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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE ENGENHARIA DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO

RUANNE MATOS DE SOUZA

SENSOR ÓPTICO BASEADO EM FIBRAS COM GRADES DE BRAGG APLICADO


À DETECÇÃO DE CORROSÃO EM DUTOS DE PETRÓLEO

SALINÓPOLIS
2022
RUANNE MATOS DE SOUZA

SENSOR ÓPTICO BASEADO EM FIBRAS COM GRADES DE BRAGG APLICADO


À DETECÇÃO DE CORROSÃO EM DUTOS DE PETRÓLEO

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


como requisito parcial para obtenção de grau de
Bacharel em Engenharia de Exploração e
Produção de Petróleo. Pela Universidade Federal
do Pará.

Orientadora: Profa. Dra. Angela Costa Santa


Brígida

Co-orientador: Prof. Dr. Anderson Oliveira


Silva

SALINÓPOLIS
2022
RUANNE MATOS DE SOUZA

SENSOR ÓPTICO BASEADO EM FIBRAS COM GRADES DE BRAGG APLICADO


À DETECÇÃO DE CORROSÃO EM DUTOS DE PETRÓLEO

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado


como requisito parcial para obtenção de grau de
Bacharel em Engenharia de Exploração e
Produção de Petróleo. Pela Universidade Federal
do Pará.

Orientadora: Profa. Dra. Angela Costa Santa


Brígida

Co-orientador: Prof. Dr. Anderson Oliveira


Silva

Data de aprovação: ___/___/___

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Anderson Oliveira Silva


Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ)

Profa. Dra. Angela Costa Santa Brígida


Universidade Federal do Pará (UFPA)

Prof. Dr. Cláudio Régis dos Santos Lucas


Universidade Federal do Pará (UFPA)
AGRADECIMENTOS

Agradeço,
Primeiramente, aos meus pais, Rute e Roger, que foram os maiores incentivadores da
minha busca por conhecimento e que sempre batalharam para oferecer a mim e ao meu irmão
a melhor educação possível. Além disso, nunca mediram esforços para me fazer crescer como
ser humano e me ensinar o que há de mais justo e correto no mundo. Vocês são minha maior
fonte de inspiração e minha maior motivação para ir em busca dos meus sonhos e objetivos de
vida.
A toda minha família – tias, tios, avós, primas e primos - a qual julgo ser a melhor que
alguém um dia poderia ter, pois eles apoiaram e continuam apoiando cada decisão que eu tomo
na vida, além de sempre demonstrar grande afeto, zelo, orgulho e cuidado em relação à minha
pessoa. Vocês são parte essencial sobre quem eu sou e sobre o quanto desejo melhorar a cada
dia.
Aos meus amigos de Belém os quais cativei ao longo da vida e que sempre estiveram
presentes em momentos especiais para mim e comemoraram cada nova conquista.
À Luana Uchôa e Rodrigo Bulhões os quais se tornaram minha segunda família e
fizeram com que essa caminhada se tornasse um pouco menos árdua. Obrigada pela amizade,
pelo cuidado e companheirismo de sempre.
Ao meu companheiro de vida, Edson Maia, por não medir esforços para me apoiar,
incentivar, ensinar e me fazer feliz todos os dias. Obrigada por ser meu ombro amigo em
momentos de decepção, meu abrigo quando tudo em volta parece não conspirar a favor e meu
amor de uma vida inteira.
Aos meus orientadores Angela Santa Brígida e Anderson Oliveira por aceitar embarcar
comigo nessa etapa tão importante da minha vida acadêmica. Além dos colaboradores Cledson,
Victor e Ivenson por me auxiliar ao longo da iniciação científica. Obrigada por orientar meus
passos e contribuir para meu crescimento intelectual.
Por fim, agradeço aos docentes, técnicos e a todo o grupo de funcionários presentes no
campus Salinópolis por fazer parte dessa etapa única em minha vida.
RESUMO
A indústria petrolífera frequentemente investe bilhões na inspeção de dutos que
transportam óleo e gás. O principal problema enfrentado está na destruição da infraestrutura,
majoritariamente constituída por aço, ocasionada pela corrosão. Desse modo, há uma constante
busca por uma maneira de realizar a identificação de regiões as quais estão propensas a sofrer
com o processo corrosivo de forma otimizada e em tempo real, para que os gastos sejam
reduzidos e os dutos sejam preservados por mais tempo, visto que eles operam por longos
períodos. Com o intuito de mitigar tal problemática, sensores de fibra óptica são comumente
utilizados para inspeção dessas estruturas, já que são imunes a interferências eletromagnéticas,
operam de forma eficaz em ambientes adversos e com características corrosivas, além de serem
compactos e oferecer dados em tempo real. Os sensores com grades de Bragg (FGB) estão
ganhando cada vez mais notoriedade pelas suas diversas vantagens em relação aos sensores
convencionais, como baixo custo, fácil operacionalidade, além da capacidade de multiplexação.
Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo demonstrar a eficácia da utilização de sensores
FGB quanto a identificação do grau de corrosão em dutos, tendo como parâmetro principal a
deformação circunferencial da tubulação, gerada devido à forte atuação da pressão o que
acarreta a deformação axial do sensor.

Palavras-chave: corrosão; duto; deformação circunferencial; sensor de fibra óptica; grades de


Bragg.
ABSTRACT
The oil industry often invests billions in inspecting pipelines that carry oil and gas. The
main problem faced is the destruction of infrastructure, mostly made up of steel, caused by
corrosion. Thus, there is a constant search for a way to carry out the identification of regions
which are likely to suffer from the corrosive process in an optimized way and in real time, so
that expenses are reduced and the pipelines are preserved for longer, since that they operate for
long periods. In order to mitigate this problem, fiber optic sensors are commonly used to inspect
these structures, as they are immune to electromagnetic interference, operate effectively in
harsh environments with corrosive characteristics, in addition to being compact and offering
real-time data. Bragg grating sensors are gaining more and more notoriety for their many
advantages over conventional sensors, such as low cost, easy operation, in addition to
multiplexing capability. In this sense, this work aims to demonstrate the effectiveness of the
use of FGB sensors in identifying the degree of corrosion in pipelines, having as its main
parameter the circumferential deformation of the pipe, generated due to the strong action of
pressure, which leads to the axial deformation of the sensor.

Keywords: corrosion; pipeline; circumferential deformation; fiber optic sensor; Bragg


gratings.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Diagrama do projeto e princípio de medição do sensor FBG baseado em calibre ... 15
Figura 2 - Diagrama esquemático de um bastidor FBG sensor de tensão ................................ 18
Figura 3 - Diagrama esquemático do sistema de medição ....................................................... 18
Figura 4 - Diagrama esquemático ............................................................................................. 19
Figura 5 - Princípio de funcionamento da fibra com grade de Bragg ...................................... 23
Figura 6 - Aplicações da Rede de Bragg em Fibra. (a) Sensor de temperatura. (b) Sensor de
pressão. (c) Sensor químico ...................................................................................................... 24
Figura 7 - Conceito geral de interrogação ................................................................................ 25
Figura 8 - Comparação da espessura da parede entre os dutos de PVC (a) e aço (b) ao variar a
pressão ...................................................................................................................................... 40
Figura 9 - Comparação da espessura da parede entre os dutos de PVC (a) e aço (b) em relação
à deformação circunferencial.................................................................................................... 41
Figura 10 - Comparação da aplicação de pressão nos dutos de PVC (a) e aço (b) em relação ao
comprimento de onda de Bragg ................................................................................................ 41
Figura 11 - Comparação da variação de espessura dos dutos de PVC (a) e aço (b) em relação ao
comprimento de onda de Bragg ................................................................................................ 42
SUMÁRIO

RESUMO ....................................................................................................................... 5
ABSTRACT................................................................................................................... 6
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .................................................................................. 9
CAPÍTULO 2: ESTADO DA ARTE......................................................................... 12
2.1 Aplicação dos sensores FGB na indústria de petróleo e gás .................................. 12
2.2 Sensores FGB aplicados à detecção de corrosão em dutos .................................... 15
CAPÍTULO 3: ASPECTOS TEÓRICOS ................................................................. 20
3.1 Fibras ópticas .......................................................................................................... 20
3.1.1 Fibras com Grades de Bragg – FGB ............................................................... 21
3.1.2 Técnicas de interrogação ................................................................................ 25
3.2 Aspectos gerais em corrosão .................................................................................. 26
3.2.1 Natureza química do produto da corrosão ...................................................... 27
3.2.2 Tipos de corrosão ............................................................................................ 27
3.3 Corrosão em estruturas e dutos ............................................................................... 29
3.3.1 Corrosão em gasodutos ................................................................................... 32
3.3.2 Corrosão em oleodutos e dutos de derivados ................................................. 34
3.4 Tipos de aço utilizados na indústria petrolífera ...................................................... 34
CAPÍTULO 4: METODOLOGIA ............................................................................ 37
CAPÍTULO 5: RESULTADOS ................................................................................. 40
CAPÍTULO 6: CONCLUSÃO .................................................................................. 43
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 44
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Trabalho de Conclusão de Curso – Engenharia de E&P de Petróleo – UFPA

