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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

BARBARA GONÇALVES DAUD MENEGUESSO

AVALIAÇÃO DE CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO


ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA NECESSIDADE DE CIMENTAÇÃO
SECUNDÁRIA UTILIZANDO PERFIS ACÚSTICOS

SANTOS
2017
BARBARA GONÇALVES DAUD MENEGUESSO

AVALIAÇÃO DE CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO


ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA NECESSIDADE DE CIMENTAÇÃO
SECUNDÁRIA UTILIZANDO PERFIS ACÚSTICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de graduação em Engenharia de Petróleo da
Universidade Católica de Santos como exigência
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Petróleo.

Orientadora: Profª. M.Sc. Michele Fripp Lazzari


Schaefer

SANTOS
2017
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total
ou parcial deste trabalho de conclusão de curso por processos fotocopiadores

Assinatura:

Data: _____/_____/_____

Data:

Dados internacionais de catalogação


Sistema de bibliotecas da Universidade Católica de Santos
SIBIU

C972e MENEGUESSO, Barbara Gonçalves Daud Meneguesso

Avaliação de Cimentação de Poços de Petróleo: Estudo de Caso da Análise da Necessidade de


Cimentação Secundária Utilizando Perfis Acústicos / Barbara Gonçalves Daud Meneguesso;
orientadora Profª M.Sc. Michele Fripp Lazzari Schaefer – 2017

97f. Monografia – Curso de Engenharia de Petróleo – Universidade Católica de Santos, 2017.


1. Avaliação de Cimentação. 2. Cimentação. 3. Cimentação Primária. 4. Perfis Acústicos.
5. Perfil Sônico CBL/VDL.
BARBARA GONÇALVES DAUD MENEGUESSO

AVALIAÇÃO DE CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO


ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DA NECESSIDADE DE CIMENTAÇÃO
SECUNDÁRIA UTILIZANDO PERFIS ACÚSTICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


curso de graduação em Engenharia de Petróleo da
Universidade Católica de Santos como exigência
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Petróleo.
Orientadora: Profª. M.Sc. Michele Fripp Lazzari
Schaefer

BANCA EXAMINADORA

Michele Fripp Lazzari Schaefer – Unisantos / Unifesp (Presidente)

Otávio Coaracy Brasil Gandolfo – Unisantos / IPT

Data de aprovação: _____/_____/_____

SANTOS
2017
Aos meus pais, João Arlindo e
Valéria, meu irmão Victor Hugo e
avós Ieda Maria, Eliana e José Carlos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente à minha família, aos meus pais João Arlindo Daud
Meneguesso e Valéria Gonçalves Daud Meneguesso, e meu irmão Victor Hugo Gonçalves
Daud Meneguesso, pelo amor, carinho e paciência. Não tenho palavras para descrever o quanto
sou grata por tudo que fizeram e fazem por mim, vocês não mediram esforços para que eu
pudesse levar esta graduação a adiante, sempre me apoiando e incentivando.

Aos meus avós, José Carlos de Souza, Eliana Martins Cruz e Ieda Maria Silva Daud,
seus ensinamentos foram de enorme importância em toda minha jornada dentro e fora da
universidade.

Aos meus tios, João André Ramos e Kaynara Gonçalves Ramos, que me auxiliaram
financeiramente e sempre me incentivaram a alcançar meus objetivos.

Ao meu padrinho Luciana Devezas (in memorian), que me incentivou a entrar nesta área
de petróleo e gás.

Aos meus familiares, primos e tios, que nos momentos de minha ausência dedicados aos
estudos, sempre fizeram entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação no
presente. Em especial ao meu tio Sérgio Barreto (in memorian) por sempre acreditar em mim.

À minha orientadora Michele Fripp Lazzari Schaefer, por todo o tempo que dedicou a
me auxiliar durante a realização deste trabalho.

A todos os professores que estiveram comigo durante esses cinco anos de graduação,
em especial ao Prof. Dr. Oleg Bokhonok, obrigada por todos os ensinamentos e incentivos.

Aos meus amigos, que estiveram comigo desde o primeiro ano, que nossa amizade
perdure por muitos anos.

Ao Eduardo Bolela (in memorian), amigo de todas as horas, você sempre foi uma pessoa
muito alegre, amável e comprometida. Foram inúmeras as vezes que passamos juntos estudando
para provas, conversando, cozinhando, rindo e brincando.
Obrigada por tudo Dudu, a saudade de você será sempre eterna.
Amigos vem e se vão, mas os verdadeiros, nem mesmo a morte os afasta de nós! Eles são
eternos e incondicionais (BRANTES, S.).
A Equipe PetroBowl – Unisantos, gestão 2016 e 2017, meus colegas e amigos,
Guilherme Nunes, Hulysses Freitas, Leonardo Fonseca e Luiz Felipe Bernardes. Tudo o que
passamos juntos, me fez crescer pessoalmente e profissionalmente. Só nós sabemos o quanto
que aprendemos com esta jornada, obrigada pelos momentos de descontração, apoio, consolo e
paciência. Foram muitas as vitórias e derrotas, mas acredito fielmente que tudo o que passamos
só nos fez crescer cada vez mais e nos incentivar a não desistirmos de nossos objetivos e sempre
corrermos atrás dos nossos sonhos, afinal encerrar o curso estando entre a Elite 8 das melhores
equipes do mundo não é ruim, não é mesmo?!

Aos amigos, colegas e funcionários do IPECI (Instituto de Pesquisas Cientificas e


Tecnológicas), LGAEP (Laboratório de Geofísica Aplicada à Exploração de Engenharia de
Petróleo) e Capítulo Estudantil SPE - UniSantos (Society of Petroleum Enginners).

E a todos, que direta ou indiretamente, contribuíram para a minha graduação.


“Sonhos determinam o que você quer.
Ação determina o que você conquista”

(Aldo Novak)
RESUMO

A cimentação de poços petrolíferos é uma das etapas mais importantes na construção de


um poço, tanto em sua fase de perfuração como fase de produção, pois tem como objetivo
manter uma aderência mecânica entre revestimento-cimento-formação, sendo suas principais
finalidades suportar o peso dos revestimentos e tubulações, obter um isolamento hidráulico por
detrás do revestimento e isolamento de zonas produtoras. Esta operações ocorre através do
bombeio da basta de cimento por dentro da coluna, deslocando o cimento até o anular para
assim evitar a comunicação de fluidos entre intervalos produtores. Caso mal elaborada esta
operação poderá aumentar o custo do poço e acarretar em problemas indesejáveis como kicks e
blowouts, além de que, caso este procedimento seja mal feito, o poço pode nunca alcançar seu
total potencial produtivo. Para podermos avaliar a qualidade da cimentação primária existem
alguns métodos, sendo o mais utilizado na indústria a perfilagem, através da leitura de perfis
acústicos pode-se chegar a indicativos da existência ou não da aglutinação do revestimento-
cimento-formação no espaço anular. Este trabalho tem como intuito destacar a importância de
uma análise precisa e correta dos perfis utilizados para avaliação da cimentação, demonstrando
exemplos de perfis e explicando como é feita a leitura em casos reais, ressaltando que o parecer
incorreto do profissional poderá acarretar em danos ambientais e possível perda do poço.

Palavras-chave: Avaliação de cimentação; Cimentação; Cimentação primária; Perfis acústicos;


Perfil sônico CBL/VDL.
ABSTRACT

The cementing of oil and gas wells is one of the most important steps in the construction
of a well, both in its drilling phase and in the production phase, the aims of the operation are to
maintain a mechanical adhesion between casing-cement-formation, being the main purpose
support the weight of the casing and pipes, have a hydraulic insulation behind the casing and
isolation of the production zones. These operations start with the pumping of the cement slurry
into the column, then the slurry is displaced until the annulus, this is to avoid communication
of fluids presents in the producing intervals. If poorly done, this operation may increase the cost
of the well and lead to undesirable problems such as kicks and blowouts, and in case this
procedure is incomplete the well can never reach its full productive potential. To evaluate the
quality of the primary cementing operation there are some methods, the most used in the
industry is the logging, through the reading of acoustic logs it’s possible the identification of
the existence or not of agglutination of the casing-cement-formation in the annulus. This work
goal is to highlight the importance of a precise and correct analysis of the logs used to evaluate
the cementation, showing examples of profiles and explaining how it is read in real cases,
emphasizing that the incorrect opinion of the professional can cause environmental damage and
possible loss of the well.

Keywords: Cementing Evaluation; Cementation; Primary Cementing; Acoustic Logs;


CBL/VDL log.
LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 - Cimento sendo bombeado no poço - operação de cimentação


(Well Cementing Operations, IADC Drilling Series, 2015).....................................................21

Figura 4.2 - Cimentação no começo de 1920, Campo Hewitt, OK, EUA (SMITH, 1990).........25

Figura 4.3 – Sapata Flutuante (EFFENDI, 2015).......................................................................28

Figura 4.4 – Sapata Guia (EFFENDI, 2015)..............................................................................28

Figura 4.5 – Sapata Fill-Up (NELSON, 1990)...........................................................................29

Figura 4.6 – Sapata Stab-in (NELSON, 1990)...........................................................................30

Figura 4.7 – Colar Flutuante (CROOK, 2007). .........................................................................30

Figura 4.8 – Colar Guia (THOMAS, 2004). ..............................................................................31

Figura 4.9 – Centralizadores Centek (Adaptado de HALLIBURTON, 2015)............................32

Figura 4.10 – Tipos de Centralizadores (Adaptado de PAGASUS VORTEX, 2015)................33

Figura 4.11 – Métodos de instalação dos centralizadores (Adaptado de WEATHERFORD,


2016).........................................................................................................................................35

Figura 4.12 – Arranhador de Reciprocação (CROOK, 2007) ....................................................36

Figura 4.13 – Arranhador de Rotação (LECOURTIER, 1993)..................................................37

Figura 4.14 – Operação de deslocamento com tampões (Adaptado de LAZZARI, 2016)..........38

Figura 4.15 – Objetivos da Cimentação Primária (SMITH, 1984).............................................47

Figura 4.16 – Esquema de revestimento no poço (ROCHA & AZEVEDO, 2009)....................52

Figura 4.17 – Tampão de Isolamento de Zonas (ELFARASH, et.al, 2016)...............................54

Figura 4.18 – Tampão de Cimento para desvio em Poço Direcional (ELFARASH, et.al,
2016).........................................................................................................................................54

Figura 4.19 – Método de Compressão por Hesitação (Adaptado de ELFARASH, et. al,
2016).........................................................................................................................................56

Figura 4.20 – Onda P (adaptada de D’AGRELLA)....................................................................61


Figura 4.21 – Onda S (adaptada de D’AGRELLA)....................................................................62

Figura 4.22 – Medida do TT (adaptado de MORAES, 2016).....................................................63

Figura 4.23 – Salto de Ciclo (MORAES, 2016).........................................................................64

Figura 4.24 – Alongamento (Adaptado de NELSON, 1990).....................................................64

Figura 4.25 – Ferramenta de Perfilagem CBL/VDL (NELSON, 1990).....................................65

Figura 4.26 – Interação formação-cimento-revestimento, caso de revestimento livre (Disponível


em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>).........................................67

Figura 4.27 - Interação formação-cimento-revestimento no caso de cimentação incompleta


(Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)......................67

Figura 4.28 – Interação do Cimento – Formação com Indicação de microanular (Disponível em:
<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................68

Figura 4.29 – Falta de aderência cimento-formação (Disponível em:


<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................68

Figura 4.30 – Interação formação-cimento-revestimento com boa aderência (Disponível em:


<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................69

Figura 4.31 – Ferramenta CET (MORAES, 2016).....................................................................70

Figura 4.32 – Ferramenta PET (ALBERT, et. al., 1988)............................................................70

Figura 4.33 – Ferramenta USIT (SCHLUMBERGER, 2004)....................................................72

Figura 4.34– Ferramenta CAST-V (HALLIBURTON, 2009)....................................................73

Figura 5.1 – Exemplo de Caso de Revestimento Livre (MORAES, 2016).................................77

Figura 5.2 – Perfil com Indicação de Cimentação Incompleta (Disponível em:


<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................78

Figura 5.3 – Perfil com indicação de microanular ou canalização (Disponível em:


<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................79

Figura 5.4 – Boa Aderência entre formação-cimento-revestimento (Disponível em:


<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................80

Figura 5.5 – Perfil CEL (MORAES, 2016)................................................................................81


Figura 5.6 – Perfil registrado através da USIT (MORAE, 2016)................................................82

Figura 5.7 – Detecção de revestimento Livre através da USIT (Disponível em:


<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................83

Figura 5.8 – Indicação de Presença de Gás no Cimento através da USIT (Disponível em:
<http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>)................................................83

Figura 5.9 – Perfil CAST-V (Adaptado de HALLIBURTON, 2009)..........................................84

Figura 5.10 (a) – Perfil Sônico (Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em
novembro de 2017)....................................................................................................................86

Figura 5.10 (b) – Perfil Sônico (Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em
novembro de 2017)....................................................................................................................87

Figura 5.10 (c) – Perfil Sônico (Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em
novembro de 2017)....................................................................................................................88
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Principais Etapas da Hidratação do Cimento Portland (Adaptado de JAWED, et.al.,
1993).........................................................................................................................................40

Tabela 4.2 – Classificação de Cimentos Portland de acordo com o API (Adaptado de THOMAS,
2004).........................................................................................................................................42

Tabela 4.3 – Principais compostos químicos do cimento Portland (Adaptado de THOMAS,


2004).........................................................................................................................................43

Tabela 4.4 – Mapa Z para cimentos convencionais (Adaptado de GRAHAM, et.al.,


1997).........................................................................................................................................74

Tabela 5.1 - Valores de TT e Amplitude do CBL em Casos de Revestimento Livre (Adaptado


de MORAES, 2016)..................................................................................................................77
GLOSSÁRIO

