, deve-se usar um packer ou retentor de
cimento.
Os packers, são equipamentos que permitem a circulação no poço até a pasta de cimento
ser bombeada. Quando a mesma começa a ser bombeada, o packer é assentado, o que causa o
selamento do espaço anular, assim permitindo que a compressão do cimento seja através da
tubulação abaixo do packer ou na parte de trás entre o anular tubulação/revestimento acima do
packer (CROOK, 2007).
Retainers, são utilizados para criar um fundo falso e são assentados abaixo do local que
se pretende realizar a compressão de cimento dentro do revestimento ou da tubulação. Este
procedimento sela o poço aberto que se encontra abaixo do alvo que se pretende isolar e reduz
o volume necessário de cimento para a compressão (CROOK, 2007).
Os métodos empregados neste teste são: pistoneio, circulação de fluidos leves (petróleo,
diesel, nitrogênio), uso de válvulas ou disco de ruptura. Caso o resultado do teste seja uma
pressão estabilizada no período de fluxo isso indica um tamponamento perfeito dos
canhoneados.
Segundo Moraes (2016), o critério para a escolha dos traçadores é o tempo de meia vida,
que deverá ser pequeno o suficiente para não afetar permanentemente o perfil original. Os
traçadores mais apropriados são I131 (iodo radioativo), Ir192 (irídio) e Sc46 (escândio), que
possuem respectivamente o tempo de meia vida 8 dias, 75 dias e 85 dias.
60
4.7.3 Perfilagem
“Após a fase da prospecção e perfuração exploratória é necessário que sejam
feitos alguns estudos que confirmem os prognósticos feitos para uma
determinada jazida petrolífera. Esse prognóstico pode se confirmar ao longo
da fase de perfuração de um poço e/ou término desta fase” (LOGELO, 2011,
p.20).
Segundo Altoé (2015), através da perfilagem é possível ter uma previsão dos vários
tipos de rochas existentes no poço em questão e, com isso, consegue-se identificar, quantificar
e qualificar hidrocarbonetos presentes na zona de interesse. Pode-se dizer também que a
perfilagem é o registro contínuo das propriedades físicas das formações perfuradas ao longo de
um poço.
De acordo com Rocha & Azevedo (2009, p.66) “Apesar de os avançados métodos
geofísicos e geológicos atuais sugerirem as mais promissoras locações, é somente a perfuração
do poço que revelará se os prognósticos serão ou não confirmados”.
Neste perfil, a geração de calor que induz um desvio no gradiente normal de temperatura
do poço ocorre devido as reações exotérmicas de hidratação do cimento. A variação de
temperatura no gradiente é de -12,2 até 10ºC e depende do cimento no anular, da condutividade
térmica da formação, tipo de pasta e da temperatura (profundidade). Em grande parte dos casos,
os picos de temperatura ocorrem no intervalo de 4 a 12h após o deslocamento da pasta de
cimento e se mantem elevados por mais de 24h. Este perfil deve-se ser corrido entre 12h e 24h
após o deslocamento da pasta.
Moraes (2016), diz que quando há suspeita de intercomunicação entre zonas, este perfil
pode ajudar na identificação de canalizações. Um método de saber se as suposições estão
corretas é, por exemplo, correr o perfil normalmente, injetar 80 bbl de óleo diesel e correr o
61
perfil novamente. Com isso, observando a variação na temperatura abaixo do OWC pode-se
determinar a existência ou não de canalizações.
A propagação de energia acústica em um meio elástico (aquele que uma vez deformado
volta ao estado original após causas perturbadoras, tais como líquidos e sólidos) ocorre através
de ondas elásticas. As ondas são os conjuntos de todas as diferentes posições assumidas por
uma partícula de um meio elástico quando executa uma oscilação completa. Caso a fonte de
energia produza uma perturbação isolada tem-se a propagação de uma onda simples, caso uma
excitação continua da força perturbadora tem-se um conjunto de onda simples (trem de ondas).