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

A indústria de óleo e gás é considerada uma das mais importantes componentes da


economia mundial (MARQUES, 2015), com isso, novas tecnologias são constantemente
desenvolvidas para a e otimização dos sistemas envolvidos, além da medição de importantes
parâmetros. Uma etapa crucial envolvida nos processos de exploração e produção de petróleo
trata-se do monitoramento, tanto das atividades, quanto de toda a estrutura intrínseca ao
processo (ARANTES, 2018).
Essa inspeção é crucial para o gerenciamento eficiente do reservatório, do poço e
consequente otimização da produção e isso se dá por meio da aquisição de dados confiáveis
acerca do desempenho dos componentes envolvidos no processo exploratório, que são
adquiridos por meio do sensoriamento. Desse modo, esses dispositivos devem atender de
maneira eficiente às finalidades e ao ambiente hostil a que são submetidos, além de permitirem
uma análise permanente, com custos reduzidos e sem a necessidade de constantes intervenções
e reparos (ARANTES, 2018).
Um importante componente da infraestrutura industrial no transporte de óleo e gás, além
de outras áreas adjacentes, são os dutos (FENG et al., 2020). Essas estruturas são alocadas em
ambientes hostis com alta temperatura e alta pressão (HTHP) – que podem ultrapassar 200 °C
e 100 MPa, respectivamente (WRIGHT et al., 2019) -, além da alta salinidade presente na água
que fica diretamente em contato com elas (GLISIC, 2013).
Diante disso, seu monitoramento tem recebido bastante atenção ao longo dos últimos
anos, onde pesquisadores tem desenvolvido métodos distintos para mitigar algumas
problemáticas advindas do processo de corrosão, que se trata de um iminente prejuízo aos
equipamentos metálicos, já que seu desgaste pode ocasionar em vazamentos, falhas ou danos
(FOORGINEZHAD et al., 2021; FENG et al., 2020).
Essa necessidade de monitorar a saúde estrutural (SHM – Structural Health Monitoring)
dos equipamentos metálicos utilizando sensores convencionais gera um alto custo de
manutenção, inspeção e reparo, além de que, eles não são capazes de oferecer alta precisão nas
respostas necessárias para mitigar possíveis danos aos equipamentos (MAJUMDER et al.,
2008).

Ruanne Matos de Souza


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A diminuição de custos proporcionada pela utilização de dispositivos ópticos tem


promovido um aumento no interesse do emprego de sensores em fibras ópticas para medições
tanto de parâmetros físicos, quanto mecânicos. Tais dispositivos apresentam inúmeras
vantagens, se comparados aos seus análogos convencionais, por serem compactos, inertes a
interferência eletromagnética, independem de fonte de energia elétrica externa, são robustos
(FERNANDES, 2016), além disso, operam em ambientes adversos, resistentes à temperatura,
corrosão e pressão (CARDOSO, 2019). Ademais, tais sensores podem ser imersos em inúmeros
materiais, inclusive os corrosivos e, ainda assim, manter-se em pleno funcionamento por um
longo período (FERNANDES, 2016).
Entre as diversas opções existentes para o monitoramento da saúde estrutural das
estruturas offshore, os sensores com grades de Bragg são os mais promissores para essa
aplicação, visto que, principalmente para inspeção no fundo do poço, eles são considerados
extremamente seguros, já que não produzem faíscas em caso de mau funcionamento (KIM;
LEE, 2014; GLISIC, 2013).
Algumas características das grades de Bragg fazem com que elas se sobressaiam em
relação aos outros sensores de fibra óptica, a exemplo da sua boa linearidade, capacidade de
multiplexação, resistência a ambientes adversos, além do seu mecanismo de transdução
(MAJUMDER et al., 2008).
Diante disso, este trabalho irá deter-se da investigação de um sensor óptico baseado em
grades de Bragg para monitoramento da corrosão em dutos de óleo e gás, cujos objetivos são:
• Avaliar a taxa de corrosão em dutos com diferentes materiais no programa
MATLAB;
• Investigar a possibilidade de localizar com exatidão os processos de corrosão no
interior dos dutos;
• Mitigar possíveis danos futuros que possam acarretar gastos adicionais na
infraestrutura da indústria de O&G.
Portanto, para um melhor entendimento este trabalho está organizado como segue: o
estado da arte, referente ao capítulo 2, abordará a utilização dos sensores de fibra óptica na
indústria de óleo e gás, além da evolução das FGBs na detecção de corrosão em dutos. Por
conseguinte, no Capítulo 3 serão abordados conceitos primordiais para o entendimento de como
operam as fibras ópticas, sua estrutura, além dos métodos de detecção de parâmetros físicos e

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de interrogação. Diante disso, o Capítulo 4 descreverá a metodologia utilizada para o


desenvolvimento deste trabalho pela utilização de análises gráficas e pelo desenvolvimento de
equações no programa MATLAB, seguido pela observância dos resultados no Capítulo 5 e,
finalmente, as conclusões no Capítulo 6.

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CAPÍTULO 2: ESTADO DA ARTE

Sabe-se que os sensores de fibra óptica têm sido amplamente empregados na indústria
de petróleo e gás em poços e reservatórios há quase 30 anos (BALDWIN, 2017). Para tais
aplicações seu uso como um mecanismo de transmissão de dados traz vários benefícios
adicionais. Em primeiro lugar, a eficiência da transmissão é tal que o interrogador pode ser
localizado a várias dezenas de quilômetros de distância do fundo do poço (HORST et al., 2015).
Em segundo lugar, as informações são codificadas no comprimento de onda da luz que não é
afetado pela atenuação de características dentro da fibra, o que significa que sua qualidade e
precisão são mantidas mesmo com comprimentos de transmissão tão extensos. Por fim, os
dados são imunes à influência eletromagnética de máquinas elétricas frequentemente
encontradas nos ambientes de poços de petróleo, submarinos e de superfície (STAVELEY et
al., 2017).
Para um melhor entendimento do contexto exposto, faz-se necessário um breve
levantamento histórico acerca da evolução das fibras com grades de Bragg - FGB aplicadas a
segmentos da indústria de óleo e gás, dando a devida atenção à sua utilização na detecção de
corrosão em dutos.

2.1 Aplicação dos sensores FGB na indústria de petróleo e gás

Sensores de fibra óptica tem contribuído em diversas aplicações desde a década de 1980,
contudo sua presença na indústria do petróleo teve visibilidade em meados de 1990, onde
centrou-se, principalmente, no monitoramento de poços (BALDWIN, 2018).
Nesse sentido, sensores FGB foram utilizados para monitorar a resposta dinâmica de
uma plataforma offshore. O parâmetro utilizado para tal análise foi a variação da deformação a
qual foi aplicada em testes de carregamento estático e dinâmico. O aparato experimental
empregado foi uma mesa de agitação sísmica subaquática a qual forneceu as excitações
apropriadas. Com isso, os cálculos realizados promulgaram que a frequência máxima de
trabalho do sensor atendeu ao requisito de medição de deformação dinâmica. Nesse sentido, os
resultados obtidos indicaram que a deformação máxima medida pelo sensor de deformação está
em concordância com o extensômetro elétrico comumente empregado e este demonstra
vantagem especial referente à imunidade a interferências eletromagnéticas (SUN et al., 2007).

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Em Morikawa et al. (2008), resultados laboratoriais determinaram a eficiência da


aplicação de sensores com grades de Bragg no monitoramento de deformação/tensão dos fios
da camada de blindagem de tração em risers flexíveis, com a finalidade de identificar falhas
em estruturas offshore. Esse procedimento destinou-se a pré-carregar o riser com tensão,
originando uma fenda artificial em um ou mais fios, aplicando esforços repetidos até que um
fio se rompesse. O colar instrumentado demonstrou ser altamente sensível às alterações no
diâmetro externo da estrutura estudada, o que se mostrou também com o desempenho esperado
em testes de campo.
Sensores de deformação também foram aplicados por Ren et al. (2014) para calcular a
deformação circular com FGB o qual é capaz de aferir a deformação circunferencial de um
oleoduto, que advém de mudanças de pressão interna e é capaz de localizar vazamentos. Com
isso, foi definido que o sensor pode ser inserido em qualquer ponto da tubulação, além de poder
manter-se espaçado, e é de extrema eficácia para a utilização proposta.
Já em Da Silva Marques et al. (2015) foi utilizado um dispositivo de medição de
temperatura o qual utilizou sensores FGB imersos em óleo cru para avaliação da sua inserção
em ambientes adversos. Empregou-se o polímero (PTFE) para resguardar as fibras com grades
de Bragg em relação à corrosão, às altas temperaturas e à resistência mecânica as quais foram
submetidas. Com isso, nenhuma degradação foi verificada na estrutura do sensor, validando,
assim, seu grande potencial para imersão em petróleo bruto com a finalidade fundamental de
monitorar e registrar o perfil dinâmico de temperatura.
Ao comparar o levantamento de dados de parâmetros físicos dos sensores, evidencia-se
um estudo que explora um novo método de medição de temperaturas em ambientes severos de
poços que visa melhorar algumas das limitações da detecção convencional DTS (Distributed
Temperature Sensing). Nesse sentido, um arranjo calibrado de fibra com grade de Bragg foi
usado para medir a temperatura com o auxílio de um método de interrogação que foi
desenvolvido para medir os comprimentos de onda da matriz FGB (BARRY et al., 2015).