Espaço entre dois objetos concêntricos, como por exemplo,


Anular entre o poço e o revestimento.
API American Petroleum Institute – Instituto Americano de
Petróleo.
Bottom hole circulating temperature – Temperatura do
BHCT fluido de circulação no fundo do poço após várias horas de
circulação.
Bottom hole static temperature – Temperatura da formação
BHST imperturbada situada no fundo do poço.
Fluxo continuo e incontrolável de fluidos da formação para
Blowout a superfície.
Bradenhead Squeeze Técnica de compressão de cimento que ocorre através da
circulação da pasta de cimento.
Perfil Caliper – mostra a representação do diâmetro do
Caliper Log poço junto com o ganho de profundidade.
Centralizador de revestimento – dispositivo mecânico que
Casing Centralizer impede o revestimento de contatar a parede do poço.
Ferramenta usada no fundo do poço para confirmar o
correlacionar a profundidade usando pontos de referências
Casing Collar locator conhecidos na coluna de revestimento.
Cement Evaluation Ferramenta de avaliação de cimentação
Tool
Circumferential Ferramenta de visualização de escaneamento acústico
Acoustic Scanning Tool circunferencial.
- Visualization
CBL Cement Bond Log – Perfil de aderência da cimentação.
Casing Collar Log – perfil provido através da ferramenta
casing collar locator, a mesma geralmente incorpora o
CCL perfil GR para correlacionar a posição relativa da coluna de
revestimento.
Válvula de Pé – Equipamento que permite o escoamento
Check Valve em um único sentido.
Composto químico utilizado na fabricação do cimento.
Clínquer Composto essencialmente de silicato de cálcio hidráulicos,
com pequenas quantidades de aluminatos de cálcio e
ferritas.
Fabricação de clínqueres por meio de moagem de calcário
Clinquerização e silicatos semifundidos.
Delayed-set cementing Cimentação retardada.
Lugar particularmente desviado situado no poço onde a
Dogleg trajetória do poço no espaço 3D muda rapidamente.
Drill pipe Tubos de perfuração.
Dry Test Teste Seco.
Efeito Chevron Fortes sinais de luvas e revestimento
Caliper Eletromagnético - Medição in situ do diâmetro
Electromagnetic interno do revestimento ou tubulação usando técnicas
Caliper eletromagnéticas.
Método de recuperação térmica onde uma chama é gerada
Fireflooding no reservatório através da iniciação de uma chama na areia
de superfície em um poço injetor.
Sapata flutuante – só permite o fluxo descendente,
Float Shoe impedindo o fluxo do anular para a coluna de revestimento.
Fresh Water Água da formação com baixa salinidade.
Perfil de Raios Gamma – Medição das emissões naturais
Gamma Ray (GR) Log de raios gamma da formação.
Gas Lift Método de elevação artificial onde gás é injetado na coluna
de produção para reduzir a pressão hidrostática da coluna
de fluido.
Sapata guia - situada no fim de uma coluna de
Guide shoe revestimento, usada para guiar a descida da coluna de
revestimento no poço.
Hesitation Squeeze Técnica de compressão de cimento por hesitação.
High-Pressure High-Temperature: Alta-Pressão Alta-
HPHT Temperatura.
High-Pressure Squeeze Compressão de cimento por alta pressão.
Jack-Ups Tipo de plataforma autoelevatória.
Kick Fluxo de fluidos da formação para dentro do poço durante
operações de perfuração.
Liner Coluna de revestimento que não se estende até a cabeça do
poço, ficando ancorada internamente ao revestimento
anterior.
Low-Pressure Squeeze Compressão de cimento por baixa pressão.
Mudline Leito marinho.
Caliper de Múltiplos braços - Equipamento usado na
medição do diâmetro interno do revestimento ou tubulação
Multifinger Caliper com o auxílio de múltiplos “braços”.
Offshore Refere-se aos poços marítimos.
Onshore Refere-se aos poços terrestres.
OWC Oil/Water Contact – Contato óleo/água.
Packer/Retainer Compressão de cimento com uso de packer e/ou retentor de
Squeeze cimento.
Subsolo permanentemente congelado que se situa abaixo
Permafrost da camada superior do solo em regiões árticas.
-Estruturas em formas de treliças elevadas com secções
transversais triangulares (onshore);
-Caixa de armazenamento para drill pipe, drill collars e
Pipe Racks revestimento (offshore).

Pulse Echo Tool Ferramenta de pulso de eco


Psi Pounds per square inch – libra-força por polegada quadrada
Recirculating Jet Recirculador de misturada de jatos
Mixer
Running Squeeze Técnica de compressão de cimento que ocorre através da
injeção continua da pasta de cimento no poço.
Shale Gas Folhelho com gás
Shale Oil Folhelho com óleo
Spacing Espaço
Stage Cementing Cimentação em estágios.
Mistura de duas fases de água, liquida e vapor, produzida a
Steam partir de um gerador.
Zonas encontradas durante a perfuração, onde os fluidos de
Thief zone circulação podem ser perdidos.
True Vertical Depth – distancia vertical de um ponto no
TVD poço até um ponto na superfície.
Caliper Ultrassônico - Equipamento usado na medição do
diâmetro interno do revestimento, tubulação ou poço aberto
Ultrasonic Caliper utilizando sinais de alta frequência acústica.
Underbalance Pressão exercida sobre uma formação exposta que é menor
que a pressão interna dos fluidos dessa formação.
Ultrasonic Imager Tool Ferramente de imageamento ultrassônico.
VDL Variable Density Log – Perfil de densidade variável.
WOC Wait on Cement - Tempo de pega do cimento.
ΔT Temperature differential – Diferencial de temperatura.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 19
2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 20
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 20
2.2 Objetivo Específico .................................................................................................... 20
3. JUSTIFICATIVA........................................................................................................... 20
4. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 21
4.1 Cimentação em Poços Petrolíferos .............................................................................. 21
4.2 Histórico da Cimentação ............................................................................................. 22
4.3 Parâmetros de Poços ................................................................................................... 25
4.3.1 Profundidade ........................................................................................................ 25
4.3.2 Geometria ............................................................................................................ 25
4.3.3 Temperatura ......................................................................................................... 26
4.3.4 Pressão da Formação ............................................................................................ 27
4.3.5 Características da Formação ................................................................................. 27
4.4 Acessórios da Cimentação .......................................................................................... 27
4.4.1 Sapatas ................................................................................................................. 27
4.4.2 Colar .................................................................................................................... 30
4.4.3 Centralizadores .................................................................................................... 31
4.4.4 Arranhadores ........................................................................................................ 36
4.4.5 Tampões .............................................................................................................. 37
4.5 Cimento ...................................................................................................................... 39
4.5.1 Cimento Portland ..................................................................................................... 39
4.5.2 Classificação do Cimento Portland de Acordo com o API ........................................ 42
4.5.3 Aditivos Utilizados na Pasta de Cimento .................................................................. 43
4.5.3.1 Aceleradores de Pega ........................................................................................ 44
4.5.3.2 Retardadores de Pega ........................................................................................ 44
4.5.3.3 Estendedores ..................................................................................................... 44
4.5.3.4 Redutores de fricção (dispersantes).................................................................... 45
4.5.3.5 Agentes de Peso ................................................................................................ 45
4.5.3.6 Controladores de Perda de Fluido ...................................................................... 45
4.5.3.7 Controladores de Filtrado .................................................................................. 45
4.6 Tipos de Cimentação .................................................................................................. 45
4.6.1 Cimentação Primária ............................................................................................ 46
4.6.2 Cimentação Secundária ........................................................................................ 53
4.7 Métodos de avaliação da qualidade da cimentação ...................................................... 58
4.7.1 Testes Hidráulicos ................................................................................................ 58
4.7.2 Traçadores Radioativos ........................................................................................ 59
4.7.3 Perfilagem ............................................................................................................ 60
5. METODOLOGIA .......................................................................................................... 75
5.1 Exemplos de Perfis ..................................................................................................... 76
5.1.1 Exemplos de Perfis Sônicos.................................................................................. 76
5.1.2 Exemplos de Perfis Ultrassônicos ......................................................................... 81
5.2 Estudo de Caso ........................................................................................................... 85
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 89
7. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 91
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 92
19

1. INTRODUÇÃO

Ao fim de cada etapa da perfuração de poços petrolíferos as tubulações são inseridas no


poço com o objetivo de proteger o poço contra o colapso e debris da formação. Para que as
tubulações sejam fixadas contra as paredes do poço, é realizada uma operação de cimentação,
onde cimento é injetado no espaço anular entre as tubulações e parede do poço, além de prover
a estabilização das tubulações. Esta operação visa impedir a migração de fluidos entre as zonas
permeáveis presentes no poço.

Existem técnicas de cimentação modificadas para uso em operações especiais e podem


ser de acordo com Crook (2007): cimentação através da tubulação e revestimento, stage
cementing, cimentação interna da tubulação, cimentação externa ou do anular através da
tubulação, cimentação por circulação reversa, delayed-set cementing, cimentação de tubulações
múltiplas e cimentação de poços HPHT.

A operação de cimentação é considerada uma das mais importantes etapas na perfuração


e completação de poços petrolíferos e pode ser dividida em duas partes: primária e secundária.

Na cimentação primária, a pasta injetada no espaço anular entre revestimento e a parede


do poço e possui várias finalidades além de suportar o peso das tubulações, tais como obter
vedação hidráulica, criar isolamento de zonas, proteger os revestimentos contra corrosão, entre
outros (TIPTON, 2013). Está é a principal operação para a construção de poços de petróleo.
Caso seja mal elaborada, reduzirá o ciclo de vida do poço, implicando, em custos adicionais na
construção do poço (FREITAS, 2010).

A cimentação secundária, é realizada quando a cimentação primária não foi bem-


sucedida e tem por objetivo corrigir os problemas associados a mesma. São denominadas de
cimentação secundária todas as operações realizadas após a primária. Essa operação pode-se
ocorrer de três maneiras, através da recimentação (Remedial Cementing), tampões de cimento
(Plug Cementing) e compressão de cimento (Cementing Squeeze).

Avaliar a cimentação dos poços petrolíferos consiste em conferir se os objetivos


propostos para a operação foram alcançados. A avaliação da qualidade da operação de
cimentação consiste em verificar se existe aderência de cimento nos intervalos cimentados. Os
métodos de fazer essa avaliação são principalmente: testes hidráulicos, perfis de temperatura,
traçadores radioativos e perfis acústicos.
20

Segundo Moraes (2016), operações de cimentações mal efetuadas podem causar falha
na vedação hidráulica por detrás do revestimento, resultando na intercomunicação dos fluidos
e, consequentemente, repercutir em fluxo de fluidos indesejáveis, testes de produção e de
avaliações incorretos, danos ambientais (no caso de haver uma comunicação entre uma zona de
hidrocarboneto com um aquífero) e operações de estimulações malsucedidas com a
possibilidade de perda do poço.

Esse trabalho consiste na avaliação da cimentação de poços petrolíferos, observando


através da leitura dos perfis acústicos, se existe a necessidade da cimentação secundária no
poço, considerando que a existência de uma efetiva vedação hidráulica entre intervalos
permoporosos é de extrema importância, técnica e econômica.

2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Fazer uma revisão das técnicas mais usuais de avaliação da cimentação primária,
apontando suas aplicações e limitações, bem como indicar a importância de uma análise bem
executada.

2.2 Objetivo Específico


Avaliar a qualidade da cimentação de poços de petróleo através da interpretação dos
perfis acústicos, informando se existe ou não a necessidade de realizar a cimentação secundária.

3. JUSTIFICATIVA
A etapa de cimentação primária de um poço é uma das mais importantes dentre as etapas
de construção de poços, já que ela garante a integridade do mesmo, atuando como uma barreira
de segurança para as etapas subsequentes da sua construção, bem como durante toda sua a vida
útil. Sendo assim, a operação deve ser muito bem avaliada a fim de se determinar se os objetivos
foram atingidos, evitando situações não desejadas como kicks, blowout e, consequentes danos
ambientais. Além disso, a decisão tomada com segurança pode evitar custos desnecessários em
situações nas quais possam restar dúvidas quanto ao desempenho da operação de cimentação
primária.
21

4. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta etapa foi realizado o levantamento dos conteúdos teóricos necessários para a
realização do presente trabalho, qual aborda a cimentação de poços petrolíferos, apontando os
métodos mais utilizados na avaliação de cimentação primária.

4.1 Cimentação em Poços Petrolíferos

Esta operação, é considerada uma das mais importantes a ser realizada em um poço de
óleo e gás. Após o fim da perfuração as tubulações (revestimentos ou liners) são inseridas como
forma de proteger o poço contra colapso e debris da formação, impedindo os mesmos de caírem
dentro do poço. A cimentação é utilizada para fixar tais tubulações com as paredes do poço, o
espaço anular entre as mesmas é preenchido com cimento, evitando assim a migração de fluidos
entre as zonas permeáveis que o poço atravessa. A Figura 4.1, demonstra o cimento sendo
inserido no poço para fixar as tubulações às paredes do poço.

Figura 4.1 - Cimento sendo bombeado no poço - operação de cimentação.

(Well Cementing Operations, IADC Drilling Series, 2015).

A cimentação do espaço anular é executada através do bombeio da pasta de cimento e água,


sendo deslocada através das tubulações de revestimento, até os pontos críticos no anular ao
entorno do revestimento ou em poço aberto abaixo da coluna de revestimento. A pasta de
cimento deve permanecer fortemente aglutinada à parede do poço e à superfície externa do
22

revestimento nos intervalos previamente estabelecidos.

As duas principais funções da cimentação são restringir a movimentação de fluidos entre


formações e aderir e suportar o revestimento.

O isolamento de zonas não é diretamente ligado à produção, entretanto, esta parte da


operação deve ser efetiva, para permitir a produção ou simulações de produção, ressaltando que
o sucesso de um poço depende da cimentação primária. Além do isolamento das zonas
produtoras de gás, óleo e água, o cimento também auxilia na proteção do revestimento contra
corrosão, previne blowouts através da formação rápida de barreiras, protege o revestimento
contra as forças de choque em perfurações profundas e isola as zonas de perda de circulação ou
thief zones (SMITH, 1990).

Para obtermos uma cimentação de sucesso e conseguirmos alcançar os objetivos


propostos, são requeridos no geral, cinco passos segundo Crook (2007):

1. Analisar os parâmetros do poço, definindo a necessidade do poço, projeto de técnicas


de posicionamento e fluidos que satisfaçam a necessidade da vida do poço. Propriedades
de fluidos, mecânica dos fluidos e a química influenciam o uso do mesmo no poço.
2. Realiza-se o cálculo composicional da pasta de cimento e os testes laboratoriais nos
fluidos projetados no primeiro passo para observarmos se os mesmos atendem as
necessidades.
3. Utiliza-se o hardware preciso para implementar o projeto do primeiro passo, calculamos
o volume de fluido a ser bombeado, por fim mistura e bombeia o fluido no anular.
4. Monitora-se o tratamento em tempo real, comparar com o primeiro passo e fazer as
alterações necessárias.
5. Avaliar os resultados, comparar o com o projeto do primeiro passo e fazer as alterações
necessárias para os futuros trabalhos.

A operação de cimentação, pode ser dividida em duas categorias: cimentação primária


e secundária.

4.2 Histórico da Cimentação


O primeiro poço de petróleo foi perfurado usando uma técnica primitiva, sendo ela uma
ferramenta a cabo, em 1848 por Major Aleveev na cidade de Baku, Azerbaijão. Porém, foi
23

apenas em 1859, que tivemos o primeiro poço de petróleo descoberto e perfurado nos Estados
Unidos em Tittusville, Pensilvânia, através de uma torre de perfuração feita em casa pelo
Coronel Edwin Drake. Este poço foi o primeiro perfurado com o real intuito de achar petróleo
e considerado o primeiro da era moderna. A perfuração ocorreu com o uso da técnica de
percussão movida a vapor e atingiu uma profundidade de aproximadamente 21 m sendo que,
este poço produziu cerca de 2 m3/dia de óleo (THOMAS, 2004).