Hartmann (2015), diz que temos dois tipos de ondas elásticas de corpo, as quais
transportam energia e que são suportadas pelo meio elástico. Elas são: ondas P e onda S, ambas
podem ser observadas, respectivamente, nas Figuras 4.20 e 4.21.
(adaptada de D’AGRELLA).
62
(adaptada de D’AGRELLA).
Os perfis mais utilizados são o CBL e VDL, sendo utilizados na avaliação da aderência
do cimento-revestimento e cimento-formação. Tais perfis são comumente corridos em conjunto
com os perfis GR e CCL.
Para obter um perfil CBL de qualidade é necessário que se saiba qual o meio ciclo
efetivamente tomado para leitura da amplitude. Comumente, o sinal que transita pelo
revestimento é o mais rápido e irá determinar a medida da amplitude e do TT.
A curva de TT é utilizada como controle de qualidade do CBL e pode ser afetada por
alguns fatores, tais como: descentralização da ferramenta, formações rápidas e salto de ciclo.
Uma boa aderência entre cimento-revestimento pode ser constatada com o decréscimo
do sinal da amplitude de E1. Tal decréscimo só poderá ser constatado como correto se
comparado com intervalos mal cimentados. Neste caso, podem ocorrer dois fenômenos com o
TT, sendo eles: salto de ciclo e alongamento.
64
(MORAES, 2016).
4.7.3.2.1.3 Alongamento
Ocorre quando há um pequeno aumento no TT base ou crítico, ou seja, devido ao fato
do nível de detecção da ferramenta ser mantido constante, há um aumento da onda E1 que
chega mais atenuada, isto pode ser observado na Figura 4.24.
O perfil CBL, faz o registro contínuo da amplitude do primeiro sinal que chega ao
receptor, distante 3 pés do transmissor. Este sinal comumente é aquele que viaja através do
revestimento, a energia que é perdida para o fluido provoca mudanças pequenas e constantes
66
As curvas constantes neste perfil são TT, GR e CCL onde, segundo Moraes (2016), o
TT assegura a qualidade da amplitude, o GR, além de medir a radioatividade natural da
formação, pode ser corrido tanto em poços revestidos como aberto, sendo usado para inserir o
perfil CBL/VDL em profundidade e o CCL, é um localizador de luvas do revestimento.
4.7.3.2.1.4.2.1 Má Cimentação
A Figura 4.26 apresenta a interação entre formação, cimento e revestimento em caso de
revestimento livre (má cimentação), onde não existe aderência do cimento.
67
A canalização pode ocorrer devido a falhas durante a remoção dos fluidos de perfuração
68
Microanular
A ferramenta pode ser vista, na figura 4.31, sendo que a mesma dispõe de 8 transdutores,
posicionados de forma helicoidal de modo que cada um avalie 45º.
70
(MORAES, 2016).
• Avaliação do cimento.
• Inspeção de revestimento:
o Detecção e monitoramento de corrosão.
o Análise da espessura do revestimento.
Comparando com as outras ferramentas, até o momento, a USIT, que pode ser observada
na Figura 4.33, tem provado ser a melhor na avaliação da cimentação.
72
(SCHLUMBERGER, 2004)
• Avaliação da cimentação.
• Inspeção do revestimento.
• Detecção de fraturas.
• Imageamento de poço aberto.
73
(HALLIBURTON, 2009).
Esta ferramenta apresenta em seu perfil, geralmente na última pista, um mapa que
segundo Graham et. al. (1997) é o mapa Z (mapa de impedância). Gerado pelo equipamento
veio a ser utilizado em uma escala de cores, de modo a distinguir os valores de impedância
medidos pela CAST-V e facilitar a interpretação, onde cada cor representa uma situação, quais
podem ser observadas na Tabela 4.4 no caso de cimentos convencionais.
Impedância Impedância
Situação Mínima Máxima Cor
Gás 0.00 0.38 Vermelho
5. METODOLOGIA
Após a realização da cimentação em poços petrolíferos, ocorre a avaliação da mesma e
existem vários meios de se realizar esta etapa, tais como testes hidráulicos, traçadores
radioativos e perfilagem.