Nos estudos de Ficocelli et al. (2015), sensores ATS, baseados em FGB, forneceram
uma solução para medições livres de erros em aplicações de recuperação térmica EOR
(Enhanced Oil Recovery) ricas em hidrogênio. Essa detecção patenteada aproveita as vantagens
inerentes de modulação de frequência, operando de forma eficaz e sem erros em ambientes
hostis de poços.

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Sensores de deformação FGB foram aplicados, em 2016, no monitoramento de fraturas


hidráulicas, fornecendo informações desde o início do processo, passando pelo
desenvolvimento, até a extensão da fratura. Com isso, verificou-se que esse sensoriamento é
viável como uma medida para monitorar o fraturamento hidráulico sob condições de laboratório
sem afetar as propriedades da amostra, quanto mais grades, mais os resultados se aproximam
do estado real (YANG et al., 2017).
Uma outra abordagem para estruturas offshore foi desenvolvida por Maheshwari et al.
(2017), onde sensores BOTDR (Brillouin Optical Time Domain Reflectometry) e FGB foram
utilizados e tiveram sua eficiência comparadas. Com isso, concluiu-se que as grades de Bragg
possuem eficiência e precisão superiores em relação ao outro sensor, para isso, este foi inserido
em material composto e obteve potencial significativo para medição dinâmica de cargas de
onda de longo prazo.
O reconhecimento das características de vibração na operacionalidade de estruturas
muito grandes, como turbinas eólicas, é uma tarefa árdua. Mieloszyk e Ostachowicz (2017)
apresentam uma aplicação de um sistema de monitoramento da saúde estrutural utilizando
sensores FGB em um modelo de estrutura de suporte (tripé) de turbina eólica offshore. A
experimentação se deu mediante excitação por ondas artificiais e pás rotativas que simularam
o efeito do vento soprando com forças distintas.
Já a pesquisa de Jia et al. (2019) descreveu uma temática a qual utilizou a regressão de
vetor de suporte (SVR) para determinar e localizar vazamentos em dutos a partir de
distribuições de tensão no arco. A metodologia de pesquisa fez uso da interação entre grades de
Bragg e validação cruzada a fim de determinar os parâmetros mais válidos para obtenção da
maior exatidão da localização dos vazamentos.
O estudo de Wang et al. (2020) aponta que, por conta da precisão de que os oleodutos
tenham uma longa vida útil, alguns problemas advindos da corrosão, do envelhecimento ou, até
mesmo, da interferência de agentes externos nos dutos, acabam gerando complicações que
precisam ser mitigadas. Nesse sentido, um sensor baseado em FGB foi implantado para medir
a variação do diâmetro interno da tubulação de estruturas offshore, a fim de avaliar a variação
da pressão interna e detectar o sinal da velocidade da onda de pressão negativa (NPW) de
maneira eficiente. Os resultados obtidos na simulação de testes de vazamento de gás mostraram

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que o sensor oferece uma excelente precisão e estabilidade para o método proposto. O esquema
pode ser visualizado na figura 1.
Figura 1- Diagrama do projeto e princípio de medição do sensor FBG baseado em calibre

Fonte: Wang et al. (2020)

2.2 Sensores FGB aplicados à detecção de corrosão em dutos

A corrosão vem se tornando um grande problema na indústria de óleo e gás devido ao


resultado catastrófico que ela promove na infraestrutura de exploração, produção,
processamento e, também, transporte, o que acarreta gastos significativos e possíveis problemas
operacionais e de segurança. Esses custos adicionais são estimados em cerca de US$ 5,8 bilhões
ao ano, segundo dados da Administração de Segurança de Materiais Perigosos e Dutos
(PHMSA), além de que, afirma-se que a corrosão ocasionou em torno de 25% dos vazamentos
envolvendo transmissão e coleta de gás natural ao longo dos últimos 30 anos (WRIGHT et al.,
2019).
Avaliar a corrosão em tempo real e mitigar possíveis danos que venham causar
problemas mais severos são de fundamental importância para manter a taxa de corrosão dentro
de um nível aceitável para garantir que as estruturas atendam aos requisitos estipulados para
elas. Ultimamente, monitorar a corrosão interna em dutos tem sido um grande desafio, já que
não é possível acessar a estrutura interna da tubulação durante os processos de manutenção e
inspeção, ademais, isso pode ocorrer em qualquer ponto ao longo de milhares de quilômetros
(WRIGHT et al., 2019).

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Para isso, a tecnologia de sensoriamento óptico é considerada uma das mais importantes
e promissoras para essas aplicações, visto que, possui baixo custo e alta eficiência como
principais características, ou seja, seu desenvolvimento e aplicação em diferentes áreas permite
maior confiabilidade, visando uma maior aplicação dessa tecnologia no futuro.
Em Pacheco e Bruno (2013), um sensor de força sem contato, utilizando grades de
Bragg, foi proposto sendo anexado a um pequeno ímã. Este aparato foi capaz de medir a força
entre o ímã e qualquer material ferromagnético posicionado a uma distância ínfima do sensor.
À medida que há o desgaste do material devido a corrosão é gerado um aumento da distância
entre o ímã e a superfície corroída, diminuindo, assim, a força magnética, estando o sensor
posicionado a uma distância de afastamento constante. Com isso, ocorrerá a diminuição da
tensão na fibra, alterando o comprimento de onda de Bragg refletido. O estudo mostrou, nesse
contexto, que é possível monitorar a corrosão interna de dutos sem que o sensor esteja
necessariamente aderido à estrutura. Além disso, curvas de calibração as quais relacionam a
força com a distância do sensor em relação ao material ferromagnético foram adquiridas através
de modelos de elementos finitos.
Ocasionalmente, sensores com grades de Bragg e medidores de deformação são
utilizados para monitorar a resposta dinâmica em dutos submarinos diante de diversas
condições de carregamento dinâmico e da frequência máxima de trabalho. O trabalho de Zhou
e Sun (2014) centrou-se no estudo das características dinâmicas de sensores FGB em um duto
submarino, além de uma análise experimental em laboratório. De acordo com os resultados
obtidos, concluiu-se que o sensor FGB possui superioridade aos extensômetros comumente
utilizados, além de suprir a demanda de medição dinâmica de deformações.
Um novo método foi desenvolvido para monitorar a corrosão em dutos, este é baseado
na abordagem do problema de forma indireta. Tratando-se da análise da deformação
circunferencial oriunda do afilamento da parede interna dos dutos, ocasionada sob influência
da pressão interna, além do processo corrosivo. O estudo indica que o método é eficaz como
uma nova forma de monitoramento e gerenciamento em tempo real, além de poder ser
empregado por toda a vida útil da estrutura. Ademais, a simulação numérica confirmou toda a
parte prática demonstrando que o método é altamente viável (SUN et al., 2015).
Ao longo da sua atividade tanto óleo, gás, assim como outras substâncias são conduzidas
nos dutos por meio de alta pressão. Dessa forma, o tubo irá se expandir, causando uma

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deformação circunferencial. Nesse sentido, pode-se concluir que em determinado local, as


diferenças na tensão estão sujeitas às alterações nas pressões interna e externa, assim como a
espessura do duto. Desse modo, a mudança da deformação configura-se como inversamente
proporcional à espessura. Logo, é possível propor que à medida que a corrosão se expande a
espessura da parede é reduzida. Então, com isso presume-se o status da corrosão de acordo com
a deformação que é registrada (SUN et al., 2015).
Ainda com vista a monitorar a corrosão e mitigar possíveis danos causados por ela,
sensores com grades de Bragg foram inseridos no revestimento externo de um duto submarino.
O sistema de interrogação utilizado neste estudo foi o Optical Sensor Interrogator, além disso,
com o intuito de resguardar os sensores, revestimentos metálicos por uso do processo de
revestimento por pulverização térmica foram empregados (LIANG et al., 2015).
Uma grande limitação dos sensores de fibra óptica está no fato de eles estarem propícios
a sofrer rupturas devido aos esforços sofridos, diante disso, é fulcral desenvolver um invólucro
que permita garantir essa proteção durante seu uso. O procedimento experimental de Liang et
al. (2015) equivaleu-se a testar três trilhas e uma camada de proteção adesiva à base de aço
inoxidável na parte superior do sensor, essa proteção foi considerada eficaz ao longo da
experimentação.
O monitoramento de corrosão em dutos pôde ser realizado por meio de um sensor de
arco de tensão utilizando grades de Bragg, ilustrado pela figura 2. As grades foram envoltas de
maneira que a deformação do aro do oleoduto foi convertida em uma deformação axial na fibra,
podendo, assim, definir a corrosão de modo preciso. Para isso, foram utilizados um modelo de
duto de PVC e um de aço para simular um tubo com corrosão uniforme, e estes foram
monitorados para definir sua eficácia. E uma análise numérica também foi desenvolvida por
meio do software comercial ABAQUS com a finalidade de calibrar os resultados dos testes
realizados (REN et al., 2016).