A história da cimentação em poços de petróleo se iniciou na Califórnia em 1883. Porém,


apenas em 1903 o cimento Portland foi implementado em processo manual de mistura, desde
esta época o principal objetivo da cimentação primária era isolar as zonas permeáveis do poço.
Também em 1903, no Campo de Lompoc na Califórnia, Frank F. Hill, juntamente com a Union
Oil Company, misturou e bombeou a pasta de cimento para bloquear de fluxo de água de uma
zona próxima a de óleo, o WOC do poço foi de 28 dias (HALLIBURTON, 2017).

O método de bombeamento no qual a pasta é deslocada para o poço através de vapor,


água ou fluido de perfuração, foi patenteado por Almond Parkins em 1910. Nesta técnica, após
o bombeamento da pasta, para evitar contaminação durante o deslocamento, foram usados
tampões metálicos a frente e atrás, iniciando assim a operação de cimentação com dois tampões.
Esta técnica foi utilizada pela primeira vez na Califórnia em poços rasos (NELSON, 1990).

Em 1920 Erle Halliburton, fundador da Empresa Halliburton, após trabalhar com


Almond Parkins, introduziu a técnica em Oklahoma no campo Hewitt (figura 4.2), com um
WOC de 10 dias. Além disso, a primeira operação de cimentação da Halliburton transformou a
maneira como a indústria aborda os poços de óleo e gás (HALLIBURTON, 2017).

Em 1923, a própria Halliburton, inventou o Recirculating Jet Mixer, equipamento que


automatizou a mistura da pasta de cimento, expandindo as possibilidades operacionais. Com
isso, grande parte das companhias passaram a utilizar estas práticas. Neste ano, os denominados
cimentos especiais, de alta resistência inicial e uso de aditivos químicos, começaram a ser
fabricados para a indústria de petróleo (HALLIBURTON, 2017).

Já em 1927, o primeiro cimento especifico para poços de petróleo foi fabricado pela
Lone Star Cement Company.

Humble Oil and Refining Company, em 1928, implementou o estudo de falhas de


cimentação, efeito da contaminação pelo fluido de perfuração e o condicionamento antes da
cimentação e uso de um colchão de água entre o fluido e pasta (HALLIBURTON, 2017).
24

Em 1929, a Halliburton inaugurou o primeiro laboratório específico para pasta de


cimento. Já em 1930, H. R. Irvine usou pela primeira vez os centralizadores. Neste ano, poucos
aditivos eram utilizados e os poços de petróleo eram cimentados com sacos de cimentos. Em
1934, Schlumberger criou o método de detecção de topo do cimento com o uso do perfil de
temperatura. E. F. Silcox realizou o teste do tempo de espessamento da pasta de cimento em
1935 (HALLIBURTON, 2017).

Teve-se muitos avanços na área de cimentação desde 1883 porém, foi em 1937 que foi
consolidado o comitê para estudar cimento para poços de petróleo pelo API.

O teste do tempo de espessamento com pressão e temperatura foi realizado pela primeira
vez em 1939 por R. F. Farris. Em 1940, M. M. Kinley, conseguiu calcular o volume de cimento
através do uso do perfil caliper (HALLIBURTON, 2017).

Nesta época o WOC era entre 7 e 28 dias, porém devido ao aparecimento dos aditivos
químicos, o WOC foi reduzindo. Foi em 1946, que o WOC reduziu de 72 horas para um
intervalo entre 24 e 36 horas.

O primeiro poço de petróleo offshore foi cimentado pela Halliburton em 1947.

Em 1952, o API publicou a primeira edição da norma API para testes em pastas de
cimento.

Não há como negar que a Halliburton é uma das maiores empresas do ramo de
cimentação. O primeiro cimento de alta temperatura foi desenvolvido em 1959. Em 1962, a
mesma ajudou a estabelecer um meio alternativo de fontes de energia através da cimentação do
primeiro poço geotérmico.

2004, foi o ano que tivemos um grande avanço na história da cimentação. A Halliburton
conduziu a primeira operação remota e monitorou a cimentação de um poço offshore estando
onshore. Em 2008, introduziu o primeiro e único simulador de operação de cimentação 3D para
modelar as interfaces de fluido/anular/cimento.

O WOC foi reduzindo cada vez mais com o passar do tempo. Atualmente a pasta se
solidifica rapidamente e os procedimentos nos poços podem ser retomados de 6 a 8 horas após
a cimentação.
25

Figura 4.2 - Cimentação no começo de 1920, Campo Hewitt, OK, EUA

(SMITH, 1990).

4.3 Parâmetros de Poços


Além de suportar os revestimentos do poço, o cimento é designado para o isolamento
de zonas. Para que este isolamento seja efetivo é necessário considerar os parâmetros e
condições do poço durante a preparação da pasta de cimento, para que a mesma se enquadre
com as condições encontradas em subsuperfície.

4.3.1 Profundidade
A profundidade do poço influencia diretamente na quantidade e propriedade dos fluidos
presentes no mesmo, tais como temperatura e pressão e, portanto, influenciando no design da
pasta de cimento. Além disso, a profundidade controla o tamanho e os revestimentos do poço
(CROOK, 2007).

4.3.2 Geometria
Este é um parâmetro importante, pois a geometria do poço determina a quantia
26

necessária de cimento para a realização as operações de cimentação.

A dimensão do poço pode ser determinada por diversos métodos, sendo os principais:
caliper log, electromagnetic caliper, multifinger caliper e ultrasonic caliper. A geometria do
poço e a dimensão do revestimento determina o tamanho do espaço anular o, qual influencia na
movimentação do fluido pela pasta de cimento, sendo o mínimo espaço anular recomendado
entre 0,019 e 0,038 metros. Com um anular menor que o recomendado teremos restrição nas
características de fluxo e uma maior dificuldade no deslocamento de fluidos (CROOK, 2007).

Outro aspecto destacado por Crook (2007) é o anglo de desvio, qual influencia o TVD e
temperatura do poço. Os poços com um anglo de desvio maior são considerados mais
desafiadores, pois os revestimentos serão excêntricos e o deslocamento dos fluidos se tornarão
uma tarefa mais complicada. Porém, estes problemas poderão ser resolvidos com a instalação
de casing centralizers.

4.3.3 Temperatura
A temperatura do poço é um parâmetro de extrema importância na fabricação da pasta
de cimento para uma operação de cimentação. Existem basicamente três principais temperaturas
que devem ser levadas em consideração: BHCT, BHST e ΔT.

A BHCT controla o tempo que o cimento leva para estabilizar, enquanto a BHST
considera uma condição imóvel, nenhum fluido está circulando e resfriando o poço. Esta
temperatura tem um papel vital no desenvolvimento da cura do cimento. ΔT, se torna um fator
significante quando o cimento é inserido sobre um grande intervalo e há diferenças de
temperatura significantes entre o topo e a base do cimento (CROOK, 2007).

Tais temperaturas fazem parte do gradiente geotérmico da Terra, qual representa o


aumento da temperatura com a profundidade, indicando o fluxo de calor desde seu interior até
a superfície. Segundo Hanania et. al. (2017), a temperatura aumenta, em média, 25ºC por
quilometro de profundidade.

Conhecendo a BHST a uma determinada profundidade, pode-se determinar o gradiente


geotérmico através da equação 4.1.
27

º𝐹 30,48 ∗ (BHST[ºF] − 80)


𝐺𝐺 [ ]=( )
100 𝑝é𝑠 𝑃𝑉 [𝑀]

Equação 4.1 – Gradiente Geotérmico (LAZZARI, 2016).

4.3.4 Pressão da Formação


Quando um poço é perfurado, o estado natural da formação é interrompido. Durante os
estágios de planejamento da operação de cimentação as informações sobre pressão da formação,
pressão de poros, pressão de fratura e as características das rochas devem ser conhecidas.

4.3.5 Características da Formação


A composição da formação pode apresentar problemas de compatibilidade. Por
exemplo, formações de folhelhos são sensíveis a fresh water e podem desmoronar caso não
sejam tomadas precauções especiais, como aumento da salinidade da água.

4.4 Acessórios da Cimentação


THOMAS (2004, p.95) afirma que “diversos acessórios são conectados ou afixados à
coluna de revestimento, visando garantir o melhor resultado da cimentação.”

4.4.1 Sapatas
Situada na extremidade inferior de uma coluna de revestimento, guia a descida dos
revestimentos no poço e é facilmente perfurável, facilitando a reentrada de elementos de coluna
no revestimento (LAZZARI, 2016).

4.4.2 Flutuante
Localizada na extremidade da coluna, a sapata flutuante (Figura 4.3), é utilizada na
descida do revestimento no poço, de modo que o revestimento “flutue” até o local de seu
assentamento, diminuindo assim o stress na torre de perfuração.

Segundo Lazzari (2016), esta sapata possui uma check valve que permite apenas fluxo
descendente, impedindo assim que o cimento situado no anular volte para o interior da coluna
28

de revestimento após a conclusão do deslocamento e, consequentemente, o fluido presente


anular também migre para dentro da coluna de revestimento.

Figura 4.3 – Sapata Flutuante

(EFFENDI, 2015).

4.4.3 Guia
Permite o fluxo em todas as direções (interior do poço para o anular e vice-versa) devido
a possuir uma abertura central, basicamente uma sapata flutuante sem a check valve (LAZZARI,
2016). A sapata guia pode ser notada na Figura 4.4.

Esta sapata, como o próprio nome já diz, guia o revestimento através do poço,
minimizando os problemas associados com colisão contra as rochas na parede do poço.

Figura 4.4 – Sapata Guia

(EFFENDI, 2015).
29

4.4.4 Fill-Up
Esta sapata contém uma check valve. A única diferença entre ela e a sapata flutuante é
que nesta a válvula é travada por um determinado equipamentos, qual deverá ser desativado,
para que a check valve passe a impedir o fluxo ascendente (LAZZARI, 2016).

Figura 4.5 – Sapata Fill-Up

(NELSON, 1990)

4.4.5 Cega
Diferente das outras, esta é completamente cimentada, impedindo assim o fluxo em
qualquer direção (LAZZARI, 2016).

4.4.6 Stab-in
Utilizada, geralmente, em revestimentos de grandes diâmetros, operações onshore ou
sondas fixas e Jack-Ups, como a flutuante possui uma check valve (LAZZARI,2016).
30

Figura 4.6 – Sapata Stab-in

(NELSON, 1990).

4.4.2 Colar
Situado de 2 a 3 tubos acima da sapata, retém os tampões de cimento e possuem
mecanismos de vedação, que podem ser flutuantes ou diferenciais. Comumente são
utilizados os colares flutuantes (Figura 4.7) e caso não haja um mecanismo de vedação, usa-
se o colar guia (Figura 4.8) (THOMAS, 2004).

Figura 4.7 – Colar Flutuante

(CROOK, 2007)
31

Figura 4.8 – Colar Guia

(THOMAS, 2004)

4.4.2.1 Colar de Estágio


Thomas (2004, p.96) diz que “posicionado em algum ponto intermediário da coluna, o
colar permite que a cimentação seja feita em mais de uma etapa ou “estágio”, quando o trecho
a cimentar é muito extenso ou quando existam zonas críticas muito acima da sapata”.

4.4.3 Centralizadores
Utilizados na parte externa da coluna de revestimento, possuem como finalidade
centralizar a coluna dentro do poço e causar um afastamento mínimo da parede do poço,
praticamente criar um espaço anular para garantir a distribuição do cimento no mesmo, tendo
em vista que descentralizações podem afetar diretamente a cimentação, fazendo com que a
mesma fique comprometida naquele local (LAZZARI, 2016; THOMAS, 2004).

Os principais centralizadores utilizados atualmente são da Centek (Figura 4.9),


produzidos no Reino Unido (Inglaterra) pela Centek Ltd e nos Estados Unidos da América
(Oklahoma) pela Centek Inc. A Halliburton é um distribuidor, não exclusivo, mas mesmo assim
é a única no mercado destes acessórios em inúmeras regiões (HALLIBURTON, 2015).
32

Figura 4.9 – Centralizadores Centek

1 2 3

(Adaptado de HALLIBURTON, 2015)

1. Centek S2 Slip-on: Devido este equipamento ser projetado em peça única, sem
soldagem, o mesmo não possui pontos fracos (pontos com solda são, geralmente,
considerados pontos fracos) o tornando ultra resistente (HALLIBURTON, 2015). Pode
ser aplicado em poços: insonsolidados, HPHT, shale oil e gas, verticais, completações
a poço aberto e em perfurações de longo alcance horizontal ou em locais alargados no
poço (CENTEK (a), 2017).

2. Centek Underreamed Offset (UROS) bow: Igual ao S2, este centralizador é


constituído em peça única, o acessório é responsável por uma redução significante nas
forças de inserção iniciais, forças de arraste e forças acumulativas de corridas prévias
em outros revestimentos, aplicado em seções alargadas no poço (CENTEK (c), 2017;
HALLIBURTON, 2015).

3. Centek Temporary Underreamed (TUR): Também em peça única sem solda, este
centralizador foi designado para passar em seções restritas (já conhecidas) e retornar ao
seu formato original, resultando em formatos muito bem centralizados, utilizado em
poços com pequenas tolerâncias, altamente desviados, seções alargadas e perfurações
de longo alcance horizontal (CENTEK (b), 2017; HALLIBURTON, 2015).
33

Além do Centek, existem vários outros tipos de centralizadores, alguns destes podem
ser observados na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Tipos de Centralizadores

1 2 3 4

(Adaptado de PEGASUS VORTEX, 2017).

1. Bow spring: Considerando que este tipo é minimamente maior que o poço, ele fornece
uma centralização completa em poços verticais ou ligeiramente desviados. Devido a
flexibilidade dos arcos eles podem passar através de seções estreitas e se expandir na
localização desejada (PEGASUS VORTEX, 2017).

2. Rígidos: Construídos a partir de barras de aço maciço ou de ferro fundido, com uma
altura fixa da lâmina e são dimensionados para se adequarem a um revestimento
especifico ou tamanho de poço, este tipo é considerado robusto e funciona bem em
poços desviados, agem como rolamentos durante a rotação do tubo, porém,
considerando que este tipo é menor que o poço, não garante uma boa centralização como
o bow spring em poços verticais (PEGASUS VORTEX, 2017).

3. Semi-Rígidos: Feitos a partir de bows com cristas duplas, o que promove


características desejáveis tanto no bow spring como no rígido, a mesma permite que o
34

centralizador se comprima para passar em localizações apertadas e severos doglegs.


Tais cristas duplas fornecem forças de restauração que excedem os padrões
especificados do API e, portanto, exibem alguns recursos associados ao rígido
(PEGASUS VORTEX, 2017).

4. Mold-on: Possuem lâminas moldáveis, feitas de materiais cerâmicos de fibra de


carbono, podem ser aplicados diretamente no revestimento de superfície. O
comprimento da lâmina pode ser projetado para caber em poços específicos,
especialmente poços com baixa tolerância no anular, pelo fato de não ser metálico pode
reduzir a fricções laterais e evitar encurvamento do revestimento (PEGASUS
VORTEX, 2017).

Os centralizadores são inseridos em vários pontos no revestimento, sendo a distância


entre eles chamada de spacing. O mesmo, é definido a partir da escolha da densidade dos
centralizados ao longo da coluna de revestimento. Os locais onde os equipamentos devem ser
instalados compreendem, principalmente, as zonas de interesse a serem isoladas visando
garantir o sucesso da operação de cimentação frente as mesmas.