A análise começa com leitura da primeira pista, quais as principais curvas são GR, TT
e CCL. A curva de GR, indica o possível início de um reservatório, tendo em vista que o
principal objetivo da cimentação é o isolamento de zonas produtoras, devido ao fato de não
haver informações precisas sobre o intervalo onde a cimentação deve estar perfeita para evitar
a comunicação de fluidos por detrás do revestimento. Através da leitura desta curva pode-se
estimar dentro do reservatório o início da zona a ser isolada para a futura operação de produção.
Em seguida, avalia-se o TT, que representa todas as leituras referentes do retorno da chegada
da primeira onda, sendo também muito utilizado como controle de qualidade do CBL. Após, é
feita a leitura da curva do CCL, qual indicará a presença de luvas de cimento, ressaltando que
quando existe a presença das mesmas isso causará um decaimento na amplitude e o
aparecimento de sinais tortuosos no VDL.
Na segunda pista temos o CBL. Quando for apresentado sinais de amplitudes altos será
um indicativo de falta de cimentação enquanto sinais baixos representam a presença de cimento.
Em seguida, temos a pista do VDL, a qual juntamente com o CBL, são as curvas essenciais para
a avaliação de uma cimentação. Caso apresente sinais paralelos e retilíneos isso é indicativo da
presença de fluido no local, falta de cimento e/ou falta de aderência, enquanto sinais tortuosos
representam a presença de cimento.
no anular, não obtivemos uma boa cimentação (falta de aderência) resultando em revestimento
livre, sendo necessária cimentação secundária.
(MORAES, 2016)
78
5.1.2.1 CET
Segundo Moraes (2016), o CEL, observado na Figura 5.5, pode ser descido em conjunto
com o CBL/VDL. O perfil é gerado a partir da emissão de pulsos acústicos de alta frequência
(550 a 650 KHz) que incidem no revestimento.
(MORAES, 2016).
82
5.1.2.2 USIT
Na Figura 5.6 podemos observar na pista de impedância algumas cores, segundo
Graham et. al. (1997). O marrom representa média impedância, enquanto o vermelho, indica a
presença de gás. Na Figura 5.7, nota-se a cor azul, a qual apresenta revestimento livre, ou seja,
sem cimentação. Já a Figura 5.8, apresenta uma cimentação completa, indicando baixa
impedância no CBL, sinais tortuosos no VDL e presença de gás.
(MORAES, 2016).
83
5.1.2.3 CAST-V
A Figura 5.9, apresenta o perfil gerado a partir da ferramenta. Nele pode-se observar
uma canalização (azul) em uma área bem cimentada (marrom e preto) na pista 6, referente ao
imageamento do mapa de impedância.
Para melhor análise e compreensão do estudo, foi feita a repartição do perfil em três
partes, as quais irão exibir diferentes situações encontradas na corrida do perfil ao longo do
poço, sendo essas situações: falta de cimentação, aparecimento de canalizações e intervalo bem
cimentado.
86
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 5.10 (a), apresenta uma seção do perfil que possui 36 m, sendo utilizado o
intervalo de 1060 – 1096 m. Neste trecho pode-se observar primeiramente os sinais baixos na
curva de GR, a qual pode indicar a presença de uma zona de rochas com baixas radioatividades,
podendo constituir um reservatório.
Após a leitura da curva de GR, pode-se dizer que naquela profundidade ainda não
chegamos no reservatório. Em seguida, foi feita a leitura do TT e do CCL, os quais são coerentes
com os sinais mostrados no CBL e VDL, respectivamente, alta amplitude e uma diminuição da
mesma na presença das luvas de cimento e, sinais paralelos em sua maioria, tendo sinais
tortuosos apenas na presença das luvas. Através da análise nesta seção do perfil em questão,
podemos observar que, devido ao fato de não ter sido atingido o reservatório e nem a zona
produtora, ainda não foi efetuada a operação de cimentação para o isolamento da mesma, tanto
que não é possível indicar o topo do cimento, pois não há cimento naquele local. A curva de
TT confirma essa observação, já que indica revestimento livre, pois como pode ser observado
na Tabela 5.1, os valores apresentados no perfil são coerentes com o caso de revestimento de
7” (variação entre 260 e 280 µs).