Ruanne Matos de Souza


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Figura 2 - Diagrama esquemático de um bastidor FBG sensor de tensão

Fonte: REN et al. (2016)

Também com o intuito de monitorar a corrosão por meio da deformação circunferencial,


foi desenvolvido um método não destrutivo para atender a tais requisitos. Tal aparato consiste
em um sensor de deformação circular com grades de Bragg o qual detecta com precisão a
deformação circunferencial de um oleoduto. Para isso, utilizou-se de uma análise tanto teórica,
quanto numérica, baseada no método dos elementos finitos (REN et al., 2017). Os testes foram
conduzidos em três tubos de aço e tiveram uma configuração como mostra a figura 3 a seguir.

Figura 3 - Diagrama esquemático do sistema de medição

Fonte: REN et al. (2017)

Um mecanismo de monitoramento de corrosão foi criado por Vahdati et al. (2018) para
detecção de perda de material em dutos de óleo e gás. Esse processo foi mensurado utilizando-
se a força oriunda de ímãs permanentes juntamente com a FGB. O modo de operação do sistema

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sensor foi relacionado à mudança na espessura das tubulações, ocasionada geralmente por
corrosão ou erosão.
Assim como já analisado em outros artigos, este estudo também aborda a medição
indireta da corrosão com base na deformação circunferencial do duto ocasionando uma
deformação axial na fibra. Para isso, a análise numérica foi realizada usando SAP2000, neste
sentido, os resultados demonstram que o deslocamento do comprimento de onda de Bragg
possui uma relação linear com a espessura e a pressão internas da estrutura (REN et al.).

Figura 4 - Diagrama esquemático

Fonte: REN et al.

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CAPÍTULO 3: ASPECTOS TEÓRICOS

Convém, neste momento, apresentar conceitos fundamentais para o entendimento dos


princípios que regem o funcionamento dos sensores de fibra óptica, do que se tratam as fibras
e, particularmente, do que vem sendo abordado, as grades de Bragg e como estas operam na
detecção de parâmetros físicos na indústria do petróleo. Inclusive, entender como ocorre o
processo de corrosão nos dutos de óleo e gás, além dos seus diversos tipos e métodos de
detecção como forma de mitigar problemas futuros.

3.1 Fibras ópticas

O funcionamento das fibras ópticas é precedido pelo fenômeno da reflexão total da luz,
que pode ser definido pela passagem desta de um meio mais denso para um menos denso. Elas
são produzidas, basicamente, com um material dielétrico (isolante) em uma estrutura cilíndrica,
transparente, flexível e que pode atingir milhares de quilômetros. Tal aparato é composto por
uma parte central, o núcleo – onde o índice de refração encontra-se em níveis mais altos -, e
outra que contorna essa região, a casca (TRONCO; AVILA, 2021).
Além disso, quase que a totalidade das fibras é encapsulada em material plástico
elástico, que traz segurança em relação à abrasão e garante que haja dureza em sua estrutura,
mecanismo o qual isola-a mecanicamente de ínfimas irregularidades geométricas, distorções ou
rugosidades das superfícies adjacentes. Sua estrutura define, basicamente, a capacidade de
transmitir dados e influência na resposta a variações ambientais (KEISER, 2014).
A propagação da luz através da fibra dá-se por meio de um conjunto de ondas
eletromagnéticas, os modos do guia de ondas, também conhecidos como modos ligados ou
confinados. Cada um desses modos trata-se de um modelo de distribuições de campos elétricos
e magnéticos, que se reproduzem periodicamente ao longo da fibra (KEISER, 2014).
Com isso, são definidos dois tipos de perfis de índice de refração nas fibras ópticas:
índice degrau e índice gradual. Nas fibras com índice degrau, o índice de refração do núcleo é
constante ao longo de toda a sua extensão, já nas de índice gradual esse índice de refração sofre
variações ao longo do diâmetro do núcleo (KEISER, 2014).
Há, basicamente, duas categorias de fibras ópticas: monomodo e multimodo. Tal divisão
descreve a forma como a luz se propaga no interior do núcleo.

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As fibras monomodo propagam apenas um modo da luz ao longo do núcleo, ou seja, os


raios de luz percorrem um só caminho. Essas são divididas em índice degrau standard e
dispersão deslocada ou non-zero dispersion (NZD). Suas dimensões alcançam de 8 a 10 µm no
núcleo e 125 µm na casca. A desvantagem dessa espécie de fibra encontra-se no seu manuseio,
sendo mais complicado, demandando, dessa forma, maiores cuidados. As fibras com índice
degrau standard tem uma fabricação mais complexa, o que sobrepuja as fibras multimodo
(CARVALHO, 2013).
Já as fibras multimodo admitem vários modos de propagação em seu núcleo, ou seja, a
luz é transmitida por diversos caminhos. Em relação a isso, a mudança do índice de refração do
núcleo referente à casca pode assumir um perfil de índice degrau ou gradual. As fibras com
índice degrau mostram-se inferiores a outras espécies de fibras, sendo uma de suas carências a
banda passante estreita, que limita a capacidade de transmissão e a atenuação é alta se
correlacionada com as fibras monomodo. Os comprimentos do núcleo para as fibras de índice
degrau e gradual são 62,5 e 50 µm, respectivamente, e 125 µm para a casca (CARVALHO,
2013).

3.1.1 Fibras com Grades de Bragg – FGB

Desde meados de 1995, quando teve origem a primeira Fibra com Grade de Bragg
comercial, sua utilidade para diversas aplicações foi ampliada. O princípio de produção de uma
FBG é expor a fibra a uma máscara de fase para gerar um padrão de interferência em seu núcleo,
o qual irá induzir uma mudança permanente nas características físicas da matriz de sílica. Esta
alteração consiste em uma mudança espacial periódica do índice de refração do núcleo que cria
uma estrutura ressonante (SIGNORINI et al., 2017).
Além disso, elas são gravadas diretamente no núcleo de uma fibra monomodo, por meio
da modulação periódica do seu índice de refração. Suas principais formas de gravação são pelo
método de máscara de fase e pelo método holográfico (MARQUES, 2015), ambas ocorrem pela
utilização de radiação ultravioleta, possuem em torno de 1 a 10 mm de comprimento e são
consideradas de fácil fabricação e baixo custo (ARANTES, 2018).
A grade de Bragg é projetada para refletir um comprimento de onda específico, desse
modo, parte da luz que incide na fibra óptica reflete e o restante continua seu trajeto sem sofrer

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qualquer interferência. Logo, entende-se que a grade de Bragg atua como um filtro rejeita faixa,
permitindo passar apenas os comprimentos de onda os quais não estão em ressonância com a
grade, e o comprimento de onda de Bragg reflete construtivamente à medida que passa por cada
microestrutura, formando um pico de reflexão (MARQUES, 2015).
Sabe-se que os sensores de fibra óptica dispõe-se em três configurações de
sensoriamento distintas: ponto único, múltiplos pontos ou contínua. Na disposição contínua,
apenas parte da fibra atua como um elemento sensor. As configurações restantes atuam na
medição de pontos discretos ao longo do comprimento da fibra, podendo ser em um único ponto
ou múltiplos. Tais aparatos garantem uma medição bem mais abrangente do que a configuração
já mencionada, ademais promovem precisão e resolução espacial bem melhores e maiores
(ARANTES, 2018).
O princípio o qual descreve o funcionamento da grade de Bragg com a finalidade de
sensoriamento de grandezas físicas relaciona-se ao fato do comprimento de onda de Bragg
sofrer alteração devido a mudanças do período da grade, geradas pela temperatura ou pela
deformação da fibra (MARQUES, 2015). O requisito necessário para o comprimento de onda
de Bragg é dado pela equação 1:

𝜆𝐵 = 2𝑛𝑒𝑓 Λ (1)

Onde 𝜆𝐵 é o comprimento de onda central da luz de entrada a ser refletida; nef é o índice
de refração efetivo do núcleo no comprimento de onda a ser refletido e ∧ é o período da variação
no índice de refração da grade (MARQUES, 2015).
A deformação da fibra oriunda da alteração da pressão ou da temperatura, por exemplo,
muda o período da grade, modificando, desse modo, o comprimento de onda central da luz
refletida. Esse deslocamento garante o sensoriamento do fenômeno físico que o incitou
(MARQUES, 2015). O qual é dado pela equação 2:

Δ𝜆𝐵
= (1 + 𝑝𝑒 )Δ𝜖 + (𝛼𝑛 + 𝛼Λ )Δ𝑇 (2)
𝜆𝐵

Onde 𝑝𝑒 é uma constante de deslocamento óptico efetivo; 𝛼Λ = [1/Λ][𝛿Λ⁄𝛿𝑡] é o

coeficiente de expansão térmica da fibra, aproximadamente 0.55x10−6 para a sílica e 𝛼𝑛 =

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[1/n][𝛿n⁄𝛿𝑡] é o coeficiente termo óptico, aproximadamente 8,6x10−6 para o núcleo da fibra


de silício dopada com Germânio.
A mudança no comprimento de onda de Bragg oriundo da alteração no espaçamento da
grade gerada pela expansão térmica e por conta de variações no índice de refração é dada pela
seguinte equação (MARQUES, 2015).