Além dos centralizadores serem muito utilizados para melhorar a qualidade de


cimentação, tentando garantir a centralização dos tubos para a injeção da pasta de cimento, eles
facilitam a descida do revestimento no poço e previnem prisões por diferencial, considerando
que um centralizador instalado erroneamente poderá prejudicar a operação.

Existem quatro meios padronizados de instalação: sobre o colar de paragem, entre


colares de paragem, sobre acopladores e entre acopladores. Tais métodos podem ser observados
na Figura 4.11.
35

Figura 4.11 – Métodos de instalação dos centralizadores.

(Adaptado de WEATHERFORD, 2016).

1. Sobre o colar de paragem ou anel de paragem (stop ring): Considerada a configuração


ideal, este método permite que o centralizador se mova para cima ou para baixo, onde
apresenta um espaço disponível de até 0,0349 m fornecendo assim uma centralização
ideal. Outra vantagem é que os centralizadores e os stop rings podem ser pré-instalados,
economizando tempo e dinheiro (WEATHERFORD, 2016). Esta técnica se faz
importante quando a coluna de revestimento é composta por tubos flush ou semiflush,
que são tubos sem acoplador externo à tubulação.

2. Entre os colares de paragem: Perfeita para utilização de centralizadores rígidos e bow


spring especiais, que são designados e testados ao serem inseridos. Neste método, os
bow spring podem reduzir potencialmente o diâmetro rígido, pois o mesmo não precisa
se sobrepor ao colar. Este tipo pode ser também pré-instalado para economizar tempo e
dinheiro (WEATHERFORD, 2016).

3. Sobre acopladores: Embora este método dispense a técnica sobre o colar de paragem,
esta configuração não é muito recomendada pois só pode ser utilizada quando existe um
grande espaço anular. Além disso, pode aumentar a força de rotação do centralizador.
Outra desvantagem é que esta técnica precisa ser realizada ainda na plataforma
36

(WEATHERFORD, 2016). Os centralizadores utilizados neste tipo de instalação são os


semi-rígidos (flexíveis).
4. Entre acopladores: Este método permite que o centralizador viaje ilimitadamente
entre eles, devido ao fato de utilizar apenas dois acopladores. Esta técnica reduz custos,
porém não deve ser instalado em pipe racks (WEATHERFORD, 2016). Os
centralizadores mais usados nesta configuração são os rígidos e bow spring.

4.4.4 Arranhadores
Também conhecido como limpador de parede, o equipamento é anexado ao
revestimento com o intuído de remover o reboco perdido das paredes do poço e prover uma
melhor aderência cimento-formação. São mais efetivos quanto utilizados enquanto o cimento
está sendo bombeado. Como os centralizadores, os arranhadores auxiliam na distribuição do
cimento ao entorno do revestimento (CROOK, 2007; LECOURTIER, 1993).

Existem dois tipos gerais de arranhores, os de rotação e reciprocação.

4.4.4.1 Arranhador de Reciprocação


Estes arranhadores (Figura 4.12) são instalados no revestimento através de um
dispositivo de auto travamento ou entre dois anéis de paragem. Quando a profundidade
requerida é alcançada, o revestimento começa a reciprocar (subindo e descendo) e limpar as
paredes do poço. Este tipo é mais eficiente que o de rotação, pois não existe limitação de
profundidade e a coluna pode ser rodado ou reciprocado (CROOK, 2007; LECOURTIER,
1993).

Figura 4.12 – Arranhador de Reciprocação

(CROOK, 2007).
37

4.4.4.2 Arranhadores de Rotação


Os arranhadores de rotação (Figura 4.13) podem ser soldados ou estar entre dois anéis
de paragem. Este tipo deve ser utilizado quando o poço deve ser assentado em uma
profundidade especifica, porém, deve ser assegurado que a coluna conseguida girar livremente.
Devido a este tipo poder ser danificado por torques excessivos, eles não são comumente
utilizados quando existe o risco de torque excessivo, como em poços profundos ou desviados
(CROOK, 2007; LECOURTIER, 1993).

Figura 4.13 – Arranhador de Rotação

(LECOURTIER, 1993).

4.4.5 Tampões
Os tampões metálicos começaram a ser utilizados em 1910, quando Parkins patenteou
a técnica de descida do tampão de fundo (a frente) e de topo (atrás). Os tampões são utilizados
com a finalidade de evitar a contaminação da pasta de cimento pelo fluido presente no poço.
Para proteger a pasta é descido primeiro o tampão de fundo, em seguida a pasta é injetada e por
fim desce o tampão de topo.

O tampão de fundo, segundo Lazzari (2016), é de borracha e visa retirar os resíduos de


38

sólidos presentes no fluido de perfuração que estão aglutinados à parede do revestimento,


evitando assim a contaminação da pasta.

O tampão de topo também é de borracha, porém, rígido. É lançado após a injeção da


pasta para evitar a contaminação devido ao fluido de perfuração que o deslocará, basicamente,
é lançado após a pasta e antes do fluido de deslocamento (LAZZARI, 2016).

Estes tampões são sempre de cor diferente, as cores padrões utilizadas pela Halliburton
são vermelhos para os de fundo e pretos para os de topo. Ambos podem ser observados na
Figura 4.14 onde mostra uma operação de deslocamento.

Figura 4.14 – Operação de deslocamento da pasta de cimento

(Adaptado de LAZZARI, 2016)


39

4.5 Cimento
As definições de cimento dependem de sua área de aplicação. Em geologia, é o material
de ligação presente nas rochas sedimentares que precipita entre os grãos provenientes de fluidos
porosos. Calcita e quartzo são comumente minerais formadores de cimento. Em perfuração,
material usado para selar permanentemente o espaço anular entre revestimentos e a parede dos
poços. Também utilizado para selar formações para prevenir a perda de fluidos de perfuração e
para operações de tampões de abandono. Já na completação de poços, cimento é um termo
genérico utilizado para descrever o cimento Portland, utilizado em poços de óleo e gás. Nas
operações de completação de poços, são universalmente usados na movimentação do fluido de
perfuração e preenchimento do anular entre o revestimento e as paredes do poço.

4.5.1 Cimento Portland


O cimento Portland foi nomeado assim, pois seu inventor, Joseph Aspdin, pensava que
o cimento solidificado se assemelhava com as pedras extraídas da Ilha de Portland, situada na
costa da Inglaterra. Segundo Taylor (1990), as matérias primas utilizadas na fabricação deste
cimento são calcário, argila e folhelho. Ferro e alumina são frequentemente adicionados caso
não haja quantidade suficiente presente na argila ou folhelho.

“O processo de fabricação do cimento Portland é divido em etapas,


resumindos nas seguintes operações: (1) Mineração e britagem do calcário;
(2) Preparo e dosagem da mistura crua; (3) Homogeneização da mistura; (4)
Clinquerização, resfriamento e moagem de cimento” (PAIVA, 2013, p.24).

Sendo um aglomerante hidráulico, o cimento Portland, é o mais utilizado nas operações


de cimentação de poços de óleo e gás (MARQUES, 2015). O cimento, quando entra em contato
com a água hidrata seus minerais, sendo assim, caracterizado como um ser aglomerante. Como
resultado da hidratação temos a formação de silicatos de cálcio hidratado, responsável pela
característica adesiva do cimento e hidróxido de cálcio.

Jawed et. al. (1983, p.89) afirma que “o processo de hidratação do cimento Portland
ocorre através das sequências de sobreposições de reações químicas entre os componentes do
clínquer, sulfato de cálcio e água, levando ao assentamento e solidificação”. Os principais
estágios de hidratação estão dispostos na Tabela 4.1.
40

Tabela 4.1 – Principais Etapas da Hidratação do Cimento Portland

Etapas do Processo Processo Químico Processo Físico


-Dissolução rápida das fases - Grande explosão inicial de
de cal livre, sulfato e calor, principalmente devido a
aluminato; dissolução das fases de
Minutos Iniciais aluminato, mais algumas de
(Hidratação e mistura) -Formação imediata da fase de alita e óxido de cálcio.
aluminato;

-Hidratação superficial de
C3S.

-Nucleação de C-S-H(m); -Baixa evolução da taxa de


calor;
Período de Indução -Rápida diminuição SiO2 e
(Agitação, transporte, Al2O3 a níveis muito baixos; -Formação lenta de C-S-H e
colocação e finalização) mais fases de aluminato, o que
-CH se torna supersaturado. leva ao aumento continuo da
viscosidade.

-Acelera a hidratação de C3S e, -Rápida formação de hidratos


Período de Aceleração a mesma, alcança o máximo; leva a solidificação e
(Assentamento e começo do diminuição na porosidade;
endurecimento) -Diminuiu a supersaturação de
CH, permanecendo bastante -Grande evolução na taxa de
estável. calor.

Período pós-aceleração -Desaceleração da taxa de -Aumento continuo do


(Desmoldagem e continuação formação de C-S-H; fortalecimento devido a
do endurecimento) diminuição da porosidade;
-Diminuição continua da
porosidade. -Hidratação continua por anos,
caso tiver água disponível.

(Adaptado de JAWED, et.al., 1993).

Praticamente quase todos os cimentos utilizados na perfuração de poços são feitos do


cimento Portland. A pasta deste cimento é utilizada em poços pois pode ser bombeada
facilmente e endurece rapidamente.

A NBR 9831, norma que determina os requisitos e técnicas de ensaio para cimentos
41

usados na cimentação de poços de óleo e gás, em sua composição não existem outros elementos
além do gesso para retardar o WOC e clínquer, composto químico usado na fabricação do
cimento. São tomadas precauções durante a elaboração do cimento para poços de petróleo. Tais
precauções são para garantir que o produto conserve as propriedades reológicas (como a
plasticidade), necessárias nas condições HPHT presentes em grandes profundidades
(OLIVEIRA, 2004).

O cimento Portland pode ser facilmente modificado, dependendo apenas das matérias
primas utilizadas e do processo usado para combiná-las. As proporções de matérias primas são
baseadas em uma série de cálculos simultâneos, que levam em consideração a composição
química das matérias primas e o tipo de cimento a ser produzido.

Segundo Thomas (2004), a partir dos quatro principais componentes químicos do


cimento mostrados na Tabela 2, considerando para efeito prático, C (cal), S (sílica), A (alumina)
e F (óxido de ferro), derivam os compostos fundamentais de maior complexibilidade, sendo
originados da cura do cimento e causam grandes impactos na cimentação. Tais compostos
determinam as propriedades do cimento:

Aluminato tricálcico (C3A) – Ca3Al2O3, popularmente nomeado de celita, é o


componente que apresenta o maior calor de hidratação do cimento. Tem uma rápida reação com
a água e se cristaliza em poucos minutos (MARQUES, 2015). Este composto controla a pega
inicial e o tempo de endurecimento da pasta. Uma alta resistência aos sulfatos deve ter menos
de 3% de C3A, isso devido ao fato que o mesmo é o responsável pela baixa resistência aos
sulfatos. Taylor (1990) diz que, esta fase, constitui de 5 a 10% do clínquer do cimento.

Ferro-Aluminato Tetracálcico (C4AF) – Ca2AlFeO5, também conhecido como ferrita,


controla a resistência à corrosão química do cimento e apresenta baixo calor de hidratação.
Devido à presença de ferro, este composto que fornece a cor cinzenta ao cimento. A fase de
Ferrita, segundo Taylor (1990), está presente no clínquer do cimento com uma porcentagem
que varia de 5 a 15%.

Silicato Tricálcico (C3S) - Ca3SiO5, também chamado de alita, os cimentos com grande
resistência inicial possuem uma maior porcentagem de C3S. Considerado o composto mais
abundante e importante no cimento Portland. Nesta fase, este clínquer é o responsável por
constituir de 50 a 70% do mesmo (TAYLOR, 1990).

Silicato Dicálcio (C2S) – Ca2SiO4, habitualmente chamado de belita, proporciona ao


42

cimento o aumento de sua resistência inicial a longo prazo, porém, possui baixa resistência
mecânica inicial. Este apresenta um baixo calor de hidratação e reage demoradamente com a
água (MARQUES, 2015). Segundo Taylor (1990), esta fase de clínquer está presente de 15 a
30% no cimento Portland.

4.5.2 Classificação do Cimento Portland de Acordo com o API


Devido às diversas condições que temos em subsuperfície, o API classificou o cimento
Portland de acordo com suas composições químicas. A classificação varia de A até J, como
mostra a Tabela 4.2. Já os principais componentes químicos e suas devidas porcentagens
presentes no cimento Portland estão dispostos na Tabela 4.3.

Tabela 4.2 – Classificação de Cimentos Portland de acordo com o API

Classificação Profundidade Utilização


Quando não são requeridas propriedades especiais.
Classe A Superfície até 1830 m Cimento Portland Comum.
Quando as condições exigem de moderada a alta
Classe B Superfície até 1830 m resistência aos sulfatos.
Quando as condições requerem alta resistência
Classe C Superfície até 1830 m compressiva inicial e alta resistência aos sulfatos.
Condições moderadas de HPHT e alta resistência
Classe D 1830 m até 3050 m aos sulfatos.
Classe E 3050 m até 4270 m Condições HPHT. Alta resistência aos sulfatos.
Condições extremamente altas de HPHT. Alta
Classe F 3050 m até 4880 m resistência aos sulfatos
Usado em todas as condições esperadas para os
Classe G e H Superfície até 2440 m cimentos das classes A até E. Mais utilizado no
(Sem aditivos até 2440 m) mundo e no Brasil.
Classe J 3660 m até 4880 m Condições extremamente altas de HPHT.

(Adaptado de THOMAS, 2004).


43

Tabela 4.3 - Principais compostos químicos do cimento Portland

Composto Fórmula Porcentagem (%)


Cal CaO 60 a 67
Sílica SiO2 17 a 25
Alumina Al2O3 3a8
Óxido de Ferro Fe2O3 0,5 a 6

(Adaptado de THOMAS, 2004).

Sendo conhecidos como cimentos retardadores, os cimentos Portland classe D, E e F,


são utilizados em grandes profundidades. A retardação se dá por uma diminuição significante
da quantidade de etapas de hidratações mais rápidas e pelo aumento do tamanho dos grãos de
cimento (LAZZARI, 2016).

4.5.3 Aditivos Utilizados na Pasta de Cimento


Segundo Smith (1990), os poços de petróleo possuem grandes alcances de profundidade
e temperatura. As composições do cimento são designadas para cada tipo de ambiente,
sendo os regulares:

• Condições abaixo do congelamento nas zonas de permafrost no Alasca e Canadá.


• Temperaturas maiores que 260ºC em poços profundos.
• Temperaturas de 232 a 260ºC em poços com steam.
• Temperaturas de 816 a 1094ºC em poços fireflooding.