Já a Figura 5.10 (b) exibe outra seção do perfil, desta vez com uma zona de 66 m, de
1770 – 1836 m. Na profundidade de 1780 m pode-se observar um aumento na curva GR, que
segundo Hartman (2015) é um sinal da presenta de rochas medianamente radioativas, podendo
assim estimar que o inicio da zona produtora ocorreu na profundidade de aproximadamente
1780 m. Juntamente com os sinais do GR, tem-se um declínio de amplitude e início do
aparecimento de sinais tortuosos no VDL, podendo assim sugerir que nesta profundidade fosse
encontrado o topo do cimento no espaço anular em questão. Com o início da zona cimentada
encontrada, inicia-se a avaliação da mesma. Até a profundidade de 1809 m a cimentação
aparenta estar em boas condições, porém entre 1810 m e 1836 m tem-se um aumento de
amplitude e a presença de sinais retilíneos no CBL e VDL, respectivamente, indicando a
presença de fluido e falta de aderência do cimento. Após análise do trecho, sugere-se a
realização de uma operação de cimentação secundária, sendo a recimentação a mais adequada
para esta situação, já que pode ser utilizada para a correção de canalizações. Porém para a
realização desta operação é de extrema importância checar e confirmar a existência de
circulação através do anular, pois nesta correção a pasta de cimento será bombeada através da
coluna.
90
A Figura 5.10 (c), expõe um intervalo de 70 m variando de 2060 – 2130 m, neste caso
já dentro da possível zona produtora. Observa-se um aumento na curva de GR, a uma
profundidade de 2119 m, o qual pode ser indicação de um arenito argiloso. No CBL nota-se
uma baixa amplitude que, quando analisada junto com os sinais tortuosos e de difícil leitura no
VDL é uma indicação de um trecho bem cimentado, sendo dispensável a necessidade de uma
operação de cimentação secundária neste trecho.
91
7. CONCLUSÃO
O presente trabalho apresentou os tipos de operações de cimentação primárias e
secundárias efetuadas em poços petrolíferos, ressaltando quando e qual operação secundária
deve ser realizada caso necessário, além de expor os métodos utilizados para a sua avaliação,
destacando o uso da técnica de perfilagem, a qual é a mais utilizada atualmente.
Considerada uma das mais importes e uma das principais, a operação de cimentação
primária visa garantir a integridade do poço, atuando como barreira de segurança. Sua
finalidade fundamental é suportar o peso dos revestimentos e tubulações, prover isolamento
hidráulico e fazer o isolamento de zonas produtoras, tendo em vista que a falta de vedação pode
acarretar na intercomunicação de intervalos produtores. Sendo assim, a operação deve ser muito
bem avaliada a fim de se determinar se os objetivos foram atingidos, evitando situações
indesejadas que possam acarretar em danos ambientais e a perda do poço. Além disso, a decisão
tomada com segurança pode evitar custos desnecessários em situações nas quais possam restar
dúvidas quanto ao desempenho da operação de cimentação primária.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
novembro de 2017;
HANANIA, J.; STENHOUSE, K.; DONEV, J. Geothermal Gradient. Disponível em: <
http://energyeducation.ca/encyclopedia/Geothermal_gradient>. Acesso em 11 de junho de
2017;
JAWED, I.; SKALNY, J.; YOUNG, J. F. Hydration of Portland Cement. Essex: Applied
Science Publishers, 1983;
PEGASUS VERTEX, Inc. Casing Centralizers: Are We Using Too Many or Too Few?
2015. Disponível em: <http://www.pvisoftware.com/white-paper/Casing-Centralizer-Are-We-
Using-Too-Many-or-Too-Few.pdf>. Acesso em 03 de junho de 2017;
de Janeiro, 2009;
SMITH, D. K. Cementing Monograph SPE, Society of Petroleum Engineers Inc., New York
City, 1990;
TIPTON, S. Oil and Gas Well Cementing. EPA Technical Workshop on Well
Construction/Operation and Subsurface Modeling Research, New York, 2013;