Δ𝜆𝐵 = 𝜆𝐵 [𝛼𝑛 + 𝛼Λ ]Δ𝑇 (3)

O fato de a FGB utilizar o comprimento de onda como grandeza necessária para realizar
a aferição isso a torna extremamente atraente para fins de sensoriamento. Logo, as variações na
intensidade da luz não causam interferência quanto à precisão das medições (MARQUES,
2015).
Tal comportamento é expresso pela figura 5, onde os parâmetros se alteram em
concordância com os estímulos recebidos, dando origem a uma variação do comprimento de
onda (ARANTES, 2018).
Figura 5 - Princípio de funcionamento da fibra com grade de Bragg

Fonte: ARANTES (2018)

É essa alteração do comprimento de onda, oriundo da mudança da periodicidade ou do


índice de refração, que admite o emprego das FGBs como sensores. Na hipótese de um sensor
de temperatura, por exemplo, o aquecimento irá provocar uma dilatação do vidro e, por
conseguinte, uma alteração na periodicidade (Figura 6 (a)). Mudança no comprimento da fibra
também pode ser devida à aplicação de tensão, logo, a FGB também pode ser empregada como
um sensor de tensão. Atrelando a FGB a uma membrana adquirimos um sensor de pressão,

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onde a fibra irá detectar tensão em decorrência da pressão do fluido deflexionando a membrana
(Figura 6 (b)). Inclusive, há a possibilidade de produzir um sensor químico fazendo o
revestimento da FGB com um polímero que incha, produzindo tensão, ao encontrar-se com uma
certa substância química (Figura 6 (c)) (ARANTES, 2018).

Figura 6 - Aplicações da Rede de Bragg em Fibra. (a) Sensor de temperatura. (b) Sensor de pressão. (c) Sensor
químico

Fonte: ARANTES (2018)

Para Udoh et al. (2015) e Staveley et al. (2017), a capacidade de multiplexação de um


sensor FGB é uma grande vantagem em relação aos sensores eletrônicos convencionais, tal
característica permite que uma única fibra faça medições de diversos parâmetros apenas
selecionando os comprimentos de onda desejáveis, tudo isso em um simples arranjo. As
mudanças nos comprimentos de onda são detectadas por um sistema de interrogação de

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superfície o qual avalia a luz que é transmitida para a fibra. Contudo, há uma grande limitação
quanto ao uso das FGB’s, ocasionada pela sensibilidade cruzada entre pressão e temperatura.

3.1.2 Técnicas de interrogação

À medida que uma FGB é iluminada com uma fonte de luz banda larga, uma assinatura
espectral de retorno é alcançada, tendo um formato aproximadamente gaussiano situado no
comprimento de onda de Bragg. Quando surgem alterações no espaçamento da grade perante a
ação de algum fenômeno físico que está sendo medido, esta assinatura reposiciona-se no eixo
espectral. Destarte, a definição do comprimento de onda central possibilita quantificar uma
certa medida. Para tal, sistemas de interrogação são construídos para que, quando utilizados,
garantam que o comprimento de onda de Bragg seja descoberto de maneira eficiente e com
baixo custo (MARQUES, 2015). Um conceito geral de interrogação é demonstrado na figura
7.

Figura 7 - Conceito geral de interrogação

Fonte: MARQUES (2015)

Diante do exposto, uma fonte de banda larga é direcionada para a FGB por meio de um
circulador. Ela, então, recebe influência oriunda do ambiente e reflete a onda no comprimento

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de Bragg. A onda refletida regressa ao circulador o qual direciona a mesma para detecção e
processamento que gera uma resposta de saída em função do comprimento de onda de Bragg
(MARQUES, 2015).
A medição do comprimento de onda de Bragg pode ser realizada por meio de um
Analisador de Espectro Óptico (OSA), através do cálculo do centróide de massa do espectro,
pelo emprego de redes gêmeas - uma delas sendo a referência -, por filtro óptico sintonizável e
eletronicamente sintonizável, ou por meio de interrogadores comerciais de FGB. Diante disso,
uma fibra pode abarcar mais de uma FGB espaçadamente dispostas, com distintos
comprimentos de onda de Bragg entre elas. Nessa situação específica é plausível a monitoração
de vários pontos distintos do sistema pelo fenômeno da multiplexação (MARQUES, 2015).

3.2 Aspectos gerais em corrosão

A corrosão é o mais agravante processo de deterioração de materiais metálicos. Logo,


ele é responsável pela maior parte das paradas não programadas de equipamentos, objetivando
inspeções e reparos de complexos industriais e equipamentos de infraestrutura (SOUSA et al.,
2017).
Ela pode ser definida como a deterioração do material, geralmente metálico, por ação
de interações químicas e eletroquímicas entre o meio ambiente e o material, associada, ou não,
a esforços mecânicos. Portanto, pode-se entender esse fenômeno como a destruição do metal,
avançando ao longo de sua superfície (NASCIMENTO, 2013).
De acordo com a NACE (National Association of Corrosion Engineers), o conceito de
corrosão equivale à danificação de uma substância ou de suas propriedades por conta de uma
reação com o ambiente. O contato acontece entre o material e o meio em que ele está alocado,
tal fato gera danos os quais equivalem a modificações prejudiciais, e indesejáveis, ao material,
como desgaste, alterações químicas ou mudanças estruturais, podendo torná-lo inadequado para
o uso (SOUSA et al., 2017).
Em geral, a corrosão é considerada um processo espontâneo a qual decompõe os
materiais metálicos fazendo com que a durabilidade e o desempenho regridam e afetem
diretamente seu desígnio. Com isso, esse fenômeno adquire grande notoriedade nos tempos
atuais, visto que diversos setores economicamente produtivos, como a indústria petrolífera,

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estão inteiramente ligados a instalações metálicas, as quais provém de grandes investimentos


que requerem durabilidade e resistência à corrosão, evitando, assim, prejuízos financeiros,
materiais e pessoais (NASCIMENTO, 2013).

3.2.1 Natureza química do produto da corrosão

De maneira geral, os processos corrosivos podem ser divididos em dois grandes grupos,
os quais representam quase a totalidade dos casos de corrosão nos materiais existentes na
natureza (SOUSA et al., 2017). Para tipificar a corrosão nos metais é necessário ter
conhecimento acerca dos seus respectivos meios corrosivos circundantes. Os mecanismos de
corrosão se dão através de reações químicas ou eletroquímicas, estes podem ser determinados
da seguinte maneira (NASCIMENTO, 2013):
• Corrosão eletroquímica: estes são os mais recorrentes na natureza e ocorrem,
necessariamente, na presença de água líquida; sob temperaturas abaixo do ponto de orvalho,
além de dar-se devido a formação de uma pilha ou célula de corrosão, havendo o tráfego de
elétrons ao longo da superfície. São também conhecidos como corrosão em meio aquoso ou
corrosão úmida (SOUSA et al., 2017).
• Corrosão química: estes são menos recorrentes na natureza e têm sua origem
advinda da industrialização, envolvendo operações em altas temperaturas. Também podem ser
denominados como corrosão em meio não-aquoso ou corrosão seca. Os processos corrosivos,
basicamente, são originados pela ausência de água líquida; ocorrem sob altas temperaturas,
sempre acima do ponto de orvalho; se dão devido a interação direta entre o metal e o meio
corrosivo (SOUSA et al., 2017).

3.2.2 Tipos de corrosão

Alguns fatores são imprescindíveis para que ocorram os tipos de corrosão, como:
reações químicas e eletroquímicas, variação de pH – quanto menor o pH maior será a
concentração de hidrogênio no meio -, movimento relativo entre o meio corrosivo e o material,
impurezas no metal, além do teor de oxigênio presente no meio circundante (NASCIMENTO,
2013).