“Para que uma cimentação seja realizada com sucesso, é essencial que a pasta
satisfaça as exigências seguintes:
- Ser bombeável durante o tempo necessário para sua colocação sob condições
particulares.
- Manter as suspensões estáveis.
- Uma vez no lugar endurecer rapidamente.
- Manter aderência mecânica ao revestimento e a formação.
- Manter o isolamento das formações.” (FREITAS, 2008, p.38).
44

Os aditivos de cimento para as operações de cimentação são classificados como -


aceleradores de pega, retardadores de pega, estendedores, redutores de fricção (dispersantes),
agentes de peso, agentes de controle de perda de fluido e agentes controladores de filtrado
(CROOK, 2007; SMITH, 1990; THOMAS, 2004).

4.5.3.1 Aceleradores de Pega


Estes aditivos visam a redução do WOC e aumento da resistência compressiva inicial da
pasta, sendo o mais comum o cloreto de cálcio, que está presente em proporções de 0,5 a
2%. O cloreto de sódio também é considerado acelerador quando utilizado em
concentrações baixas de 1,5 a 5% (SMITH, 1990; THOMAS, 2004).

Crook (2007, p.398), diz que “aceleradores são particularmente benéficos em casos
onde uma pasta de cimento com baixa densidade é necessária ou onde formações com
baixas temperaturas são encontradas”.

4.5.3.2 Retardadores de Pega


Devido as altas temperaturas encontradas durante a perfuração de poços, os retardadores
estão sendo utilizados para evitar que a pasta endureça muito rapidamente, prolongando seu
tempo de bombeabilidade. Os mesmos devem ser aplicados em “cimentos puros”, que não
tenham aditivos aplicados a eles para modificar o WOC ou as propriedades reológicas (SMITH,
1990).

Estes aditivos são comumente fabricados à base de lignossulfonatos, ácidos orgânicos,


derivados de glicose e celulose (THOMAS, 2004).

4.5.3.3 Estendedores
Utilizados para reduzir o peso da pasta de cimento ou aumentar seu rendimento. Para
isso, existem diferentes tipos que podem ser usados. Os estendedores físicos, como argila,
aumentam o rendimento através da absorção de água, mantendo assim, a pasta mais homogênea
e reduzindo a separação de água. Outro agente estendedor é o silicato de sódio, sendo mais
utilizado que a própria argila, diminui a separação de água e é, normalmente, pré misturado ao
cimento (THOMAS, 2004).
45

4.5.3.4 Redutores de fricção (dispersantes)


Estes são adicionados na pasta de cimento com o intuído de melhorar as propriedades
reológicas relacionadas com o comportamento de fluxo da pasta. Os dispersantes são
primariamente utilizados para redução de pressões friccionais da pasta enquanto as mesmas são
bombeadas no poço (CROOK, 2007). Possuem baixa viscosidade e podem ser bombeados em
turbulências a baixa pressão (THOMAS, 2004). Os redutores comumente adicionados a pasta
de cimento são os polímeros e cloreto de sódio (SMITH, 1990).

4.5.3.5 Agentes de Peso


São adicionados na pasta de cimento com o intuído de aumentar a densidade para
controle de poços com altas temperaturas. Os requerimentos básicos para o uso destes aditivos
são que eles devem ter gravidade especifica maior que a do cimento, possuir pouca necessidade
de água, ser quimicamente inerte, não interferir nas ferramentas de perfilagem e ter pouco efeito
no tempo de bombeamento (CROOK, 2007; SMITH, 1990).

4.5.3.6 Controladores de Perda de Fluido


São usados para manter o volume do fluido consistente com a pasta de cimento e garantir
que a performance da pasta continue dentro dos padrões aceitáveis (CROOK, 2007).

4.5.3.7 Controladores de Filtrado


Segundo Thomas (2004), estes atuam com o intuito de diminuir a permeabilidade do
reboco de cimento formado em frente aos intervalos permeáveis e/ou aumentando a viscosidade
do filtrado. As pastas de cimento devem possui uma taxa baixa de perda de filtrado, de modo a
evitar a desidratação prematura ou perda de água nestes intervalos. Os principais controladores
de filtrado são os polímeros sintéticos e os derivados da celulose.

4.6 Tipos de Cimentação


Existem dois tipos de cimentação: a primária, considerada a principal operação para a
construção de poços e, a secundária, que visa corrigir a primária, quando necessário.
46

4.6.1 Cimentação Primária


Sendo a primeira cimentação do poço, a cimentação primária é a principal operação para
a construção de poços de petróleo. Caso seja mal elaborada reduzirá o ciclo de vida do poço,
implicando, em custos adicionais na construção do poço (FREITAS, 2010).

Desde a primeira operação em 1903, a principal meta desta operação sempre foi obter o
isolamento de zonas produtoras em poços de petróleo e para isso, um selamento hidráulico deve
ser obtido entre o revestimento-cimento e cimento-formação enquanto ao mesmo tempo deverá
prevenir a canalização de fluidos na bainha do cimento (NELSON, 1990), como demonstrado
na Figura 4.15.

Com o objetivo de preencher o espaço anular entre a parede do poço e a tubulação para
obter fixação e vedação efetiva do anular em questão, esta operação é executada após a descida
de cada coluna de revestimento no poço e fornece suporte mecânico para o revestimento.

Geralmente a cimentação primária ocorre com o bombeio da pasta de cimento injetada


no revestimento e chegando no anular. No entanto, técnicas modificadas podem ser usadas em
operações especiais.

O processo básico para ter uma cimentação primária é o método de dois tampões
metálicos, patenteado por Almond Parkins em 1910. Os tampões são utilizados a frente e atrás
para evitar a contaminação da pasta durante o deslocamento.

No entanto, a má elaboração da pasta de cimento, processo de mistura falho ou bombeio


incorreto da pasta no poço podem causar problemas futuros na eficiência da vedação. Tais
problemas podem ser provocados através da: densidade da pasta incorreta, gelificação
precipitada, vedação ineficiente no intervalo, fluxo de gás ascendente, entre outros (FREITAS,
2010).

As duas principais funções da cimentação primária são de restringir a movimentação de


fluidos entre formações e aderir e suportar o revestimento.

Se o processo de cimentação primária for alcançado com efetividade, o custo, a


segurança, regulações governamentais e outros requerimentos impostos durante a vida do poço
serão atendidos. Caso contrário, o poço poderá nunca alcançar seu total potencial produtivo.

A qualidade da operação é examinada através de perfis acústicos, após a pega da pasta,


por dentro dos revestimentos. Tais perfis medem a aderência da formação ao cimento e do
revestimento ao cimento.
47

Figura 4.15 – Objetivos da Cimentação Primária

(SMITH, 1984)

4.6.1.1 Técnicas de Cimentação Primária Modificadas para uso em Operações Especiais


Estas técnicas de cimentação modificados podem ser, de acordo com CROOK (2007):
cimentação através da tubulação e revestimento, stage cementing, cimentação interna da
tubulação, cimentação externa ou do anular através da tubulação, cimentação por circulação
reversa, delayed-set cementing, cimentação de tubulações múltiplas e cimentação de poços
HPHT.

4.6.1.1.1 Cimentação Através da Tubulação e Revestimento


Técnica normal de deslocamento, os revestimentos (condutor, superfície, protetor e
produção), são normalmente cimentados através do Single-Stage Method, que é realizado por
meio do bombeio da pasta de cimento na sapata e utilizando tampões de topo e fundo (CROOK,
2007).
48

4.6.1.1.2 Stage Cementing


Método utilizado em poços com um crítico gradiente de fratura. Basicamente esta
técnica é usada para assegurar o preenchimento e selamento do espaço anular nos intervalos
selecionados. Este procedimento pode reduzir a contaminação da lama e diminuir a
possibilidade de alta perda de filtrado ou desmoronamento de formações causada por uma alta
pressão hidrostática, o que é comumente uma causa de perda de circulação.

4.6.1.1.3 Cimentação Interna da Tubulação


Operação utilizado em tubos de grandes diâmetros, este procedimento reduz o tempo de
cimentação e o volume de cimento requerido para bater o tampão (CROOK, 2007).

Esta técnica usa float shoes ou guide shoes, com adaptadores selantes ligados a tubos de
pequenos diâmetros.

4.6.1.1.4 Cimentação Externa ou do Anular Através da Tubulação


Método comumente utilizado no revestimento condutor ou superfície para elevar o topo
do cimento até a superfície. Isso ocorre com o bombeio de cimento através da tubulação ou
corrida de tubos de pequenos diâmetros entre os revestimentos ou entre o revestimento e poço.

Segundo Crook (2007), o revestimento pode sofrer danos quando as areias de gás se
tornam carregadas com a alta pressão dos poços ao entorno. Nestas instâncias, cimentar o
espaço anular da coluna através da conexão com a cabeça do revestimento pode reparar o
próprio revestimento.

4.6.1.1.5 Cimentação por Circulação Reversa


Processo usado em formações críticas, é uma técnica que envolve bombear a pasta de
cimento pelo anular e deslocar os fluidos de perfuração subindo através do revestimento.
Método utilizado quando a pasta não pode ser injetada em fluxo turbulento sem desmoronar as
zonas fracas situadas acima da sapata do revestimento.
49

4.6.1.1.6 Delayed-Set Cementing


Este procedimento envolve inserir uma pasta de cimento com retardador, contendo um
aditivo de controle de filtrado, dentro do poço antes de colocar o revestimento. Este método
pode ajudar a obter uma bainha de cimento mais uniforme em torno do revestimento, então
poderá ser possível o uso de métodos convencionais (CROOK, 2007).

Nesta técnica o cimento é bombeado pelo drillpipe e sobe pelo anular. O drillpipe então
é removido do poço e o revestimento ou liner é selado no fundo e rebaixado até a área sem a
pasta de cimento. Após a pasta de cimento ter sido inserida, o poço poderá ser completado com
métodos convencionais.

Uma desvantagem deste método é o aumento do tempo do contato água/óleo, o que pode
ser custoso se uma plataforma de perfuração é mantida no local enquanto o cimento descansa e
ganha força.

4.6.1.1.7 Cimentação em Tubulações Múltiplas


Para tubos de pequeno diâmetro, completação múltipla de revestimentos são usados
quando completação única ou convencional não são economicamente atrativas. Quando
tubulações múltiplas são inseridas no poço, cada tubulação é corrida de forma independente e
a tubulação mais longa aterrissa primeiro (CROOK, 2007).

Em áreas em que perda de circulação é um problema conhecido, o cimento pode ser


injetado ao longo do revestimento de maior comprimento.

4.6.1.1.8 Cimentação de Poços HPHT


Este é um método relativamente novo, no qual, permite a produção dos reservatórios
que são considerados de alto risco e custosos para a comercialização. Devido ao alto custo
nesses poços, é necessário ter sucesso na cimentação primária eliminando a necessidade da
cimentação secundária.

Os reservatórios HPHT são caracterizados por profundidades maiores que 4.572,00 m,


pressões maiores que 15.000,00 psi e temperatura dos fluidos de 150 até 260ºC.
50

4.6.1.2 Cimentação Primária nos Revestimentos


Segundo Thomas (2004), a cimentação primária é destinada a proporcionar um suporte
mecânico ao revestimento e promover a vedação hidráulica entre as zonas permeáveis
impedindo assim a comunicação de fluidos por trás do revestimento no espaço anular. Além
de suportar o peso dos tubos, a cimentação primária fornece benefícios a cada revestimento.

Os revestimentos servem de barreira contra as pressões da formação e fluxo de fluidos


da formação, isolam aquíferos de fresh water e fornecem uma superfície sólida para futuros
trabalhos no poço. Os revestimentos são tipicamente feitos de aço ou metal resistente a
corrosão. Na Figura 4.16 pode-se observar a ordem dos principais revestimentos na cimentação
primária. Os mesmos, segundo Rocha & Azevedo (2009), tem grande importância nos custos
do poço, podendo ser de 15 à 20% em poços offshore e até 50% onshore.

4.6.1.2.1 Revestimento Condutor


Este revestimento tem como finalidade permitir o retorno de fluido ao tanque no início
da perfuração, isolar formações inconsolidadas e zonas de água doce. Ele pode ser cravado,
jateado (offshore) ou cimentado (poço perfurado). Seus diâmetros usuais segundo Rocha &
Azevedo (2009), em poços offshore de águas profundas são de 36” e 30”, enquanto em poços
onshore, segundo Thomas (2004), é 20”.

No revestimento condutor a cimentação primária tem como missão impedir a circulação


dos fluidos de perfuração e prevenir uma possível corrosão do aço.

O condutor é o primeiro revestimento descido no poço, podendo ser assentado em


pequenas profundidades, variando de 10 a 50 metros (offshore) e 3 a 20 metros (onshore).

4.6.1.2.2 Revestimento de Superfície


Previne a perda de circulação, isola zonas de água doce e fornece proteção contra
blowouts, servindo como base para instalação de equipamentos de superfície. Além disso,
proporciona a força necessária na sapata para a perfuração de zonas de transição de altas
pressões. Seus diâmetros usuais, segundo Rocha & Azevedo (2009), em poços offshore de
águas profundas são de 22”, 20” e 13 3/8”, enquanto segundo Thomas (2004), em poços
onshore são 13/8” poços com três fases e 9 5/8” de duas fases. O revestimento pode ser
cimentado tipicamente a superfície ou mudline. Sua inteira extensão, que varia de 100 a 600
51

metros, é cimentada para evitar flambagem.

No revestimento de superfície a finalidade da cimentação primária é suportar


equipamentos e colunas a serem descidos no poço, além de proteger os horizontes superficiais
de água.

4.6.1.2.3 Revestimento Intermediário


O revestimento é posto, geralmente, em zonas de transição de pressões normais a
anormais. O topo do cimento deve isolar qualquer zona com hidrocarbonetos. Alguns poços
necessitam de múltiplos revestimentos intermediários. Alguns revestimentos intermediários
podem também ser revestimentos de produção se um liner for inserido abaixo deles.

Diferente do condutor e superfície, o intermediário é cimentado somente na parte


inferior. Cunhas apropriadas situadas na superfície, sendo apoiadas do sistema da cabeça do
poço, sustentam o revestimento. Seus diâmetros típicos são, segundo Thomas (2004), 13 3/8”,
9 5/8” e 7”.

A cimentação primária objetiva a isolação e proteção de zonas de alta ou baixa pressão,


instáveis, com perda de circulação e portadoras de fluidos corrosivos.

4.6.1.2.4 Revestimento de Produção


Suporta as paredes do poço assim possibilitando o isolamento entre as zonas produtoras,
utilizado para conter as pressões da formação em caso de vazamentos no tubo. Pode ser exposto
a pressões de injeção decorrentes de operações de fraturamento abaixo do revestimento, gas lift
ou injeção de óleo inibidor. É descido no poço com o intuído colocar o poço em produção. Seus
diâmetros usuais são, segundo Thomas (2004), 9 5/8”, 7” e 5 ½”.

Neste revestimento uma boa cimentação primária é muito mais crítica, pois ela deve
fornecer uma vedação hidráulica eficiente e permanente entre as zonas produtoras, impedindo
a migração de fluidos.