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Os aspectos morfológicos da corrosão podem ser definidos considerando-se sua


aparência, ou forma de ataque da corrosão, e seus mecanismos. De acordo com a morfologia os
processos corrosivos podem ser classificados como: uniforme, por placas, alveolar, puntiforme
ou por pite, intergranular, intragranular, filiforme, empolamento por hidrogênio, entre outros
[39]. Quando exposta a um meio corrosivo uma chapa metálica pode sofrer distintos tipos de
corrosão, os quais podem ser especificados das seguintes maneiras (NASCIMENTO, 2013):
• Uniforme: a corrosão ocorre ao longo de toda a superfície do metal, acarretando
em perda de material em todos os pontos igualitariamente;
• Por placas: a corrosão situa-se apenas em algumas regiões da superfície do
material, não em sua totalidade;
• Alveolar: a corrosão na superfície metálica ocorre sob a forma de alvéolos
(pequena depressão circunstanciada pela escavação da superfície). Configura-se por um fundo
arredondado e profundidade geralmente menor que seu diâmetro;
• Puntiforme ou pite: a corrosão se dá sob forma de pontos em pequenas regiões
da superfície do material, sendo caracterizados pela ocorrência de cavidades com comprimento
maior que seu diâmetro;
• Intergranular: a corrosão ocorre em formato de grãos no material metálico,
fazendo com que este, por sua vez, perca suas propriedades mecânicas podendo acarretar
fraturas quando aplicado um esforço mecânico;
• Intragranular: a corrosão se dá, também, sob forma de grãos, entretanto a fratura
na superfície do metal ocorre sob menor esforço mecânico;
• Filiforme: a corrosão sucede sob forma de finos filamentos, não profundos, os
quais propagam-se ao longo da superfície em direções distintas;
• Esfoliação: a corrosão incide de forma paralela à superfície do material, nas
inclusões ou segregações do metal;
• Empolamento por hidrogênio: a corrosão se dá por meio do átomo de hidrogênio
o qual incide no material metálico e se espalha rapidamente em seu interior. Nesse caso, ao
interagir com o metal o átomo é convertido em hidrogênio molecular (H2) e passa a exercer
pressão, o que resulta no aparecimento de bolhas (empolamento) na estrutura corroída.

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3.3 Corrosão em estruturas e dutos

A indústria de petróleo e gás é responsável por consumir cerca de 8% da produção


mundial de metais, que é usado tanto na produção e no transporte, quanto no processamento do
óleo. Esse consumo demasiado de metais corresponde a cerca de 32 kg de metal instalado em
equipamentos por tonelada de processamento de fluidos. Esse enorme quantitativo de aço e de
outros metais está constantemente propenso a sofrer corrosão em um grau mais elevado, se
comparado a outros ambientes industriais (SOUSA et al., 2017).
É evidente que as perdas na indústria do petróleo oriundas da corrosão são altas, por
conta disso, é imprescindível tomar decisões estratégicas para mitigar essa problemática, como
fazendo uso de inibidores de corrosão, selecionar materiais mais resistentes (SOUSA et al.,
2017), além de investir em sensoriamento eficaz.
A corrosão promove a redução das paredes de equipamentos e de dutos, além de
provocar, algumas vezes, o ataque localizado em áreas de condensação e retenção de água,
também a formação de uma parcela considerável de resíduos sólidos, por conta do contato
direto entre a superfície dos equipamentos e dos dutos com o fluxo de fluidos. Ocasionalmente,
esses resíduos podem ter características abrasivas, o que corrobora para a aparição de problemas
nos equipamentos, e em seus acessórios, como entupimento de válvulas e elementos filtrantes,
promovendo transtornos operacionais e danos às unidades de processamento de fluidos
(SILVA, 2011).
Para que a corrosão aconteça de fato é necessário que a parede do tubo entre em contato
direto com água no estado líquido. Quando molhada, a tubulação é corroída a uma taxa definida
pelas propriedades da água (SILVA, 2011).
A molhabilidade é um parâmetro fulcral para a ocorrência da corrosão interna de dutos.
Sua preferência pela água e por quanto tempo ela estará em contato com a parede da tubulação
depende dos seguintes aspectos (SILVA, 2011):
• Das condições hidrodinâmicas de bombeio, ou seja, de fluxo;
• Da interação da água com o óleo, observando a formação de emulsões; e
• Da razão água/óleo ou água livre/gás, ou seja, entre as quantidades presentes de
cada fase (SILVA, 2011).

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Aqui, são apresentados os principais agentes corrosivos que são recorrentes na indústria
do petróleo. São eles:

• Ácido sulfídrico

O ácido sulfídrico (H2S) é considerado por seu relativo potencial corrosivo em metais e
ligas metálicas, recorrente em dutos, sob tensão esses materiais podem sofrer corrosão,
principalmente em aços de alta resistência em com dureza Rockwell C. Já os aços carbono com
dureza inferior não são tão propensos a sofrer corrosão sob tensão pela atuação do ácido
sulfídrico, contudo são susceptíveis à corrosão por pites na presença de cloreto (SOUSA et al.,
2017).
Esse ácido é corrosivo apenas quando dissolvido em água. Como demonstrado pela
equação 4, de maneira simplificada:

𝐻2 𝑂
𝐹𝑒 + 𝐻2 𝑆 → 𝐹𝑒𝑆 + 𝐻2 𝑆 (4)

Sendo o teor de água do fluxo de produção baixo, o efeito corrosivo torna-se


relativamente fraco. Os produtos formados pelo processo corrosivo interferem diretamente na
taxa de corrosão, com estes sendo resultado da cristalinidade e da permeabilidade do
hidrogênio. Nesse caso, não há uma relação de produtos relevantes da corrosão sob forma de
filmes estáveis (SOUSA et al., 2017).
A forma que os sulfetos assumem irá impactar diretamente no mecanismo de corrosão,
seja pela formação de uma pilha de concentração diferencial, pela força erosiva das partículas,
ou pelo produto da corrosão ser semicondutor. Por conta das condições de escoamento, os
sulfetos de ferro podem estar sob forma de: suspensão (quando em forma de finos particulados),
depósito (atrelado a outros produtos da corrosão) e, também, como produto de corrosão
(SOUSA et al., 2017).

• Ácido clorídrico

O elemento cloreto pode ser encontrado na água de formação presente no reservatório.


As falhas recorrentes por conta dele agem sob forma de corrosão intergranular e sob tensão. A

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corrosão sob tensão acontece onde há, simultaneamente, tensão e um meio circundante que seja
corrosivo, não sendo estes parâmetros relevantes quando ocorrem de forma isolada. Ambas as
corrosões abrangem a dissolução anódica como um meio para a propagação de fissuras
(SOUSA et al., 2017).
É possível ocorrer ao mesmo tempo a corrosão por sulfeto e por cloreto. Esse processo
acarreta na formação de produtos de sulfeto de ferro, envolvendo tanto o H2S quanto o HCl. O
cloreto de ferro é formado pela interação entre o filme líquido fino na superfície metálica, que
contém ácido clorídrico, e o gás ácido presente no ambiente, que reage com o sulfeto de
hidrogênio formando o cloreto de ferro. E, então, este reage com o cloreto de ferro dando origem
ao sulfeto de ferro mais o ácido clorídrico (SOUSA et al., 2017). Como mostradas nas reações
abaixo:

𝐹𝑒 0 + 𝐻𝐶𝑙 → 𝐹𝑒𝑆 + 𝐹𝑒𝐶𝑙2 (5)

𝐹𝑒𝐶𝑙2 + 𝐻2 𝑆 → 𝐹𝑒𝑆 + 𝐻𝐶𝑙


(6)

• Dióxido de carbono

É recorrente que o dióxido de carbono seja produzido junto com gás e óleo. Ele dissolve-
se em água com o intuito de produzir ácido carbônico, provocando a diminuição do pH. A
corrosão devido ao CO2 também pode ser oriunda da injeção desse gás no reservatório de
petróleo como um método de recuperação, que pode levar ao desgaste metálico dos
equipamentos tanto do poço, quanto da superfície. Um atributo desse tipo de corrosão é a
formação de pites, já explicados anteriormente, recorrentes em poços profundos e estreitos,
além da ocorrência de corrosão generalizada em áreas afetadas pelo calor, como soldas. Por
fim, o fluxo multifásico também pode ser considerado por corroborar para o surgimento de
corrosão por CO2 em tubulações de aço (SOUSA et al., 2017).

• Oxigênio

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É recorrente que o oxigênio cause a corrosão em tubulações as quais transportam


petróleo em campos maduros, onde faz-se uso da injeção de água como método de recuperação
secundária. O oxigênio está presente, em pequena quantidade, na água de injeção que
geralmente é utilizada, por conta disso, é possível ocorrer corrosão extensiva devido a células
de concentração diferencial do elemento. Ele pode produzir danos severos aos equipamentos
que são empregados na injeção de água, a exemplo de bombas, tubulações, entre outros. E, para
tentar minimizá-los, uma alternativa é a utilização de sequestrantes de oxigênio (SOUSA et al.,
2017).

• Corrosão induzida por microorganismos

A corrosão induzida por micro-organismos trata-se do desgaste de um metal por


processos de corrosão ocorridos, direta ou indiretamente, como consequência da atividade
metabólica de micro-organismos. As bactérias redutoras de sulfato (BRS) e as bactérias
oxidantes de ferro (BOF) são as espécies mais comuns as quais contribuem para que ocorra a
corrosão, seja em tubulações, conexões ou reservatórios. Os sistemas de injeção comumente
utilizam água do mar, que contém altas taxas de oxigênio, e este pode dar origem a severas
deteriorações, além de contribuir para o crescimento de bactérias aeróbicas, originando um
biofilme na superfície metálica onde as bactérias anaeróbicas redutoras de sulfato poderiam ser
formadas (SOUSA et al., 2017).