A falta de uma efetiva vedação hidráulica pode causar a produção de fluidos não
previstos ou esperados, testes de produção incorretos, prejuízo no controle dos reservatórios e
operações de estimulação malsucedidas, com a possibilidade de perda do poço.
52

4.6.1.2.5 Liner
Não é estendido da cabeça do poço, mas sim, a partir de outro revestimento. São usados
ao invés de revestimentos completos para reduzir custos, melhoraram o desempenho hidráulico
ao perfurar em zonas mais profundas, além de não apresentarem uma limitação de tensão.

Podem ser revestimentos intermediários ou de produção. É tipicamente cimentada toda


sua extensão. Seus diâmetros típicos são, segundo Rocha & Azevedo (2009), 16” 13 3/8”, 11
3/4”, 9 5/8” (intermediário), 7” (produção) e 5 1/2”.

4.6.1.2.6 Tieback
Revestimento que proporciona integridade de pressão adicional do topo do liner até a
cabeça do poço. Um Tieback intermediário é utilizado para isolar os revestimentos que não
conseguem suportar possíveis cargas de pressões durante a perfuração. Similarmente, um
tieback de produção isola um revestimento intermediário das cargas de produção. O tieback
pode ser parcialmente cimentado ou não cimentado.

Figura 4.16 - Esquema de revestimentos no poço

(ROCHA & AZEVEDO, 2009).


53

4.6.2 Cimentação Secundária


Objetiva a correção da cimentação primária, quando necessária, através do selamento
de alguns canhoneios, eliminar o influxo de água e reduzir produção de gás.

Sendo denominada cimentação secundária, todas as operações de cimentação que


ocorrem no poço com exceção da cimentação primária.

A abordagem mais econômica e de maior sucesso da cimentação secundária é evitar o


planejamento, design e execução de toda a perfuração, cimentação primária e operações de
completação. A necessidade da cimentação secundária para restaurar o poço indica que o
planejamento e execução da cimentação primária foi ineficiente, resultando em uma operação
de reparo custosa.

A cimentação secundária se divide em três categorias: Recimentação (Remedial


Cementing), Tampões de Cimento (Plug Cementing) e Compressão de Cimento (Cementing
Squeeze).

4.6.2.1 Recimentação
A recimentação é efetuada quando há ausência de cimento no anular revestimento-
formação ou para correções de canalizações. Segundo Thomas (2004), a recimentação deve ser
efetuada quando há necessidade de corrigir a cimentação primária e, pode ocorrer quando o
topo do cimento não alcança sua altura prevista. Antes de ser realizada a recimentação, deve-
se confirmar se existe circulação pelo anular, pois nesta operação o cimento não é comprimido,
mas sim circulado por detrás do revestimento. Para promover a circulação com retorno, a pasta
de cimento deve ser bombeada através da coluna de perfuração, devendo ser composta por um
packer para permitir a pressurização necessária para a pasta se mover pelo anular (FREITAS,
2010).

4.6.2.2 Tampões de Cimento


Em poços de petróleo, os tampões de cimento na fase de perfuração são utilizados para
combater as perdas de circulação, isolar as zonas desfavoráveis e servir como base para desvio
do poço no caso de poço direcional (THOMAS, 2004). Já na fase de produção visam o
isolamento de zonas, abandono temporário ou permanente e criar fundo de poço. A Figura 4.17
mostra um exemplo de tampão para o isolamento de zonas e a Figura 4.18 apresenta um tampão
54

de cimento para desvio em poço direcional.

Um tampão efetivo deve prover isolamento mecânico e hidráulico.

Outros fatores que devem ser cuidadosamente considerados para uma operação de
tampões de cimento são: eficiência de deslocamento, estabilidade da pasta de cimento e
compatibilidade de fluido.

Figura 4.17 – Tampão de isolamento de zonas

(ELFARASH, et.al, 2016).

Figura 4.18 – Tampão de cimento para desvio em poço direcional

(ELFARASH, et.al, 2016).


55

4.6.2.3 Compressão de Cimento


A compressão de cimento consiste na injeção de uma pasta de cimento sob pressão a
um ponto especifico, geralmente nos furos canhoneados, visando corrigir localmente a
cimentação primária.

Esta operação tem como objetivos corrigir a razão água/óleo (RAO), devido ao abaixamento
do contato gás/água com a produção, corrigir a razão gás/óleo (RGO), devido ao abaixamento
do contato gás/óleo com a produção, reparar vazamentos em revestimentos,
isolamento/abandono e combater perda de circulação. Entretanto, não resolve problemas de
comunicação vertical dentro da formação.

4.6.2.3.1 Principais técnicas de aplicação na compressão de cimento


Segundo Crook (2007) existem seis principais técnicas de aplicações na cimentação
secundária por compressão de cimento, sendo elas: Running Squeeze, Hesitation Squeeze,
High-Pressure Squeeze, Low-Pressure Squeeze, Packer/Retainer Squeeze e Bradenhead
Squeeze.

4.6.2.3.1.1 Running Squeeze


Técnica onde a pasta de cimento é continuamente injetada no poço até alcançar a pressão
de compressão requerida, esta aplicação é considerada uma das mais difíceis, pois, a taxa de
pressão aumenta e a pressão final de compressão é difícil de determinar (CROOK, 2007)

Após a injeção da pasta, o bombeio para e a pressão final de compressão é monitorada.


Caso a pressão diminua será necessário bombear novamente a pasta para aumentar a pressão
final de compressão ao valor desejado. Este processo continua repetidamente até a que a ao
parar o bombeio a pressão seja mantida.

4.6.2.3.1.2 Hesitation Squeeze


Esta aplicação é principalmente usada quando a pressão de compressão não pode ser
obtida através da técnica running squeeze, isso devido a algumas situações como: tamanho dos
espaços vazios, falta de controle de filtrado ou casos da pressão de compressão ser menor que
a pressão crítica do poço (CROOK, 2007).
56

A Figura 4.19, demonstra a técnica de compressão por hesitação, onde a pasta de


cimento é injetada até atingir a pressão final de compressão. Após deve-se parar o
bombeamento e observar a curva de pressão. Caso haja declínio deve-se repressurizar até o
nível requerido, e assim por diante até a curva estabilizar e obter-se uma desidratação completa
do cimento (MORAES, 2016).

Figura 4.19 – Método de compressão por hesitação

Desidratação
Completa
Bleed – Off
Pressure

(Adaptado de ELFARASH, et.al, 2016)

4.6.2.3.1.3 High-Pressure Squeeze


Técnica de aplicação realizada com a pressão maior que a pressão de fratura da
formação, utilizada quando é necessário fraturar para poder deslocar o cimento e selar a
formação ou estabelecer pontos de injeção entre canais e furos de canhoneios (CROOK, 2007).

Segundo Moraes (2016), existem alguns riscos nesta operação, sendo um dos principais
o fraturamento extensivo, acarretando na criação de caminhos (comunicação) entre zonas que
seriam isoladas. Nesta técnica deve-se utilizar um packer para evitar a pressurização total do
revestimento e cimento sem aditivos para controle de filtrado.
57

4.6.2.3.1.4 Low-Pressure Squeeze


Técnica mais comum de aplicação, engloba todas as operações de compressão
realizadas com pressão menor que a pressão de fratura da formação (CROOK, 2007).

Segundo Moraes (2016), este método só pode ser utilizado quando usa-se fluido de
completação isento de sólidos. Para esta operação, em casos que se deseja proteger os
canhoneados existentes acima do intervalo a isolar, deve-se usar um packer ou retentor de
cimento.

4.6.2.3.1.5 Packer/Retainer Squeeze


Segundo Crook (2007), as ferramentas utilizadas nas atividades de compressão de
cimento são, comumente, para isolar o intervalo onde ocorrerá a compressão e inserir o cimento
o mais perto possível do local de compressão desejado, antes da aplicação de pressão.

Os packers, são equipamentos que permitem a circulação no poço até a pasta de cimento
ser bombeada. Quando a mesma começa a ser bombeada, o packer é assentado, o que causa o
selamento do espaço anular, assim permitindo que a compressão do cimento seja através da
tubulação abaixo do packer ou na parte de trás entre o anular tubulação/revestimento acima do
packer (CROOK, 2007).

Retainers, são utilizados para criar um fundo falso e são assentados abaixo do local que
se pretende realizar a compressão de cimento dentro do revestimento ou da tubulação. Este
procedimento sela o poço aberto que se encontra abaixo do alvo que se pretende isolar e reduz
o volume necessário de cimento para a compressão (CROOK, 2007).

4.6.2.3.1.6 Bradenhead Squeeze


Segundo Crook (2007), está operação é realizada quando os equipamentos de
compressão estão indisponíveis ou não podem ser utilizados no poço, ou quando o operador
sente que pode controlar com sucesso o problema sem requerer a retirada da coluna de
perfuração, tubulações, etc. para fora do poço. Esta técnica ocorre com a circulação da pasta de
cimento até a mesma atingir o alvo e então se suspende a coluna de trabalho acima do topo da
coluna de cimento. Esta aplicação é utilizada quando ocorrem problemas durante a perfuração
(perda de circulação) ou imediatamente após uma operação de cimentação primária.
58

4.7 Métodos de avaliação da qualidade da cimentação


A avaliação da qualidade da cimentação consiste em verificar se há aderência de
cimento nos intervalos cimentados, considerando que uma cimentação primária deficiente pode
causar intervenções inoportunas.

A necessidade ou não de uma cimentação secundária é um trabalho de grande


importância, pois esta operação implica em custos elevados, principalmente em poços offshore.

4.7.1 Testes Hidráulicos


Segundo Nóbrega (2010), são testes que checam o grau de isolamento promovido pelo
cimento. Podem ser efetuados após a cimentação primária, quando intervalos que contem água
são localizados perto de zonas de óleo ou gás ou após a secundária visando avaliar se as
perfurações feitas através dos canhoneios estão isoladas, garantindo assim o isolamento
hidráulico. Os tipos mais comuns são os testes com diferencial de pressão positivo e negativo.
Este teste tem como objetivo reproduzir as situações críticas que a cimentação ficará submetida.
A qualidade do cimento é geralmente estabelecida por teste de intercomunicação através de
canhoneios os testes de produção (TP).

4.7.1.1 Teste com Diferencial de Pressão Positivo


Segundo Moraes (2016), neste teste o poço é pressurizado e mantido nesta condição
para averiguar se a pressão será mantida. Caso a pressão continue sem alterações isso significa
que o revestimento está integro, não havendo vazamentos. No caso de ser observada uma
diminuição na pressão, as regulações requerem que o revestimento seja reparado, seja feita uma
cimentação secundária no poço ou que seja adicionado um novo revestimento para assegurar
que o poço está vedado.

Embora este teste não seja conclusivo, é um procedimento consideravelmente barato e


rápido, sendo bastante utilizado.

4.7.1.2 Teste com Diferencial de Pressão Negativo


O teste de pressão negativa, também conhecido como Dry Test, pode avaliar a
integridade da cimentação no fundo do poço. Segundo Moraes (2016), o teste cria um
diferencial de pressão negativo no sentido formação-poço pela redução da pressão hidrostática
59

no interior do mesmo (simulando um poço underbalance), deslocando uma parte da lama de


perfuração pesada do poço e fechando o BOP, para assim isolar o fundo do poço da pressão
hidrostática exercida pelos fluidos situados acima do BOP.

Os métodos empregados neste teste são: pistoneio, circulação de fluidos leves (petróleo,
diesel, nitrogênio), uso de válvulas ou disco de ruptura. Caso o resultado do teste seja uma
pressão estabilizada no período de fluxo isso indica um tamponamento perfeito dos
canhoneados.

Em comparação com o teste de diferencial de pressão positivo, este método é mais


confiável e rigoroso. Os resultados do teste são, na maioria dos casos, aceitos como prova
definitiva do sucesso das operações de compressão de cimento, que possuem como finalidade
a vedação dos canhoneados.

4.7.1.2.3 Teste de Intercomunicação


Geralmente, quando a zona produtora possui baixa permeabilidade, o selamento do
cimento pode ser verificado após o canhoneio com uma análise da produção. A
intercomunicação pode ser indicada com a presença de fluidos indesejáveis (água ou gás) no
anular, apontando a necessidade de uma operação reparadora no poço (CROOK, 2007).

4.7.2 Traçadores Radioativos


Utilizados para inferir o tempo e volume de circulação dos fluidos de perfuração,
extensão de tratamentos de estimulação e, quando adicionados na pasta de cimento, determinar
o topo do cimento no anular. O uso de traçadores radioativos provoca alterações nas leituras
obtidas do perfil Gamma Ray (GR), quando se compara com corrida a poço aberto e, após a
cimentação, consegue-se apontar as alterações devidas à utilização dos traçadores.

Segundo Moraes (2016), o critério para a escolha dos traçadores é o tempo de meia vida,
que deverá ser pequeno o suficiente para não afetar permanentemente o perfil original. Os
traçadores mais apropriados são I131 (iodo radioativo), Ir192 (irídio) e Sc46 (escândio), que
possuem respectivamente o tempo de meia vida 8 dias, 75 dias e 85 dias.
60

4.7.3 Perfilagem
“Após a fase da prospecção e perfuração exploratória é necessário que sejam
feitos alguns estudos que confirmem os prognósticos feitos para uma
determinada jazida petrolífera. Esse prognóstico pode se confirmar ao longo
da fase de perfuração de um poço e/ou término desta fase” (LOGELO, 2011,
p.20).

Segundo Altoé (2015), através da perfilagem é possível ter uma previsão dos vários
tipos de rochas existentes no poço em questão e, com isso, consegue-se identificar, quantificar
e qualificar hidrocarbonetos presentes na zona de interesse. Pode-se dizer também que a
perfilagem é o registro contínuo das propriedades físicas das formações perfuradas ao longo de
um poço.

De acordo com Rocha & Azevedo (2009, p.66) “Apesar de os avançados métodos
geofísicos e geológicos atuais sugerirem as mais promissoras locações, é somente a perfuração
do poço que revelará se os prognósticos serão ou não confirmados”.

4.7.3.1 Perfis de Temperatura


De acordo com Moraes (2016), este perfil indica o topo do cimento no espaço anular.
Quando corrido sozinho não fornece dados exatos sobre o isolamento hidráulico. No entanto,
com o auxílio do caliper aponta a existência de comunicações entre intervalos produtores, no
caso de haver fluxo entre os mesmos, invasão ou perda de pasta para fraturas na formação e
presença de canalizações.

Neste perfil, a geração de calor que induz um desvio no gradiente normal de temperatura
do poço ocorre devido as reações exotérmicas de hidratação do cimento. A variação de
temperatura no gradiente é de -12,2 até 10ºC e depende do cimento no anular, da condutividade
térmica da formação, tipo de pasta e da temperatura (profundidade). Em grande parte dos casos,
os picos de temperatura ocorrem no intervalo de 4 a 12h após o deslocamento da pasta de
cimento e se mantem elevados por mais de 24h. Este perfil deve-se ser corrido entre 12h e 24h
após o deslocamento da pasta.