3.3.1 Corrosão em gasodutos

Os hidrocarbonetos mais voláteis do petróleo são os principais constituintes do gás


natural, sendo majoritariamente composto por metano, assim como também, em frações
menores, por etano, propano, butano e outros mais pesados. Ademais, pode conter também
gases como o carbônico, sulfeto de hidrogênio e derivados do enxofre, sendo possível a
ocorrência de gases nobres e vapor d’água. Os contaminantes presentes são os denominados
ácidos – gás carbônico, gás sulfídrico e seus derivados -, entretanto esses gases apenas se
transformam em ácidos quando há a presença de água (SILVA, 2011).

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A inspeção do processo de corrosão em gasodutos é de extrema relevância, visto que há


situações cuja confiabilidade e a segurança são fatores imprescindíveis para a escolha do
material metálico ou do sistema de proteção anticorrosiva a serem utilizados. Nesse sentido, a
proteção anticorrosiva interna dessa espécie de duto pode ser realizada de cinco maneiras, são
elas: remoção de água; remoção de gases ácidos; inibição de corrosão; revestimento interno;
medidas metalúrgicas ou mecânicas (SILVA, 2011).
O gás carbônico em sistemas úmidos, com a presença de água livre, expande
consideravelmente a taxa de corrosão do aço carbônico, uma vez que dilui e se combina com a
água para dar origem ao ácido carbônico (H2CO3), o qual diminui o pH do sistema. Com a
redução do pH há um acréscimo da taxa de corrosão, visto que há maior disposição do
fornecimento de íons H + para a reação catódica (SILVA, 2011).
Já a influência da temperatura é um pouco mais complexa, e a corrosão costuma alcançar
um nível máximo a uma dada temperatura (a qual está sujeita à situação de cada sistema, como
pressão, meio corrosivo, velocidade superficial do fluido e composição química da água). Tal
estado é atrelado à formação de uma película protetora oriunda do produto da corrosão, que
pode ser FeCO3 ou Fe3O4, e que é originada sob temperaturas superiores a 120° C (SILVA,
2011).
Os sistemas de transferência, medição e distribuição de gás natural e GLP são
planejados para trabalhar como fluidos limpos – ou seja, fluidos com parcelas de particulados
sólidos os quais não afetem os equipamentos em relação à integridade e à operação. Não há
uma faixa delimitada em relação ao teor máximo aceitável de particulados sólidos advindos do
gás natural e do GLP, já que a tolerância sofrerá influência direta do processo de cada sistema
(SILVA, 2011).
Correlacionando com outros fluidos como nafta, gasolina e o próprio petróleo, entende-
se que o gás natural e o GLP (propano e butano) são fluidos limpos, e mais precisamente o gás
natural, já que sua fase líquida está ausente. Independente desta advir do próprio reservatório
onde o gás foi originado ou da condensação das frações orgânicas pesadas e/ou aquosas perante
às mudanças nas condições de pressão e temperatura (SILVA, 2011).
Contudo, mesmo a fase líquida estando ausente de maneira contínua ela pode estar sob
a forma de névoa na corrente gasosa por conta da baixa relação líquido/gás, além da
nomenclatura comumente utilizada para o gás e para o GLP, conhecidos como fluidos limpos,

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esta não se consolida sob critérios técnicos, mas sim sob jargões do cotidiano. Inclusive,
levando-se em consideração o processo a que o gás está sendo sujeitado, os particulados
atuantes no gás natural são nomeados como pó preto ou black powder, independente da origem
do material particulado o qual pode ter composições inteiramente distintas um do outro
(SILVA, 2011).

3.3.2 Corrosão em oleodutos e dutos de derivados

Para que a corrosão em oleodutos aconteça deve haver a presença de água livre, ou seja,
água líquida como uma fase diferente no fluido transportado e a velocidade de desgaste estará
sujeita à concentração de água produzida, da sua composição química, além das características
operacionais do duto. Os fatores principais que influenciam para a progressão da corrosão são:
fator pH, alcalinidade, ácidos orgânicos, sólidos suspensos, íons cloreto, bactérias e gases
dissolvidos (sulfeto de hidrogênio, oxigênio e dióxido de carbono) (SILVA, 2011).
Já quanto aos parâmetros operacionais temos: velocidade de fluxo, regime de
escoamento, pressão e temperatura. Ademais, a ocorrência de oxigênio modifica
expressivamente a corrosividade do ambiente nos sistemas de produção (SILVA, 2011).

3.4 Tipos de aço utilizados na indústria petrolífera

Na indústria de óleo e gás os aços são diferenciados de acordo com sua aplicação, sendo:
para transporte de fluidos e/ou para revestimento de poços de extração (LOPES et al., 2017).

• Aços utilizados para transporte de óleo e gás

Os aços que são usados em tubulações para transporte de óleo e gás são especificados
de acordo com a Norma API 5L. Eles são aços alta resistência baixa liga (ARBL), os quais
possuem composição análoga ao aço carbono com a adição de elementos de liga em quantidades
razoáveis, como Nióbio (Nb), Titânio (Ti) e Vanádio (V), que não devem ultrapassar a
quantidade de 0,015%, além de outros metais como Cromo (Cr), Níquel (Ni), Molibdênio (Mo),
Cobre (Cu), Nitrogênio (N), Boro (B) e Zircônio (Zr) (ISO 3183:2012) (LOPES et al., 2017).

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A ferrita/perlita é componente básica da microestrutura de aços ARBL processados com


baixas taxas de resfriamento. Exibindo um limite de escoamento superior a 276 Mpa sob a
condição laminado, para nomeá-los referencia-se a tensão mínima de escoamento em kSI,
sucedido das letras A, B ou X. Posteriormente, há dois dígitos os quais estão relacionados ao
valor mínimo de escoamento (LOPES et al., 2017).

• Aços utilizados para revestimento de poços de extração de petróleo

Os aços utilizados para revestir os poços de exploração de petróleo são especificados de


acordo com a Norma API 5CT. Ela refere-se aos aços ao carbono, microligados, baixa liga e
alta liga. É evidente que os aços ARBL podem estar atrelados tanto aos dutos para transporte,
quanto para revestimento de poços. Para nomeá-los faz-se uso da titulação do grau API 5CT
por uma letra (C, H, J, K, L, N, P e Q) precedida pelo limite de escoamento mínimo do aço em
kSI (LOPES et al., 2017).
Os dutos constituídos por esses aços são classificados em 3 grupos: o grupo 1 equivale
a todos os tubos das classes H40, J55, K55 e N80; o grupo 2 é referente às classes de escoamento
restrito L80, C90 e T95; já o grupo 3 detém-se dos dutos sem costura e de alta resistência (P110)
(API 5CT, 2005). Os fabricantes são responsáveis por definir a composição química de cada
aço, estes realizam mudanças para estar em concordância com a maior quantidade de requisitos
mecânicos e químicos possível, atentando sempre para o cumprimento das condições de tensão
de escoamento e de resistência à tração mínima dos aços (LOPES et al., 2017).
Em meados da década de 70 foram fabricados aços inoxidáveis com alto teor de cromo
e, em tempos mais recentes, ligas superduplex com teores de cromo igual ou superior a 13%,
minimizando teores de carbono e aditamento de níquel e molibdênio, com a finalidade de
adquirir melhores resistências à corrosão. A caracterização destes aços de microestrutura
martensítica estão de acordo com as normas internacionais: API 5CT/ISO 119603 e ISO 136804
(LOPES et al., 2017).
Quando se fala sobre custos iniciais os aços e ligas com altas concentrações de cromo
acabam sendo um pouco mais custosos, quando comparados ao aço carbono, na indústria
petrolífera. Contudo, tal desvantagem é compensada quando se leva em conta as despesas
operacionais no uso do aço carbono em ambientes enriquecidos por CO2, além do uso

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obrigatório de inibidores químicos ou a substituição de dutos por falha/corrosão. É relevante


analisar que, a economia inerente a essas aplicações operacionais resulta em vantagens
econômicas dos aços e das ligas com altos teores de cromo, em relação à utilização de aço
carbono e de inibidores (LOPES et al., 2017).

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CAPÍTULO 4: METODOLOGIA

A redução da espessura da parede dos dutos é o processo mais tangível quando se trata
do fenômeno da corrosão. Desse modo, a variação da deformação circunferencial é capaz de
induzir alterações no diâmetro da parede interna de forma direta (REN et al., 2016). No Capítulo
4 serão abordadas as equações, tratadas no programa MATLAB, referentes à utilização de
sensores com grades de Bragg para identificação de desgaste na parede dos dutos, além dos
parâmetros utilizados para simular um duto de aço e um de PVC, observando, assim, seus
comportamentos.
A corrosão uniforme é um tipo de morfologia muito comum, principalmente quando se
trata de dutos de O&G, esta é mensurada de acordo com a profundidade média que atinge o
material (REN et al., 2016). Tal fenômeno se dá por meio de uma infinidade de fatores, tanto
naturais, quanto artificiais inesperados. Pelo ambiente adverso em que os dutos se encontram a
corrosão tende a iniciar em regiões de fraqueza da estrutura, como em dobras de aço inoxidável
por exemplo, e, com isso, é gerado um afinamento da parede (REN et al., 2014). Um método
eficaz de realizar a identificação e a medição do processo de corrosão encontra-se na utilização
de um sensor sensível à deformação baseado em grades de Bragg (REN et al., 2016).
Em regra, a corrosão de dutos é admitida como um processo de mudança gradual, onde
a variação da deformação circunferencial pode ser empregada para aferir a regressão lenta da
espessura da parede da tubulação a longo prazo. Contudo, esse não é o único ponto importante
referente à avaliação e ao acompanhamento da deformação do arco, visto que a resposta
dinâmica a essa mudança motivada por ocorrências circunstanciais de emergência atua como
um indicador de diminuição inesperada da pressão (REN et al., 2014).
Levando isso como referência, tenta-se projetar um aparato de medição de deformação
circunferencial o qual necessita atender às seguintes demandas: em primeiro lugar, o parâmetro
medido por esse sensor deve indicar a deformação circunferencial geral na mesma seção
transversal, com o intuito de aferir a corrosão da tubulação. Em segundo lugar, o sensor deve
estimar a resposta dinâmica e o sistema de obtenção de dados em uma taxa de amostragem
satisfatória. E, em terceiro lugar, o sensor necessita ser fixado à superfície externa do duto de
maneira firme e confiável de modo a cumprir com a inspeção a longo prazo (REN et al., 2014).

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Nesse sentido, analisando o aumento da pressão, evento comum em poços de petróleo,


nota-se que a deformação circular se estende. Logo, a tensão do arco do duto muda em
concordância com o evento, o que é mostrado pela equação 7.

𝜎𝑦 − 𝜐𝜎𝑧
𝜀𝑦 = (7)
𝐸

Onde, 𝜀𝑦 é a variação da deformação do aro do duto; υ é o coeficiente de Poisson do


duto; 𝜎𝑦 é a tensão do aro do duto; 𝜎𝑧 é a tensão axial do duto e E é o módulo de elasticidade
do duto. Assumindo 𝜎𝑦 como,
𝑃𝑅 (8)
𝜎𝑦 =

Sendo P a pressão atuante do duto; R o raio interno do duto e h a espessura da parede


do duto. Ademais, admitindo-se que a tubulação é infinitamente longa pode-se desprezar a
tensão axial e adotar 𝜎𝑧 = 0. Substituindo 𝜎𝑦 e 𝜎𝑧 na equação 7 obtém-se a fórmula que relaciona
a deformação circunferencial e a espessura da parede interna da tubulação de forma direta:

𝑃𝑅
𝜀𝑦 = (9)
ℎ𝐸

A relação entre a deformação circular do duto e a deformação do sensor FGB 𝜀𝐹 , pode


ser expressa por:

𝜀𝐹 = 𝐾𝜀 (10)

Onde K é dado como o coeficiente de sensibilidade de deformação do sensor FGB.


Assumindo K = 1,1 e substituindo a relação de mudança de comprimento de onda Δ𝜆𝐵 e
alongamento da fibra, obtemos:

Δ𝜆𝐵
𝜀𝐹 = (11)
1,2

Já a relação entre a pressão aplicada, a espessura e o deslocamento do comprimento de


onda é dada por:

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1
Δ𝜆𝐵 = 𝛾 (12)
𝑡

Sendo t a intensidade com que ocorre o afinamento da espessura da parede e 𝛾


representado pela equação 13 a seguir:

1,2𝐾𝑑𝑃
γ = (13)
2𝐸

A fim de utilizar as equações descritas para analisar o comportamento relacionado à taxa


de corrosão simulando um duto de aço e um duto de PVC utilizou-se o programa MATLAB,
alterando os devidos parâmetros de acordo com o material analisado. Para isso, foram adotados
os seguintes parâmetros de acordo com a tabela 1:

Tabela 1- Propriedades dos dutos de aço e PVC

Parâmetro Duto de aço Duto de PVC


Módulo de elasticidade, 𝐸 (KPa) 2,08x108 245x104
Coeficiente de Poisson, 𝜐 0,285 0,38
Raio interno do duto, R (mm) 40,6 250
Espessura do duto, h (mm) 5; 4,6; 4,2; 3,8; 3 5,1; 4,4; 4,2; 3,8; 3,4
Pressão, P (KPa) 200 50
Variação do comprimento de onda de Bragg, 0 – 60 0 – 500
Δ𝜆𝐵 (pm)
𝛾 1982,75 167,71
Intensidade do afinamento da parede do duto, 3 3,8
t (mm)

Nesse sentido, com o intuito de validar a relação entre a variação da deformação


circunferencial do arco e a condição de corrosão, visando a comprovação da eficácia dos testes
utilizou-se os valores estipulados acima para a construção de gráficos os quais relacionaram
parâmetros distintos, e que serão analisados no próximo capítulo.

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CAPÍTULO 5: RESULTADOS
Este capítulo descreve e analisa os resultados obtidos por meio do programa MATLAB
com os parâmetros definidos para dois materiais distintos, aço e PVC. Nesse sentido, as
equações tiveram os valores adaptados para cada material e, assim, pôde-se avaliar se os
comportamentos encontrados estão de acordo com o esperado.
Os gráficos abaixo, referentes aos testes conduzidos por simulação, comprovam a visão
de que as respostas oriundas do sensor com grades de Bragg refletem de forma eficaz e direta
o grau de corrosão de dutos.
Os gráficos exemplificam que o sensor o qual envolve a tubulação tem sensibilidade à
deformação, com isso, notou-se que a pressão é proporcional à deformação circunferencial do
arco, ou seja, quanto mais ela atua no duto, maior é a corroboração para o consequente
afinamento da estrutura.

Figura 8 - Comparação da espessura da parede entre os dutos de PVC (a) e aço (b) ao variar a pressão

(a) (b)

A deformação circunferencial mostrou-se inversamente proporcional à espessura da


parede interna da tubulação, como demonstrado pela equação 9.

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Figura 9 - Comparação da espessura da parede entre os dutos de PVC (a) e aço (b) em relação à deformação
circunferencial

Ao se avaliar a pressão e o comprimento de onda de Bragg, verifica-se que estes são


diretamente proporcionais, o que é refletido pelas equações 12 e 13.

Figura 10 - Comparação da aplicação de pressão nos dutos de PVC (a) e aço (b) em relação ao comprimento de
onda de Bragg

E, por fim, quando se leva em consideração a variação do comprimento de onda de


Bragg o qual muda em consequência à mudança do parâmetro analisado, nota-se que sofre uma

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resposta direta quando a parede interna da tubulação é corroída, ou seja, sofre uma alteração
em sua espessura, tal comportamento pode ser evidenciados pelos seguintes gráficos.

Figura 11 - Comparação da variação de espessura dos dutos de PVC (a) e aço (b) em relação ao comprimento de
onda de Bragg

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CAPÍTULO 6: CONCLUSÃO

A indústria de exploração e produção de petróleo constitui parte importante da economia


mundial, devido a isso, encontrar maneiras de otimizar a produção e de manter os dutos que
transportam os fluidos íntegros pelo maior tempo possível é crucial para uma redução de gatos
relativamente altos para com a manutenção da saúde estrutural. Logo, a busca de possíveis
soluções para o controle da corrosão – maior causa de desgaste dos dutos – tem recebido grande
atenção ao longo dos últimos anos, visando o monitoramento eficaz e em tempo real.
Uma nova forma de monitorar a corrosão de dutos, de maneira precisa e confiável, por
longos períodos em que estes estiverem operando na indústria de O&G é por meio de um sensor
de deformação circunferencial baseado em fibras com grades de Bragg. Estes são capazes de
indicar quando ocorre o afinamento da parede interna da tubulação quando esta encontra-se sob
ação constante do fluxo de fluidos, além de alta temperatura e alta pressão.
Devido o desgaste nos dutos provocar a diminuição da espessura em sua parede interna,
foi possível observar que a deformação axial provocada no sensor é capaz de inferir a taxa de
corrosão atuante na estrutura metálica. Tal fato, acrescido da forte atuação da pressão faz com
que o comprimento de onda de Bragg mude e, com isso, o novo espectro indica alteração do
parâmetro inicialmente medido, ou seja, mostrando que a parede interna do duto está sofrendo
corrosão.
Nesse sentido, mediante simulação no programa MATLAB referente à análise das
equações descritas comprovou-se que o sensor é adequado para aplicação no monitoramento de
corrosão em dutos. Os resultados demonstram que o sensor possui sensibilidade quanto à
variação da espessura da tubulação, sendo esta inversamente proporcional ao grau de corrosão,
o que evidencia que tal condição pode ser detectada com exatidão. Nesse sentido, é comprovado
que o sensor de fibra óptica baseado em grades de Bragg trata-se de uma tecnologia promissora
para a área de monitoramento da saúde estrutural nas áreas onshore e offshore.

Ruanne Matos de Souza


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