Moraes (2016), diz que quando há suspeita de intercomunicação entre zonas, este perfil
pode ajudar na identificação de canalizações. Um método de saber se as suposições estão
corretas é, por exemplo, correr o perfil normalmente, injetar 80 bbl de óleo diesel e correr o
61

perfil novamente. Com isso, observando a variação na temperatura abaixo do OWC pode-se
determinar a existência ou não de canalizações.

4.7.3.2 Perfis Acústicos


Considerados as principais técnicas de avaliação de cimentação, os perfis acústicos são
muito utilizados na indústria do petrolífera. Estes perfis são classificados em sônicos e
ultrassônicos. A escolha de qual utilizar depende da frequência da fonte emissora da ferramenta
que induz os pulsos acústicos.

A propagação de energia acústica em um meio elástico (aquele que uma vez deformado
volta ao estado original após causas perturbadoras, tais como líquidos e sólidos) ocorre através
de ondas elásticas. As ondas são os conjuntos de todas as diferentes posições assumidas por
uma partícula de um meio elástico quando executa uma oscilação completa. Caso a fonte de
energia produza uma perturbação isolada tem-se a propagação de uma onda simples, caso uma
excitação continua da força perturbadora tem-se um conjunto de onda simples (trem de ondas).

Hartmann (2015), diz que temos dois tipos de ondas elásticas de corpo, as quais
transportam energia e que são suportadas pelo meio elástico. Elas são: ondas P e onda S, ambas
podem ser observadas, respectivamente, nas Figuras 4.20 e 4.21.

Onda P, também conhecida como onda longitudinal, compressional ou primárias, os


movimentos das partículas ocorrem na mesma direção da propagação da energia. É a primeira
a chegar a um receptor após um evento de geração de um pulso, seu deslocamento ocorre
alternadamente entre zonas de dilatação e compressão. Está onda se propaga em sólidos e
líquidos.

Figura 4.20 – Onda P

(adaptada de D’AGRELLA).
62

Onda S, conhecida como onda transversal, cisalhante ou secundárias, seu deslocamento


é perpendicular à direção de propagação da energia. As perturbações transmitidas pelo atrito
entre as partículas causam um arraste ponto a ponto de sua posição de equilíbrio. Não se propaga
em líquidos.

Figura 4.21 – Onda S

(adaptada de D’AGRELLA).

Vale ressaltar que as ondas P apresentam maiores velocidades de propagação que as


ondas S, as ondas acústicas se propagam mais rapidamente em sólidos do que em líquidos e são
muito mais velozes nos líquidos que nos gases.

Segundo Moraes (2016), o sistema de perfilagem acústica é composto por: transmissor,


receptor e aparelho de medição.

4.7.3.2.1 Perfis Sônicos (ΔT)


Segundo Almeida (2014), o perfil sônico foi introduzido na década de 50 com o objetivo
de ajudar a prospecção sísmica. Este perfil é muito utilizado, segundo Nery (2013), no cálculo
da porosidade intergranular, detecção de zonas fraturadas ou perda de circulação, auxilio à
engenharia de produção de petróleo com os perfis CBL/VDL, à sísmica de superfície e geotecnia
com as constantes elásticas.

Moraes (2016), diz que no contexto de avaliação de cimentação, a perfilagem sônica é


utilizada para a percepção da existência ou não de intercomunicações entre zonas de interesse,
isso através da verificação da aderência do cimento e o isolamento entre os intervalos portadores
de água, óleo e gás.
63

Os perfis mais utilizados são o CBL e VDL, sendo utilizados na avaliação da aderência
do cimento-revestimento e cimento-formação. Tais perfis são comumente corridos em conjunto
com os perfis GR e CCL.

4.7.3.2.1.1 Curva de Tempo de Trânsito (TT)


O TT é o tempo decorrido entre a emissão de um pulso acústico pelo transmissor e a
chegada do primeiro sinal (E1) ao receptor. Na Figura 4.22 pode-se observar a medida do TT.
Uma vez disparado, um relógio eletrônico inicia a cronometragem do tempo de viagem do pulso
enquanto o circuito eletrônico é acionado de forma a detectar a sua chegada ao receptor.

Figura 4.22 – Medida do TT

(adaptado de MORAES, 2016).

Para obter um perfil CBL de qualidade é necessário que se saiba qual o meio ciclo
efetivamente tomado para leitura da amplitude. Comumente, o sinal que transita pelo
revestimento é o mais rápido e irá determinar a medida da amplitude e do TT.

A curva de TT é utilizada como controle de qualidade do CBL e pode ser afetada por
alguns fatores, tais como: descentralização da ferramenta, formações rápidas e salto de ciclo.

Uma boa aderência entre cimento-revestimento pode ser constatada com o decréscimo
do sinal da amplitude de E1. Tal decréscimo só poderá ser constatado como correto se
comparado com intervalos mal cimentados. Neste caso, podem ocorrer dois fenômenos com o
TT, sendo eles: salto de ciclo e alongamento.
64

4.7.3.2.1.2 Salto de ciclo


Segundo Moraes (2016), ocorrem quando há um aumento significativo no TT base, ou
seja, quando a amplitude de E1 (primeira chegada da onda) chega tão atenuada que sua
amplitude é menor que o nível de detecção da ferramenta. Portanto, o sinal detectado será o da
segunda chegada de alta amplitude, sendo seu resultado um TT maior que o esperado. Exemplo
de salto de ciclo pode ser observado na Figura 4.23.

Figura 4.23 – Salto de ciclo

(MORAES, 2016).

4.7.3.2.1.3 Alongamento
Ocorre quando há um pequeno aumento no TT base ou crítico, ou seja, devido ao fato
do nível de detecção da ferramenta ser mantido constante, há um aumento da onda E1 que
chega mais atenuada, isto pode ser observado na Figura 4.24.

Figura 4.23 – Alongamento

(Adaptado de NELSON, 1990)


65

4.7.3.2.1.4 Perfil CBL/VDL


O perfil CBL/VDL faz o registro simultâneo do tempo de trânsito (TT), sinal de
amplitude do revestimento e o trem de ondas. Segundo Albert et.al. (1988), o CBL foi
introduzido na década de 50, sendo o primeiro utilizado na avaliação da cimentação

A Figura 4.25 mostra a ferramenta utilizada na obtenção do perfil combinado CBL/VDL,


composta por um transmissor e dois receptores acústicos com transdutores, cabo condutor e
uma unidade de processamento. Segundo Nelson (1990), o transmissor recebe, através do cabo
condutor, energia elétrica e a converte em energia mecânica, emitindo repetidamente pulsos
curtos de energia acústica (10 a 60 pulsos/segundo) com duração de 50 µs cada, a frequência
de cada pulso varia com o diâmetro da ferramenta, grandes diâmetros (maior que 3”) 20 kHz e
pequenos diâmetros (menor que 2”) 30kHz.

Figura 4.25 – Ferramenta de perfilagem CBL/VDL

(Adaptada de NELSON, 1990).

O perfil CBL, faz o registro contínuo da amplitude do primeiro sinal que chega ao
receptor, distante 3 pés do transmissor. Este sinal comumente é aquele que viaja através do
revestimento, a energia que é perdida para o fluido provoca mudanças pequenas e constantes
66

na amplitude da onda. Portanto, a variação na amplitude com a profundidade ocorre devido à


perda de energia para o cimento, situado na parede externa do revestimento, podendo-se
confirmar que a amplitude será máxima em trechos mal cimentados (revestimento livre) e
mínima em trechos bem cimentados (MORAES, 2016).

O perfil VDL faz o registro contínuo do trem de ondas, na forma de traços de


luminosidade variável, que chega ao receptor, distante 5 pés do transmissor. Avalia a aderência
do cimento-revestimento e do cimento-formação. Segundo Moraes (2016), a primeira parte do
registro apresenta faixas claras e escuras paralelas, referentes ao revestimento. A segunda parte,
acompanhando o perfil GR, com faixas claras e escuras é referente a formação, e a última parte,
com faixas paralelas, refere-se ao fluido do poço. Uma boa aderência é indicada pela ausência
de sinal de revestimento (sinais paralelos) e presença de sinal de formação (sinais tortuosos).

4.7.3.2.1.4.1 Premissas do Perfil CBL/VDL


Para avaliar a qualidade da cimentação, utilizando os perfis acústicos, partimos da
premissa que estes devem ser validados para atender aos pré-requisitos de qualidade.

A interpretação do perfil CBL/VDL deverá começar pela análise da curva de TT. A


mesma é utilizada primeiramente para checar se a sonda de perfilagem está centralizada, já que
a descentralização da mesma pode afetar a leitura da curva e torná-la inviável.

As curvas constantes neste perfil são TT, GR e CCL onde, segundo Moraes (2016), o
TT assegura a qualidade da amplitude, o GR, além de medir a radioatividade natural da
formação, pode ser corrido tanto em poços revestidos como aberto, sendo usado para inserir o
perfil CBL/VDL em profundidade e o CCL, é um localizador de luvas do revestimento.

4.7.3.2.1.4.2 Exemplos da Interação da Formação-Cimento-Revestimento


Estes exemplos foram gerados a partir do resultado da corrida do perfil CBL/VDL, os
quais após indicar as seguintes situações na leitura do perfil.

4.7.3.2.1.4.2.1 Má Cimentação
A Figura 4.26 apresenta a interação entre formação, cimento e revestimento em caso de
revestimento livre (má cimentação), onde não existe aderência do cimento.
67

Figura 4.26 – Interação formação-cimento-revestimento, caso de revestimento livre

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.

4.7.3.2.1.4.2.2 Cimentação Incompleta


A Figura 4.27 mostra a interação entre formação-cimento-revestimento na situação de
cimentação incompleta.

Figura 4.27 - Interação formação-cimento-revestimento no caso de cimentação incompleta

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.

4.7.3.2.1.4.2.3 Indicação de Microanular e/ou Canalização


O microanular é caracterizado como um pequeno espaço que se forma entre o cimento
e o revestimento, comumente desenvolvido através das variações de pressão e temperatura
durante ou após a operação de cimentação. Moraes (2016) diz que tais variações podem
causar deformação no revestimento, adulterando assim as tensões presentes no cimento e
nos contatos, viabilizando a quebra de aderência, com isso “criando” o microanular.

A canalização pode ocorrer devido a falhas durante a remoção dos fluidos de perfuração
68

durante a cimentação primária, os canais afetam os perfis acústicos e podem comprometer


o isolamento hidráulico, que é o principal objetivo da cimentação.

A Figura 4.28 ilustra, o microanular ou canalização na interação formação-cimento-


revestimento.

Figura 4.28 – Interação do cimento-formação com indicação de microanular

Microanular

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.

4.7.3.2.1.4.2.4 Falta de aderência cimento-formação


A falta de aderência entre cimento e formação pode ser vista na Figura 4.29.

Figura 4.29 – Falta de aderência cimento-formação

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.

4.7.3.2.1.4.2.5 Boa cimentação


Uma boa cimentação indica uma boa aderência entre revestimento-cimento-formação.
Esta situação pode ser observada na Figura 4.30.
69

Figura 4.30 – Interação formação-cimento-revestimento com boa aderência

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.

4.7.3.2.2 Perfis Ultrassônicos


Devido ao perfil sônico ter algumas limitações, o perfil ultrassônico foi desenvolvido
para combater as mesmas, sendo a maior delas a falta de resolução azimutal, o que torna
complicado o reconhecimento de canalizações, microanular e reflexões de formações rápidas
ou revestimento concêntricos que possam vir a invalidar os dados registrados.

Segundo Moraes (2016), as ferramentas utilizadas na parfilagens ultrassônicas são as


ferramentas de primeira geração, CET e PET e, as ferramentas de segunda geração, USIT e
CAST-V.

4.7.3.2.2.1 Ferramentas Ultrassônicas

4.7.3.2.2.1.1 Cement Evaluation Tool (CET)


Desenvolvida em 1984 pela Schlumberger com o intuito de adicionar informações
azimutais na análise de aderência do cimento. O perfil lido através desta ferramenta é nomeado
de Cement Evaluation Log (CEL) e quando comparado com o sônico CBL, o CEL apresenta
uma resolução circular muito melhor. Porém não é tão eficiente quanto o CBL/VDL para
investigação da aderência cimento-formação.

A ferramenta pode ser vista, na figura 4.31, sendo que a mesma dispõe de 8 transdutores,
posicionados de forma helicoidal de modo que cada um avalie 45º.
70

Figura 4.31 – Ferramenta CET

(MORAES, 2016).

4.7.3.2.2.1.2 Pulse Echo Tool (PET)


Posteriormente ao lançamento da CET, a Halliburton desenvolveu a PET que pode ser
observada na Figura 4.32. A pequena diferença entre elas está na disposição dos arranjos
helicoidais, na CET são arranjos únicos enquanto na PET são duplos (ALBERT, et.al., 1988).

Figura 4.32 – Ferramenta PET

(ALBERT, et. al., 1988).


71

4.7.3.2.2.1.3 Ultrasonic Imager Tool (USIT)


Lançada nos anos 90, essa ferramenta foi desenvolvida pela Schlumberger e substituiu
imediatamente os modelos de primeira geração que possuíam 8 transdutores por 1 transdutor
rotativo (360º), o qual emite pulsos ultrassônicos de 200 a 700 kHz, devido a rotação de 360º a
ferramenta permite a avaliação da qualidade de aderência do cimento e consegue determinar a
condição interna e externa do revestimento.

Segundo Moraes (2016), a USIT representa as ferramentas ultrassônicas de segunda


geração, utilizando as mesmas medições físicas da CEL, incorporou algumas melhorias, sendo
essas:

• Cobertura completa do revestimento e alta resolução devido ao transdutor rotativo.


• Apresentação de perfis coloridos, o que possibilitou a interpretação mais rápida das
zonas com problemas de cimentação.
• Processamento de sinais mais precisos e respostas consistentes da impedância acústica.

As principais aplicações da USIT são:

• Avaliação do cimento.
• Inspeção de revestimento:
o Detecção e monitoramento de corrosão.
o Análise da espessura do revestimento.

Comparando com as outras ferramentas, até o momento, a USIT, que pode ser observada
na Figura 4.33, tem provado ser a melhor na avaliação da cimentação.
72

Figura 4.33 – Ferramenta USIT

(SCHLUMBERGER, 2004)

4.7.3.2.2.1.4 Circumferential Acoustic Scanning Tool—Visualization (CAST-V)


Apresentado também na década de 90 pela Halliburton, a ferramenta é semelhante
mecanicamente a USIT. A diferença entre as duas se dá através de um transdutor separado que
a CAST-V utiliza para registrar em tempo real a velocidade do fluido presente no interior do
poço. A ferramenta pode ser vista na Figura 4.34.

As principais aplicações da CAST-V são:

• Avaliação da cimentação.
• Inspeção do revestimento.
• Detecção de fraturas.
• Imageamento de poço aberto.
73

Figura 4.34 – Ferramenta CAST-V

(HALLIBURTON, 2009).

Esta ferramenta apresenta em seu perfil, geralmente na última pista, um mapa que
segundo Graham et. al. (1997) é o mapa Z (mapa de impedância). Gerado pelo equipamento
veio a ser utilizado em uma escala de cores, de modo a distinguir os valores de impedância
medidos pela CAST-V e facilitar a interpretação, onde cada cor representa uma situação, quais
podem ser observadas na Tabela 4.4 no caso de cimentos convencionais.

A impedância é o produto da densidade e velocidade da onda, a qual varia de acordo


com os diferentes tipos de rochas e camadas (SCHLUMBERGER GLOSSARY, 2017).
74

Tabela 4.4 – Mapa Z para cimentos convencionais

Impedância Impedância
Situação Mínima Máxima Cor
Gás 0.00 0.38 Vermelho

Líquido 0.38 2.30 Azul

Transição de sólido-liquido 2.30 2.70 Amarelo

Cimento de baixa impedância 2.70 3.85 Marrom claro

Cimento de média impedância 3.85 5.00 Marrom Escuro

Cimento de alta impedância 5.00 > 5.00 Preto

(Adaptado de GRAHAM, et.al., 1997)


75

5. METODOLOGIA
Após a realização da cimentação em poços petrolíferos, ocorre a avaliação da mesma e
existem vários meios de se realizar esta etapa, tais como testes hidráulicos, traçadores
radioativos e perfilagem.

O presente trabalho irá analisar e avaliar a cimentação primária através do método de


perfilagem, utilizando perfis acústicos, onde a leitura dos mesmos foi feita visualmente.

A análise começa com leitura da primeira pista, quais as principais curvas são GR, TT
e CCL. A curva de GR, indica o possível início de um reservatório, tendo em vista que o
principal objetivo da cimentação é o isolamento de zonas produtoras, devido ao fato de não
haver informações precisas sobre o intervalo onde a cimentação deve estar perfeita para evitar
a comunicação de fluidos por detrás do revestimento. Através da leitura desta curva pode-se
estimar dentro do reservatório o início da zona a ser isolada para a futura operação de produção.
Em seguida, avalia-se o TT, que representa todas as leituras referentes do retorno da chegada
da primeira onda, sendo também muito utilizado como controle de qualidade do CBL. Após, é
feita a leitura da curva do CCL, qual indicará a presença de luvas de cimento, ressaltando que
quando existe a presença das mesmas isso causará um decaimento na amplitude e o
aparecimento de sinais tortuosos no VDL.

Na segunda pista temos o CBL. Quando for apresentado sinais de amplitudes altos será
um indicativo de falta de cimentação enquanto sinais baixos representam a presença de cimento.
Em seguida, temos a pista do VDL, a qual juntamente com o CBL, são as curvas essenciais para
a avaliação de uma cimentação. Caso apresente sinais paralelos e retilíneos isso é indicativo da
presença de fluido no local, falta de cimento e/ou falta de aderência, enquanto sinais tortuosos
representam a presença de cimento.

Em perfis ultrassônicos, geralmente na última pista temos o mapa de impedância gerado


através das ferramentas ultrassônicas. Segundo Graham (1997), esta implementação facilitou a
leitura dos perfis, tornando a análise mais segura e rápida, pois através das cores presentes nos
perfis, pode-se identificar zonas cimentadas, qualificar o cimento naquele local e indicar a
presença de gases e líquidos.

O fluxograma da Figura 5.1 demonstra a metodologia utilizada na elaboração do


trabalho em questão.
76

Fluxograma 5.1 – Metodologia do trabalho

5.1 Exemplos de Perfis


A seguir pode-se observar perfis sônicos e ultrassônicos em alguns casos.

5.1.1 Exemplos de Perfis Sônicos


A seguir pode-se observar os perfis CBL/VDL em casos mais comuns, tais como:
revestimento livre, cimentação incompleta, microanular/canalização e boa cimentação.

5.1.1.1 Revestimento Livre


A Figura 5.1 apresenta um perfil CBL-VDL-GR-CCL. A confirmação de revestimento
livre ocorre através da comparação entre os padrões pré-estabelecidos para o revestimento e os
lidos no intervalo cimentado. Neste perfil, pode-se observar que curva de TT é retilínea com as
luvas bem salientes (Efeito Chevron). Nota-se também que o sinal de amplitude é alto e coerente
com os valores apresentados na Tabela 5.1. No VDL podemos nos atentar aos sinais uniformes
e paralelos, podendo constatar que devido a possível presença de fluidos no interior do poço e
77

no anular, não obtivemos uma boa cimentação (falta de aderência) resultando em revestimento
livre, sendo necessária cimentação secundária.

Tabela 5.1 – Valores de TT e amplitude do CBL em casos de revestimento livre

Revestimento Peso (lb/ft) TT (µs) Amplitude CBL (mV)


9 5/8” 40 a 53 300 a 320 52 +/- 5
7” 23 a 38 260 a 280 61 +/- 6
5 1/2” 14 a 17 240 a 260 71 +/- 7

(Adaptado de MORAES, 2016)

Figura 5.1 – Exemplo de caso de revestimento livre

(MORAES, 2016)
78

5.1.1.2 Cimentação Incompleta


Caracterizada por sinais baixos/moderados de amplitude, indicação dos sinais de
revestimento e da formação no VDL. Nesta situação (Figura 5.2) pode ser preciso fazer a
correção da cimentação primária.

Figura 5.2 – Perfil com indicação de cimentação incompleta

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.


79

5.1.1.3 Indicação de Microanular ou Canalização


No perfil, exibido na Figura 5.3, podemos notar os moderados sinais de amplitude, sinais
do revestimento e da formação presentes no VDL. Segundo Moraes (2016), para se constatar o
microanular deve-se correr o perfil CBL/VDL novamente e reavaliar os resultados, porém, desta
vez com o revestimento pressurizado. Caso constatado, a situação poderá necessitar de uma
recimentação.

Figura 5.3 – Perfil com indicação de microanular ou canalização

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.


80

5.1.1.4 Boa Cimentação


A Figura 5.4 indica a leitura do perfil CBL/VDL, apontando sinais de amplitude baixos
(CBL) e sinais da formação fortes tortuosos (VDL).

Figura 5.4 – Boa aderência entre formação-cimento-revestimento

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.


81

5.1.2 Exemplos de Perfis Ultrassônicos


A seguir pode-se observar alguns casos de perfis gerados pelas ferramentas CET, USIT
e CAST-V.

5.1.2.1 CET
Segundo Moraes (2016), o CEL, observado na Figura 5.5, pode ser descido em conjunto
com o CBL/VDL. O perfil é gerado a partir da emissão de pulsos acústicos de alta frequência
(550 a 650 KHz) que incidem no revestimento.

Figura 5.5 – Perfil CEL

(MORAES, 2016).
82

5.1.2.2 USIT
Na Figura 5.6 podemos observar na pista de impedância algumas cores, segundo
Graham et. al. (1997). O marrom representa média impedância, enquanto o vermelho, indica a
presença de gás. Na Figura 5.7, nota-se a cor azul, a qual apresenta revestimento livre, ou seja,
sem cimentação. Já a Figura 5.8, apresenta uma cimentação completa, indicando baixa
impedância no CBL, sinais tortuosos no VDL e presença de gás.

Figura 5.6 – Perfil registrado através da USIT

(MORAES, 2016).
83

Figura 5.7 – Detecção de revestimento Livre através da USIT

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.

Figura 5.8 – Indicação de Presença de Gás no Cimento através da USIT

Disponível em: <http://www.bridge7.com/grand/log/gen/casedhole/cbl.htm>.


84

5.1.2.3 CAST-V
A Figura 5.9, apresenta o perfil gerado a partir da ferramenta. Nele pode-se observar
uma canalização (azul) em uma área bem cimentada (marrom e preto) na pista 6, referente ao
imageamento do mapa de impedância.

Figura 5.9 – Perfil CAST-V

(Adaptado de HALLIBURTON, 2009).


85

5.2 Estudo de Caso


O presente estudo irá avaliar a operação de cimentação primária através da leitura de
um perfil acústico disponibilizado por uma empresa da área petrolífera, a qual será mantida em
sigilo. O perfil a ser utilizado é do tipo sônico e apresenta uma profundidade de 800 até 2190
metros. Ressaltando que o perfil foi corrido no revestimento de 7”, como já mencionado
anteriormente, na primeira pista deve-se atentar as curvas de GR, TT e CCL¸ na segunda e
terceira pista temos, respectivamente, as curvas do CBL e os sinais do VDL.

As curvas de TT e CBL devem ser analisadas juntas pois se completam. Enquanto o


CBL faz o registro da amplitude para estimar a qualidade da cimentação, o TT mensura a
qualidade do perfil como um todo, deve também ser considerada também a leitura registrada
no VDL, pois os sinais presentes nele auxiliam na avaliação final da cimentação. A curva de
GR deve ser analisada, pois poderá indicar o início do reservatório e da zona a ser isolada para
produção. O perfil Gamma Ray é, segundo Thomas (2004), utilizado na identificação de
litologias, que ocorre através da leitura das radioatividades naturais presentes nas rochas,
Hartman (2015), diz que as principais fontes de radioatividade das formações são os elementos
tório, urânio e potássio. As rochas-reservatório são consideradas medianamente radioativas,
sendo em sua maioria folhelhos e arenitos argilosos de águas rasas, carbonatos e dolomitos
argilosos.

“Podem se constituir rochas-reservatório os arenitos e calcarenitos, e


todas as rochas sedimentares essencialmente dotadas de porosidade
intergranular que sejam permeáveis. Algumas rochas, como os
folhelhos e alguns carbonatos, normalmente porosos porém
impermeáveis, podem vir a se constituir reservatórios quando se
apresentam naturalmente fraturados” (THOMAS, 2004, p.17).

Para melhor análise e compreensão do estudo, foi feita a repartição do perfil em três
partes, as quais irão exibir diferentes situações encontradas na corrida do perfil ao longo do
poço, sendo essas situações: falta de cimentação, aparecimento de canalizações e intervalo bem
cimentado.
86

Figura 5.10 (a) – Perfil sônico

(Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em novembro de 2017)


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Figura 5.10 (b) – Perfil sônico

(Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em novembro de 2017)


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Figura 5.10 (c) – Perfil sônico

(Adaptado de uma Empresa Petrolífera sigilosa - adquirido em novembro de 2017)


89

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 5.10 (a), apresenta uma seção do perfil que possui 36 m, sendo utilizado o
intervalo de 1060 – 1096 m. Neste trecho pode-se observar primeiramente os sinais baixos na
curva de GR, a qual pode indicar a presença de uma zona de rochas com baixas radioatividades,
podendo constituir um reservatório.

Após a leitura da curva de GR, pode-se dizer que naquela profundidade ainda não
chegamos no reservatório. Em seguida, foi feita a leitura do TT e do CCL, os quais são coerentes
com os sinais mostrados no CBL e VDL, respectivamente, alta amplitude e uma diminuição da
mesma na presença das luvas de cimento e, sinais paralelos em sua maioria, tendo sinais
tortuosos apenas na presença das luvas. Através da análise nesta seção do perfil em questão,
podemos observar que, devido ao fato de não ter sido atingido o reservatório e nem a zona
produtora, ainda não foi efetuada a operação de cimentação para o isolamento da mesma, tanto
que não é possível indicar o topo do cimento, pois não há cimento naquele local. A curva de
TT confirma essa observação, já que indica revestimento livre, pois como pode ser observado
na Tabela 5.1, os valores apresentados no perfil são coerentes com o caso de revestimento de
7” (variação entre 260 e 280 µs).

Já a Figura 5.10 (b) exibe outra seção do perfil, desta vez com uma zona de 66 m, de
1770 – 1836 m. Na profundidade de 1780 m pode-se observar um aumento na curva GR, que
segundo Hartman (2015) é um sinal da presenta de rochas medianamente radioativas, podendo
assim estimar que o inicio da zona produtora ocorreu na profundidade de aproximadamente
1780 m. Juntamente com os sinais do GR, tem-se um declínio de amplitude e início do
aparecimento de sinais tortuosos no VDL, podendo assim sugerir que nesta profundidade fosse
encontrado o topo do cimento no espaço anular em questão. Com o início da zona cimentada
encontrada, inicia-se a avaliação da mesma. Até a profundidade de 1809 m a cimentação
aparenta estar em boas condições, porém entre 1810 m e 1836 m tem-se um aumento de
amplitude e a presença de sinais retilíneos no CBL e VDL, respectivamente, indicando a
presença de fluido e falta de aderência do cimento. Após análise do trecho, sugere-se a
realização de uma operação de cimentação secundária, sendo a recimentação a mais adequada
para esta situação, já que pode ser utilizada para a correção de canalizações. Porém para a
realização desta operação é de extrema importância checar e confirmar a existência de
circulação através do anular, pois nesta correção a pasta de cimento será bombeada através da
coluna.
90

A Figura 5.10 (c), expõe um intervalo de 70 m variando de 2060 – 2130 m, neste caso
já dentro da possível zona produtora. Observa-se um aumento na curva de GR, a uma
profundidade de 2119 m, o qual pode ser indicação de um arenito argiloso. No CBL nota-se
uma baixa amplitude que, quando analisada junto com os sinais tortuosos e de difícil leitura no
VDL é uma indicação de um trecho bem cimentado, sendo dispensável a necessidade de uma
operação de cimentação secundária neste trecho.
91

7. CONCLUSÃO
O presente trabalho apresentou os tipos de operações de cimentação primárias e
secundárias efetuadas em poços petrolíferos, ressaltando quando e qual operação secundária
deve ser realizada caso necessário, além de expor os métodos utilizados para a sua avaliação,
destacando o uso da técnica de perfilagem, a qual é a mais utilizada atualmente.

Considerada uma das mais importes e uma das principais, a operação de cimentação
primária visa garantir a integridade do poço, atuando como barreira de segurança. Sua
finalidade fundamental é suportar o peso dos revestimentos e tubulações, prover isolamento
hidráulico e fazer o isolamento de zonas produtoras, tendo em vista que a falta de vedação pode
acarretar na intercomunicação de intervalos produtores. Sendo assim, a operação deve ser muito
bem avaliada a fim de se determinar se os objetivos foram atingidos, evitando situações
indesejadas que possam acarretar em danos ambientais e a perda do poço. Além disso, a decisão
tomada com segurança pode evitar custos desnecessários em situações nas quais possam restar
dúvidas quanto ao desempenho da operação de cimentação primária.

Esse estudo destaca a importância de uma análise correta da operação, apresentando


exemplos de perfis acústicos e um caso de avaliação utilizando perfil sônico em um
revestimento de 7”, o qual apresenta as curvas de TT, CCL, GR, CBL-VDL, que puderam ser
observadas em três partes, as quais demonstraram diferentes situações encontradas ao longo da
análise. Após a avaliação do perfil como um todo, conseguiu-se distinguir situações como
revestimento livre, topo de cimento, canalização e boa cimentação. No intervalo entre 1810-
1836 m, pode ser observado o aparecimento de uma canalização, que deverá ser recimentada
para evitar problemas futuros no poço. Destaca-se também o começo da zona produtora a 2119
m, a qual apresenta sinais de que naquele local a aglutinação entre revestimento-cimento-
formação foi satisfatória, indicando que, a operação cumpriu um de seus principais objetivos,
sendo ele o isolamento da zona produtora.
92

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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